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Igreja Santa e Pecadora

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Mensagem por Convidado Sáb Jan 30, 2010 11:56 am

Caríssimos,
Salve Maria!

Gostaria de iniciar este novo tópico com três perguntas: Hoje muito se tem falado da Igreja como sendo Santa e Pecadora, pode-se admitir tal afirmação? A Igreja, sendo Santa, pode ser também pecadora? Não seria isso uma contradição?

In corde Iesu, subscrevo-me,
Jones Bernardes Machado.


Última edição por Jones Bernardes Machado em Sáb Jan 30, 2010 11:59 am, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Correção de concordância no texto)

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Igreja Santa e Pecadora Empty Re: Igreja Santa e Pecadora

Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Dom Jan 31, 2010 6:12 am

Meu Caro Jones,
Que a paz do Senhor Jesus esteja sempre no seu coração !
Permita-me, inicialmente, louvar ao Senhor pela sua fé e pela incessante busca pela coisas do alto.
É muito importante o questionamento que você faz neste tópico a respeito da realidade santa e pecadora da Igreja, pois a falta desse conhecimento tem sido causa da evasão de muitos cristãos que se decepcionam com as imperfeições das pessoas que compõem e que dirigem a Santa Igreja.
Compreender essa realidade santa e pecadora nos leva a perquirir, nas Sagradas Escrituras, a história da Igreja desde a sua fundação pelo Divino Salvador. Neste estudo, deparar-nos-emos com inúmewros episódios nos quais podemos constatar fatos como a falta de fé na unidade entre o Pai e o Filho por parte do apóstolo Felipe, a falta de fé na pessoa do Ressurrecto por parte do apóstolo Tomé, a traição do apóstolo Judas Isacriotes, as negações do apóstolo Pedro, a evasão de tantos discípulos que não creram na Eucaristia, as inúmeras confissões de pecador por parte do apóstolo Paulo, e tantas outras passagens que mostram, com a mais absoluta clareza, essa dimensão pecadora da Igreja.
Não há, portanto, nenhuma contradição nesta afirmação de que a Igreja é santa e pecadora, e bendito seja o Senhor por essa realidade, sem a qual, estaríamos perdidos, pois sendo pecadores, não poderíamos adentrar o lugar que é santo, o lugar que é sagrado, se a Igreja fosse apenas santa.
As Sagradas Escrituras, e de modo especial as cartas de São Paulo, nos mostram essa realidade da Igreja santa e pecadora. Quantas vezes encontramos expressões como: "convertei-vos", "arrependei-vos", "buscai a santidade", "sede perfeitos", "sede santos" e tantas outras que nos mostram que a santidade é um processo gradativo que vivenciamos no dia-a-dia da Igreja.
São Tomaz de Aquino nos estimula a, se quizermos sermos santos, começar-mos a eliminar gradativamente os nossos pecados um por um, a partir dos maiores, de maneira que este trabalho é mediato e não acontece de uma hora para outra, pois exige luta contra o inimigo que nem sempre se deixa derrotar facilmente. Assim, aquele que luta contra o pecado, caminha para a santidade, mas ainda não é santo. Entretanto, essa luta se torna mais fácil (ou menos difícil), no seio da Igreja, apoiada na oração da comunidade, nos sacramentos e no usufruto da riqueza da Palavra, da Doutrina, do Magistério e da Tradição da Igreja. Logo, a Igreja é o lugar dos pecadores!
A Oração Eucarística nº 5 nos mostra essa realidade no seguinte teor:
"E a nós, que estamos reunidos e somos povo santo e pecador, dai força para construirmos juntos o vosso reino que também é nosso".
Percebemos, então, que a Igreja é Santa, mas é, ao mesmo tempo, formada por pecadores e que é no seio desta Igreja Santa que nos santificaremos.
A Igreja é, enquanto intiruição, Santa no seu fundador, na sua doutrina, no seu magistério e na sua tradição e, ao mesmo tempo, pecadora nos seus membros que, formando a Igreja Militante que é o Corpo Místico de Cristo, buscam nela a santidade.
Quero aproveitar o momento para dar uma "catucada" na heresia: Se quisermos saber qual é a Igreja Verdadeira, não devemos olhar para os seus seguidores, pois todos são pecadores. Não devemos olhar para os seus ministros, pois também são pecadores. Devemos sim, olhar para o seu fundador e, ao constatarmos que n'Ele não existe nenhum pecado, encontramos a Verdadeira Igreja.
Mater Eclesiae Dei, ora pro nobis !
Grande abraço !
Flávio Roberto Brainer de
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Igreja Santa e Pecadora Empty Afinal, para o senhor, a Igreja é Santa ou Pecadora?

Mensagem por Convidado Dom Jan 31, 2010 12:11 pm

Caríssimo Flávio,

Salve Maria!

Muito obrigado pela sua resposta, que foi escrita de forma bastante clara e elucidativa! Agradeço também os elogios feitos à minha pessoa, embora não seja eu digno de recebê-los! Porém, queria fomentar a discussão mostrando algumas contradições que você caiu na sua missiva.

Voce diz:
"Não há, portanto, nenhuma contradição nesta afirmação de que a Igreja é santa e pecadora, e bendito seja o Senhor por essa realidade, sem a qual, estaríamos perdidos, pois sendo pecadores, não poderíamos adentrar o lugar que é santo, o lugar que é sagrado, se a Igreja fosse apenas santa." (grifos meus)

Porém, regozijei-me com o final de sua missiva quando você diz: "Percebemos, então, que a Igreja é Santa, mas é, ao mesmo tempo, formada por pecadores e que é no seio desta Igreja Santa que nos santificaremos." (grifos meus)

Afinal, para o senhor, a Igreja é Santa ou Pecadora?

A tese de que a Igreja é Santa e Pecadora vai contra o Credo que diz que "cremos na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica".

E o que vai frontalmente contra o Credo é herético, mas creio que não foi essa sua intenção!

Quem defendeu abertamente que a Igreja é "Santa e Pecadora" foi Lutero, permita-me até colocar entre aspas!

A Igreja é SANTA por ter o próprio Cristo como sua cabeça, de onde lhe provém toda a santidade!

Todos os nossos pecados pessoais não contaminam e NUNCA vão contaminar a Igreja. É totalmente o oposto! A Igreja, sendo SANTA, nos santifica pelos Sacramentos instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo e também com o auxílio dos sacramentais criados por ela!

Por isso é contra a fé dizer que a Igreja é Santa e Pecadora! Todos os que crêem e recitam o Credo não podem dizer que a Igreja é Santa e Pecadora, ao mesmo tempo!

Meu caro, a Igreja, enquanto tal, não é e nem pode ser pecadora. Pecadores são os homens que dela fazem parte; em primeiro lugar nós: eu e o senhor.

Com isso alegro-me quando você diz que "se quisermos saber qual é a Igreja Verdadeira, não devemos olhar para os seus seguidores, pois todos são pecadores. Não devemos olhar para os seus ministros, pois também são pecadores. Devemos sim, olhar para o seu fundador e, ao constatarmos que n'Ele não existe nenhum pecado, encontramos a Verdadeira Igreja".

Hoje em dia facilmente se faz confusão entre Igreja e Clero. O Clero é parte da Igreja, e parte mais importante, por que é ao clero que cabe governar a Igreja, ensinar e administra os Sacramentos. Mas o clero não é, per si, sozinho, a Igreja. A Igreja é uma sociedade Divina e humana. Divina porque sua cabeça é Cristo e humana por que seu corpo é feito de homens, mas a Igreja é sempre Santa. Ou seja, a Igreja, enquanto tal, é Santa e impecável!

Por isso, pergunto-lhe: Como pode uma coisa ser quente e fria? Pode uma coisa ser e não-ser ao mesmo tempo? Se a Igreja é santa, ela não pode ser pecadora! Se a Igreja é pecadora, ela não é santa! Percebe a grandeza da contradição!

Desculpe-me se repito: Ela é Santa porque sua cabeça é Cristo, Deus, fonte de toda santidade. A Igreja Católica é uma sociedade divina e humana. Por sua cabeça divina, ela é santíssima e de tal modo que os pecados de sua parte humana não podem vencer a sua santidade divina e infinita que é Cristo. Os seguidores e ministros da Igreja podem ser pacadores, e muitas vezes o são. Mas a Igreja que é Santa, os santifica pela Penitência e Eucaristia. Ela batiza os pecadores ainda não batizados santificando-as pelas águas do Batismo. Por isso, na missa, o Sacerdote coloca no cálice uma certa quantidade de vinho e uma só gota de água. Ao coocar o vinho no cálice, ele não o abençoa. Mas ao colocar uma gotinha só de água, ele a abençoa antes, pois essa gota representa nossa lágrima de arrependimento, e, fazendo isso, os pecados veniais dos fiéis são perdoados. A gotinha de água não vai aguar o vinho que tem maior quantidade. Pelo contrário: o vinho vai dar para a gotinha de água sua cor, perfume e sabor. Assim também, na Igreja,os pecados dos homens não contaminam sua santidade que é a santidade infinita de Cristo, mas é Cristo que nos dá a cor, o perfume e o sabor de suas virtudes. Repito-lhe: a Igreja é Santa e Santificadora, como disse o Romano Pontífice, Bento XVI, numa tratando do assunto numa de suas audiências que agora não me recordo a data. Jamais santa e pecadora como dizem os protestantes e, infelizmente, alguns católicos! São Francisco e Santa Tereza jamais pretenderam corrigir "erros da Igreja", mas os erros dos homens da Igreja!

Pois bem, ensinou o Concílio Vaticano II no nº, 08 da Lumen Gentium: "(...) a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação." (destaques meus)
(http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html)

Já no novo Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, promulgado há pouco tempo, vemos que o Papa Bento XVI corrigiu este grave erro provindo da ambiguidade do discurso do Vaticano II. Sobre este assunto a questão é tratada da seguinte forma, no n]. 165:

"Em que sentido a Igreja é Santa? A Igreja é santa, porque Deus Santíssimo é o seu autor; Cristo entregou-se por ela, para santicar e fazer dela santificadora; e o Espírito Santo vivifica-a com a caridade. Nela se encontra a plenitude dos meios de salvação. A santidade é a vocação de cada um dos seus membros e o fim de cada uma de suas atividades. A Igreja inclui no seu interior a Virgem Maria e inumeráveis Santos, como modelos e intercessores. A santidade da Igreja é a fonte da santificação dos seus filhos, que, aqui, na terra, se reconhecem todos pecadores, sempre necessitados de conversão e de purificação. (destaques meus)
(http://www.vatican.va/archive/compendium_ccc/documents/archive_2005_compendium-ccc_po.html)

Veja a correção feita por Bento XVI: na Lumen Gentium era a Igreja penitente e imperfeita quem busca a purificação. Agora a mudança: Bento XVI proclama que são os fiéis pecadores quem tem de purificar-se, e não a Igreja, que é sempre santa e santificadora. Portanto, somos nós, os filhos da Igreja, os pecadores que precisamos ser purificados purificados constantemente.

Em sua recente viagem tão abençoada ao Brasil, em discurso aos Bispos na Catedral de São Paulo (10/05/2007) Bento XVI desmentiu o erro da "igreja santa e pacadora" lembrando que São Paulo escreveu que a Igreja é Santa e incorruptível. Eis as palavras de Bento XVI nesse discurso: Em sua recente viagem tão abençoada ao Brasil, em discurso aos Bispos na Catedral de São Paulo (10/05/07) Bento XVI desmentiu o erro da igreja santa e pecadora lembrando que São Paulo escreveu que a Igreja é santa e incorruptível. Eis as palavras de Bento XVI nesse discurso:
"Mas tende confiança: a Igreja é Santa e incorruptível (cf. Ef 5, 27). Dizia Santo Agostinho: "Vacilará a Igreja se vacila o seu fundamento, mas poderá talvez Cristo vacilar? Visto que Cristo não vacila, a Igreja permanecerá intacta até o fim dos tempos" (Enarrationes in Psalmos, 103,2,5; PL, 37, 1353).
(Palavras do Papa Bento no Brasil, pág. 48. São Paulo: Paulinas, 2007.)


Portanto, é um erro grave dizer e uma contradição delirante ensinar que a Igreja é Santa e Pecadora. Ela é Santa, Santificadora e Incorruptível.

Que todos nós, possamos dizer juntos, meu caro amigo: Credo in Unam Sanctam Catholicam et Apostolicam Ecclesiam.

Roguemos a Deus para que nos esclareça e nos salve de tantos erros em que incorremos! Para reavivarmos nossa fé em nossos corações, rezemos juntos a oração do Credo:
Creio em um só Deus
Pai todo-poderoso,
criador do céu e da terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus,
luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por ele todas as coisas foram feitas.
E por nós, homens, para nossa salvação,
desceu dos dés e se encarnou, pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria e se fez homem.
Também por nós foi cruxificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as escrituras,
e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai.
E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo,
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do filho;
e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado,
ele que falou pelos profetas.

Creio na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica.

Professo um só batismo para a remissão dos pecados.

E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir.

Amém.


In corde Iesu, subscrevo-me,


Jones Bernardes Machado.

PS: Espero onhecê-lo um dia, para melhor conversamos sobre estes e outros pontos de nossa Fé Católica. JBM.


Última edição por Jones Bernardes Machado em Dom Jan 31, 2010 12:15 pm, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Erros de digitação.)

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Mensagem por Pe. Anderson Dom Jan 31, 2010 1:58 pm

Caros amigos,

Fazendo um pouco de pesquisa, creio que entendi melhor o que nesse tópico está sendo questionado. Pretendo dar uma resposta mais adequada um pouco mais adiante. Agora gostaria de indicar como fonte da nossa reflexao um texto do pe Penido. O pe Penido é um dos intelectuais católicos mais importantes da Igreja do século XX. Esse grande sacerdote, por incrível que pareça, nasceu na nossa querida Petrópolis, mais precisamente sua família morava no bairro Valparaiso. Esse sacerdote foi professor em Friburgo, diretor espiritual da família Maritain (Jacques e Raissa Maritain). Ele é conhecido na igreja no mundo inteiro (e pouco no Brasil, como sempre). Suas principais obras foram escritas em frances, por isso ele é tao pouco conhecido. Coloco aqui um texto dele sobre o tema proposto, que creio que ajuda a esclarecer essa difícil questao.

Igreja santa e pecadora?

(Pe. Penido)

Uma das causas comuns de apostasia [da fé] é o horror provocado pelos desfalecimentos humanos no seio da Igreja. A religião pa­rece fonte de imoralidade, ou, pelo menos, não corresponder, na prática, ao que ensina em teoria.

Uma das causas comuns de apostasia [da fé] é o horror provocado pelos desfalecimentos humanos no seio da Igreja. A religião pa­rece fonte de imoralidade, ou, pelo menos, não corresponder, na prática, ao que ensina em teoria.

E se o escândalo provoca apostasias, maior ainda o número de conversões que ele faz abortar: “Eu, agregar-me aos católi­cos? Por que, se eles não valem mais do que os outros - muitos deles até valem menos? Eu, ajoelhar-me aos pés de um padre, pecador ele também, talvez mais do que eu?” Tanto mais ferinas as críticas quanto maiores as pretensões da Igreja: ela se diz di­vina, santa, imaculada? Pois mostre-nos o que vai de tudo isso na vida cotidiana!

Escândalo ilógico, digamo-lo imediatamente. Jamais foi pro­metido por Cristo que a graça supriria o esforço pessoal. Os ta­lentos que o Mestre nos dá, ele exige que os façamos frutificar; não se substituirá jamais a nosso livre arbítrio.

Deveria até confirmar a fé, o fato de que uma sociedade com­posta de homens fracos, falíveis, sujeitos às mesmas paixões que os demais, não haja todavia descambado na mais absoluta cor­rupção, mas antes mantenha rígidos os princípios de moral purís­sima e os pratique, em que pesem os numerosos e indisfarçáveis desfalecimentos individuais.

A Igreja produziu até um tipo novo, original, de homem: o Santo. Tão novo, tão original que Bergson se abalançou a atribuir ao Santo uma essência diversa da nossa. Porém somos assim feitos que menos nos impressionam as vir­tudes do que os desfalecimentos. E por isso vemos tantos e tan­tos abandonarem a fé, porque encontraram um padre cúpido ou devasso, ou simplesmente malcriado; porque tal carola não passa de grandíssimo patife; porque tal senhora misseira, e até beata, é a pior língua da localidade.

Em nossa época este escândalo revestiu forma peculiar; apresenta-se corno reivindicação de justiça social. Embora os Papas hajam condenado não apenas o comunismo senão ainda os abusos do capitalismo, é infelizmente verdade que aquele que não se con­tenta de louvores teóricos às encíclicas, mas procura aplicá-las na prática, incorre muitas vezes na ira dos chamados bem-pen­santes que lhe assacam as pechas de socialista, comunista, etc. Donde ser o catolicismo acusado de querer perpetuar as injus­tiças sociais, de ser o derradeiro baluarte do capitalismo burguês.

Apostasias ilógicas, repetimos, pois não distinguem entre a mensagens divina que merece nossa crença e seus portadores hu­manos, talvez menos dignos. Por ser portador desta mensagem, o mau padre merece ainda ser ouvido e obedecido, embora não faça o que prega. Porventura recusaríeis precioso tesouro, sob pre­texto que vos é trazido por um homem esfarrapado e imundo? pergunta Catarina de Sena. Nem deixa de ser verdadeira a re­ligião porque muitos dos seus adeptos não a praticam. Tão me­díocre a humanidade, apesar da religião, que seria sem religião?

Ademais, com suma injustiça olvidaríamos o que de sublime houve e há na Igreja: aquela plêiade de mártires, de confesso­res, de virgens, que nos causa justo orgulho; a multiplicidade de obras e instituições; as miríades de almas tiradas do lodo; os incontáveis atos de bondade, de misericórdia, de justiça; as inú­meras tentações vencidas. Quantos e quantos atestam que na re­ligião e nela só, encontram força para não resvalar, para cumprir o dever a todo custo? Além dos grandes santos, há os incontá­veis “pequenos” santos, que vivem de cotidiano heroísmo cristão.

Na Encíclica “Mit brennender Sorge”, o Papa Pio XI fez valer uma outra consideração, ao aludir à exploração pelos na­zistas, dos escândalos da Igreja:

“A divina missão que a Igreja cumpre entre os homens e deve cumprir por meio de homens, pode ser dolorosamente obscurecida pelo que de humano, talvez de demasiadamente humano, desponta por vezes qual cizânia en­tre o trigo do reino de Deus. Quem conhece a frase do Salva­dor acerca dos escândalos e dos que os dão, sabe como a Igreja e cada indivíduo deve julgar sobre o que foi e é pecado. Todavia, quem, fundando-se sobre esses lamentáveis contrastes en­tre fé e vida, palavra e ação, atitude externa e sentir interior de alguns ou mesmo de muitos, esquece ou passa sob silêncio o imenso cabedal de esforço genuíno em prol da virtude, o es­pírito de sacrifício, o amor fraterno, o heroísmo de santidade de tantos membros da Igreja, este manifesta injusta e reprovável cegueira”.

De fato, maior direito nos assistira de gemer sobre a inépcia de alguns hierarcas e a mediocridade da maioria dos católicos, se começássemos por gemer sinceramente sobre nossa própria inépcia e mediocridade, muito maiores ainda…

Todavia, não se nos aquieta inteiramente o espírito. Afigura-­se-nos a Igreja qual realidade híbrida, plasmada de crimes he­diondos e de virtudes inigualáveis - e não já, como afirma o Apóstolo: “Sem mácula, sem ruga, mas santa e irrepreensível”.

Como resolver a antinomia?

Os membros pecadores da Igreja.

Uma primeira resposta - tão fácil quanto errônea - con­siste em afirmar que a Igreja só compreende os justos. Por con­seguinte, a massa de pecadores que encontramos na cristandade faz tão pouco parte da Igreja quanto os apóstatas ou os pagãos endurecidos.

A Santa Igreja é aquele puro ser de glória que contemplava o Vidente de Patmos. E por isso mesmo se esconde a nossos olhos de carne.

Tal foi, no século IV, a solução dos Donatistas; na Idade Média, dos Valdenses e dos Hussitas; nos tempos modernos de Lutero, Calvino, Quesnel e do Sínodo de Pistóia. — No fundo, esta opinião identifica Igreja militante e Igreja triunfante.

Porém, como sabiamente adverte Leão XIII, quando inqui­rimos da natureza da Igreja, não nos devemos perder em deva­neios sobre o que poderia ter Cristo feito, senão procurar o que ele de fato quis fazer, e que fez na realidade. Ora, as próprias palavras de Jesus nos revelam o mistério da presença de pecado­res dentro do Corpo Místico.

Na alegoria da videira, Jesus nos diz, logo a princípio: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o lavrador; toda a vara em mim que não dá fruto, ele a tira, e poda aquela que dá fruto para que dê mais fruto” (Jo 15, 1-2). Temos aqui claramente indica­do que tanto o justo como o pecador estão no Corpo Místico de Cristo. Em condições bem diversas, por certo. Um como membro fecundo, destinado à fecundidade maior; outro como membro es­téril, destinado a ser cortado, a secar, e mais tarde a ser lançado ao fogo (15, 6). Só se corta fora o que faz parte de um con­junto, não o que lhe não pertence.

(PENIDO, Pe. Dr. Maurílio Teixeira-Leite: “O Mistério da Igreja”, Editora Vozes, Petrópolis, 2 ed., 1956, pp.243-245).

Fonte: http://salterrae.org/

Grande abraço.
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Igreja Santa e Pecadora Empty Credo in Unam Sanctam Catholicam et Apostolicam Ecclesiam!

Mensagem por Convidado Dom Jan 31, 2010 9:37 pm

Revmo. Pe. Anderson,
Salve Maria!

Primeiramente, dá-me tua bênção!

Gostaria de agradecê-lo pela citação do texto do grande Padre Maurílio Teixeira-Leite Penido! Que obra fantástica! Nela podemos claramente perceber a grande diferenciação que estou propondo entre Igreja, enquanto tal, e membros da Igreja! A primeira, Santa, e os segundos, pecadores!

Como ele diz: " uma das causas comuns de apostasia é o horror provocado pelos desfalecimentos humanos no seio da Igreja".

É facil atribuir pecados à Igreja - não precisamos falar de Galileu, Inquisição, espantalhos agitados dos inimigos de Deus e que só assustam católicos tíbios e ignorantes de História. Não falemos de Alexandre VI e de outros Papas criminosos do passado, porque eles, embora chefes da Igreja, não eram A IGREJA. Aliás, todos sabemos que infalibilidade papal não significa impecabilidade papal!

Que belas palavras quando ele diz: "Porventura recusaríeis precioso tesouro, sob o pretexto que vos é trazido por um homem esfarrapado e imundo?"

Depois, ao citar o saudoso Papa Pio XI: "A divina missão que a Igreja cumpre entre os homens e deve cumprir por meio de homens, pode ser dolorosamente obscurecida pelo que de humano." E poderíamos acrescentar, mas não apagada!

Com isso, ele nos faz a sugestão de separarmos na Igreja o que é Divino e o que é humano, como tentei, não sei se com sucesso, mostrar na missiva anterior.

Não devemos tentar corrigir "erros da Igreja", porque esta, tendo o Cristo como Cabeça não erra! Quem erra são os membros desse corpo, que somos nós! E como erramos! Pricipalmente ao colocar os insinamentos da Igreja que é santa, em prática! Estamos nós, membros, sujeitos a cair na ambiguidade, no erro, no pecado, na contradição e no contra-testemunho, esse último, causa de numerosas apostasias ao longo dos séculos!

Certa vez, a arca da Aliança era transportada por caminhos escabrosos e ameaçou tombar. Dois judeus quiseram segurá-la para não cair. Foram fulminados por Deus. A intenção deles não era má. Mas Deus os fulminou para nos ensinar que a Igreja é intocável por ser santíssima. Quem pretende consertá-la, julgando-a pecadora, é fulminado por Deus.

Devemos nos livrar dessa visão protestante de que a Igreja é Santa e Pecadora! Caso contrário, deveriamos admitir um falso "Credo de Tom"é, que NUNCA foi aceito e reconhecido pela Santa Igreja! Porém fala-se muito nele hoje! Imaginem um "Credo de Tomé", seria o "Credo da Dúvida"! rsrsrs

Nele se diz: "Creio na Igreja, Santa e Pecadora." Não devemos nunca recitá-lo, pois quem o recitar, crendo na heresia, fica em anátema! Esse é, na verdade, o Credo de Lutero.

Devia agradecê-lo, Pe. Anderson, desde o início de minha carta, mas a raiva de tanta heresia e de tanto atrevimento me fizeram postergar o meu agradecimento ao senhor!

In corde Iesu, e aguardando sua resposta, subscrevo-me,
Jones Bernardes Machado.

Sancte Michael Archangele, Defende nos in Praelio!!!

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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Seg Fev 01, 2010 6:09 am

Meu Caro Jones,
Que a paz do Senhor Jesus esteja sempre com você !
Antes de adentrar na resposta à questão que me dirige, gostaria de, revisitando a história da Igreja, retroceder ao conceito, a origem e à utilização da oração do Credo.
O "Credo" originou-se do verbo latino credere e significa crer, ter ou aceitar como verdade. Surgiu como exigência de uma defesa firme e clara das doutrinas básicas da fé cristã após os Éditos de Tolerância (311) e de Milão (313), considerando as infiltrações de pessoas do império romano no meio dos cristãos com a finalidade de persegui-los e os entregar aos tribunais para serem martirizados.
Assim, o Credo se tornou uma forma de identificação universal entre os cristãos, se constituiu como "Regula Fidei" nas suas versões Apostólica, Niceniana e Atanasiana, sendo uma confissão doutrinária dos concílios de Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451), expimindo a doutrina da Santíssima Trindade, enfatizando a doutrina cristológica das naturezas de Jesus enquanto verdadeiro Deus e verdadeiro homem e afirmando a unidade, a santidade, a catolicidade e a apostolicidade da Igreja.
Era entregue ao catecúmeno momentos antes do seu batismo a partir do momento em que sua fé se tornava perceptível pelos ministros da Igreja e era recitado, desde a sua origem, durante o rito batismal e, a partir do Concílio de Nicéia, antes da comunhão, o que mais tarde lhe conferiu também o nome de "Credo Eucarístico". Como afirmei anteriormente, o Credo contém doutrinas básicas da fé cristã. Entretanto, nele não está contida toda a verdade da fé. Trata-se, portanto, de um resumo, por sinal, muito resumido!
Adentrando na questão da Igreja Santa e Pecadora, o texto enviado pelo Pe. Anderson, fazendo alusão à alegoria da videira (Jo 15) e, dentre outros aspectos, à Igreja Militante (que eu já fizera referência no meu primeiro colóquio neste tópico) e à Igreja Triunfante, deixa muito clara essa realidade.
Assim como Jesus é verdadeiro Deus e Verdadeiro homem sem que a sua natureza humana revogue ou anule a sua natureza divina, assim também, quando se afirma que a Igreja é santa e pecadora, sabemos que ela é santa na sua cabeça, na sua doutrina, no seu magistério e na sua tradição, conforme afirmei no meu colóquio anterior, mas é ao mesmo tempo pecadora nos seus membros que somos nós, sem que uma condição revogue ou anule a outra.
Compreender essa dimensão só é possível àqueles que, na sua condição de pecadores, se inseriram como membros do corpo místico de Cristo, se tornando Igreja Militante EM PROCESSO DE SANTIFICAÇÃO, mas não ainda EM ESTADO DE SANTIDADE, estado este que é pertinente à Igreja triunfante. Assim sendo, enquanto estivermos ainda na Igreja Militante, somos ainda Igreja Pecadora, pois só o Senhor é Santo na sua plenitude (1Sm 2,2). A Igreja militante que é o conjunto de membros do Corpo Místico de Cristo (Rm 12,5; 1Cor 12,12; Ef 3,6; 5,30) é formada também por pecadores, como afirma São Paulo, tendo membros mais fortes e mais fracos, mais honrosos e menos honrosos, mais descentes e menos descentes (1Cor 12, 22-26), em consonância com tantas passagens do Evangelho onde Jesus nos mostra essa realidade (Alegoria da Videira e O Joio e o Trigo, dentre tantas outras).
É importante salientar que dentre as afirmações de Martinho Lutero há elementos falsos e também elementos verdadeiros, sendo necessário discernir entre o que é certo e o que é errado. Não podemos nos referir a determinadas questões de forma radicalmente negativa e contraditória pelo simples fato de tais questões terem sido aboradadas por Lutero, por Calvino, por Zwingli ou por quem quer que seja. É preciso examinar todas as coisas e reter o que é bom (1Tes 5,21).
Quero referndar aqui o pensamento do saudoso arcebispo de Olinda e Recife, Dom Héldeer Câmara, "Creio na Igreja que é Santa em Jesus Cristo e pecadora na nossa humanidade".
Grande Abraço !
Fiquemos com Deus !
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Mensagem por Convidado Seg Fev 01, 2010 9:08 pm

Caríssimo Flávio,
Salve Maria!
Dando continuidade à presente discussão gostaria de fazer-lhe uma pergunta: Então, para o senhor, e não para a Igreja (que fique bem claro), o Credo não exprime a verdade da fé católica? Isso é uma heresia e nunca deve ser aceito! Pelo visto o senhor não entendeu nada do que escrevi nas missivas anteriores, e isso, porque está completamente fechado nesta tese herética de origem luterana, que, infelizmente, me parece ser muito aceita nos meios da RCC! Mas não estamos aqui para discutir sobre isso, e sim sobre sobre tal grande heresia!
Em nossos tempos de heresia, foi o teólogo modernista, logo, herege, Karl Rahnner, a alma negra do Concílio Vaticano II, quem afirmou essa tese herética!
Como pode pessoas crerem e recitarem o Credo e, simultânea e contraditoriamente, afirmarem, como Lutero e Rahnner, que a Igreja é Santa e Pecadora?
Diferencie, meu caro, a Igreja de Membros da Igreja e veja se é possível dizer o que você diz, que a Igreja é Santa e pecadora! Em nenhum momento neguei que hajam pecadores na Igreja, pois realmente existem e eu sou um deles; mas neguei e continuo negando que a Igreja é Santa, e ao mesmo tempo, Pecadora, pois se ela o fosse, como ela poderia nos santificar? Pode uma árvore má dar frutos bons? Em Mat, VII, 18-20, temos a resposta! É por isso que me refiro a Lutero de forma radicavelmente oposta e contraditória em seus pensamentos hereges, não por que foram feitos por ele, pois poderiam ser feitos por qualquer outro! Em nenhum momento fiz um argumentum ad hominem contra Lutero, mas contra o que ele diz, contra as heresias, logo, contra o Lutero herege e não contra a pessoa de Lutero, como o senhor diz que faço!
Se o senhor afirma isso, que a Igreja é Santa e Pecadora, nega totalmente um princípio, o de não-contradição, que diz que "nada pode "ser" e "não-ser", ao mesmo tempo, sob os mesmos aspectos e pontos de vista! Lembra da proposição categórica que coloquei na missiva anterior?
O senhor pode perguntar-me: Como Karl Rahnner, por ser um teólogo modernista, pode ser considerado um herege ou promotor de heresias?
Simples!
Isso foi definido dogmatica e infalívelmente, ou seja, por pronunciamento ex-cathedra do Sumo Pontífice, em que ele afirma que se pronuncia como Vigário de Cristo, usando o poder das chaves que cristo concedeu a Pedro, tratando de fé e moral em ensinamento a toda a Igreja, manifestando vontade clara de definir um problema, isto é, afirmando algo, e condenando explícitamente com anátema a tese oposta. Com isso, nos podemos dizer que ele foi infalível ao fazer tal pronunciamento! Quem fez tal afirmação foi o Papa São Pio X na Pascendi Dominici Gregis e na Praestantia Scripturae.
Desculpe-me, mas é uma LOUCURA dizer que a Igreja é Santa e Pecadora! Isso é uma contradição! Ninguém pode ser santo e pecador ao mesmo tempo, meu caro! Essa é uma heresia de Lutero, que se ensina e repete na RCC (espero que sem ter o conhecimento de que é uma heresia), e que você escreveu!
O senhor escreveu:
"A Igreja é santa e pecadora, sabemos que ela é santa na sua cabeça, na sua doutrina, no seu magistério e na sua tradição, conforme afirmei no meu colóquio anterior, mas é ao mesmo tempo pecadora nos seus membros que somos nós, sem que uma contradição revogue ou anule a outra".
Ora, Bento VI ensinou que a Igreja, sendo o Corpo de Cristo e tendo Ele como cabeça, é santa e santificadora! Sendo assim, ela tem os meios necessários para santificar os pecadores, membros desse corpo, que estão no seu seio através do Batismo, da confissão, assim como através dos outros sacramentos, especialmente da Eucaristia.
Lembra-se do exemplo da água no vinho no momento do ofertório da Santa Missa?
Nós somos os pecadores, não a Igreja! A Igreja é Santa e Santificadora!
Convenceu-se?
Onde estão os embasamentos doutrináros que você tem para dizer que a Igreja é Santa e Pecadora?
Você só os encontrará nos documentos do Concílio Vaticano II, como mostrei no nº. 08 da Lumen Gentium! E aproveitanto, lembro-lhe que esse concílio foi pastoral e não dogmático e infalível como foi o de Nicéia, de Trento e tantos outros!
Sabemos disso porque ele não fez nenhum pronunciamento ex-cathedra! E o próprio Papa Bento XVI iniciou essa discussão, creio que você já sabe disso!
Esse concílio recusou-se a ensinar infalívelmente. Quis exprimir-se apenas de modo pastoral. Ao recusar definir a doutrina católica infalívelmente, tornou possível exprimí-la falívelmente, isto é, tornou possível "a entrada da fumaça de satanás no templo de Deus", como disse o próprio Santo Padre, o Papa Paulo VI.
Os grandes teólogos do Vaticano II (De Lubac, Congar, Schillebeekcx, Rahner, etc) eram todos modernistas.
Daí, os erros graves do Vaticano II, que causaram toda a confusão e a crise atual, na Igreja e no mundo.
Lembra-se da correção que Bento XVI fez no novo Compêndio do Catecismo da Igreja Católica?
Essa tese de que a Igreja é Santa e Pecadora nunca foi encontrada em nenhum dos documentos da Igreja, pelo menos até o Vaticano II (os quais são nem dogmáticos nem infalíveis)!
Que bom que você disse que este pensamento, que diz "Creio na Igreja que é Santa em Jesus Cristo e pecadora na nossa humanidade" é de D. Hélder Câmara e não da Santa Igreja!
Desculpe-me, mas não conheço esta nova igreja pós-conciliar que se diz santa e pecadora!
Conheço e amo a Una e Santa Igreja Católica e Apostólica Romana, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo!
In corde Iesu, e triste por tantos ultrajes à Santa Igreja, subscrevo-me,
Jones Bernardes Machado.

"Por fim, meu Imaculado coração triumfará!"

"Christus vincit, Christus regnat, Christus imperat!"

Viva a Santa Igreja!!!!! Viva Cristo Rei!!!!!!!!!


Sancte Michael Archangele, Defende nos in Praelio!

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Mensagem por Convidado Seg Fev 01, 2010 10:33 pm

Onde se lê:

"(...) me refiro a Lutero de forma radicavelmente oposta e contraditória."

Leia-se, pois:

"(...) me refiro a Lutero de forma radicavelmente oposta e contrária."

Att,
Jones Bernardes Machado.

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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Ter Fev 02, 2010 6:09 am

Meu Caro Jones,
Não sei se como louco, como herege e como anátema, a paz que lhe desejo é bem vinda, mas mesmo assim, que a paz do Senhor esteja sempre no seu coração !
Você me questiona o seguinte:
"Então, para o senhor, e não para a igreja (que fique bem claro), o credo não exprime a verdade da fé católica?
Não afirmei em momento nenhum que o credo não contem a verdade da fé católica, como você exprime na sua pergunta. O que afirmei, transcrevo neste novo colóquio, para que não haja dúvidas nem adulterações daquilo que escrevi:
"O Credo CONTEM DOUTRINAS BÁSICAS DA FÉ CRISTÃ. Entretanto, NELE NÃO ESTÁ CONTIDA TODA A VERDADE DA FÉ. Trata-se, portanto, de um RESUMO, por sinal, MUITO RESUMIDO".
Esta minha afirmação em nenhum momento nega qualquer verdade da fé contida no Credo. Apenas afirma que TODAS AS VERDADES DA FÉ NÃO ESTÃO NO CREDO, ou seja, QUE EXISTEM OUTRAS VERDADES COMO, POR EXEMPLO, A ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA, A TRANSUBSTANCIAÇÃO E TANTAS OUTRAS QUE NÃO ESTÃO CONTIDAS. ISSO NÃO SIGNIFICA QUE O QUE ESTÁ CONTIDO NO CREDO NÃO SEJA VERDADEIRO.
Percebe-se claramente que a afirmação que está contida na sua pergunta de que "o credo não exprime a verdade da fé católica" É EXCLUSIVAMENTE SUA e não minha.
Quero deixar claro que há uma questão de terminologia que dificulta a compreensão da matéria em discussão. Esta questão é inerente à maneira como se vê as pessoas na Igreja, isto é, se são Igreja ou se são membros da Igreja.
Finalmente, diante das deturpações e adulterações daquilo que escrevi sobre o Credo com clareza e com honestidade, considerando o desrespeito para com a RCC (movimento que não faço parte mas amo muito e reconheço como uma bênção para a Igreja) e para com o Concílio Vaticano II (que faz parte do Santo Magistério da Igreja) e ponderando ainda um tratamento descortez e anti-cristão, retiro-me da presente discussão.
Grande Abraço !
"QUE TODOS SEJAM UM" (Jo 17,21)
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Mensagem por Pe. Anderson Ter Fev 02, 2010 11:42 am

Caro Jones,

Que Deus o abençoe e que a paz do Senhor esteja no teu coraçao.

Em primeiro lugar: seja muito bem-vindo ao nosso fórum. Dá gosto ter conosco pessoas que amam nossa Igreja, Santa e Infalível, guiada pelo Espírito Santo de maneira permanete em todos os momentos de sua história.

Que bom saber que voce é da nossa querida Petrópolis. Gostaria de conhecê-lo pessoalmente, mas infelizmente creio que estarei aí somente no próximo ano. Agora estou estudando em Roma, mas espero ter sempre um tempo disponível para o diálogo.

Sobre os temas que voce apresenta aqui, teria muitas coisas para comentar. Mas o tempo nao me permite nesse momento. Gostaria de começar te explicando dois pontos: o que é formalmente uma heresia e o que é um Cisma.

Segundo o nosso Código de Direito Canônico, que recolhe a tradiçao milenária canônica da Igreja, essas duas realidades sao:

Cân. 751 Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou de comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos.
Portanto, uma heresia implica duas coisas: um ato de conhecimento (uma negaçao racional de um ponto da nossa fé) e um ato de vontade (um ato pertinaz, quer dizer um ato resistente, nao interrompido, que permaneçe no tempo). Na prática significa a negaçao de uma verdade de fé, feita por um batizado, que vive no seio da Igreja Católica de uma verdadeque se deve crer com fé divina e católica. Quais verdades sao essas? Para responder a isso, deve-se citar os canones anteriores:

Cân. 750 Deve-se crer com fé divina e católica em tudo o que está contido na palavra de Deus escrita ou transmitida, a saber, no único depósito da fé confiado à Igreja, e que ao mesmo tempo, é proposto como divinamente revelado pelo magistério solene da Igreja ou pelo seu magistério ordinário e universal; isto se manifesta pela adesão comum dos fiéis sob a guia do magistério sagrado; por isso, todos estão obrigados a evitar quaisquer doutrinas contrárias.

Cân. 750 – § 1. Deve-se crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal; isto é, o que se manifesta na adesão comum dos fiéis sob a condução do sagrado
magistério; por conseguinte, todos têm a obrigação de evitar quaisquer doutrinas contrárias.

§ 2. Deve-se ainda firmemente aceitar e acreditar também em tudo o que é proposto de maneira definitiva pelo magistério da Igreja em matéria de fé e costumes, isto é, tudo o que se requer para conservar santamente e expor fielmente o depósito da fé; opõe-se, portanto, à doutrina da Igreja Católica quem rejeitar tais proposições consideradas definitivas. (Redação dada pela Carta Apostólica sob a forma de Motu
Próprio Ad Tuendam Fidem de 18 de maio de 1998).

Com isso gostaria de te dizer que, para se cometer o pecado de heresia deve-se conhecer muito bem toda a fé católica, deve-se negar uma verdade de fé conscientemente e, depois de uma tentativa de correçao pela autoridade da Igreja daquela pessoa, um deve querer persistir no seu erro, sem obedecer aos membros do Magistério que tem o encargo de corrigir aquela pessoa. Na prática isso significa: quem formalmente comete uma heresia é quem tem a missao de ensinar na Igreja (um bispo, sacerdote, um professor Universitário que ensina por escrito ou oralmente).

Tanto é assim que se voce olhar no Denzinger e procurar aqueles que a Igreja condenou como herético (na verdade a Igreja condena sempre a doutrina e da pessoa tendo em vista à salvaçao daquela pessoa), sempre será um bispo ou um sacerdotes importante ou grande algum escritor ou professor universitário. Os exemplos sao infinitos (Arrio, Nestorio, Eutiques, Lutero, etc).

Dessa forma, nao podemos julgar herético quem está buscando conhecer o que ensina a doutrina da Igreja e quem mostra um grande amor por ela. Em primeiro lugar, porque isso nao nos compete (e a Igreja que tem a capacidade de julgar os dois aspectos, um erro de doutrina e um ato firme da vontade) e nao uma pessoa individualmente. Depois, nao faz sentido buscas heresias em um forum católico onde as pessoas estao presentes para tirar as dúvidas de sua fé. Se entramos aqui com esse espírito, vamos ver "heresias" em todos os lados, e nos atribuiremos uma funçao que ninguém nos deu. Ainda posso dizer que todos nós aqui estamos buscando conhecer cada vez mais a nossa fé, que é como um tesouro em que nós retiramos coisas novas e velhas todos os dias. Supor que basta uma pessoa ser batizada para ter conscientemente todos os conteúdos da Teologia católica na sua mente é partir de um princípio do Racionalismo. Explico-me: a fé católica nao é um sistema, onde basta se conhecer um princípio do qual se deduz toda a verdade crista. Infelizmtente isso está na mente de alguns católicos, mas isso e, na minha opiniao uma falta de senso comum. A fé crista é um tesouro em que nós vamos conhecendo cada dia. Se alguem se equivoca em algum ponto, nós temos a prática evangélica da "correçao fraterna", que é sempre muito eficaz. Alem do mais, essa atitude de chamar aos outros de "herege", pode aparecer a muitos como uma falta de caridade.

Gostaria de lembrar aqui qual é o lema do nosso fórum.

"In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas".

Essa frase de Santo Agostinho, um grande santo e um grande pastor resume perfeitamente a atitude que nós buscamos no nosso fórum: "nas coisas necessárias unidade, nas duvidosas liberdade, em todas a caridade".

Depois sobre a expressao "Igreja Santa e Pecadora": tenho que dizer que eu estou estudando mais o tema. Na verdade eu perguntei aqui em Roma a um professor de Eclesiologia de uma Universidade Pontifícia. Ele está recolhendo material sobre esse tema e em breve te responderei com calma sobre esse tema.

O que posso te dizer é algo que ele me adiantou: essa expressao nao é adequada porque nao expressa a essência da Igreja. Os pecados nao pertencem à essência da Igreja, embora sejam uma realidade em alguns membros da Igreja militante. A Essência da Igreja é a santidade, pois a Igreja é "um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo", segundo a magistral definiçao de Sao Cipriano recolhida pelo Concílio Vaticano II, na Constituiçao Dogmática Lumen Gentium.

Digamos em linguagem da Escolástica clássica: os pecados dos membros da Igreja nao sao causa eficiente da Igreja; nao sao causa final; nao sao causa exemplar; nao sao causa formal da Igreja. Podemos dizer que os pecados estao nos pecadores da Igreja militante somente enquanto causa deficiente; de forma análoga, nos pecados pessoais nós podemos conhecer a liberdade humana, mas nao sao a perfeiçao da liberdade humana, que foi feita para fazer o bem.

Ademais posso te dizer que essa expressao "Igreja Santa e Pecadora" foi utilizada por alguns Padres da Igreja, especialmente no contexto da pregaçao, especialmente para exortar aos fiéis a nao mancharem com seus pecados pessois o rosto imaculado na Igreja. Nesse sentido de linguagem figurado, usado especialmente usado na pregaçao, foi usada essa expressao, mas sempre com muito cuidado. Em breve espero postar os textos dos Padres da Igreja que usaram essa expressao.

Sobre o que voce diz sobre o Concílio Vaticano II, tenho que reconhecer que nao estou de acordo com vários pontos. Mas para isso, podemos abrir um novo tópico. Colocarei alguns textos importantes que nos ajudam a explicar esse tema.

https://quemtembocavaiaroma.forumeiros.com/filosofia-e-teologia-f1/concilio-vaticano-ii-t688.htm#5892

Posso te adiantar que nao é verdade que o Concílio Vaticano II nao foi um Concílio com valor dogmático. Isso nós vemos claramente nos dois principais documentos do Concílio: a Constituiçao Dogmática Lumen Gentium e a Constituiçao Dogmática Dei Verbum. Dessa forma, todos os outros documentos do Concílio sao uma exposiçao dos temas tratados na Lumem Gentium.

Um grande abraço e que a paz de Cristo esteja sempre contigo.


Última edição por Pe. Anderson em Ter Fev 02, 2010 6:41 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Ter Fev 02, 2010 6:14 pm

Meu Caro Pe. Anderson,
Peço a sua bênção e desejo que a paz do Senhor esteja sempre com você !
É muito bom poder ler os seus escritos, pois contêm sempre algo inerente ao depósito da fé.
Fiquei muito feliz com a exposição das Constituições Dogmáticas Lumen Gentium e Dei Verbum, visto as contradições inerentes à natureza do Concílio Vaticano II que, de forma equivocada, foi citado neste tópico como sendo essencialmente pastoral e detentor de erros graves.
Estou ansioso pelo material a ser fornecido pelo professor de eclesiologia, que com certeza, deve ser muito rico e sobretudo esclarecedor.
Grande Abraço !
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Igreja Santa e Pecadora Empty Obrigado, Pe. Anderson, por lembrar-me de minha "leiguiçe"!

Mensagem por Convidado Ter Fev 02, 2010 6:59 pm

Revmo. Padre Anderson,
Salve Maria!
Antes de iniciar esta nova missiva, peço que o senhor dê-me sua benção! Gostaria de prender-me, nesta missiva, a aclarar o sentido e a intenção de alguns pensamentos meus expressos nas missivas anteriores que, pelo que me parece, não foram muito bem interpretados ou intendidos!
Inicío por duas palavras que utilizei nos colóquios anteriores e que, pelo que observei, podem ser interpretadas como algo ofensivo.
Nos textos anteriores, utilizei-me dos conceitos de heresia e anátema (excomunhão)! Creio que não são necessários explicá-los, pois o senhor já o fez muito bem em relação ao primeiro e o segundo já é quase "inato" aos católicos do nosso tempo! Pois tanto ouvimos falar sobre ele!
Saiba que tenho um grande apreço e profundo respeito ao senhor pela sua dignidade sacerdotal! Tendo em conta isso, após ler sua missiva, perguntei-me: Será que fui eu leviano ao fazer tais comentários? Os comentários que fiz, estão neste sentido? E sobre isso pretendo agora incidir na questão!
O senhor fez a seguinte observação em sua última epístola: "nao podemos julgar herético quem está buscando conhecer o que ensina a doutrina da Igreja e quem mostra um grande amor por ela".
Ai, então, que me bateu grande desorientação ou, até mesmo, perturbação!
Fazendo uma análise em meus escritos anteriores, pude notar que, em nenhum momento, fiz tal solene juízo!
Analizemos abaixo:
Na minha primeira "carta-resposta" ao senhor Flávio, eu escrevi:
"A tese de que a Igreja é Santa e Pecadora vai contra o Credo que diz que "cremos na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica". E o que vai frontalmente contra o Credo é herético, mas creio que não foi essa sua intenção!"
Veja, em nenhum momento disse: "Você é um herege! Está condenado pela Igreja!"
Não!!!!!! Livrai-me o Bom Deus de fazer um juízo temerário pessoal desses!
"Não julgueis para não serdes julgados!"
Antes disso, deveria eu olhar para os meus próprios pecados, impurezas, profanações! Mas Nosso Senhor nao se refere acima ao juízo civil ou eclesiástico!
Como o Senhor mesmo mostrou, só à Igreja, Santa e Infálível, Nosso Senhor deu o poder de condenar uma heresia!
Cito-lhe o que ele disse a São Pedro:
"(...) Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Hades nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino des Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus." (grifos meus)
A Igreja pode e deve usar o poder das chaves dadas por Cristo a Pedro, afim de que possa ela fazer cumprir o seu Santo Magistério Extraordinário e Infalível! É desta forma que a Igreja ensina: apontando positivamente o que é certo e condenando o erro. Não se trata portanto de um juízo temerário, mas de uma sentença infálivel! Que só ela pode dar e que eu nao fiz, assim, reafirmo a minha grandiosa "leiguiçe"!
O sentido em que usei tais palavras (heresia e anátema) foi que tal afirmação, de que a Igreja é Santa e Pecadora, é uma heresia e que já foi condenada pela Igreja durante séculos e através de seu Magistério Infalível! Ou como o senhor disse
O mesmo sentido que foi usado na afirmação supracitada é o que usei nestas:
"Devemos nos livrar dessa visão protestante de que a Igreja é Santa e Pecadora! Caso contrário, deveriamos admitir um falso 'Credo de Tomé', que NUNCA foi aceito e reconhecido pela Santa Igreja! Porém fala-se muito nele hoje! Imaginem um "Credo de Tomé", seria o "Credo da Dúvida"! rsrsrs (sic) Nele se diz: 'Creio na Igreja, Santa e Pecadora.' Não devemos nunca recitá-lo, pois quem o recitar, crendo na heresia, fica em anátema! Esse é, na verdade, o Credo de Lutero."
"Então, para o senhor, e não para a Igreja (que fique bem claro), o Credo não exprime a verdade da fé católica? Isso é uma heresia e nunca deve ser aceito!"
Veja, aqui eu o mostro que o que ele disse, e que ele já me mostrou que eu cai num erro grave através do colóquio anterior, colocando eu, na questão, uma afirmação que ele não fez; eu disse que era uma heresia que já foi condenada pela Igreja e que ele, sendo católico, não poderia dizê-la; para eu dizer que é uma heresia isto já deve ter sido condenado pela Igreja,é já o foi! Mas, nesta afirmação em particular, percebi que eu não utilizei os meios corretos para expressar-me! Por isso, retrato-me aqui!
Nas próximas, permanece o sentido que já expliquei anteriormente, veja:
"Em nossos tempos de heresia, foi o teólogo modernista, logo, herege, Karl Rahnner, a alma negra do Concílio Vaticano II, quem afirmou essa tese herética! Como pode pessoas crerem e recitarem o Credo e, simultânea e contraditoriamente, afirmarem, como Lutero e Rahnner, que a Igreja é Santa e Pecadora?"
"É por isso que me refiro a Lutero de forma radicavelmente oposta e contrária em seus pensamentos hereges."
"Em nenhum momento fiz um argumentum ad hominem contra Lutero, mas contra o que ele diz, contra as heresias, logo, contra o Lutero herege e não contra a pessoa de Lutero."
"O senhor pode perguntar-me: Como Karl Rahnner, por ser um teólogo modernista, pode ser considerado um herege ou promotor de heresias? Simples! Isso foi definido dogmatica e infalívelmente, ou seja, por pronunciamento ex-cathedra do Sumo Pontífice, em que ele afirma que se pronuncia como Vigário de Cristo, usando o poder das chaves que cristo concedeu a Pedro, tratando de fé e moral em ensinamento a toda a Igreja, manifestando vontade clara de definir um problema, isto é, afirmando algo, e condenando explícitamente com anátema a tese oposta. Com isso, nos podemos dizer que ele foi infalível ao fazer tal pronunciamento! Quem fez tal afirmação foi o Papa São Pio X na Pascendi Dominici Gregis e na Praestantia Scripturae."
"Desculpe-me, mas é uma LOUCURA dizer que a Igreja é Santa e Pecadora! Isso é uma contradição! Ninguém pode ser santo e pecador ao mesmo tempo, meu caro! Essa é uma heresia de Lutero, que se ensina e repete na RCC (espero que sem ter o conhecimento de que é uma heresia), e que você escreveu!" (destaques meus)
Faço, agora, outra observação!
O senhor disse:
"Nao faz sentido buscas heresias em um forum católico onde as pessoas estao presentes para tirar as dúvidas de sua fé." (sic)
"Essa atitude de chamar aos outros de "herege", pode aparecer a muitos como uma falta de caridade."
Não é esta minha reta intenção! A minha intenção era propor uma reflexão acerca do tema por min sugerido e que, sem presunção nenhuma, eu já sabia qual seria a resposta, pois elá é muito difundida entre os católicos hoje!
Proponho também ao senhor, uma reflexão: Não fez o senhor um juízo temerário da minha pessoa ao dizer tais coisas, sem pegumtar-me antes quais era a minha intenção no fórum, se ela era reta? Não precisa responder-me, eu te peço, apenas reflita! Não estou aqui para acusá-lo, apenas para propô-lo uma ponderação, como o senhor me propôs! Usando a minha "leiquiçe" e o meu Santo Batismo como únicas bases a me darem o direito de fazê-la.
Com efeito, creio que o estilo textual que me é próprio e que foi adotado em minha CORREÇÃO fraterna acabou fazendo com que ela se tornasse uma "CORREÇÃO BÉLICA" e tornando a aparência de uma falta de caridade! Caridade que, pelo sinal, tenho o muito que buscar ainda!
Obrigado por fazer que eu me recordasse de tal grandioso pensamento de Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Santa Igreja: "In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas".
Sobre o tópico aberto pelo senhor, sobre o Vaticano II, terei o maior prazer em participar dele, creio que agora será mais fácil, pois já conhecem o meu modo de expressar-me, bem claro e aberto! Todos nós devemos estar abertos à correção e ao aprendizado de nossa fé! O que pode mexer com o egoísmo, de muitos, a vaidade de outrém e o receio de alguns! Sejamos nós, católicos, abertos a dialogar entre nós mesmos a nossa fé! Para que, corrigindo os erros, nos empenhemos ad majorem gloriam Dei.
Proponho, não somente ao senhor, mas também ao senhor Flávio e a todos do fórum, que leia um texto que publiquei em meu blog nos últimos dias.
Segue o link: http://ecce-panis.blogspot.com/2010/01/onde-nao-ha-odio-heresia-nao-ha.html
Caso não consiga abrí-lo, entre em contato comigo através do e-mail, porque o blog tem apresentado alguns problemas na hora de carregar as páginas, e então lhe enviarei por e-mail!
In corde Iesu, subscrevo-me,
Jones Bernardes Machado.
PS: Aguardo desejoso o seu posicionamento! JBM.

APÊNDICE ÚNICO
Para que não haja a necessidade de eu abrir um novo tópico, faço eu aqui a meu ato de retratação ao Senhor Flávio Roberto Brainer em relação a uma questão que coloquei numa das minha missivas. Nela, eu disse: "Então, para o senhor, e não para a Igreja (que fique bem claro), o Credo não exprime a verdade da fé católica? Isso é uma heresia e nunca deve ser aceito!" Deixo e confirmo somente que qualquer ato frontal ao Credo é uma heresia, a qual já foi condenada, e isto o faço pela minha "leiguiçe" e submissão ao Santo Magistério Extraordinário Infalível da Una e Santa Igreja Católica e Apostólica Romana. Todas os sentidos contrários a isso, bem como os de juízo, que possam ser retirados de tal pergunta mal formulada, eu, Jones Bernardes Machado, fiel a Cristo e à Sua Igreja, tomo como execráveis para o efeito de retratar-me e confessar o meu erro! Cordialmente, JBM.
"Cor unum et anima una"



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Mensagem por Convidado Ter Fev 02, 2010 9:23 pm

Caros amigos,
Salve Maria!

Recebi uma mensagem do senhor Flávio, me corrigindo acerca de um erro gravíssimo que cometi em minhas missivas! Postei no tópico, junto aos meus colóquios alguns textos que não eram de minha autoria sem citação! Verifiquei e vi que realmente aconteceram, fruto de um gravíssimp deslize meu!! Junto a textos meus que estão salvos no word, haviam outros que não o eram e que eu não tinha colocado a citação e, sem perceber isso, publiquei! O Senhor Flávio, mostrando um proceder fraterno, preferiu me enviar isso por mensagem, agindo assim com muita prudência e pelo qual o agradeço! A alguns pode parecer que procedi com falta de sinceridade intelectual, mas não foi essa minha intenção! Peço aos senhores perdão por tão grave erro! Agora, passo aos senhores os textos em que após analizar vi que deveriam ser citados e passo tais textos com sua citação:

"Hoje em dia facilmente se faz confusão entre Igreja e Clero. O Clero é parte da Igreja, e parte mais importante, por que é ao clero que cabe governar a Igreja, ensinar e administra os Sacramentos. Mas o clero não é, per si, sozinho, a Igreja. A Igreja é uma sociedade Divina e humana. Divina porque sua cabeça é Cristo e humana por que seu corpo é feito de homens, mas a Igreja é sempre Santa. Ou seja, a Igreja, enquanto tal, é Santa e impecável!"

"Por isso, na missa, o Sacerdote coloca no cálice uma certa quantidade de vinho e uma só gota de água. Ao coocar o vinho no cálice, ele não o abençoa. Mas ao colocar uma gotinha só de água, ele a abençoa antes, pois essa gota representa nossa lágrima de arrependimento, e, fazendo isso, os pecados veniais dos fiéis são perdoados. A gotinha de água não vai aguar o vinho que tem maior quantidade. Pelo contrário: o vinho vai dar para a gotinha de água sua cor, perfume e sabor. Assim também, na Igreja,os pecados dos homens não contaminam sua santidade que é a santidade infinita de Cristo, mas é Cristo que nos dá a cor, o perfume e o sabor de suas virtudes."

"Isso foi definido dogmatica e infalívelmente, ou seja, por pronunciamento ex-cathedra do Sumo Pontífice, em que ele afirma que se pronuncia como Vigário de Cristo, usando o poder das chaves que cristo concedeu a Pedro, tratando de fé e moral em ensinamento a toda a Igreja, manifestando vontade clara de definir um problema, isto é, afirmando algo, e condenando explícitamente com anátema a tese oposta. Com isso, nos podemos dizer que ele foi infalível ao fazer tal pronunciamento! Quem fez tal afirmação foi o Papa São Pio X na Pascendi Dominici Gregis e na Praestantia Scripturae."

"Esse concílio recusou-se a ensinar infalívelmente. Quis exprimir-se apenas de modo pastoral. Ao recusar definir a doutrina católica infalívelmente, tornou possível exprimí-la falívelmente, isto é, tornou possível "a entrada da fumaça de satanás no templo de Deus", como disse o próprio Santo Padre, o Papa Paulo VI."

Os textos acima são de autoria do Prof. Orlando Fedeli, da Associação Cultural Montfort.


Colocando aquio meu pedido de desculpas e aproveitando para mostrar o quão sou infalívelmente falível e não a Santa Igreja, despeço-me.

In corde Iesu,
Jones Bernardes Machado.

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Mensagem por Convidado Qua Fev 03, 2010 11:48 am

Caríssimos,
Salve Maria!

Para dar continuidade à nossa reflexão, gostaria de citar aqui uma parte da carta encíclica do Papa Pio XII, Mystici Corporis, sobre o corpo místico de Jesus Cristo e nossa união nele com Cristo. Aconselho a todos a sua leitura integral!

Segue o link: http://search.vatican.va/holy_father/pius_xii/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_29061943_mystici-corporis-christi_po.html

Citando...

64. E se às vezes na Igreja se vê algo em que se manifesta a fraqueza humana, isso não deve atribuir-se a sua constituição jurídica, mas àquela lamentável inclinação do homem para o mal, que seu divino Fundador às vezes permite até nos membros mais altos do seu corpo místico para provar a virtude das ovelhas e dos pastores e para que em todos cresçam os méritos da fé cristã. Cristo, como acima dissemos, não quis excluir da sua Igreja os pecadores; portanto se alguns de seus membros estão espiritualmente enfermos, não é isso razão para diminuirmos nosso amor para com ela, mas antes para aumentarmos a nossa compaixão para com os seus membros.
65. Sem mancha alguma, brilha a santa madre Igreja nos sacramentos com que gera e sustenta os filhos; na fé que sempre conservou e conserva incontaminada; nas leis santíssimas que a todos impõe, nos conselhos evangélicos que dá; nos dons e graças celestes, pelos quais com inexaurível fecundidade (46) produz legiões de mártires, virgens e confessores. Nem é sua culpa se alguns de seus membros sofrem de chagas ou doenças; por eles ora a Deus todos os dias: "Perdoai-nos as nossas dívidas" e incessantemente com fortaleza e ternura materna trabalha pela sua cura espiritual.

In corde Iesu,
Jones Bernardes Machado.

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Mensagem por Pe. Anderson Qui Fev 04, 2010 9:27 am

Caro Jones, queridos amigos,

Proponho também ao senhor, uma reflexão: Não fez o senhor um juízo temerário da minha pessoa ao dizer tais coisas, sem pegumtar-me antes quais era a minha intenção no fórum, se ela era reta? Não precisa responder-me, eu te peço, apenas reflita! Não estou aqui para acusá-lo, apenas para propô-lo uma ponderação, como o senhor me propôs! Usando a minha "leiquiçe" e o meu Santo Batismo como únicas bases a me darem o direito de fazê-la.

Querido amigo, desculpe-me mas nao quis fazer nenhum juizo sobre sua intençao, creio que só julguei suas palavras. Mas se o ofendi, peço-te desculpas. Estamos certos que só Deus pode julgar a intençao do próximo e por isso mesmo, só Deus pode dizer quem é herético ou nao. Também a Igreja pode dizê-lo depois de um grande processo teológico e canônico. Eu nas minhas mensagens quis te mostrar duas coisas:

1) Que há uma diferença real entre conhecimento imperfeito da fé, erro por ignorância e pecado formal de heresia. O pecado de heresia só pode ser julgada pela autoridade da Igreja e nao por nós;

2) Por isso quis te mostrar que da mesma forma que é inadequada a forma "Igreja Santa e Pecadora" para expressar a essencia da Igreja Santa e Imaculada, é inadequada utilizer a expressao "heresia" ou "herético" a quem nao foi condenado como tal pela Igreja (os teólogos que voce anteriormente citou) e é muito menos adequado utilizar essas expressoes contra quem nao representa formalmente a Igreja (contra quem nao é uma bispo, um teólogo ou um professor universitário autorizado pela Igreja);

Só queria recordar aqui que se queremos ser extremamente rigorosos com os outros, devemos buscar o mesmo rigor para nós mesmos. Aliás, vale a pena recordar que os santos, por regra geral, foram sempre muito rigorosos consigo mesmos e muito misericordiosos com os outros.

Também gostaria de recordar algo que dizia o grande Papa Paulo VI: "O mundo contemporâneo escuta melhor as testemunhas do que os mestres. E se escuta os mestres, é porque sao antes testemunhas." Nesse sentido, tenho certeza que os melhores mestres de Teologia sao os santos.

Por isso, gostaria de deixar aqui um texto para que todos nós meditássemos. Eu o medito com frequencia e me ajuda muito.

Felizes os que sabem rir de si mesmos,
Porque nunca terminarão de se divertir.

Felizes os que sabem distinguir uma montanha de uma pedrinha,
Porque evitarão muitos inconvenientes.

Felizes os que sabem descansar e dormir sem buscar desculpas
Porque chegarão a ser sábios.

Felizes os que sabem escutar e calar,
Porque aprenderão sempre coisas novas.

Felizes os que são suficientemente inteligentes,
A ponto de não levar-se tão a sério,
Porque serão apreciados por aqueles que estão à sua volta.

Felizes os que estão atentos às necessidades dos demais,
Sem sentir-se indispensáveis,
Porque serão distribuidores de alegria.

Felizes os que sabem ver com seriedade as pequenas coisas
E tranqüilidade as grandes coisas,
Porque irão longe na vida.

Felizes os que sabem apreciar um sorriso
E esquecer um desprezo,
Porque o seu caminho é cheio de sol.

Felizes os que pensam antes de atuar
E rezam antes de pensar,
Porque não se turvarão pelos imprevistos.

Feliz vós se sabem calar e oxalá sorrir,
Quando lhes tiram a palavra,
Quando os contradizem o quando os pisam os pés,
Porque o Evangelho começa a penetrar nos seus corações.

Felizes vós se sois capazes de interpretar
Sempre com benevolência às atitudes dos demais,
Ainda quando as aparências sejam contrárias.
Passarão por ingênuos: é o preço da caridade.

Felizes, sobretudo, vós,
Se sabem reconhecer o Senhor em todos os que encontram
Então haverão encontrado a paz e a verdadeira sabedoria.

Santo Tomás Moore (1478-1525),
mártir inglês, patrono dos governantes e políticos.

Grande abraço a todos
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Mensagem por Pe. Anderson Qui Fev 04, 2010 5:25 pm

Caros amigos,

Gostaria de lembrar aqui alguns pontos: num período de mundo secularizado, onde as pessoas levam uma vida tao corrida, tao agitada e nao tem tempo para dedicar a Deus, a Renovaçao Carismática vem a ensinar as pessoas a rezar, mostrando o valor da vida espiritual e lembrando a todos os cristaos o chamado universal à Santidade. Vemos que a Renovaçao Carismática ensina aos fiéis a praticar os Sacramentos (especialmente lembram a necessidade da Confissao frequente e da Comunhao), e sao sempre obedientes ao Magistério, e mostram sempre um grande amor ao Papa. Nao podemos nos esquecer desses pontos tao positivos para a Igreja no Brasil.

Também lembramos que a R.C.C. prega essencialmente os Kerygma do Novo Testamento. E o Documento de Aparecida pede isso à Igreja da América Latina, a pregaçao do Kerygma evangélico.

Creio que a Renovaçao Carismática há um problema (creio que os membros da R.C.C. concordarao comigo): é a ausença de uma direçao, de uma pessoa ou de um pequeno grupo de pessoas que possam ordenar o movimento, dando diretivas concretas para os seus membros. Creio que isso traz consigo a dificuldade da R.C.C. de formar bem os seus membros. Creio que esse problema pode ser resolvido com a ajuda, a presença dos sacerdotes e dos Bispos. Creio que talvez no futuro algum Bispo pode ser encarregado a acompanhar esse movimento, que certamente é um grande dom à Igreja do Brasil.

Eu vejo que os membros da R.C.C. orientam aos fiéis a lerem as obras de Santa Tereza de Ávila, de Santa Teresinha do Menino Jesus, de Sao Joao da Cruz. Todos esses grandes santos e doutores da Igreja.

Portanto, creio que nao é justo criticar a um movimento aprovado pela Igreja. Se eles tem dificuldades, devem ser ajudados; obviamente todos os cristaos nao devem participar desse movimento. A Igreja é o Corpo de Cristo e dentro desse Corpo, cada um tem sua vocaçao, cada um tem sua parte.

Para isso também é válido o ensinamento de Santo Agostinho:

"In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas".

Grande abraço a todos.
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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Qui Fev 04, 2010 6:52 pm

Caro Pe. Anderson,
Que bom o que você escreveu sobre a Renovação Carismática Católica. Vejo muitos e bons frutos nos seus membros e, além dos que você citou, há uma devoção muito grande a Nossa Senhora.
Concordo também que as dificuldades que a RCC enfrenta, como você afirmou, são muitas. Entretanto, sendo uma parte da Igreja que se massificou muito, carece de formadores, líderes e pastores, o que não é muito fácil.
Vejo também que falta, na maioria das paróquias e dioceses, sacerdotes que se dediquem ao serviço da RCC como se dedicam a outros movimentos, acompanhando e orientando. Essa carência de acompanhamento e de orientação tem causado, em vários grupos, um certo desregramento no uso dos carismas espirituais.
É preciso que oremos para que os nossos bispos e sacerdotes acolham e acompanhem os grupos da RCC. Dela tem saído muitas vocações religiosas masculinas e femininas, sendo, portranto, como já afirmei anteriormente, uma bênção para a Igreja.
Como afirmei em outro tópico (não me lembro qual), a nossa Igreja tem uma infinidade de grupos, associações e movimentos com carismas específicos e diferenciados, o que é uma riqueza, pois os católicos podemos nos engajar de acordo com a nossa espiritualidade, de acordo com a forma de encontro, de oração e do nosso jeito peculiar de "SER IGREJA".
Enfim, focolarinos, carismáticos, vicentinos, sacramentinos, apostolado, pia união, legião de Maria, grupos de jóvens e todos os grupos, movimentos e associações, mesmo que sejam muitos, que sejam diferentes, SÃO COMPONENTES DA IGREJA DO SENHOR.
Todos merecem respeito, amor, dedicação.
Todos são uma riqueza para a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo !
"QUE TODOS SEJAM UM" (Jo 17)
Grande Abraço !
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Mensagem por Pe. Anderson Seg Mar 01, 2010 9:16 am

Caros amigos,

Voltanto ao tema da santidade da Igreja, gostaria de publicar aqui uma entrevista com um professor de Teologia da Pontífíca Universidade da Santa Cruz (onde eu estudo) sobre o tema. Creio que nos dará muitas luzes para compreender esse tema tao importante o colocará em relaçao com temas atuais da vida da Igreja.

"A Igreja é santa?

Entrevista com o teólogo Miguel De Salis

Por Giovanni Tridente
ROMA, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- A “santidade da Igreja” é um tema atual. Não somente por algumas notícias, como os escândalos que Bento XVI e os bispos irlandeses discutiram nessa terça-feira, mas também porque ela foi abordada por recentes documentos e atos pontíficios.
O tema está contido no volume Concidadãos dos santos e familiares de Deus. Estudo histórico-teológico sobre a santidade da Igreja, escrito pelo sacerdote português Miguel de Salis, professor da Faculdade de Teologia da Pontíficia Universidade Santa Cruz. Sobre isso, concedeu uma entrevista a ZENIT.

–No Prefácio do cardeal José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, em seu livro, fala da santidade como “dom de Deus” e “resposta do homem a Deus”. Falta esse dom na Igreja do século XXI?

–Miguel De Salis: Creio que não. Não faltam nem o dom nem a resposta. Basta pensar no rastro deixado por pessoas como Madre Teresa, Padre Pio, Maximiliano Kolbe, Piergiorgio Frassati, João Paulo II e tantos outros, por mencionar alguns dos personagens importantes que marcaram a história recente.

–É possível ver a santidade através de alguma notícia publicada recentemente?

–Miguel De Salis: É possível, mas às vezes é difícil de encontrá-la. Algumas notícias mostram feridas, e quando algo está ferido é difícil entender que outras partes do corpo estão sãs, que nem tudo está perdido. Entretanto, sabemos que todos os cristãos aqui na terra devem se converterem a cada dia, e é necessária uma purificação para poder ver a santidade. O Concílio Vaticano II recordava na Lumen Gentium (8) que “a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação”.

–Mas isso justifica o pecado?

–Miguel de Salis: De forma alguma. Todo pecado é uma ação contra Deus e contra sua Igreja. Com certeza, ainda que houvesse somente um caso comprovado de abuso, se trataria de um ato gravíssimo em total contraste com o Evangelho, uma violência tremenda contra um filho de Deus. Não há que ter medo da verdade. Nossa fé é fundamentada por Cristo, não nos homens nem no fato de ter uma vida em que o pecado dos demais não se faz sentir tanto.

–Então, como compreender algumas das acusações dirigidas aos pastores da Igreja que não intervieram a tempo sobre alguns abusos?

–Miguel de Salis: O Catecismo da Igreja (827) recorda que “todos os membros da Igreja, incluindo seus ministros, devem se reconhecer pecadores. Em todos, até o final dos tempos, o joio do pecado se encontra misturado com o bom trigo do Evangelho. A Igreja reúne portanto os pecadores alcançados pela salvação de Cristo, mas sempre em caminho de santificação”. É possível, como tem demonstrado a história, que aqueles que formam a Igreja atuem de forma contrária ao Evangelho, mas há muitos pastores (a Igreja tem mais de 5 mil bispos) que servem aos fiéis com uma dedicação e generosidade únicas. Basta pensar nos bispos presos na China, Vietnã e outros lugares do mundo. Ao invés de fazer a soma de tudo isso, deixe que Deus faça. Creio que isso nos convida a não desanimar.
Diante da experiência contrastante da santidade e do pecado na Igreja, é oportuno revisar experiências parecidas já vividas na história da Igreja e compreendê-las antes de inventar uma nova resposta. Isso supõe olhar ao nosso redor. Você percebe, quase com surpresa, que Deus segue habitando em nosso meio apesar de tudo. E isso tem duas consequências fundamentais.
Em primeiro lugar, nossa esperança não é ingênua nem inconsciente, mas está enraizada na certeza da ajuda de Deus. A segunda consequência é a responsabilidade de todos os fiéis na Igreja, fundada pelo chamado de Deus, a colaborar na missão. Em outras palavras, diante do pecado do outro é necessário responder com santidade e não com outro pecado. E ninguém disse que a resposta santa deve ser sempre passiva. Há espaço para a criatividade humana: os santos eram criativos.

–A Igreja é verdadeiramente santa?

–Miguel de Salis: Tradicionalmente se explica a santidade da Igreja distinguindo dois aspectos. O primeiro é que é objetivamente santo nela: os sacramentos, a Palavra de Deus, a presença de Cristo e do Espírito Santo, a lei moral e todos os demais dons que Deus lhe deu para que realize a missão confiada.
O segundo inclui os frutos da santidade causada pelos dons divinos oferecidos, quer dizer, os santos e a habitual vida na graça de Deus, vivida aqui na terra. Mas essa forma de participar na santidade da Igreja não consegue explicar bem a influência do pecado na Igreja e, portanto, em sua santidade vivida.


–Então, como o senhor explica esses dois elementos nos tempos atuais?

–Miguel de Salis: Sempre haverá um pouco de desordem na vida da Igreja e sempre haverá desafios que esperam uma resposta criativa que requer trabalho e tempo. A vida cristã é assim na terra: existe sempre a Cruz e esta é a porta de entrada ao Céu e à terra novos. Coloco um exemplo: o venerável Newman dizia, depois de estudar a história da Igreja antiga, que atrás de cada Concílio havia sempre uma grande confusão. Ainda existem confusões hoje, e talvez mais amplas através da mídia.


–Parece adequado o comportamento dos sacerdotes em países diversos?

–Miguel de Salis: Olhe o número de sacerdotes que em todo o mundo serve aos fiéis, são cerca de 400 mil. Celebram a missa, fazem catequese, cuidam dos enfermos, ajudam as famílias... O bem não faz ruído nem aparece nos jornais, mas o mal sim.
Basta olhar o número de sacerdotes mortos nesses últimos anos por seu compromisso com as pessoas mais pobres, ou o número de sacerdotes que sofrem perseguição por causa da fé e da defesa dos direitos humanos.
Todavia, é necessário entender que frequentemente as notícias são apresentadas de tal maneira que nos chamam a atenção. E em tempos onde a secularização é tão forte, como agora, a proporção de comportamentos equivocados entre os sacerdotes está nos mesmos níveis, ou menores, que a proporção entre os cidadãos que compõem as sociedades ocidentais.
Isso não exclui que tenham existido casos graves que podem não ter sido tratados adequadamente, e por isso a hierarquia tomou nota e tentou resolver os problemas, pedindo o perdão se necessário.

-Mas não parece que há detrás um comportamento contraditório?

–Miguel de Salis: Claro. Quando experimentamos o contraste em que um cristão faz e o que pretende fazer, encontramos a contradição. Nestes casos é tão contraditório quanto um membro fiel laico como um membro da hierarquia ou um religioso. O dom da liberdade humana pode se dirigir a fazer o bem ou o mal, também enquanto formarmos parte da Igreja, sejamos ou não sacerdotes. Isso não deve assustar, se se tem fé em Deus e não no comportamento dos homens de Deus. Ao mesmo tempo, não devemos renunciar ou se acostumar contra o incentivo ao pecado, porque Deus pediu para nós transmitirmos com nossa vida o amor que ele tem por nós. Seguindo a atitude de Cristo, estamos chamados a responder com a santidade e a conversão na qual Deus nos ajuda com sua graça.

Grande abraço a todos.
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Mensagem por alessandro Seg Mar 01, 2010 12:49 pm

Acho que o tema já foi resolvido, logo o tópico será trancado.

caso o pe anderson julgue necessário algum aprofundamento ele pode reabrir o tópico.

caso alguém queira fazer algum comentário pode mandar mp para a moderção.

abraços
alessandro
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Mensagem por Pe. Anderson Seg maio 03, 2010 5:14 pm

Caros amigos,

Desculpa se re-abro o tópico, mas a minha pesquisa sobre o tema continua.

Recentemente a polêmica se reacendeu, pois no último dia do aniversário do Papa, ele teve um almoço com os cardeais e, no final do almoço, o Papa fez um discurso para os membros da Cúria. O L'Osservatore Romano (jornal do Vaticano, mas que nao é um representante oficial do Magistério da Igreja) publicou a notícia no dia seguinte dizendo que o Papa "se refereri aos pecados da Igreja, recordando que ela, ferida e pecadora, experimenta mais o consolo de Deus."

Sandro Magister, um grande vaticanista e grande conhecedor do pensamento do Papa escreveu um artigo dizendo que ele duvida muito que o Papa tenha usado essa expressao e o justifica. O artigo dele, que é muito bom, se entitula:

Igreja Pecadora? Uma lenda que precisa ser desmentida por completo.

O artigo completo em italiano e em espanhol está na seguinte página:
http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/1343027?sp=y

Na página de um amigo meu, está uma versao resumida, que eu apresento aqui:
http://www.padredemetrio.com.br/2010/04/igreja-santa-e-pecadora/
Nesse texto ele explica:

A expressão “Igreja santa e pecadora” possui um indiscriminado uso por parte de muitos católicos – alguns até com uma suposta formação, como é o caso de sacerdotes e catequistas -, mormente nesta época onde se traz à tona os pecados de alguns eclesiásticos.

Por essas e outras, vale a pena recordar sua imprecisão…

O vaticanista Sandro Magister afirmou em um recente artigo que o termo “Igreja pecadora” nunca foi considerado certeiro pelo Papa Bento XVI, pois embora esta fórmula esteja de moda, é alheia à tradição cristã.

Magister se referiu ao artigo do L’Osservatore Romano sobre o encontro entre o Papa e os cardeais por seu quinto aniversário de eleição pontifícia, e no qual o jornal escreveu que “o Pontífice tem feito referência aos pecados da Igreja, recordando que ela, ferida e pecadora, experimenta mais o consolo de Deus”.

Entretanto, adverte Magister, “é duvidoso que Bento XVI tenha se expressado dessa maneira. A fórmula ‘Igreja pecadora’ nunca foi dele. E sempre a considerou equivocada”.

Como exemplo, citou a homilia da Epifania de 2008, onde “definiu a Igreja de um modo totalmente distinto: ‘Santa e composta por pecadores’”.

“E se examinarmos bem encontraremos que ele sempre a definiu desse modo. Ao final dos exercícios de Quaresma de 2007, Bento XVI agradeceu ao pregador – que esse ano havia sido o Cardeal Giacomo Biffi– ‘por haver-nos ajudado a amar mais a Igreja, a ‘immaculata ex-maculatis’, como nos ensinaste com (citando) São Ambrósio’”.

A expressão “immaculata ex-maculatis”, explica o vaticanista, “está em uma passagem do comentário de São Ambrósio ao Evangelho do Lucas” e significa “que a Igreja é Santa e sem mancha, mesmo quando acolhe nela homens manchados de pecado”.

Magister explicou que o Cardeal Biffi publicou em 1996 um ensaio dedicado a este tema e que continha no título “uma expressão mais ousada ainda, aplicada à Igreja: ‘Casta meretrix’, meretriz casta”; fórmula usada pelo “catolicismo progressista” para dizer “que a Igreja é Santa ‘mas também pecadora’ e deve sempre pedir perdão pelos ‘próprios’ pecados”; e que Hans Küng afirma que foi usada “freqüentemente desde a época patrística”.

“Freqüentemente? Pelo que sabemos, em todas as obras dos Padres, a fórmula só aparece uma vez: no comentário de são Ambrósio ao Evangelho do Lucas. Nenhum outro Padre latino ou grego jamais a usou, nem antes nem depois”, esclareceu Magister.

O vaticanista acrescentou que São Ambrósio aplicou este termo em relação à simbologia de Raabe, a prostituta de Jericó que “hospedou e salvou em sua própria casa a uns israelitas fugitivos”; e que já antes deste Padre da Igreja, tinha sido vista como “protótipo” da Igreja. “A fórmula ‘fora da Igreja não existe salvação’, nasceu precisamente do símbolo da casa salvadora de Raabe”, explicou Magister.

O Cardeal Biffi, indicou Magister, explicou que a expressão casta meretrix, “longe de aludir a algo pecaminoso e reprovável, quer indicar (…) a santidade da Igreja. Santidade que consiste tanto na adesão sem hesitações e sem incoerências a Cristo seu esposo (‘casta’) como na vontade da Igreja de alcançar a todos para levar a todos à salvação (‘meretrix’)”.

O vaticanista sublinhou que o fato de que “aos olhos do mundo a Igreja possa aparecer ela mesma manchada de pecados e golpeada pelo desprezo público, é uma sorte que remete à de seu fundador Jesus, que também foi considerado um pecador pelas potências terrenas de seu tempo”.

Entretanto, recordou que a Igreja é Santa por seu fundador e por isso pode acolher “os pecadores e sofrer com eles pelos males que padecem e curá-los”. “Em dias calamitosos como os atuais, cheios de acusações que querem invadir precisamente a santidade da Igreja, esta é uma verdade que não se deve esquecer”, afirmou.

Para evitar equívocos, sugiro que em nossa linguagem precisemos mais a nossa fé, afirmando que a Igreja é “Santa e composta de pecadores”.
Agora acrescento:

O texto completo de Santo Ambrósio diz (em espanhol):

"Rajab – que en el tipo era una meretriz pero en el misterio es la Iglesia – indicó en su sangre el signo futuro de la salvación universal en medio al asedio del mundo. Ella no rechaza la unión con los numerosos fugitivos, tanto más casta cuanto más estrechamente unida al mayor número de ellos; ella que es virgen inmaculada, sin pliegue, incontaminada en el pudor, amante pública, meretriz casta, viuda estéril, virgen fecunda… Meretriz casta, porque muchos amantes la frecuentan por lo atractivo del amor, pero sin la contaminación de la culpa" (In Lucam III, 23).

E mais adiante diz ainda:

"La Iglesia justamente toma figura de la pecadora, porque también Cristo asumió el aspecto de pecador" (in Lucam VI, 21).

Agora gostaria de dar meu parecer final. Como explicar os pecados dos filhos da Igreja? A beleza da Teologia está em saber encontrar a justa medida, a moderaçao em tudo. Um erro extremo é querer atribuir a pecaminosidade à essencia da Igreja, como se a expressao "Santa e Pecadora" expressasse a essência mesma da Igreja. Isso é absolutamente falso, a Igreja em sua essência é o corpo de Cristo, é a sua Esposa Imaculada e sem mancha.

Agora outro erro é a heresia que representa uma postura totalmente oposta à essa: é querer afirmar que na Igreja, enquanto vive na História, só está composta de santos. Essa foi a heresia Montanista (à qual se "converteu" Tertuliano), que diziam que quem comete um pecado grave está automaticamente excluido da Igreja. Eles diziam que a Penitência podia ser dada somente uma vez na vida.

A Igreja é santa e santificante sim, na sua essência, que está plenamente realizada no Céu, onde todos os membros foram já transformados em membros perfeitos do corpo de Cristo. A Igreja in terris é composta de membros em via de perfeiçao. Esses membros, se cometem um pecado grave, perdem temporariamente a graça, mas nao perdem o seu carácter batismal. Há sim uma certa separaçao da Igreja (no sentido que o pecado grave destrói a caridade nas almas, que é a essência da Igreja), mas essa separaçao nao é total.

Portanto, os membros pecadores da Igreja sao filhos da Igreja, estao de certa forma unidos à ela, mas os pecados desses membros nao sao a essencia da Igreja.

E como explicar a existencia desses pecados nos pecadores? A única explicaçao que por hora encontro é dada utilizando as categorias aristotélicas e tomistas.

Dessa forma, os pecados dos membros pecadores da Igreja: nao sao causa formal da Igreja; nem causa material, nem causa eficiente, nem causa final da Igreja. Os pecados dos membros da Igreja sao explicados da mesma forma em que nós explicamos o "mal moral": sao "causa deficiente" da Igreja. A causa deficiente é como um parasita, que se alimenta do bem, mas que nao tem existencia por si mesmo. A graça de Deus vai purificando os membros da Igreja, na medida em que vai elevando a inteligência e a vontade dos membros da Igreja, até o ponto em que esses possam dizer: "já nao sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim." No final da História, todo o mal físico e moral desaparecerá e a Igreja brilhará com toda sua luz, assim como a Jerusalém Celeste, que Sao Joao vê descer do Céu, no final do livro do Apocalipse.

Creio que essa é a melhor resposta que posso dar para esse tema até agora. Quando eu souber de algo mais, colocarei aqui. Um grande abraço a todos.
Pe. Anderson
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Mensagem por Pe. Anderson Dom Jul 25, 2010 10:23 am

A Igreja é imaculada e indefectível

Após cada campanha de ataques contra ela, a Igreja sempre aparece mais forte e esplendorosa do que antes
***
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

A saraivada de notícias que, nas últimas semanas, tenta macular a Igreja Católica, tomando por motivo abusos de crianças cometidos por parte de sacerdotes católicos, atinge um clímax ina­creditável. Decididos a não deixar morrer a fogueira que acenderam, vários órgãos de comunicação social têm se dedicado a investigar o passado, à procura de novas alegações que envolvam o Vigário de Cristo na Terra, o Papa Bento XVI, no que, aliás, têm falhado rotundamente.

Que haja padres despreparados e indignos, ninguém o pode negar; que abusos horríveis fo­ram cometidos, e certamente até em número superior ao registrado, é preciso reconhecer. Mas uti­lizar falhas gravíssimas, mas circunstanciais, relativas a uma minoria de clérigos, para enxovalhar toda a classe sacerdotal é uma injustiça. E usar isso como pretexto para tentar derrubar a Igreja é diabólico.

Aliás, quanto mais o espírito libertário, relativista e neopagão de nossa época se infiltra na Igreja, tanto mais é de temer que aconteçam crimes de pedofilia. Daí mesmo a necessidade de im­plantar nos seminários um sistema rigoroso de seleção, de modo a só admitir como candidato ao sacerdócio quem não tenha a propensão de pactuar com o mundo, mas queira ensinar a prática da doutrina católica em toda a sua pureza e dar o exemplo.

A atual campanha publicitária contra a Igreja faz-nos esquecer uma verdade da qual a histó­ria nos dá um inequívoco testemunho: foi a Igreja Católica que livrou o mundo da imoralidade, e é porque está rejeitando a Igreja que o mundo tem afundado novamente no lodo do qual foi resga­tado.

O mundo do paganismo era um inferno.
A maioria da população do Ocidente dá por certo que o mundo, em grau maior ou menor, sempre cultivou os valores aos quais estamos acostumados. Esses valores, sacrossantos até cerca de 50 anos atrás, em certa medida ainda resistem à decadência acelerada deste início de milênio:

família tradicional, proteção da inocência infantil, senso do pudor, modos educados, trajes decen­tes, honorabilidade, respeito mútuo, espírito de caridade, dignidade humana, solidariedade, etc.

Mas não foi sempre assim. Antes de Nosso Senhor Jesus Cristo pregar entre os homens a Boa Nova do Evangelho, o mundo estava mergulhado numa prolongada e terrível noite, em que reinavam a devassidão moral, o egoísmo, a crueldade, a desumanidade e a opressão, conforme a história nos ensina1.

Dessa situação não se pode concluir que todos os romanos, gregos e “bárbaros” fossem de­vassos. Havia minorias inconformes com aquela situação e preparadas para receber a pregação evangélica com a avidez de náufragos que encontram a tábua de salvação. Daí a rápida expansão da Igreja Católica pelo mundo romano e, finalmente, a conversão do Império no ano 313 da era cristã.

Religiões degradantes
Tudo quanto a parte sã da opinião pública do Ocidente ainda olha com horror hoje em dia, era, no mundo dominado pelo paganismo, moeda corrente e normal. Basta-nos recordar o que a mitologia greco-romana diz a respeito dos vários deuses de seu panteão.

Formavam eles um temível bando de depravados: adúlteros, violentos, impudentes, mentiro­sos, ladrões, opressores, assassinos, parricidas, matricidas, fratricidas, cruéis, egoístas, traidores, preguiçosos, falsos, desonrados, incestuosos, fornicadores, perversos e pedófilos. Zeus (o Júpiter dos romanos), a divindade máxima desse covil, era não só um brutamontes, que praticara cani­balismo devorando uma de suas filhas e assassinara outros parentes próximos, mas também um adúltero incontrolável, que fizera muitas vítimas entre “deusas” casadas e solteiras, violentara suas irmãs e noras, estuprara sua própria filha e até sua mãe e que, além disso, mantinha como amante um menino que raptara2.

Os relatos dessas infâmias estavam nos textos apresentados às crianças nas escolas daquele tempo, para instruí-las na gramática, na retórica, na poesia, como assinalaram em sua época os apologistas cristãos.

A religião pagã exercia, pois, um maléfico domínio sobre a sociedade, propondo, como exem­plos a serem imitados, as iniquidades dos deuses. De outro lado, a sociedade influenciava a reli­gião, de modo que os mitos refletiam os costumes então em voga.

Imoralidade, crueldade, opressão
Naquele ambiente pagão, a situação da mulher era terrível. Em geral quase sem direitos, ela era praticamente considerada como uma escrava do marido, isso quando tinha o privilégio de ser casada.

As próprias religiões, mesmo as mais elevadas, conduziam as mulheres — como, natural­mente, também os homens — a grandes depravações. A dos caldeus, por exemplo, era sinistra e corruptora, com práticas lúbricas nos templos. A religião fenícia também estimulava a degradação da mulher.

Heródoto é um dos que nos fornece informações sobre a “prostituição sagrada” praticada nos templos da Babilônia, Assíria, Grécia, Síria, Chipre e em outros lugares3. Com frequência, as “sacerdotisas” ingressavam nos templos quando muito jovens, entregues pelos próprios pais. O famoso “Código de Hamurábi”, promulgado por este rei de Babilônia (cerca de 1793 a 1750 a.C.), reserva alguns tópicos para regulamentar essa prática4.

O culto de Cibele e Átis, surgido na Frígia, de onde passou para a Grécia e Roma, levava a práticas escabrosas em público. Como Átis se mutilara, perdendo sua masculinidade, seus festejos incluíam a automutilação de muitos homens, realizada em meio de uma multidão que, alucinada, dançava e uivava, enquanto se executava uma música, com o ensurdecedor ruído das flautas, cím­balos e tambores5.

A Grécia contava com numerosos templos dedicados a Vénus, mas nenhum consagrado ao amor legítimo entre esposos. Em Atenas e outras cidades realizava-se, uma vez por ano, uma pro­cissão na qual era levada uma enorme escultura fálica. Homens e mulheres percorriam as ruas cantando, pulando e dançando em torno desse ídolo.

Opressão da mulher
A honorabilidade feminina era ainda ferida pelo costume da poligamia, generalizado em mui­tas regiões, embora houvesse locais onde vigorava a poliandria6. Igualmente degradante era o in­cesto, especialmente comum na Pérsia7, mas também na Grécia8.

Na Índia, dentre as cruéis práticas milenares do paganismo, o costume exigia que a viúva fosse queimada junto com o cadáver do marido9.

O Código de Hamurábi está repleto de normas que espelham o estado de opressão da mulher nas civilizações antigas, a qual muitas vezes era punida com a morte, a escravidão ou o repúdio10.

Mesmo em Roma e na Grécia, as leis antigas eram iníquas com relação à mulher11, e até pes­soas como o austero Catão favoreciam graves injustiças a esse propósito12. No caso de Atenas, para obviar de algum modo a parcialidade no tratamento dado às filhas, a lei incorria em uma aberra­ção ainda maior, ao incentivar o incesto para resolver problemas de herança13, chegando a impor a destruição de dois lares já constituídos, se preciso fosse14.

Em Roma, na época em que a Boa Nova de Jesus Cristo já estava sendo pregada, a institui­ção da família encontrava-se em profunda crise. O aborto e o abandono das crianças assumiam proporções espantosas. A natalidade decrescia. Os homens ricos preferiam manter-se solteiros e cercar-se de inúmeras escravas, a se sujeitar aos incômodos do casamento15.

A situação das crianças ante o Estado todo-poderoso
Na Grécia e em Roma não havia a liberdade individual que seus admiradores fazem acreditar: o cidadão vivia em função do Estado. Em sua República, o próprio Platão preconizava um Estado todo-poderoso, e mesmo Aristóteles o considerava como ideal supremo16.

A família greco-romana também era totalitária sob certos aspectos. Assim, o Direito Romano dava um poder ditatorial ao pater familias17. Na Grécia vigoravam leis semelhantes. O pai tinha o direito de rejeitar seu filho recém-nascido, ou vendê-lo como escravo18. Também podia condenar à pena de morte a esposa, um filho, uma filha, ou qualquer outro morador de sua casa, executando-se sem demora a sentença; as autoridades do Estado não interferiam19.

Em Esparta, comenta Coulanges, “o Estado tinha o direito de não tolerar que seus cidadãos fossem disformes ou mal constituídos. Por isso ele ordenava ao pai ao qual nascesse um filho nessa situação, que o fizesse morrer”20. Segundo o mesmo autor, essa lei se encontrava igualmente nos antigos códigos de Roma. Até Aristóteles e Platão incluíram, em suas propostas de legislação, essa prática.

Em Cartago e na Fenícia, crianças eram oferecidas em sacrifício aos ídolos; em Roma e na Grécia eram elas utilizadas em ritos de adivinhação21. Em vários lugares, crianças e adolescentes podiam ser punidos com a morte por um delito cometido pelo pai22.

O Estado, ao mesmo tempo em que dava ao pai um poder ilimitado dentro de casa, cerceava-o tiranicamente na educação dos filhos. Entre os gregos, o Estado era o mestre absoluto da educação, e Platão o justifica, pois, diz ele, “os pais não devem ter a liberdade de enviar ou de não enviar seus filhos aos mestres que a cidade escolher, porque as crianças são menos de seus pais do que da ci­dade” 23. O Estado considerava como pertencente a si o corpo e a alma de cada cidadão, e assumia a criança quando esta completasse 7 anos de idade24.

Impiedosa e difundida escravidão
A escravidão era uma instituição tão corrente no mundo antigo que os escravos costumavam constituir a maioria da população. Em Roma, no tempo de Augusto, mais de um terço da popula­ção era constituído por eles25.

O dono de um escravo tinha sobre ele direito completo. Um escravo não era um homem propriamente dito; era uma coisa, res mancipi26. O dono tinha não só o direito de coabitar com a mulher do escravo sem cometer adultério, mas também de dispor dos filhos dele, e se o ferisse ou matasse, não cometia delito27.

Na lei romana havia incisos relativos aos escravos que davam ocasião a grandes crueldades. No tempo de Nero, por exemplo, um alto magistrado foi assassinado por um dos seus escravos. “O Senado, após longa discussão, decidiu aplicar a todos os servos da casa a velha lei que condenava ao suplício da cruz todos os escravos que não tivessem sabido proteger seu senhor. Diante dessa sentença terrível, houve tais protestos populares que os 400 condenados tiveram de ser executados sob a guarda do exército”28.

Sempre houve um ou outro proprietário de escravos que os tratava com humanidade ou — mais raramente — com respeito, mas seria grande ingenuidade pensar ser essa a atitude habitual.

Selvageria sangrenta
Na Antiguidade os morticínios eram vistos com indiferença, como um acontecimento natural na vida dos povos. O massacre da população de uma cidade não causava a menor surpresa, nem indignação.

A tendência para sacrifícios sangrentos estava ligada a vários ritos do paganismo. Na Grécia a velha religião considerava conveniente oferecer holocaustos humanos para o apaziguamento dos deuses. Esses sacrifícios, comuns entre os gregos das épocas remotas, abrandaram-se mais tarde, mas não desapareceram completamente. No século II da Era Cristã ainda se sacrificavam vidas humanas na Arcádia, em honra a Zeus Liceu29.

Em Roma, o espetáculo mais apreciado pelo povo era o de homens morrendo, e as lutas de gladiadores constituíam ocasiões para impiedosos morticínios. “Pela manhã, diz Sêneca, jogam-se homens aos leões e ursos; depois do meio-dia, são jogados [ao arbítrio] dos espectadores. O fim para todos os lutadores há de ser a morte, e põem-se mãos à obra com ferro e fogo, até que a arena fique vazia”30. Nessas “sessões” iniciadas ao meio-dia, os condenados à morte deviam se executar mutuamente até o último. Tanto esse costume como a refeição das feras com carne humana nos ajudam a “compreender essa volúpia de ferocidade a que os romanos darão vazão nas perseguições anticristãs”, observa Daniel-Rops, e conclui: “Por muito revoltantes que nos pareçam, essas cenas, de que também os cristãos serão vítimas, eram normais em Roma. E raros, muito raros, eram os assistentes que exteriorizavam a sua desaprovação”31.

Panem et circenses ficou conhecida como a fórmula ideal para manter a multidão aquietada, atendendo-se também ao seu crescente gosto pelo sangue. Foi, igualmente, uma das causas da de­terioração de Roma.

A chaga da pedofilia

Aquilo que a imprensa de hoje denomina de pedofilia era largamente praticado no mundo antigo, ao amparo da lei, por influência das religiões pagãs.

Na Grécia, ocorria como prática legal a corrupção sexual de meninos, mais propriamente chamada de pederastia32. Todo homem adulto que não fosse escravo tinha o direito de praticá-la. Tal era o costume também na Pérsia e em outros lugares, onde se mantém através dos séculos. Roma acabou sendo contaminada pelo mal grego, a ponto de vários imperadores procurarem por amantes adolescentes33.

Meninos considerados belos, se fossem feitos prisioneiros de guerra, ou raptados, ou vendi­dos pelos pais, eram mutilados a fim de alimentar todo um tráfico de eunucos34. Não escapavam nem mesmo os filhos da nobreza35.

Na Grécia — Atenas, especialmente —, as vítimas da pederastia não eram apenas os prisio­neiros de guerra, os raptados e os escravos. Qualquer menino podia se tornar alvo dos desejos infames de homens adultos. E o costume era que cedesse. Se um pai, dotado de um resto de sen­sibilidade moral, desejasse poupar essa tragédia aos filhos, tinha de agir antes de ela acontecer, empregando escravos que, como falcões, vigiassem os meninos36. Mas, diz Ésquines, muitos pais desejavam ter belos filhos, sabendo que estes se tornariam alvo de predadores37.

As escolas — as tão elogiadas Academias — eram locais onde os estudantes, de até 12 anos de idade ou mesmo mais jovens38, ficavam à mercê dos mestres39. As leis atenienses chegavam ao ab­surdo de proteger e incentivar essa prática, inclusive regulando o flerte e o “namoro” entre homens e meninos40.

Gregos famosos no mundo da literatura, das artes, da filosofia e da política, praticaram e lou­varam a pederastia, como Sólon, Ésquilo, Sófocles, Xenofonte, Tucídides, Ésquines e Aristófanes41.

A filosofia grega chegou a debater essa prática, sem nunca condená-la por completo. Mesmo Sócrates, Platão e Aristóteles não ficaram isentos desse mal42. Em Carmides, Platão se refere ao adolescente que portava esse nome, como se fosse um enamorado louvando sua amada, falando de suas atrações e das emoções que produzia. No Simposium, o personagem Fedro se enche de lirismo ao descrever um exército feliz e exitoso inteiramente composto de homens-amantes e meninos-amados43. Contudo, finalmente atraído por ideias mais elevadas, Platão evoluiu de sua aprovação condicional da pederastia nos seus primeiros diálogos para a condenação formal desse vício no seu trabalho final, Leis. Entretanto, suas tentativas, como as de alguns estoicos, de propor uma pederastia “casta” foram recebidas com sarcasmo pelo povo e ficaram sem resultado. Com efeito, o “amor platônico” é muito difícil de ser praticado, pois em matéria de castidade o homem não con­segue ficar permanentemente no meio termo44.

Os gregos chegaram a considerar o relacionamento natural entre homem e mulher como inferior ao relacionamento entre homem e menino. Numa sociedade na qual esse tipo de compor­tamento influenciava até o ideal do Estado, a mulher tinha de ser desprezada45, relegada ao papel de mera reprodutora.

Uma obra histórico-filosófica como Erotes, do século II ou III d.C., por muitos atribuída a Luciano de Samósata, traz um diálogo entre dois gregos que discutem seriamente qual amor seria superior… Igualmente, no décimo Diálogo das Cortesãs, Luciano aborda esse tema. Plutarco, em Erotikos, analisa, com toda a seriedade, qual a atração — por mulheres ou por meninos — é a mais interessante para um homem adulto. Felizmente, ao contrário de Erotes, conclui que o ideal é re­almente o casamento monogâmico.

Em Roma, também as meninas podiam ser vítimas de abuso sexual. É o que se deduz das pa­lavras de São Justino, em sua Apologia, nas quais vitupera o costume de crianças rejeitadas — me­ninos e meninas — serem criadas para a prostituição: “E assim como os antigos criavam rebanhos de bois, bodes, carneiros ou cavalos, assim vós agora criais crianças destinadas a esse vergonhoso uso; e para esse uso impuro, uma multidão de mulheres e hermafroditas, e aqueles que cometem iniquidades que nem podem ser mencionadas, se espalham por toda a nação. [...] E há aqueles que prostituem até mesmo seus próprios filhos e mulheres; alguns são abertamente mutilados para serem usados na sodomia”46.
***

Esse é o mundo quando nele não está presente a santa Igreja de Deus. O quadro aqui apresen­tado, embora não esteja completo, é suficientemente trágico para expor as mazelas da Antiguidade pagã e nos dar uma ideia do choque ocorrido no tempo em que a mensagem do Evangelho começou a exaltar valores opostos, ordenados e santos.

O choque dos valores do Evangelho com os contravalores mun­danos

A mensagem de Jesus Cristo veio desequilibrar o carcomido mundo antigo. Ela censurava a libertinagem e a crueldade, e exaltava a liberdade para praticar o bem, a castidade, a virgindade, a inocência, a fidelidade conjugal, o amor aos inimigos, a caridade, a abnegação, a bondade para com os mais fracos, a dignidade de todos os seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus.

Um horror especial ao pecado da pedofilia foi instilado nas almas por nosso Divino Mestre, com palavras de uma extrema severidade: “Se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que creem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar” (Mt 18,6).

Ante a sublimidade do Evangelho, o paganismo não conseguiria ficar indiferente. Só lhe res­tavam duas reações: ou encantar-se e submeter-se ao suave jugo de Deus, ou odiar e perseguir. Não poucos se converteram. Muitos, porém, aferraram-se ao lodo, e seu ódio levou ao martírio milhões de cristãos.

Todavia, o sangue dos mártires começou a ser semente de novos cristãos, segundo a célebre afirmação de Tertuliano47. O espetáculo de homens e mulheres, idosos e idosas, adultos no auge da saúde, jovens vigorosos, virgens, crianças — todos confessando a fé em Jesus Cristo e caminhando resolutos em direção à morte —, arrancava admiração de muitos espectadores, acarretando con­versões cada vez mais numerosas.

O paganismo necessitou, pois, lançar mão de outra arma, para tentar reverter o jogo: a difa­mação e a calúnia. Como observam os Apologistas cristãos daqueles primeiros séculos, os pagãos passaram a acusar os cristãos exatamente dos delitos que o paganismo cometia.

É digno de nota que uma das acusações era a da pedofilia, agravada com incesto48. São Jus­tino comenta: “As coisas que vós fazeis abertamente e com aplauso, [...] dessas mesmas coisas vós nos acusais”49. E Arnóbio lança ao rosto dos pagãos: “Quão vergonhoso, quão petulante é censurar, em outro, aquilo que o acusador vê que ele mesmo pratica — aproveitar a ocasião para ultrajar e acusar outros de coisas que podem ser retorquidas contra ele mesmo!”50.

Ou seja, aqueles pagãos faziam como o ladrão que, ao roubar, grita: “Pega ladrão!”

Uma civilização governada pelo Evangelho
A Igreja Católica acabou por vencer, em virtude da força intrínseca do bem. E aos poucos, auxiliada pela graça divina que nunca falha, ela tomou os greco-latinos decadentes e os bárbaros germanos, converteu-os, educou-os e inspirou a edificação de uma brilhante civilização cujo ápice, nunca antes alcançado, ocorreu nos séculos XII e XIII.

Nessa época, segundo diz o Papa Leão XIII, “a filosofia do Evangelho governava os Estados”. Então, “a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil”. Da relação har­moniosa entre o poder religioso e o temporal, “a sociedade civil deu frutos superiores a toda a ex­pectativa, cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer”51.

Foi nesse tempo que a Igreja desenvolveu a escolástica, edificou as catedrais góticas (com seus vitrais e monumentos), criou as universidades e os hospitais, impulsionou as ciências e o progresso técnico, aperfeiçoou as relações internacionais entre os estados, aboliu a escravidão, fez avançar o progresso social, elevou a condição da mulher, de tal modo que, no século XIV, a Europa havia ultrapassado de muito todos os outros continentes.

Conforme ressalta um estudioso do progresso técnico medieval, naquela época, “pela pri­meira vez na história se construiu uma civilização complexa que não mais se sustentava nas costas suarentas de escravos ou de servos, mas principalmente na energia não humana”52.

Quanto mais avançam os estudos históricos e científicos sobre esta matéria, tanto mais vai ficando demonstrada esta verdade, jogando por terra o mito de que a Idade Média foi uma era de atraso e de opressão. A literatura especializada a tal respeito vai se multiplicando53.

Por que acusar só a Igreja?

Entretanto, sempre houve minorias inconformes com o domínio da virtude, da verdade e do bem, de modo que, periodicamente, a Igreja se vê vítima de novas investidas.

Um dos procedimentos preferidos continua a ser o de acusar a Igreja precisamente dos de­litos que o próprio mundo não se envergonha de cometer. Quais são os maiores destruidores da inocência infantil hoje em dia? Quem promove uma pornografia irrefreável, que não respeita nem idade, nem dignidade, e que incita a todo tipo de crime sexual? Quais os que, de todos os modos, pressionam as escolas para iniciarem as crianças em práticas imorais? Quem impulsiona as mu­danças das leis de maneira a abolir a influência cristã e a substituí-la pela do velho paganismo? Eis questões que pedem respostas; eis um tema muito apropriado para um futuro estudo.

Consideremos a acusação de pedofilia. Como afirmam os especialistas, baseados nas pes­quisas até agora realizadas, a maior parte desses crimes são cometidos especialmente na própria casa da família, e os abusadores são principalmente os padrastos, seguidos — ó tristeza! — pelos pais, por outros parentes e pelos namorados das parentas das vítimas54. Curiosamente, nunca se viu algum adversário da Igreja pedir um estudo sério sobre a relação entre a desagregação da fa­mília, causa principal da existência de milhões de padrastos, e os crimes de pedofilia, nem exigir uma investigação sobre os perigos de se levar, para dentro de casa, namorados, quando ali residem menores.

Apenas de passagem, note-se que a massa dos pedófilos é constituída por homens casados. Também é de notar que todas as religiões têm membros seus envolvidos em casos de pedofilia, e algumas em proporções gigantescas.

Por que, então, levantar uma campanha internacional somente contra a Igreja Católica?

Prova inequívoca da santidade da Igreja
Ressaltemos mais uma vez: foi a Igreja Católica que, sempre fiel aos ensinamentos de seu Fundador, fez cessar no Ocidente a prática da pedofilia e inspirou horror a ela.

Portanto, quem ataca a Igreja a esse propósito está utilizando, contra ela, um valor a ela pertencente, e está implicitamente reconhecendo que ela é inatacável a partir dos contravalores do mundo.

Ou seja, os próprios adversários estão fornecendo a prova de que a Igreja Católica Apostó­lica Romana é substancialmente santa.

A Igreja Católica censura o mundo, porque este é corrompido. Ela requer um alto padrão de comportamento, casto e puro. E a feroz e cerrada investida dos inimigos injustamente consiste em procurar acusá-la de não praticar a moral que ela mesma implantou na sociedade. A isto se reduz a atual campanha publicitária, no tocante à pedofilia.

Mas como fazer para atingir a Igreja pelas faltas de uma minoria de seus membros? Um dos estudos mais autorizados sobre o problema da pedofilia, de Philip Jenkins, analisa as técnicas jornalísticas usadas para enfatizar, não os delitos de indivíduos que por acaso são padres, mas o contexto institucional como dando origem ao comportamento deles55. Utilizam-se títulos suges­tivos, jogos de palavras, termos bem estudados, como, por exemplo, dar a um livro o chamativo nome de: “E não nos deixeis cair em tentação”. Por sua vez, programas de televisão sobre os casos de pedofilia colocam, como fundo de quadro, cerimônias litúrgicas, música gregoriana, sacerdotes de batina, de modo a ficar estigmatizada a Igreja como um todo e a se fazer uma associação visual entre aquilo que é distintamente católico com o estereótipo de padres lascivos e cínicos56.

Ora, médicos, professores, enfermeiros e outros profissionais aparecem em alto número en­tre os perpetradores de crimes de pedofilia57, mas quem vai chegar ao absurdo de acusar todos os membros dessas categorias e a denegrir uma classe inteira pelos crimes de uma minoria?

No entanto, assim se procede no caso dos sacerdotes católicos. O choque que o delito sexual de um padre causa na opinião pública — choque justificado, porque a Igreja Católica é a única insti­tuição da qual se espera que seus membros sejam de uma pureza sem mancha, bem como que seus sacerdotes sejam santos — os adversários sabem explorar.

A santidade substancial da Igreja
Resta perguntar como pode a Igreja manter-se santa ante as evidências de que alguns padres cometem esses graves delitos.

Na realidade, o argumento mais forte contra a Igreja Católica sempre foi a vida dos maus católicos. Contudo, não nos pode surpreender que na Igreja de Cristo haja membros indignos. O próprio Jesus comparou sua Igreja à rede que apanha maus e bons peixes (cf Mt 13, 47-50); ao campo onde o joio cresce entre o trigo (cf Mt 13, 24-30); à festa de casamento, para a qual um dos convivas se apresenta sem a veste nupcial (cf Mt 22, 11-14)58.

Não obstante, a Igreja será sempre sem mancha, como ressalta São Paulo: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5, 25-27).

Não acontece o mesmo com as outras instituições terrenas. Sendo meramente humanas, as falhas de seus integrantes podem desdourá-las. A Igreja é a única que tem uma dimensão divina. Por isso, apesar das faltas de sua dimensão humana, sua substância permanece sempre pura. Ela é santa, porque santo é seu Fundador: é a imaculada Esposa de Cristo. Só os homens da Igreja são pecadores, mas a Santa Madre Igreja não pode pecar.

Ela “é santa”, ressalta Paulo VI, “não obstante compreender no seu seio pecadores, porque ela não possui em si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtraindo-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que impedem a irradiação da sua santidade”59. Portanto, para qualquer membro da Igreja, incluindo os pertencen­tes ao clero, aplica-se esta regra: eles somente caem quando diminuem seu amor à Igreja e relaxam em seu compromisso para com ela.

“Nessa perspectiva”, diz-nos o Cardeal Biffi, Arcebispo emérito de Bologna, “torna-se claro que toda nossa culpa — pequena ou grande — não constitui apenas infidelidade ao amor que nos liga ao Pai, menoscabo pela obra redentora de Cristo, resistência à ação santificante do Espírito Santo; é ademais ultraje e sofrimento infligidos à Igreja. Toda incoerência com nosso batismo é sempre ingratidão para com aquela que, no batismo, nos gerou, é atentado contra sua beleza de Esposa do Senhor; beleza que, aos olhos humanos, fica ofuscada por nosso ato reprovável. [...] Mas nós, pelo menos, embora pequemos quase como eles, habituamo-nos a pedir perdão diariamente a essa nossa Mãe caríssima por tudo o que nos ocorre de pensar, dizer e fazer com ânimo não inte­gralmente ‘eclesial’”60.

Os pecadores não pertencem à Igreja por seus pecados, diz o Cardeal Journet, “mas por aqui­lo que ainda há neles de dons de Deus, pelos caracteres sacramentais, a fé, a esperança teologal, suas orações, seus remorsos. Eles estão como que vinculados aos justos. Encontram-se na Igreja provisoriamente para serem um dia, ou definitivamente reintegrados, ou separados dela. Estão na Igreja não de uma maneira salvífica, mas como paralisados naquilo que diz respeito às suas ativi­dades mais altas e decisivas”61.

Claro está que a Igreja “não expele os pecadores de seu próprio seio, mas só seu pecado; continua a mantê-los em si na esperança de poder convertê-los. Luta neles contra o pecado que cometeram”62.

Ressaltando a santidade da Igreja, que não se mancha nunca pelos pecados de seus filhos, o Cardeal Journet chama a atenção para sua íntima relação com cada uma das três Pessoas da San­tíssima Trindade: desde toda eternidade, a Igreja Católica é conhecida e querida pelo Pai. É funda­da por seu Filho, que veio para nos remir pela cruz. E é vivificada pelo Espírito Santo, que veio para estabelecer, nela, sua morada. “A Igreja inteira aparece, assim, como o povo reunido à imagem da unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, de unitate Patris et Filii et Spiritus Sancti plebs adunata” 63.

A relação da Mãe de Deus com a Santa Igreja é outro fator de santidade. O conhecimento da verdadeira doutrina sobre Maria será sempre uma chave para compreender o mistério de Cristo e o da Igreja. A santidade de Nossa Senhora se reflete na Igreja, sua virgindade, sua pureza, sua disponibilidade em relação à vontade de Deus. Também os anjos do céu e os bem-aventurados conservam a Igreja na santidade, enobrecendo o culto que ela presta a Deus64.

Todas as obras da Igreja têm por finalidade a santificação dos homens em Cristo e a glorifica­ção de Deus65. Entretanto, ela não poderia realizar essa finalidade se não fosse santa. Assim, mes­mo que nesta terra seja governada e composta por pecadores, ela é indefectivelmente santa, con­forme provam os frutos abundantes de santificação que tem produzido66. Um possante sinal dessa santidade é a observância voluntária dos conselhos evangélicos, pelo qual centenas de milhares de homens e mulheres renunciam a tudo o que poderiam ter de legítimo nesta vida — família, posses, liberdade de decidir o que fazer — para imitar totalmente a Cristo Jesus67.

A Igreja tem a coragem de exigir de todos os seus filhos o combate contra o pecado. Muitas almas dizem “sim” a esse apelo, porém, em geral, o bem que praticam fica escondido. O mal, neste mundo, conta com uma publicidade bastante maior, pois sua petulância solicita a atenção de to­dos. Seja como for, homens e mulheres de extraordinária santidade nunca faltaram à Igreja68, e é como instrumento de santificação que ela passa por uma contínua renovação69.

Constitui, pois, um grande equívoco propor modificações na estrutura eclesial. “Quando o valor do compromisso sacerdotal é questionado como entrega total a Deus através do celibato apostólico e como disponibilidade total para servir às almas”, assinalava Bento XVI em sua vinda ao Brasil, “dando-se preferência às questões ideológicas e políticas, inclusive partidárias, a estrutu­ra da consagração total a Deus começa a perder o seu significado mais profundo. Como não sentir tristeza em nossa alma?”70

Um pastor solícito para com seu rebanho
Alguns jornais têm tentado implicar o Papa Bento XVI na ocultação de crimes, no tempo em que ele era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e certas vozes estridentes chegam ao ponto de propor sua prisão.

A nosso ver, esse é o maior erro do adversário na atual campanha contra a Igreja. Sua insolên­cia é o que mais tem causado geral indignação, contribuindo até mesmo para despertar e afervorar os católicos adormecidos.

A injustiça dos acusadores ainda se mostra mais flagrante quando, indo-se aos fatos, cons­tata-se que foi Bento XVI, já quando era Cardeal, quem mais agiu para erradicar o problema, zelo esse que se acentuou ao ocupar a Cátedra de Pedro.

É emblemática a Carta Pastoral que, pouco antes da Páscoa, ele enviou aos católicos irlande­ses, para ser lida em todos os púlpitos do país. Num gesto sem precedentes, o Santo Padre pedia perdão diretamente às vítimas e às suas famílias, expressando sua profunda desolação pelos “atos pecaminosos e criminosos” dos abusadores. Dirigindo-se aos bispos, ressaltava os “graves erros de juízo” e a “falta de governo” por parte da Hierarquia. Por fim, sublinhava que a Igreja se pôs a trabalhar com afinco para corrigir e remediar o mal que foi feito.

Ressalte-se igualmente que, em maio de 2001, o então Cardeal Ratzinger enviou uma carta aos bispos, ordenando que lhe encaminhassem todas as acusações, contra clérigos, fossem velhas ou novas. Com essa iniciativa, a Santa Sé chamava a si a investigação dos abusos e a punição dos culpados. A partir daí, vários acusados tiveram de enfrentar um processo canônico completo, mui­tos foram demitidos do estado clerical, ou então demitiram-se voluntariamente, enquanto outros sofreram punições administrativas e disciplinares, incluindo a proibição de celebrar missa.

Contrariamente ao que certas fontes têm propalado, a referida carta não proibia a ninguém de comunicar-se com a polícia para denunciar eventuais abusos. Na verdade, os Bispos pelo mun­do afora — como nos Estados Unidos, Inglaterra e Canadá — já vinham adotando o procedimento de comunicar-se com as autoridades policiais, tão logo houvesse a confirmação de algum caso.

De outro lado, o Vaticano tem editado normas que tornam rigorosa a seleção dos candidatos ao seminário. Ademais, vem levando a cabo iniciativas como o Ano Sacerdotal, ainda em curso, e o Congresso Teológico Internacional, realizado em Roma no último mês de março, visando à renova­ção do clero e à remoção de conceitos errôneos sobre o sacerdócio, causados por uma “hermenêu­tica da descontinuidade e da ruptura”71 em face do Concílio Vaticano II.

Esperamos que essas brisas de renovação tragam um pouco de consolo para as vítimas dos horríveis delitos cometidos por homens que, como representantes de Deus, deveriam ser os pri­meiros protetores das crianças e dos jovens. Delas nos condoemos e compartilhamos seus sofri­mentos e suas desilusões, oferecendo por eles nossas orações. Aliás, a tragédia que os envolveu nos leva, uma vez mais, a recordar com dor aquelas incontáveis crianças que, na Antiguidade, foram vítimas do cruel paganismo.

De cada perseguição, a Igreja sai fortalecida
Haja o que houver, contemplando a sua própria história, a Igreja Católica pode dizer com Cícero: “Alios vidi ventos, alias prospexi animo procellas”72.

Como das investidas anteriores, ela sairá ainda mais forte da atual refrega. Incontáveis rea­ções pelo mundo afora já antecipam tal desfecho. Na Irlanda e na Espanha, as igrejas se encheram, durante a Semana Santa, como há muitos anos não ocorria. Nos Estados Unidos, na Inglaterra e em outros países do Ocidente, o número de conversões aumentou. Vários jornalistas, muitos dos quais não católicos, tomaram a defesa da Igreja. Será preciso lembrar que as perseguições são in­dispensáveis para o alcandoramento da Esposa de Cristo? E também para a sua renovação? Com efeito diz São Paulo: “Nam oportet et hereses esse ut et qui probati sunt manifesti fiant in vobis” (“É necessário que entre vós haja heresias para que possam manifestar-se os que são realmente virtuosos”. 1 Cor 11,19).

Para destacar a perenidade da Igreja Católica Apostólica Romana, Santo Agostinho nos dei­xou esta sábia reflexão: “A Igreja vacilará, se vacilar seu fundamento. Mas pode Cristo vacilar? Visto que Cristo não vacila, a Igreja permanecerá intacta até o fim dos tempos”73.

Lembremo-nos de que “Deus é o Senhor do mundo e da história”74. Foi Ele mesmo quem de­cretou que “as portas do Inferno” não prevaleceriam contra a sua Igreja (Mt 16,18).

São Paulo, 19 de abril de 2010
Aniversário da eleição para a Cátedra de Pedro de S.S. o Papa Bento XVI
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Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, é Cônego Honorário da Basílica Papal de Santa Maria Maior, de Roma, Protonotário Apostólico Supranumerário, Doutor em Direito Canônico pelo Angelicum, Mestre em Psicologia da Educação pela Universidade Católica da Colômbia, Doutor Honoris Causa pelo Centro Universitário Ítalo-Brasileiro, Membro da Sociedade Internacional São Tomás de Aquino (SITA) e da Ponti­fícia Academia da Imaculada, Fundador e Superior Geral de três entidades de Direito Pontifício: Associação Internacional de Fiéis Arautos do Evangelho, Sociedade Clerical de Vida Apostólica Virgo Flos Carmeli e Sociedade de Vida Apostólica Regina Virginum.

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1 – É preciso excetuar o povo judeu. Entretanto, mesmo algumas práticas do Povo Eleito foram, por Nosso Senhor Jesus Cristo suavizadas, ou posteriormente modificadas.
2 – Cf. por ex. ARISTIDES, Apologeticum (escrito entre 123 e 127 d.C.); JUSTINUS, Apologia Prima (entre 153 e155 d.C.); ARNOBIUS, Disputationum Adversus Gentes (entre 304 e 312 d.C.).
3 – HERODOTUS. Book 1, “Clio”, n. 181; n. 199. In Kitson, J., Herodotus Website, www.herodotus­website.co.uk, 2003.
4 – The Code of Hammurabi, King of Babylon, About 2250 BCE, tradução para o inglês por Robert Francis Harper, Chicago, University of Chicago Press, 1904, nº 181, 182.
5 – MARTINDALE, C. “A religião dos romanos”, in Christus – História das religiões. São Paulo, Saraiva, 1956, v. II, p. 560-561.
6 -PSEUDO-CLEMENTE. The Recognitions, c. 24.
7 – Ibid., c. 27.
8 – COULANGES, Fustel de. La Cité Antique. Paris: Flammarion, 1984. p. 78, 81, 82.
9 – PSEUDO-CLEMENTE, op. cit., c. 25.
10 – The Code of Hammurabi, op. cit., n. 110, 132, 141, 143.
11 – COULANGES, op. cit., p. 78.
12 – Ibid., p. 81.
13 – Ibid., p. 81-82.
14 – Ibid., p. 82.
15 – DANIEL-ROPS, [Henri Pétiot]. A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires. São Paulo, Quadrante, 1988. p. 126-130
16 – KOLOGRIVOF, Ivan (dir). Ensaio de suma católica contra os sem-Deus. Rio de Janeiro: José Olympio, 1939. p. 380-381.
17 – JOLOWICZ, Herbert Felix; NICHOLAS, Barry. Historical introduction to the study of Roman Law. London: Syndics of the Cambridge University Press, 1972, p. 119; COULANGES, op. cit. p. 99.
18 – JOLOWICZ, NICHOLAS, op. cit., p. 114; COULANGES, op. cit., p. 100-101. Ver tb. The Code of Hammurabi, op. cit., n. 117.
19 – JOLOWICZ, NICHOLAS, op. cit., p. 119; COULANGES, op. cit., p. 102.
20 – COULANGES, op. cit., p. 266.
21 – JUSTINUS, Apologia Prima, c. 18: PG 6, 370.
22 – DANIEL-ROPS, op. cit., p. 162; The Code of Hammurabi, op. cit., n. 210, 230.
23 – COULANGES, op. cit., p. 267.
24 – COULANGES, Ibid.; MARROU, Henri Irénée. A history of education in antiquity. Madison: Uni­versity of Wisconsin Press, 1982, p. 20, 23, 31.
25 – DANIEL-ROPS, op. cit., p. 128.
26 – JOLOWICZ, NICHOLAS, op. cit., p. 133-138, 277.
27 – WEISS, Juan-Bautista. Historia Universal. V. 3. Barcelona: Tipografia La Educación, 1928, p. 390-391.
28 – DANIEL-ROPS, op. cit., p. 132.
29 – HUBY, J., “A religião dos gregos”, in Christus – História das Religiões. São Paulo, Saraiva, 1956, vol. II, p. 514.
30 – WEISS, op. cit., p. 658-659.
31 – DANIEL-ROPS, op. cit., p. 162.
32 – DEMAUSE, Lloyd. Foundations of Psychohistory. New York: Creative Roots, 1982, p 50-53. Conforme mostra o autor, Roma não ficou livre desse problema.
33 – É o caso por ex. de Adriano, cujo apego doentio por um menino é romanceado por Marguerite Yourcenar em “Mémoires d’Hadrien”.
34 – HERODOTUS, op. cit. Book 3, “Thalia”, n. 92; Book 8, “Urania”, n. 105.
35 – Ibid., Book 3, “Thalia”, n. 48; Book 6, “Erato”, n. 32.
36 – AFARY, Janet; ANDERSON, Kevin B. Foucault and The Iranian Revolution. Chicago: The Uni­versity of Chicago Press, 2005. p. 148.
37 – WOHL, Victoria. Love Among The Ruins: The Erotics of Democracy in Classical Athens. Princ­eton: Princeton University Press, 2002, p. 6.
38 – DEMAUSE, op. cit., p 51. O autor cita Plutarco, que se refere à existência do mesmo mal também em Roma.
39 – WOHL, op. cit., p. 150; AFARY, ANDERSON, op. cit., p. 148; MARROU, op. cit., p. 26-37.
40 – WOHL, op. cit., p. 226; AFARY, ANDERSON, op. cit., p. 148-149; MARROU, op. cit., p. 31.
41 – WOHL, op. cit., p. 87, 226 et passim; AFARY, ANDERSON, op. cit., p. 4, 148. MARROU (op. cit., p. 366), elogia o silêncio de Homero sobre a pederastia, o que constitui uma exceção honrosa entre os escritores de então. Ao que parece, ele “decidiu ignorar uma bem conhecida instituição de sua época”.
42 – MARROU, op. cit., p. 33.
43 – WOHL, op. cit., p. 4.
44 – MARROU, op. cit., p. 366.
45 – WOHL, op. cit., p. 8, 48; AFARY, ANDERSON, op. cit., p. 144, 145, 150, 151.
46 – JUSTINUS, op. cit, 27: PG 6, 370. Ver tb. DEMAUSE, op. cit., p. 52-53.
47 – Apologia, 50,13.
48 – MINUCIUS FELIX, Octavius, c. 9; LECLERCQ, Henri, P. Verbete: “Accusation Contre les Chré­tiens”, in Dictionnaire d’Archéologie Chrétienne et de Liturgie. V. 1, 1e partie. Paris: Letouzey et Ané, 1924. Cols. 274, 275.
49 – JUSTINUS, op.cit., c. 27.
50 – ARNOBIUS, op. cit., l. 2., n. 70.
51 – LEÃO XIII. Encíclica Immortale Dei. 1/11/1885, n. 28.
52 – WHITE, Lynn. Medieval Religion and Technology. Berkeley and Los Angeles: University of Los Angeles Press, 1978, p. 22.
53 – Ver, p.exe., WOODS, Thomas E. How The Catholic Church Built Western Civilization. Wash­ington, DC: Regnery, 2005; STARK, Rodney. The Victory of Reason. How Christianity Led to Freedom, Capitalism, and Western Sciences. New York: Random House, 2005; PERNOUD, Régine. Pour en finir avec le Moyen Âge. Paris: Seuil, 1977; SWEENEY, Jon M. Beauty Awakening Belief. London: Society for Promoting Christian Knowledge, 2009; JAKI, Stanley L. Patterns or Principles and Other Essays. Wilm­ington: Intercollegiate Studies Institute, 1995; JONES, Terry. Medieval Lives. London: BBC Books, 2004; GRANT, Edward. God and Reason in The Middle Ages. Cambridge: Cambridge University Press, 2001; LINDBERG, David C. (editor). Science in the Middle Ages. Chicago: University of Chicago Press, 1980.
54 – A literatura a esse respeito é abundante. Ver, por ex., CARROLL, Janell L.; WOLPE, Paul Root. Sexuality and Gender in Society. New York: HarperCollins College Publishers, 1996: “Com efeito, ter um padrasto é um dos mais potentes prognósticos de abuso sexual” (p. 553). FINKELHOR, David. “Child Sexual Abuse”, in ROSENBERG, Mark L.; FENLEY, Mary Ann (editors). Violence in America. A Public Health Approach. Oxford, New York: Oxford University Press, 1991: “Diversos fatores têm se revelado consistentemente associados com um maior risco de abuso: (1) quando a criança vive sem um dos parentes biológicos, (2) quando a mãe não está sempre ao alcance da criança, em virtude de emprego fora de casa, ou por causa de invalidez ou doença, (3) quando a criança relata que o casamento de seus pais é infeliz ou marcado por conflito, (4) quando a criança informa que tem um relacionamento pobre com seus pais ou é sujeita a castigos ou abuso infantil, (5) quando a criança diz ter um padrasto” (p. 85). Segundo vários estudos, as meninas que vivem com padrasto compõem o grupo de mais alto risco. Por tal razão, Finkelhor, uma conceituada autoridade nesta matéria, pensa que as famílias nas quais há padrasto deveriam ser foco de políticas para prevenir abusos (FINKELHOR, David; and associates. A Sourcebook on Child Sexual Abuse. Newbury Park, CA: Sage Publications, 1986, p. 77-79). No mesmo sentido, a Rádio Vaticano, na edição de 5/4/2010 do Radiogiornale, expressando estranheza pela campanha paradoxal contra a Igreja, lembra que, segundo os dados oficiais, os principais culpados do abuso sexual de crianças não são padres. É o que demonstra um relatório do governo americano, de 2008, segundo o qual “mais de 64% dos abusos são perpetrados por pais, parentes ou outras pessoas que vivem na mesma casa, portanto, no âmbito das relações familiares. Nas escolas do país, quase 10% dos jovens sofrem abusos. No que toca aos sacerdotes católicos envolvidos, estima-se que sejam menos de 0,03%”. Estudos recentes realizados em outros países indicam que os dados referentes aos Estados Unidos se repetem, com ligeiras variações, em todo o Ociden­te. Uma estatística publicada no “Portal da Criança”, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano (SEDH/PB) do Estado da Paraíba, mostra que 90% dos casos de pedofilia ocorrem dentro de casa, sendo que as maiores incidências ocorrem na seguinte ordem: pai, padrasto, irmão, tio, avós, padrinhos e vizinhos (http://crianca.pb.gov.br/contador/?p=479). A revista Veja (18/3/2010, p. 112) informa que, na classe média brasileira, em 37% dos casos de pedofilia, o abusador é o padrasto, e em 34% é o próprio pai. Além disso, nas classes C e D, 74% das vítimas são filhos de pais separados.
55 – JENKINS, Philip. Pedophiles and Priests: Anatomy of a Contemporary Crisis. Oxford, New York: Oxford University Press, 1996, p. 55.
56 – Ibid., p. 56.
57 – Ibid., p. 126-128.
58 – TRESE, Leo J. A fé explicada. São Paulo: Quadrante, 2007. p. 147-148.
59 – PAULO VI. Sollemnis Professio Fidei, 19: AAS 60 (1968) 440.
60 – BIFFI, Cardinale Giacomo. Meditazione Gesú di Nazareth, la fortuna di appartenergli. Giubileo Diocesano dei Catechisti, Cattedrale di San Pietro, Bologna, 29/10/2000.
61 – JOURNET, Charles. Il mistero della Chiesa secondo il Concilio Vaticano II. Brescia: Queriniana, 1967, p. 84-85.
62 – Ibid., p. 85.
63 – Ibid., p. 31. Ver tb. CONCILIO VATICANO II, Lumen Gentium, n.4.
64 – JOURNET, op. cit., p. 91-95.
65 – CONCÍLIO VATICANO II. Sacrossantum Concilium, n. 10.
66 – ARANGÜENA, José Ramón Pérez. A Igreja. Iniciação à eclesiologia. Lisboa: Diel, 2002. p. 110.
67 – JOURNET, op. cit., p. 89.
68 – KEMPF, Constantino. A santidade da Igreja no século XIX. Porto Alegre: Barcellos, Bertaso & Cia., 1936. p. 11-12.
69 – CONCÍLIO VATICANO II. Lumen Gentium, n. 15.
70 – BENTO XVI. Discurso. Encontro com os Bispos do Brasil, Catedral da Sé, São Paulo, 11/5/2007.
71 – BENTO XVI, Discurso à Cúria Romana, 22/12/2005.
72 – “Vi outros ventos e enfrentei sem temor outras tempestades” (In L. Calpurnium Pisonem, oratio, 9).
73 – Enarrationes in Psalmos, 103,2,5; PL, 37, 1353.
74 – Catecismo da Igreja Católica, n. 314.

Grande abraço a todos.
Pe. Anderson
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