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O catolicismo no Brasil

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Mensagem por Fabricio Sex Set 23, 2011 7:41 am

Prezados,
A pouco tempo foi difundida nos meios de comunicação uma pesquisa da FGV, apontando para a grande perda de fiéis da Igreja Católica no Brasil, ao passo em que o número de pessoas sem religião e de praticantes das religiões protestantes pentecostais vem experimentando um crescimento cada vez maior.
Passadas as preocupações de uns, comemorações de outros, explicações de sociólogos e teólogos, gostaria de expor algumas observações minhas.
A primeira delas é que realmente a Igreja perdeu muita influência aqui no Brasil, isso é indiscutível. Também é de se notar que a Igreja encontra-se muito descaracterizada em algumas dioceses. Seja pelo excessivo zelo político sobrepondo-se sobre o zelo pelas almas, seja pelas distorções litúrgicas, seja pela fraca catequese etc. O fato é que esta perda de influência está acompanhada por uma perda de identidade (hoje em dia vê-se com certa frequência missas que mais parecem um culto protestante). Não sei se uma é causa da outra, mas é fato que andam juntas.
A segunda observação é que a grande maioria das pessoas que deixam a Igreja na verdade nunca estiveram na Igreja. São aqueles ditos "católicos não praticantes". A despeito do passado "pouco católico" dessas pessoas, elas são frenquentemente usadas como troféus por grupos pentecostais para atacar com ímpeto o rebanho católico e arrancar-lhe mais ovelhas perdidas.
A terceira é que ao mesmo tempo em que a mídia apresenta essa "migração de fiéis" para fora da Igreja, vejo ganhar força no Brasil os movimentos ditos "tradicionalistas", principalmente entre os jovens. O Santo Padre tem incentivado bastante este movimento, começando pela liberação da missa tridentina e agora buscando a reintegração da FSSPX. Apesar da resistência de alguns bispos e padres, o número de celebrações da missa antiga vem crescendo. Um fato interessante deste movimento de "retorno às origens" é que seu crescimento, embora seja bastante pequeno quando comparado às multidões arrastadas por eventos de movimentos como a Renovação Carismática, me parece muito mais robusto. Os católicos dessa fileira geralmente são mais comprometidos com a ortodoxia, conhecem melhor a doutrina e dificilmente migram para outra religião.
Dito isto, gostaria de deixar uns questionamentos: para onde está indo o catolicismo no Brasil? Será que este movimento de "retorno à Tradição" vai finalmente se firmar? Caso positivo, será que isso seria bom (eu pessoalmente acho que sim)? Qual a contribuição disto para reverter este quadro de perda de fiéis? O que vocês acham deste movimento? É um caso a se pensar...

Fiquem com Deus,
Fabrício

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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Sáb Set 24, 2011 9:29 am

Caro Fabrício,

Que a paz de Jesus esteja no seu coração!

Historicamente o nosso país é conhecido como um país católico, e mais que isso, o país mais católico do mundo. Foi assim que nos ensinaram os compêndios de história que tratam dessa "realidade" desde o período da invasão e da colonização da nossa terra pelos portugueses.

No seu colóquio, de maneira muito pertinente, você alude a algumas questões que fazem uma radiografia dessa problemática, na qual se percebe com muita nitidez uma Igreja descaracterizada em algumas dioceses e pela perda da sua identidade, fazendo referências, inclusive à volta às nossas origens, às tradições apostólicas, dentre outras.

No sentido de tentar corroborar um pouco com essa sua análise, aqui acrescento alguns aspectos e fatos que, de certa maneira, sob a minha ótica, se constituem em causas deste fenômeno.

Estamos vivendo no contemporâneo um momento de transição da modernidade para a pós modedrnidade, momento este caracterizado pela ruptura com os valores humanos a partir da lei natural e atingindo, como conseqüência, a ruptura com os valores éticos, sociais, morais e religiosos, dentre outros.

Não raras vezes, perquirindo as Sagradas Escrituras, deparamo-nos com os ensinamentos que nos direcionam para a guarda das tradições apostólicas que, ao meu ver, são fundamento da vida em comunidade, das reuniões para a celebração da Eucaristia, para a formação cristã, para a edificação da fé à luz da doutrina, para a catequese, e em resumo, para a vida da Igreja na sua integralidade.

Apesar de todo o esforço da Igreja a partir co Concílio Vaticano II no sentido de "situar-se" no contexto do tempo pós-moderno (se é que assim o posso afirmar), os veículos de comunicação social atuam de forma imediata na propagação das "novidades" do tempo presente que, pelo simples fato de ser "novo", colocam em xeque quase todas as coisas, e de modo especial, a vida eclesial que é antagônica aos principais princípios da vida moderna.

Por outro lado, vejo que em muitas dioceses, não existe um trabalho consistente de formação dos católicos. As principais questões que nos diferenciam das seitas protestantes praticamente não são sequer mencionadas. Me parece haver muito mais preocupação com um pseudo-ecumenismo do que com a preservação das verdades da nossa Igreja, como você mesmo afirma, motivada pela fraca catequese.

Já se foi o tempo em que os católicos assim se denominavam simplesmente por tradição. A modernidade é protagonista de todo esse processo de rupturas e, principalmente com aquilo que é tradicional. Já se foi o tempo em que o povo dizia "amém" a cada vez que os padres "abriam os braços".

Se a modernidade é protagonista da formação de pessoas extremosamente crítica tanto no sentido positivo quanto no negativo, a única forma que a Igreja tem para conter o êxodo dos seus membros, ao meu ver, é agindo com um trabalho de uma catequese profunda capaz de formar a vedadeira convicção dos seus membros, enfatizando, sobretudo, neste trabalho, as questões que, por falta do verdadeiro conhecimento têm levado muitos "católicos" a se apegarem a qualquer seita que contradiga qualquer dos ensinamentos da sã doutrina. Assim, os que não conhecem a doutrina verdadeira e a ela não se aplicam, facilmente são convencidos por membros de diversas seitas que agem de forma maliciosa e com argumentos pífios e fabricados para esse fim.

Acredito que a humanidade está adentrando também em um novo tempo que será marcado pelo desencantamento com a modernidade. Aí, sim, a humanidade sentirá que é necessário "VOLTAR AO PRIMEIRO AMOR".

Um grande abraço a todos !!!



Flávio Roberto Brainer de
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