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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Rita Santos Rocha Sáb Jun 05, 2010 8:17 pm

Que Deus esteja convosco!
Este fórum tem sido para mim uma grande ajuda nos temas da fé e por isso resolvi lançatr aqui a minha questão:

Estive a conversar com uns amigos e surgiu uma dúvida referente à Confissão:
Todos sabemos que nos temos de confessar ao um sacerdote e quais as disposições com que nos devemos dirigir (arrependimento e propósito de não voltar a pecar). A questão surgiu quando alguém comentou como seria bom se nos pudessemos confessar pela internet, por exemplo via Skype, com o nosso confessor habitual (na nossa profissão viajamos bastante e por vezes é difícil poder confessar).
Alguém me poderia dar uma ajuda neste tema? Quem diz via internet, diz também por telefone...

Obrigada desde já pela vossa ajuda em outros temas.
Que Deus vos acompanhe sempre!

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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Ter Jun 08, 2010 10:34 pm

Minha cara Rita,

Que a paz do Senhor Jesus esteja sempre com você !

Achei interessante quando você faz alusão à confissão via internet. Em tempos pós-modernos onde tudo se torna mais accessível, isso pode nos parecer ser mais fácil ou mais cômodo, mas não é bem assim.

Na confissão é muito comum haver um diálogo entre o sacerdote e o penitente, diálogo este que se torna de fundamental mportância para o discernimento da gravidade ou do peso do pecado, além de todo o trabalho de aconselhamento de modo que, neste diálogo, muitas questões vão surgindo de forma gradativa e que, ao meu ver, pela internet não ficariam muito claras, além da questão do fator tempo.

Acredito que pela internet pode ser feito um trabalho de direção espiritual, considerando que pelo fato de todo o diálogo estar escrito, seria muito melhor para uma constante reflexão do que quando fazemos tal direção de forma oral e nos esquecemos muitas das coisas que foram conversadas, empobrecendo o acervo daquilo que deveria servir para nossa renovação interior. Mas convém lembrar que o trabalho de Direção Espiritual não corresponde ao Sacramento da Confissão, embora que muitas vezes a ele nos conduza.

Há uma outra questão que devemos levar em conta e que é de fundamental importância. Trata-se da ação sacerdotal que implica o uso das mãos ungidas para o exercício da absolvição da mesma forma que o é para o exercício de todas as suas funções. Tenho convicção dessa realidade, embora não a possa expressar com maior clareza. Creio que devo ter contribuido de alguma forma, mas seria muito importante que alguem que tenha propriedade nesta questão nos desse um esclarecimento maior à luz do magistério da Igreja.

Um abraço bem brasileiro !
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Rita Santos Rocha Qua Jun 09, 2010 5:26 am

Obrigada Flávio pela sua contribuição.
Que Deus o abençoe!

Quando falo da confissão pela intrnet seria do género video confência, ou seja falado directamente com o sacerdote:
Acho interessante a sua abordagem das "mãos ungidas". Não tinha pensado nisso. No entanto, quando sigo pela televisão a Missa Pascal directamente de Roma, eu acho que a benção Urbi et Orbis dada pelo Papa também se estende aos tele-espectadores.
A minha grande dúvida é se o sacramento da confissão tem de ser "presencial", ou seja, o sacerdote e eu temos de estar no mesmo lugar. Estive a ler o Catecismo da Igreja, e não diz lá nada sobre isto.

Um abraço desde Lisboa!

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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Qua Jun 09, 2010 10:57 am

Minha Cara Rita,
Fico grato pela bênção e pelo abraço!

Peço desculpas pela minha inorância no que diz respeito à vídeo-conferência. Como o meu conhecimento em informática é mínimo, eu não tinha pensado nesta possibilidade.

Achei muito pertinente a sua colocação em relação à bênção "Urbi et Orbis". É algo que nos impulsiona a buscar um conhecimento maior, ponderando que as celebrações que podemos ter acesso por meio dos veículos de comunicação social têm sido uma grande bênção principalmente quando estamos impossibilitados de estarmos fisicamente presentes aos atos religiosos por vários motivos. Mas é muito interessante essa questão e deve ser considerada como objeto de estudo, pois como vemos, tudo faz muito sentido e temos muito o que aprender.

Que Deus a abençoe mais uma vez com um abraço bem brasileiro !
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Pe. Anderson Qua Jun 09, 2010 12:29 pm

Caros amigos,

Dê-me um tempo que eu darei uma resposta completa à questao. Fiz uma pesquisa em Roma com 3 professores (um de Teologia Sacramentária, um de Comunicaçao e um de Direito Canônico) sobre o tema apresentado aqui. Eu tenho as respostas, mas me falta tempo para apresentar completamente aqui. Amanha tenho uma prova dura, rezem por mim e logo eu darei a resposta aqui. Grande abraço (brasileiro e "romano") e fiquem com Deus.
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Qua Jun 09, 2010 6:08 pm

Que bom, Pe. Anderson !

Como sempre, permaneço intercedendo por você. Tenho convicção de que Deus coroará todo o seu esforço e que no final você perceberá que não é tão duro assim.

O tema proposto é muito interessante e me despertou a curiosidade.
Estou ansioso pela sua resposta.

Que Deus o abençoe!
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Pe. Anderson Ter Jun 22, 2010 11:54 am

Caros amigos,

Desculpem a demora, mas agora tentaremos responder às questões aqui apresentadas, que por sinal são ótimas.

Nesse tema temos que distinguir duas coisas diferentes: a Confissao Sacramental e outro tipo de atividade sacerdotal, como a direção espiritual.

Começemos pela Confissao. Em primeiro lugar, temos a dificuldade que não há nenhum documento da Igreja que diga se é possível ou não se confessar através da internet. Isso me disse um professor de Comunicação Institucional (A faculdade de Comunicação que estuda o uso dos meios de comunicação por parte da Igreja Católica) de Roma. Entretanto, existe sim uma consulta feita ao Vaticano (mais antiga) sobre se é possível atender uma confissão sacramental por telefone. A resposta da Santa Sé à essa pergunta foi clara: não é possível. Agora tentaremos justificar o porque disso.

Para isso, nos servimos do Código de Direito Canônico, onde explica o que é a Confissão:

Cân. 960: A confissão individual e íntegra e a absolvição constituem o único modo ordinário, com o qual o fiel, consciente de pecado grave, se reconcilia com Deus e com a Igreja; somente a impossibilidade física ou moral escusa de tal confissão; neste caso, pode haver a reconciliação também por outros modos.
Com isso o Código está recolhendo a afirmação clássica da Teologia que diz que é a contrição o que perdoa os pecados (Os Padres da Igreja diziam que são as lágrimas do penitente que perdoam os pecados). A contriçao é a dor de se ter ofendido a Deus, por aquilo que Ele é, e o propósito firme de não se voltar a pecar. Evidentemente, quando a contrição é verdadeira, se concretiza na vontade firme de confessar-se pessoalmente com um confessor, pois esse é o meio ordinário que Deus nos deixou para recebermos o perdão dos nossos pecados. Nos Evangelhos vemos que sempre que Cristo perdoa os pecados o faz sempre a pessoas individuais, nunca faz uma “Confissão Geral”. A confissao é sempre um encontro pessoal com Cristo e isso passou da mesma forma à disciplina da Igreja. A contrição é o que perdoa os pecados e, sendo essa verdadeira, leva à Confissão sacramental, mas se essa não é possível, por impossibilidade física ou moral, há verdadeira reconciliação com Deus, pois Deus não nos pede coisas impossíveis. As leis da Igreja são sempre para ajudar à nossa salvação, e não para complicar nossas vidas.

Depois o Código nos fala do lugar próprio para ouvir as confissões:

Cân. 964 § 1. O lugar próprio para ouvir confissões é a igreja ou oratório.
§ 2. Quanto ao confessionário, estabeleçam-se normas pela Conferência dos Bispos, cuidando- se porém que haja sempre em lugar visível confessionários com grades fixas entre o penitente e o confessor, dos quais possam usar livremente os fiéis que o desejarem.
§ 3. Não se ouçam confissões fora do confessionário, a não ser por justa causa.

Aqui nos diz que o lugar próprio da Confissão é o confessionário, que deve ser com grades fixas entre o penitente e o confessor. Mas por que isso? Não parece essa uma medida medieval, contrária à nossa maioridade intelectual, contra à autonomia da nossa personalidade?

O sentido dos confessionários com grade é simples: porque o penitente tem o direito de permanecer anônimo. Os penitentes se querem não precisam se identificar para a Confissão, pois essa é um encontro pessoal com Cristo. Para isso serve a grade do confessionário: para proteger a identidade do penitente e dá também uma grande ajuda ao confessor. Pois na Confissão o ideal é que não haja nenhum tipo de contacto físico entre confessor e penitente. Isso é uma norma de prudência. E outro motivo é o fato de que a Igreja protege com todas suas forças o segredo da Confissão. Diz o Código sobre isso:

Cân. 983 § 1. O sigilo sacramental é inviolável; por isso é absolutamente ilícito ao confessor de alguma forma trair o penitente, por palavras ou de qualquer outro modo e por qualquer que seja a causa.

§ 2. Têm obrigação de guardar segredo também o intérprete, se houver, e todos aqueles a quem, por qualquer motivo, tenha chegado o conhecimento de pecados através da confissão.

Cân. 984 § 1. É absolutamente proibido ao confessor o uso, com gravame do penitente, de conhecimento adquirido por meio da confissão, mesmo sem perigo algum de revelação do sigilo.


Se o confessor não conhece a identidade do penitente, não sabe quem está se confessando, ele esquece com muito maior facilidade o que ouve na Confissão e fica muito mais tranqüilo assim. O motivo da proteçao da Igreja ao segredo da Confissao é para nao fazer desse Sacramento "algo odioso" para os fiéis. A Igreja preve para quem revelar formalmente um pecado confessado (revelar o pecado e o pecador) a pena de excomunha (latae setentiae).

Aliás também é necessário pensar que há coisas que as pessoas tem grande dificuldade de se confessar, porque produz uma grande vergonha. Se a pessoa não revela a sua identidade (confessando num confessionário com grades) parte da dificuldade vem superada. O confessionário com grades é de grande ajuda especialmente para as mulheres.

Mas talvez alguém diga: parece-me que essa regra da Igreja é mais excessao do que regra. Eu digo: é verdade. Essa é uma regra do Código (de 1983) que, infelizmente, se transformou em exceção. Mas isso é devido à toda a confusão posterior ao Concílio. Mas compete ao jovem clero da Igreja colocar essa e outras regras claras da Igreja em prática. Como dizia um grande historiador da Igreja: todos os Concílios Ecumênicos levaram pelo menos 50 anos para serem assimilados e vividos. O Concílio Vaticano II tem menos de 40 anos, esperamos que dentro de 10 anos todos os sacerdotes possam aprendê-lo e colocá-lo em prática.

Já comentamos em outro lugar que a vontade do Concílio é que todos conheçam as partes principais da Missa em latim, que se reative o Canto Gregoriano, que se estude os Padres da Igreja, a História da teologia no Ocidente e no Oriente etc, etc... coisas que parecem estar longe de ocorrer, mas que está ocorrendo em diversas partes do mundo. Mas voltemos ao nosso tema.

Para que ocorra a “Confissao auricular” é necessária a co-presença de penitente e confessor. Se isso não é possível, em circunstancias de graves necessidades, com um verdadeiro ato de contrição os pecados são perdoados.

Então vem as possíveis perguntas: e no caso de uma pessoa estar morrendo e querer confessar-se? Essa pessoa mora no interior, onde o padre passa só uma vez por ano. Essa pessoa telefona para o padre querendo a confissão. O que fazer nesse caso? A resposta é evidente: se o padre pode ir visitá-la, deve fazê-lo. Se não pode, deve ajudá-la a fazer um ato de contrição perfeito e assim os seus pecados são perdoados. Não pode, nem nesse caso, atender a confissão dessa pessoa por telefone. Essa resposta foi-me dada pelo professor de Teologia Dogmática de Roma.

Há mais algum outro motivo para que a Confissão seja dada somente pessoalmente, seja somente “auricular”?

Creio que sim há: o motivo é a proteção do penitente. Sabemos que é coisa muito fácil interceptar a informação que é passada por telefone. Agora imaginem vocês as informações passadas por internet!

Por sinal, há um tempo atrás eu conversei com um amigo que é policial, que investiga crimes pela internet. Eu o perguntei se tudo o que é feito pela internet pode ser visto por outros. Ele me disse que sim, que não há nada de privado na internet, tudo pode ser descoberto, tudo deixa rastro. Até os emails podem ser lidos por quem não deve ler. Por isso, para defesa do penitente, podemos deduzir que não é a melhor coisa a confissão via internet, skype etc. E teologicamente podemos dizer que essa não pode ser feito em nenhum caso, visto que a Confissão deve ser sempre um encontro pessoal com Cristo.

Agora chegamos à segunda parte da resposta que devemos dar aqui: outros trabalhos sacerdotais podem ser feitos por internet, como a orientação doutrinal, como o apostolado de amizade etc.? A direção espiritual eu não recomendaria, visto o risco grande contra a privacidade que há nesses meios. Mas se a pessoa é consciente dos riscos e quiser fazê-lo, creio que não haveria nenhum grande problema para isso. Não o recomendaria, nem mesmo o faria, pois creio que certos assuntos só podem ser tratados pessoalmente. Mas me parece que há um grande número de sites que oferecem esse tipo de orientaçao espiritual.

Gostaria de acrescentar outros pontos importantes sobre a Confissão:

Cân. 978 § 1. Lembre-se o sacerdote que, ao ouvir confissões, desempenha simultaneamente o papel de juiz e de médico, e que foi constituído por Deus como ministro da justiça divina e, ao mesmo tempo, de sua misericórdia, para procurar a honra divina e a salvação das almas.
§ 2. O confessor, como ministro da Igreja, ao administrar o sacramento, atenha-se fielmente à doutrina do magistério e às normas dadas pela autoridade competente.

Cân. 979 O sacerdote, ao fazer perguntas, proceda com prudência e discrição, atendendo à condição e idade do penitente, e abstenha-se de perguntar o nome do cúmplice.

Cân. 987 Para obter o remédio salutar do sacramento da penitência, o fiel deve estar de tal modo disposto que, repudiando os pecados cometidos e tendo o propósito de se emendar, se converta a Deus.

Cân. 988 § 1. O fiel tem a obrigação de confessar, quanto à espécie e ao número, todos os pecados graves de que tiver consciência após diligente exame, cometidos depois do batismo e ainda não diretamente perdoados pelas chaves da Igreja, nem acusados em confissão individual.
§ 2. Recomenda-se aos fiéis que confessem também os pecados veniais.

Cân. 989 Todo fiel, depois de te chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano.

Creio que com isso respondo ao que faltava ser respondido. Como voces podem ver, minha resposta confirma a resposta do senhor Flávio que, como sempre, mostrando um grande bom senso, mostrou a doutrina da Igreja, ainda sem conhecer com precisao as fontes e as bases teológicas. Esse é um grande sinal da existencia real do "sensus fidei" dos cristaos que vivem em comunhao com a Igreja. Agradeço sua participaçao. Espero ter respondido a todas as questoes, se nao, estamos à disposiçao de maiores esclarecimentos.

Um grande abraço e que o Senhor abençoe a todos.


Última edição por Pe. Anderson em Qua Jun 23, 2010 4:56 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Rita Santos Rocha Qua Jun 23, 2010 4:44 am

Obrigada Pe. Anderson pela sua resposta tão completa!
Eu sabia que a confissão pelo telefone não era permitida mas não sabia o porquê.
A questão da confidencialidade e sigilo de fato é muito importante e a internet faz exactamente o contrário:publica tudo para todos!
Agora que já tenho os argumentos, vou repassar aos meus amigos.

Mais uma vez este fórum está de parabéns! A doutrina explicada claramente e de forma simples!

Espero que o seu exame de dia 10 de Junho (dia do Anjo da Guarda de Portugal) lhe tenha corrido favoravelmente. Rezei por si e para que os seus estudos corram bem.

Que Deus o abençoe!

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Mensagem por Pe. Anderson Qua Jun 23, 2010 5:04 am

Cara Rita,

Muito obrigado pelas suas palavras e por suas oraçoes. Na verdade, sao poucos os usuários no nosso fórum que agradecem as respostas dadas. Nao que isso nos faça falta, pois o que fazemos para servir a Deus, mas encontrar uma pessoa agradecida é sempre um grande motivo de alegria para nós.

Felizmente as minhas provas foram todas ótimas. Vejo que realmente tiveram muitas pessoas rezando por essa intençao. Agradeço de coraçao suas oraçoes e retribuirei rezando por voce e por sua família.

Dia 10 de junho foi dia do Anjo da Guarda de Portugal? Que beleza, que consciência crista bela voces tem no seu pais! Parabéns a todos voces e que Deus continue abençoando a todos desse amado país para nós brasileiros.

Que Deus a abençoe sempre. Grande abraço.
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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Qua Jun 23, 2010 6:40 am

Meu Caro Pe. Anderson,
Como sempre, peço a sua bênção e desejo que a paz do Senhor esteja sempre com você!
Fiquei muito feliz com o seu colóquio sobre o sacramento da confissão. É muito esclarecedor nos mínimos detalhes, mergulhando profundamente e da maneira mais simples em cada aspecto abordado.
Permita-me dizer que "desse jeito só não aprende quem não quer".
Muito obrigado, Pe Anderson, e que o Senhor o faça crescer sempre mais na sua graça e no seu conhecimento.
Grande abraço !
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Mensagem por Pe. Anderson Qua Jun 23, 2010 7:42 am

Caro Flávio,

Obrigado por suas palavras e por suas oraçoes. Só gostaria de acrescentar nesse tópico um texto recente do nosso amado Papa Bento XVI. Vejam como ele está de acordo comigo (hehehe).

[...] "Vivemos num contexto cultural marcado pela mentalidade hedonista e relativista, que propende para eliminar Deus do horizonte da vida, não favorece a aquisição de um quadro claro de valores de referência e não ajuda a discernir o bem do mal e a maturar um justo sentido do pecado. Esta situação torna ainda mais urgente o serviço de administradores da Misericórdia Divina. De facto, não devemos esquecer que há uma espécie de círculo vicioso entre o ofuscamento da experiência de Deus e a perda do sentido do pecado. Contudo, se olharmos para o contexto cultural no qual viveu São João Maria Vianney, vemos que, em vários aspectos, não era muito diverso do nosso. Com efeito, também no seu tempo existia uma mentalidade hostil à fé, expressa por forças que procuravam até impedir o exercício do ministério. Nessas circunstâncias, o Santo Cura d'Ars fez "da igreja a sua casa", a fim de guiar os homens para Deus. Ele viveu com radicalidade o espírito de oração, a relação pessoal e íntima com Cristo, a celebração da Santa Missa, a Adoração eucarística e a pobreza evangélica, sendo para os seus contemporâneos um sinal tão evidente da presença de Deus, que estimulou muitos penitentes a aproximar-se do seu confessionário. Nas condições de liberdade em que é possível hoje exercer o ministério sacerdotal, é necessário que os presbíteros vivam de "modo sublime" a própria resposta à vocação, porque só quem se torna todos os dias presença viva e clara do Senhor pode suscitar nos fiéis o sentido do pecado, dar coragem e fazer nascer o desejo do perdão de Deus.

Amados irmãos, é necessário voltar ao confessionário, como lugar no qual celebrar o Sacramento da Reconciliação, mas também como lugar onde "habitar" com mais frequência, para que o fiel possa encontrar misericórdia, conselho e conforto, sentir-se amado e compreendido por Deus e experimentar a presença da Misericórdia Divina, ao lado da Presença real na Eucaristia. A "crise" do Sacramento da Penitência, da qual se fala com frequência, interpela antes de tudo os sacerdotes e a sua grande responsabilidade de educar o Povo de Deus nas exigências radicais do Evangelho. Sobretudo, pede que eles se dediquem generosamente à escuta das confissões sacramentais; que guiem com coragem a grei, para que não se conforme com a mentalidade deste mundo (cf. Rm 12, 2), mas saiba fazer opções também contra a corrente, evitando adaptações ou comprometimentos. Por isto é importante que o sacerdote tenha uma tensão ascética permanente, alimentada pela comunhão com Deus, e se dedique a uma actualização constante no estudo da teologia moral e das ciências humanas."

Fonte: DISCURSO DO PAPA BENTO XVI AOS PARTICIPANTES NO CURSO ANUAL SOBRE O FORO ÍNTIMO PROMOVIDO PELA PENITENCIARIA APOSTÓLICA: Quinta-feira, 11 de Março de 2010.

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2010/march/documents/hf_ben-xvi_spe_20100311_penitenzieria_po.html

Grande abraço a todos.
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Mensagem por Paulo Henrique Viana Ter Dez 21, 2010 8:36 am

Conforme o Concílio de Trento "Se alguém negar que a Confissão Sacramental foi instituída por ordenação divina, ou negar que é necessária à salvação, ou disser que a confissão feita secretamente só ao sacerdote - prática que a Igreja tem observado desde o começo, e ainda observa - e que, portanto, é estranha à instituição e ao mandamento de Cristo, e constitui invenção humana, seja anátema."

1 - Para entender sobre a origem da Confissão Sacramental como instituida por Deus, precisamos saber como tudo começou, então alguém pode nos enviar textos bíblicos que apoiam a afirmação do Concílio?

2 - Entendo que a confissão é necessária a salvação quando confessamos a Deus o nosso pecado e ao mesmo tempo reconhecemos Jesus como Senhor e Salvador. Logo depois, a confissão se faz necessária para santificação. Eu não sei se o Concílio pensou desta forma, e se não, alguém me diga, qual foi o pensamento do Concílio ao pronunciar-se sobre o assunto?

3 - Vejo que não tem nada a ver se alguém escolher o sacerdote ou líder espiritual para ouvir suas confissões. É até mais seguro, pois acredito que o sacerdote ou líder, está mais preparado para guardar um segredo íntimo, e também não julgar aquele que confessa. Um membro da igreja talvez não teria estrutura para ouvir tal confissão. Porém, também acredito que fazer a confissão a outra pessoa que não seja um sacerdote ou líder, não perde a sua essencia. Talvez a questão mais forte a ser discutida é o que vem depois da confissão, a ABSOLVIÇÃO. Sei que com esses pensamentos ainda que não de forma oficial, conforme o Concílio, acredito que já fui considerado como anátema e até mesmo excomungado há muito tempo.

Quero trazer a memória aquilo que ouvi, aprendi e li, para que não seja eu ingrato pelas minhas raízes, mas sim consciente de que se tenho pensamentos diferentes hoje, não os tenho para questionar a Deus e a sua palavra, mas sim para compreendê-lo e ser submissa a ela.

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Mensagem por Paulo Henrique Viana Qua Dez 22, 2010 8:27 am

Gostaria de compartilhar um texto bíblico que fala de confissão de pecados:
Primeira epístola de São João 1.9
"Porém, se confessarmos (com humildade e arrependimento) os nossos pecados, (Deus) é fiel e justo para nos perdoar os nossos pecados, e nos purificar de toda a iniquidade."

A confissão deve primeiramente vir acompanhada de humildade - a pessoa precisa reconhecer o seu estado e ao mesmo tempo sua depedência de Deus e também vir acompanhado de arrependimento - que é a condição essencial para o perdão.

Este texto não diz que devemos confessar os nossos pecados ao padre ou a qualquer outra pessoa. Se alguém apoia neste texto para defender esta tese é porque usa do direito da interpretação pessoal.
Porém o texto apresenta Deus como aquele que perdoa e que também purifica.

Então, usarei a minha interpretação pessoal deste texto. Se posso confessar os meus pecados, a Deus confessarei. E ele não me negará o perdão, visto que há humildade e arrependimento na confissão. Deus, ele mesmo aplicará o rémedio para a minha enfermidade, e crerei confiadamente naquele que como diz o texto "perdoa e purifica".

Como disse a respeito DESTE texto. Podemos confessar os nossos pecados a Deus, sem que haja um sacerdote para ouvir a confissão. Pois o próprio Deus a esta ouvindo, e o próprio Deus nos dará a absolvição dos pecados por causa do seu amor e perdão, manifestado no sacríficio de Cristo Jesus, cujo sangue foi derramado para a remissão de pecados. Mas isto é uma questão de fé, precisamos crer que Deus está ouvindo e Deus após a confissão já nos perdoou e nos diz "Vá e não peques mais."

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Mensagem por Binhokraus Qua Dez 22, 2010 11:34 am

Caro Paulo Henrique,

Está certo quando diz que só Deus perdoa os pecados, e claro, Nosso Senhor Jesus Cristo também o pode, já que é um com o pai. Porém, ele conferiu o poder de perdoar os pecados aos seus apóstolos. O que posto a seguir é uma transcrição do Catecismo da Igreja Católica que trata da questão da confissão.

"1441 Só Deus perdoa os pecados. Por ser o Filho de Deus, Jesus diz de si mesmo: “O Filho do homem tem poder de perdoar pecados na terra” (Mc2,10) e exerce esse poder divino: “Teus pecados estão perdoados!” (Mc2,5). Mais ainda: em virtude de sua autoridade divina, transmite esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome.

1442 A vontade de Cristo é que toda a sua Igreja seja, na oração, em sua vida e em sua ação, o sinal e instrumento do perdão e da reconciliação que “ele nos conquistou ao preço de seu sangue”. Mas confiou o exercício do poder de absolvição ao ministério apostólico, encarregado do “ministério da reconciliação” (2Cor 5,18). O apóstolo é enviado “em nome de Cristo”, e “é o próprio Deus” que, por meio dele, exorta e suplica: “Reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20).

1444 Conferindo aos apóstolos seu próprio poder de perdoar os pecados, o Senhor também lhes dá a autoridade de reconciliar os pecadores com a Igreja. Esta dimensão eclesial de sua tarefa exprime-se principalmente na solene palavra de Cristo a Simão Pedro: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares na terra ser ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). “O múnus de ligar e desligar, que foi dado a Pedro, consta que também foi dado ao colégio do apóstolos, unido a seu chefe (cf. Mt 18,18; 28,16-20).

1445 As palavras ligar e desligar significam: aquele que excluirdes da vossa comunhão, será excluído da comunhão com Deus; aquele que receberdes de novo na vossa comunhão, Deus o acolherá também na sua. A reconciliação com a Igreja é inseparável da reconciliação com Deus."

Bom, talvez não seja exatamente o que você procura, mas acredito que isso já nos mostra muito claro que o poder de perdoar é de Deus, e que este, através de Jesus Cristo, foi confiado aos apóstolos, que em nome de Deus, podem perdoar os pecados. Lembrando que o perdão provém de Deus e não dos homens.

Penso também que ao conferir esse poder de perdoar pecados ao apóstolos, Nosso Senhor pensava no conforto que tal ato pode dar aqueles que se encontram em estado de pecado. É uma maneira muito real de dizer para os que se encontram arrependidos que estão de fato perdoados.

Por exemplo, se alguém mata um homem, e se arrepende profundamente deste ato. Pode se confessar diretamente a Deus, porém a certeza do perdão vai depender não só da fé, mas de uma série de condições psicológicas para que ele mesmo se perdoe e tenha plena certeza de que foi perdoado. Contudo, se ele se confessa com um sacerdote, ciente do que se trata o sacramento da confissão e quem foi que deu ao sacerdote poder de perdoar os pecados, as palavras: "teus pecados estão perdoados", ganham um peso fantástico, e faz com que a fé e os fatores psicológicos propiciem verdadeiramente um alívio espiritual e psicológico pelo perdão manifestado através do sarcedote como porta voz de Deus.
Quero só lembrar que esta é uma visão particular de um dos vários motivos pelo qual Nosso Senhor instituiu este sacramento.

Permaneça em Deus. Paz, unção e música!
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Paulo Henrique Viana Qui Dez 23, 2010 8:31 am

OLÁ, caro Binho
Satisfação em conversar com você

Binho, em suas primeiras palavras não há dúvida sequer. Creio no perdão divino, sendo aplicado em nossas vidas por Deus e pelo nosso Senhor Jesus Cristo. Mas tenho dificuldades para ficar preso no que diz respeito a confissão feita diante de sacerdotes e apenas a eles. Acredito que Jesus queria ensinar aos seus discípulos, e a todos sobre o poder do perdão, e não apenas conferir poder a alguns para que fossem responsáveis em perdoar ou não.

Jesus não é claro quanto esta transmissão de poder ou autoridade, vejo mais como ensinamento que deverá ser exercido por todos nós, podemos perdoar e livrar a pessoa de um fardo maior, ou prender a pessoa em nós quando não perdoamos.
Jesus fala de transmissão de poder em Atos 1.8 para ser testemunha;
Jesus dá aos discipulos autoridade sobre o inimigo, Lucas 10.19

1442 A vontade de Cristo é que toda a sua Igreja seja, na oração, em sua vida e em sua ação, o sinal e instrumento do perdão e da reconciliação que “ele nos conquistou ao preço de seu sangue”.
Concordo plenamente com esta parte e é assim que vejo, o perdão é algo que deve ser feito por toda a igreja, não apenas recebê-lo mas dá-lo. A minha dificuldade na segunda parte é entender que foi dado aos apostolos e assim apenas aos seus sucessores o poder da absolvição. O que acredito que quando alguém peca contra Deus, ninguém pode aplicar a absolvição senão o próprio Deus, e isto a pessoa irá entender por crer na própria Escritura que apresenta Deus como perdoador; quando alguém peca contra você o único que pode liberar o perdão e dá a absolvição é você, ninguém mais pode fazê-lo em sua lugar; Só caberia lugar a uma terceira pessoa, se a confissão fosse para desabafar e não para receber a absolvição.

1444 Conferindo aos apóstolos seu próprio poder de perdoar os pecados, o Senhor também lhes dá a autoridade de reconciliar os pecadores com a Igreja. Esta dimensão eclesial de sua tarefa exprime-se principalmente na solene palavra de Cristo a Simão Pedro: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares na terra ser ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). “O múnus de ligar e desligar, que foi dado a Pedro, consta que também foi dado ao colégio do apóstolos, unido a seu chefe (cf. Mt 18,18; 28,16-20).
Então binho, no texto de Mateus, vejo mais autoridade no pregar o reino de Deus levando assim ao pecador a palavra de reconciliação com o Pai, do que reconciliação com a igreja. A mensagem de reconciliação de Paulo é com Deus e não com a igreja, pelo que a igreja estava sendo formada e não havia ainda templo para que os irmão ficassem nela, eles estavam se reunindo de casa em casa.

Você sabe que tem 15 anos que estou fora da igreja católica, mas não estou fora da comunhão com Deus. Fora da igreja há salvação, CRISTO, pois ele e não a igreja é responsável por isto, isto indica que fui reconciliado (eu pecador) com Deus. Agora, quanto o reconcilar com a igreja, posso fazê-lo sem passar pelo padre (através de confissão), pois quando sai da igreja ninguém foi me visitar, ninguém procurar saber porque sumi, ninguém veio ao meu encontrar para me ajudar nas lutas internas, durante 15 anos, fui apagado da memória da igreja, NINGUÉM pode sequer lembrar de um jovem pecador que estava perdido sem direção, Deus foi o único que fez em mim o que ninguém poderia fazer. Da mesma forma, voltando eu, tanto fez tanto faz, é como se nada estivesse acontecido. Portanto, isto é questão de fé, minha segurança esta em receber o perdão e a absolvição de DEus pelas Escrituras e pela confirmação do Espírito Santo em minha vida.



Penso também que ao conferir esse poder de perdoar pecados ao apóstolos, Nosso Senhor pensava no conforto que tal ato pode dar aqueles que se encontram em estado de pecado. É uma maneira muito real de dizer para os que se encontram arrependidos que estão de fato perdoados.
Quando digo para alguém "creia que seus pecados já foram perdoados", acredito no que você disse acima, isto é uma maneira muito real de consolar o coração daquele que precisa ouvir palavras de confirmação sobre o recebimento do perdão de Deus.

Binho, gostaria de analisar o texto de Tiago 5.16, seria outro texto para compreender melhor o tópico. Tenha paciência comigo, você pode notar que meus pensamentos diferem de alguns pontos doutrinários da igreja. Não faço isto por maldade, estou procurando encontrar o ponto certo, para que não corra eu o risco de dizer algo que nunca experimentei fazendo-me assim juiz de meus irmãos. Pois isto seria uma abominação diante de Deus, pois só Ele é juiz de todos nós.

um grande abraço


Paulo Henrique Viana

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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por quemtembocadizaverdade Qui Dez 23, 2010 5:07 pm

Por que Jesus não disse a mulher adultera: vá e reze 3 terços , 5 pai nossos, e 12 aves Marias?
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Pe. Anderson Qui Dez 23, 2010 5:26 pm

Caro Paulo Henrique,

Se voce me permite, gostaria de colaborar com a discussao. Em primeiro lugar gostaria te dizer que admiro muita sua busca em conhecer melhor a fé cristã, sua refinada educação e, principalmente, sua sinceridade em relatar aqui suas dúvidas e sua experiência pessoal. Admiro muito sua atitude.

Depois, gostaria de dizer que algumas das questões que você apresenta aqui foram, razoavelmente respondidas em outros tópicos. Por favor, confira e se não lhe resolverem suas questões continue postando aqui:

https://quemtembocavaiaroma.forumeiros.com/liturgia-f10/ato-penitencial-t703.htm
https://quemtembocavaiaroma.forumeiros.com/t720p15-confessar-com#7527

Depois, tenho que reconhecer que o que realmente me entristece é ver falta de caridade entre os cristãos (como me entristeço quando vejo a mesma falta em mim mesmo). A sua experiência nos mostra esse fato. Só posso dizer que sinto muito, que não são todos os cristãos católicos como os que você conheceu e que rezarei por esses que não se preocuparam por você, assim como por você, de modo que você sinta realmente a caridade de Cristo operante nos cristãos.

Você sabe que tem 15 anos que estou fora da igreja católica, mas não estou fora da comunhão com Deus. Fora da igreja há salvação, CRISTO, pois ele e não a igreja é responsável por isto, isto indica que fui reconciliado (eu pecador) com Deus.
Pelo fato de você estar fora da comunhão com a Igreja não implica, de fato, que você não está em comunhão com Deus. Nós dizemos que só Deus pode julgar os corações e quem somos nós para julgar? Agora, quando você diz que fora da Igreja está Cristo, tenho que dizer que não estou de acordo totalmente com isso. Pelas Escrituras, especialmente pelas cartas de São Paulo, sabemos que a Igreja não está a parte de Cristo, mas sim é o Corpo de Cristo. Cristo é a Cabeça e nós somos os membros, Ele é a videira e nós, os que vivemos nele, somos os ramos. A vida de Cristo, dessa forma, corre dentro das almas dos cristãos. É a mesma vida.

Agora, nós dizemos que os Sacramentos são necessários absolutamente para os cristãos-católicos para a salvação. Para os que ainda não estão em comunhão com a Igreja, de modo não culpável, Deus tem outras vias. Deus, sem dúvida, age nos Sacramentos da Igreja Católica, mas Deus não se liga exclusivamente a esses. Dessa forma, quem vive fora da Igreja, de maneira não culpável, não pode ser acusado de estar longe de Deus ou da estrada da salvação. Isso é só Deus quem pode dizer. O Papa, no seu último livro, nos recorda algo que dizia Santo Agostinho: “que muitos os que parecem estar dentro da Igreja, na verdade estão fora, e que muitos que parecem estar fora, na verdade estão dentro”. É só Deus que pode julgar os corações e as consciências.

Da mesma forma, voltando eu, tanto fez tanto faz, é como se nada estivesse acontecido.

Posso lhe assegurar que se você voltasse à Igreja Católica, a casa que lhe deu a luz da fé cristã e a graça de Deus pela primeira vez, isso não seria indiferente para mim, nem mesmo para muitos amigos do nosso fórum, nem mesmo para uma multidão de santos que estão nos Céus (em quem a Igreja se realiza plenamente). Isso seria uma grande alegria para todos nós. Mas o que lhe digo é que você deve continuar procurando conhecer a verdade e seguir a sua consciência. Eu o respeito muito e posso garantir a você minhas orações e minha amizade.
Agora quanto ao que você diz:

1 - Para entender sobre a origem da Confissão Sacramental como instituida por Deus, precisamos saber como tudo começou, então alguém pode nos enviar textos bíblicos que apoiam a afirmação do Concílio?
Estão apresentados sinteticamente nos outros tópicos, mas podemos aprofundar ainda mais o tema, se for necessário.

2 - Entendo que a confissão é necessária a salvação quando confessamos a Deus o nosso pecado e ao mesmo tempo reconhecemos Jesus como Senhor e Salvador. Logo depois, a confissão se faz necessária para santificação. Eu não sei se o Concílio pensou desta forma, e se não, alguém me diga, qual foi o pensamento do Concílio ao pronunciar-se sobre o assunto?
Como dissemos, a Confissão frequente diretamente a Deus é uma ótica prática cristã, recomendada por todos os santos. É isso o que chamamos, tradicionalmente de “adquirir o espírito de penitência.” Entretanto, quando a contrição é perfeita leva a uma vontade ativa de fazer aquilo que é necessário para receber o perdão de Deus. De acordo com os Evangelhos e com a prática cristã primitiva, esse meio é o da confissão auricular aos que receberam o encargo de Cristo pela ordenação Presbiteral.

3 - Vejo que não tem nada a ver se alguém escolher o sacerdote ou líder espiritual para ouvir suas confissões. É até mais seguro, pois acredito que o sacerdote ou líder, está mais preparado para guardar um segredo íntimo, e também não julgar aquele que confessa. Um membro da igreja talvez não teria estrutura para ouvir tal confissão. Porém, também acredito que fazer a confissão a outra pessoa que não seja um sacerdote ou líder, não perde a sua essencia. Talvez a questão mais forte a ser discutida é o que vem depois da confissão, a ABSOLVIÇÃO. Sei que com esses pensamentos ainda que não de forma oficial, conforme o Concílio, acredito que já fui considerado como anátema e até mesmo excomungado há muito tempo.

Aqui você tem toda a razão. Nada impede que nos confessemos os pecados a outras pessoas que, as vezes, podem ser mesmo melhor preparadas para ouvir confissões do que alguns sacerdotes ordenados (tenho que reconhecer). Entretanto, a questão adequada é a questão da absolvição, ou seja do perdão dos pecados. Esse só pode vir, para os católicos, no Sacramento da Confissão auricular ao sacerdote (ou na contrição perfeita, quando não é possível a mesma Confissão.)

Continuaremos mais tarde. Um grande abraço e um Feliz Natal a voce e a toda sua família.
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Paulo Henrique Viana Sex Dez 24, 2010 9:13 am

OLÁ, Pe.Anderson

Aguardava com paciência este momento com o senhor. ATÉ QUE ENFIM CHEGOU

tenho acompanhado suas respostas à questões difíceis e outras até mesmo tendenciosas, Em todas, suas respostas demonstram espirito de brandura, isto é o que o Senhor requer de nós. Falar a verdade em amor.

Queria fazer aqui uma correção, quem sabe faltou pontuação correta para expressar o que queria dizer, ou faltou alguma palavra que pudesse ser mais clara.

Eu não quis dizer que Jesus está fora da igreja, e sim, que fora da igreja, há salvação, pois a salvação está em Jesus, depois que a pessoa é salva aí sim, ela faz parte da igreja de Cristo.

Agora, analisando o texto de Tiago 5.16 vemos o seguinte: "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes salvos. porque a oração fervorosa do justo pode muito."

O texto fala de confissão e oração. A oração não é uma prerrogativa apenas dos sacerdotes nem é ela direcionada apenas aos enfermos, antes, é um privilégio de todos os cristãos. A confissão feita aqui não é ao sacerdote, mas, sim entre os irmãos, cada um confessando o erro cometido contra o outro. A confissão deve ser feita à pessoa contra quem pecamos, e de quem nós necessitamos e desejamos receber perdão.

Parece que aqui está uma confissão auricular, mas não ao sacerdote, mas sim à pessoa a quem ofendi, e que uma vez confessando a ela a minha falta, receberia ou não desta pessoa o seu perdão. Neste caso, só uma palavra é suficiente "Esta perdoado".

Paulo Henrique Viana

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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Arthur Ter Dez 28, 2010 10:17 am

Confissão

Confissão, Sacramento da Penitência ou Reconciliação é a aplicação imediata a cada cristão da copiosa Redenção que Jesus conquistou para toda a humanidade. É o momento em que o Seu Sagrado Coração se dilata de amor e misericórdia para com qualquer pecador arrependido que venha a Ele pedir perdão. No Sacramento o sacerdote nos perdoa “em Nome de Cristo” e pela autoridade que Ele conferiu somente à Igreja Católica. A fórmula da absolvição que o Sacerdote da Igreja latina usa, exprime os elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela páscoa de seu Filho e pelo dom de seu Espírito, através da oração e ministério da Igreja: “Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.”

O Catecismo da Igreja ensina que: §1446 – “Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a Segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça”.

Os seus efeitos: 1468 - "Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade" (Cat. R. 2,5,18). Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento é a reconciliação com Deus. Os que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e disposição religiosa, "podem usufruir da paz e tranqüilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual" (Conc. Trento, DS, 1674). Com efeito, o sacramento da Reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira "ressurreição espiritual", uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus (Lc 15,32).

Reconciliação com a Igreja: 1469 - Este sacramento nos reconcilia com a Igreja. O pecado rompe ou quebra a comunhão fraterna. O sacramento da Penitência a repara ou restaura. Neste sentido, ele não cura apenas aquele que é restabelecido na comunhão eclesial, mas também um efeito vivificante sobre a vida da Igreja, que sofreu com o pecado de um de seus membros (1Cor 12,26). Restabelecido ou confirmado na comunhão dos santos, o pecador sai fortalecido pela participação dos bens espirituais de todos os membros vivos do Corpo de Cristo, quer estejam ainda em estado de peregrinação ou já estejam na pátria celeste (LG 48-50):

Não devemos esquecer que a reconciliação com Deus tem como conseqüência, por assim dizer, outras reconciliações capazes de remediar outras rupturas ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado reconcilia-se consigo mesmo no íntimo mais profundo de seu ser, onde recupera a própria verdade interior; reconcilia-se com os irmãos que de alguma maneira ofendeu e feriu; reconcilia`se com a Igreja; e reconcilia-se com toda a criação (RP 31).

Juízo particular antecipado: 1470 - Neste sacramento, o pecador, entregando-se ao julgamento misericordioso de Deus, antecipa de certa maneira o julgamento a que será sujeito no fim desta vida terrestre. Pois é agora, nesta vida, que nos é oferecida a escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho da conversão poderemos entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado grave (1 Cor 5,11; Gl 5, 19-21; Ap 22,15). Convertendo-se a Cristo pela penitência e pela fé, o pecador passa da morte para a vida `sem ser julgado` (Jo 5,24).

O sigilo do sacramento: 2490 - O sigilo do sacramento da Reconciliação é sagrado e não pode ser traído sob nenhum pretexto. `O sigilo sacramental é inviolável; por isso, não é lícito ao confessor revelar o penitente, com palavras, ou de qualquer outro modo, por nenhuma causa` (CDC, cân. 983,1).

[i]Fonte:Cléofas
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Pe. Anderson Ter Dez 28, 2010 7:02 pm

Caro Paulo,

Desculpe a demora em lhe responder, mas a sua questao é tao boa que merece ser bem respondida.
Sobre o texto de Tiago: vejamos com atençao no seu contexto:

14 Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor.
15 A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia.
Nesse texto há uma referência explícita aos sacerdotes da Igreja, que, no versículo 14 se diz que devem rezar pelos enfermos, ungindo-os com o óleo em nome do Senhor. Essa oraçao feita com fé dá a salvaçao, pode restabelecer o enfermo e perdoa os pecados. No próximo versículo Tiago entao diz que se deve confessar os pecados uns aos outros e que a oraçao tem o poder de curar os pecados. Nao faz sentido pensar que o versículo 16 é uma continuaçao do versículo 15? De forma que Sao Tiago está dizendo que assim como a oraçao pela cura dos enfermos (que causa o restabelecimento do enfermo e o perdao dos pecados) deve ser aos sacerdotes, a confissao dos pecados deve ser feita aos mesmos? Concorda comigo que essa interpretaçao é bem plausível? Eu creio que sim, que está na mente de Tiago nesse texto a intençao de exortar aos cristaos a confessarem os seus pecados aos sacerdotes, assim como esses devem orar pelos enfermos, de modo a perdoar os pecados e a restabelecer a saúde desses.

O texto fala de confissão e oração. A oração não é uma prerrogativa apenas dos sacerdotes nem é ela direcionada apenas aos enfermos, antes, é um privilégio de todos os cristãos. A confissão feita aqui não é ao sacerdote, mas, sim entre os irmãos, cada um confessando o erro cometido contra o outro. A confissão deve ser feita à pessoa contra quem pecamos, e de quem nós necessitamos e desejamos receber perdão.
Acho muito belo quando voce diz que a oraçao é um privilégio de todos os cristaos. Realmente a oraçao é nosso grande privilégio. O Beato Cardeal Newman dizia que a oraçao é a força capaz de mover a onipotencia divina. Realmente orar a um Deus bom e misericordioso é um grande privilégio.

Depois, acho que é evidente que o texto está se referindo, nesse caso, às oraçoes dos sacerdotes (que devem ser chamados quando alguem está doente, para rezar, ungir com óleo e perdoar os pecados). Evidentemente o fato de que os sacerdotes rezem nao exclui o fato de que os outros cristaos rezem e que tem até mesmo a obrigaçao (ou o privilégio) de rezar.

Parece-me, pois, evidente que esse fato não esteja se referindo ao perdao entre os irmãos. A isso se refere, com certeza, outros textos bíblicos. Quando Pedro pergunta a Jesus: “quantas vezes devo perdoar meu irmão, até 7? O Senhor responde: não te digo 7 mas 70 vezes 7.”

Com certeza, quando pecamos devemos pedir perdão aos nossos irmãos e esses devem, a imitação de Cristo, perdoar. Mas, ao mesmo tempo, o perdão deve ser pedido a Deus, ofendido cada vez que nós ofendemos aos nossos irmãos.

Eu ouso a dizer que o ministério da reconciliação, dado aos sacerdotes, é o que realmente contribui à reconciliação dos irmãos entre si. Vejamos um caso hipotético. Alguem ofende uma outra pessoa e se arrepende por ter ofendido a Deus. Arrependido essa pessoa vai se confessar. O que deve fazer o confessor? Deve dizer a essa pessoa que: se ela está arrependida Deus a perdoa, mas que para mostrar esse arrependimento verdadeiro deve se reconciliar com a outra pessoa com quem ela litigou. E por que é assim? Porque os pecados contra a justiça só podem ser absolvidos, pelos sacerdotes católicos, se os pecadores tem a intenção de restituir o dano feito (se é uma ofensa, deve pedir perdão; se é um roubo, deve devolver o que foi roubado; se é uma dívida com a justiça, deve apresentar-se às autoridades e restituir o dano feito à sociedade).

Dando um passo mais: o Senhor Jesus, somente ele podia perdoar pecados. Nenhums personagem do Antigo Testamento podia, pois, “só Deus pode perdoar pecados.” Entretanto, diz os Evangelhos que Jesus deu esse poder aos homens. O texto é bem conhecido por todos.

1. Jesus tomou de novo a barca, passou o lago e veio para a sua cidade.
2. Eis que lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico: "Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados."
3. Ouvindo isto, alguns escribas murmuraram entre si: "Este homem blasfema."
4. Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: "Por que pensais mal em vossos corações?
5. Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou: Levanta-te e anda?
6. Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te - disse ele ao paralítico -, toma a tua maca e volta para tua casa."
7. Levantou-se aquele homem e foi para sua casa.
8. Vendo isto, a multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens.
Nesse texto está explícito que Deus deu tal poder, de perdoar pecados aos homens. E quais seriam esses homens. Em outros textos o Senhor dá esse poder, explicitamente aos seus Apóstolos (exclusivamente a esses). Através desses, o dá aos seus sucessores.

"Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Jo 20,22-23).

Mais adiante, São Paulo dirá que ele recebeu o ministério da Reconciliaçao de Deus.

18. Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o ministério desta reconciliação.
19. Porque é Deus que, em Cristo, reconciliava consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens, e pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação.
20. Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!
21. Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornássemos justiça de Deus.
Ainda há outros textos que demonstra que Jesus teria dado o poder de perdoar pecados aos Apóstolos, ou seja, de ligar e desligar realidades espirituais na Terra e nos Céus:

18. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.
Em outro texto, muito conhecido, Jesus estava ensinandos aos seus Apóstolos. Ele começava assim:

1. Neste momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: Quem é o maior no Reino dos céus?
2. Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse:
3. Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus.
E no final desse capítulo ele afirmava:

17. Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano.
18. Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu.
Segundo a leitura dos cristaos de todos os tempos esses textos demonstram que o mesmo poder de Cristo foi transmitido aos seus Apóstolos e através aos seus sucessores em todos os tempos: Mt 16, 19; 18,18. Em outros lugares Jesus diz: "eis que estarei convosco todos os dias até o final do mundo".

Sei que isso causa escândalo, mas a Igreja católica cre que essas palavras do Senhor sao autênticas. Que apesar de todos os erros e pecados de seus filhos, através dos séculos, essas palavras sao tao verdadeiras hoje como foram ha 2000 anos e que o Senhor, por força do seu amor fiel, está conosco hoje, assim como esteve com os Apóstolos. Isso nao é para os católicos um sinal de soberba, mas de agradecimento pela fidelidade ao Senhor.

Nós reconhecemos que há sempre pecadores na Igreja in status viae, ou seja, na Igreja presente no tempo. Mas isso nao nos escandaliza, pois até a Bíblia o afirmava:

8. Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
9. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade.
10. Se pensamos não ter pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua palavra não está em nós.
Ao mesmo tempo, entendemos que a Igreja na Terra é a realizaçao da parábola do joio e do trigo. Enquanto dura a história há joio e trigo no campo de Deus, na Igreja. Nós queremos que o joio esteja separado agora mesmo, mas o Senhor insiste em deixar o momento da separaçao para o final dos tempos. Aguardemos pois esse momento e vivamos unidos ao Senhor, como os ramos à vinha, para que demos frutos e que sejamos reconhecidos como trigo bom e nao como joio. Aliás, bem disse o Senhor: "quem perseverar até o final será salvo." Nao basta, pois, entrar numa Igreja, nao basta ser reconciliados uma vez com Deus. É necessário perseverar até o fim.

Há mais coisas que gostaria de comentar no seu texto, mas hoje nao tenho mais tempo. Por último gostaria somente de lembrar uma coisa que pregava Sao Josemaria Escrivá. Ele dizia: "para se salvar nao basta fazer parte da Igreja, é necessário ser Igreja."

Grande abraço e que o Senhor sempre o abençoe.
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Maria Inez Sáb Jan 08, 2011 10:30 am

[i][left] saúde e paz à todos!
é a primeira vez que participo ,pelas respostas vejo que todos escrevem bem e conseguem ordenar seus pensamentos ,então desde já ,peço desculpas ,pois não tenho tanto conhecimento da igreja quanto vocês leio a bíblia mas não lembro versículos , capítulos etc...creio que tenho fé ,procuro seguir a máxima de Jesus "amar teu próximo como a Ti mesmo". Bom minha questão é a seguinte faz tempo que não confesso ,nem vou a missa assisto pela tv ,gosto da canção nova,leio livros essas coisas ,rezo muito e falo com Jesus todo tempo,mas confessar é complicado pelo que vi tem que estar arrependido,e percebo em mim essa dificuldade sei que peco e muito ,mas na hora nunca lembro nada de importante faço o exame de consciência penso penso ,e nada só aquelas bobagens que parecem coisas infantis como:falei ou pensei mal de alguem ,fui gulosa, egoísta essas coisas que por sermos humanos fazemos quase que diariamente.Então penso eu pra que se confessar ? Se não há uma mudança real,não que não peço perdão à Deus ,peço e tento não fazer mais como disse sempre falo com Deus ,algo assim ai Deus dei mancada de novo me perdoa , e tento de novo e discuto dentro de mim para encontrar e ser melhor,bom duvidas tenho muitas ...mas essa ...Porque ir confessar essas bobagens que a gente por se humano , previsível e falho fazemos todos os dias ,porque pessoas de bem ,acredito eu ,a maioria cometem esses pecados diários, pequenos mas que atrapalham a vida dela e de outros mas que também fazem parte do crescimento como pessoa .porque ir todo ano confessar as mesmas coisas?Porque por mais que tentemos vamos um dia ou outro ser gulosos fofoqueiros maliciosos mesmo que tenhamos muita fé ,e que tentamos sinceramente não sermos assim,mas somos,porque somos inegavelmente humanos e Deus nos ama assim imperfeitos à procura de perfeição......ai acho complicado isso.
Que Deus esteja com vocês saúde e paz





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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Binhokraus Dom Jan 09, 2011 7:33 pm

Bom primeiramente seja muito bem vinda ao nosso Fórum Maria Inez.

Peço que tenham um pouco de paciência neste início de ano, a maioria dos tira dúvidas oficiais são professores e por essa razão esta é a época que eles tem suas férias, e provavelmente estão descansando, viajando, cuidando de assuntos pessoais e familiares, entre outras coisas, e por isso, talvez as respostas dos tira dúvidas demorem um pouco mais que o normal.

Bom, primeiramente Maria Inez, quero dizer que como você eu também não sou um estudioso da bíblia ou de teologia e filosofia, e também tenho extrema dificuldade com capítulos e versículos, não os decoro, pq acredito que o mais importante é viver o que está escrito, e não só saber de cor.

Quanto aos pecados que a senhora comenta e diz ser coisas normais, de fato são coisas inerentes a nós, seres humanos, mas não perdem o valor de pecado por causa disso, e merecem ser confessados. Egoísmo, falso testemunhos, gula, são pecados considerados graves, e merecem e precisam ser confessados.

Convido a senhora a fazer essa experiência de começar confessando esses pecados que a senhora considera pequenos, e a partir daí, avaliar seu crescimento espiritual.

Se tiver mais dúvidas a respeito deste tema, convido a ler atentamente cada resposta aqui já postada, tanto neste tópico quanto em outros, e se permanecer alguma dúvida, peço que exponha para que possamos esclarecer dentro de nossas possibilidades.

Permaneça em Deus. Paz, unção e música.
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Maria Inez Seg Jan 10, 2011 5:59 pm

Saúde e paz à todos !
Olá Cleber,que sua semana seja linda e feliz!
Muito obrigada pela resposta vou tentar ser mais habitual com meus compromissos religiosos , muitas vezes procuro não sair da minha zona de conforto ,achando que tudo está bem assim, sua resposta me fez refletir um pouco mais em minha atitude .Obrigada ,saúde e paz sempre.
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Manuel Portugal Pires Ter Jan 11, 2011 3:04 pm

Eu espero por Yeshua e seu Reino.
Elegi-O como meu tira dúvidas Oficial.
Espero que ELE não demore. (Marcos 13,33-36)
Assim como nos tempos de Yoshua (Josué) a Arca da Aliança que continha a Palavra de YHWH esperou pelo povo eleito (Israel) no leito enxuto do rio Jordão durante o espaço de aproximadamente 2000 côvados, antes de entrarem na terra da Promessa ........(Josué 3,4)
assim também Yeshua (Jesus), a Palavra de YHWH tem estado à espera dos seus eleitos, (Mateus 24,22) há já quase 2000 anos, antes de estabelecer o Seu reino na Terra Prometida.
(Apocalipse 20 e Isaías 11 e Isaías 65,17-25 e Apocalipse 21 e Apocalipse 22)
Obs. Um côvado é uma medida de comprimento que também pode servir para medir o tempo:
(Mateus 6,27)
(Lucas 12,25)

Esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel, depois daqueles dias. Diz o Senhor: Porei as minhas leis na sua mente e as imprimirei nos seus corações; serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
11Ninguém ensinará o seu próximo nem o seu irmão,
dizendo: 'Conhece o Senhor';
porque todos me conhecerão,
do mais pequeno ao maior
,
12pois perdoarei as suas iniquidades
e não mais me lembrarei dos seus pecados.

(Hebreus 8,10-12 = Jeremias 31,33-34)
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

Mensagem por Alan Ter Jan 11, 2011 3:21 pm

Eu espero por Yeshua e seu Reino.
Elegi-O como meu tira dúvidas Oficial.

Assim eu compreendo a boa vontade de todos aqui mas uma frase como essa não me transmite boa vontade nem respeito pelo próximo.

Sr. Manuel com todo respeito mas acho que já lhe foi dito que este fórum é em sua essência um fórum católico, então não acho conveniente posts que tentam desconverter as pessoas do catolicismo. Se queres uma sugestão crie um blog ou algo do gênero para expor suas ideias em vez de ficar postando nos tópicos onde as pessoas querem tirar dúvidas acerca da doutrina da Santa Igreja Romana.

Seria melhor conversar com o senhor em temas que estamos de acordo, pois eu não acho agradável ficar me defendendo a cada 5 segundos acerca daquilo que estou mais do que convencido.

Um abraço.
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Dúvidas sobre o sacramento da Confissão Empty Re: Dúvidas sobre o sacramento da Confissão

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