Eutanásia e ortotanásia

Olá, desculpem as muitas perguntas!!! Bom, sei que a Igreja é contra a eutanásia, porém o que ela diz sobre o prolongamento artificial da vida? E como se estabelece um "meio termo"? Obrigado!!! Pax bonumque

Olá pessoal,

O que a igreja diz sobre desligar os aparelhos no caso de uma pessoa já ter sido declarada com morte cerebral, porém o coração ainda está funcionando???

Oi Rodrigo, depois volto pra falar sobre seu questionamento.

Só pra adiantar, segue uma das afirmações do Catecismo da Igreja Católica:

§2278 – “A interrupção de procedimentos médicos onerosos, perigosos, extraordinários ou desproporcionais aos resultados esperados pode ser legítima. É a rejeição da “obstinação terapêutica”. Não se quer dessa maneira provocar a morte; aceita-se não poder impedi-la. As decisões devem ser tomadas pelo paciente, se tiver a competência e a capacidade para isso; caso contrário, pelos que têm direitos legais, respeitando sempre a vontade razoável e os interesses legítimos do paciente.”

Até mais!

tópicos fundidos...

Rodrigo,

se a morte cerebral já foi comprovada, é lícito não continuar com o tratameto que antes havia para com o paciente. Quando se fala em morte cerebral, já não há mais vida. Mas a situação é a seguinte: 1º- Os responsáveis pelo paciente têm que concordar com o procedimento; 2º- Os exames que verificam a vida/morte cerebral devem ser feitos mais de uma vez para comprovar se há morte cerebral. Soube de um caso onde as duas primeiras tomografias de uma pessoa detectaram morte cerebral. Fizeram uma terceira: viram que a pessoa não estava morta. Ou seja, uma junta médica tem que tomar todos os cuidados necessários e ter toda delicadeza quando o assunto é vida. E é ela, a junta médica, quem deverá dizer se a morte cerebral já foi realmente comprovada ou não.

Um abraço.

Qq dúvida...

Passando para confirmar as resposta do Roberson...

Além disso gostaria de dar algumas pequenas contribuições...
Fui consultar o verbete do Léxicon (espécie de dicionário publicado pelo Pontifício Conselho para a Família sobre questões concernentes a família e a bioética) e encontrei algumas informações e reflexõs que podem ser úteis:

1 - o principal documento do magistério a respeito da eutanásia é a declaração lura et bona publicada em 1980 pela congregação da doutrina da fé. (será que alguém pode conseguir o link? Larissa? )

2 - Há uma distinção entre eutanásia e suicídio assistido. Na primeira a morte seria causada pelo médico. No segundo pelo próprio paciente, sendo o médico algúem que assisnte com os melhores meio para que possa fazer isso sem dor. Não é preciso dizer que as duas práticas são condenadas.

3 - Quanto a questão levantada diretamente pelo tópico o texto do Lexicon diz o seguinte:

"Quando estamos doentes, confiar-se a providência divina nem cancela o dever pessoal de curar-se e se fazer curar, nem impõe a obrigação de recorrer a todo remédio possível. Concretamente, a declaração lura et bona afirma que uma decisão neste campo "deve calcular bem os meios, pondo em confronto o tipo de terapia, o grau de dificuldade e de risco que comporta, as despesas necessárias e as possibilidades de aplicação, com os resultados que podemos esperar, tendo em cotna as condições do doente e suas forças físicas e morais." Para facilitar a aplicação prudencial destes princípios gerais, acrescenta os seguintes esclarecimentos:

1 em falta de outros remédios, é licito recorrer, com o consentimento do doente, a meio postos à disposição pela medicina mais avançada, memo se ainda estão no estágio experimental e não são ausente de qualquer risco;
2- é também lícito interromper a aplicação de tais meios, quando os resultados desiludem as esperanças postas os mesmos;
3- é sempre líciot contentar-se com os meios normais que a medicina pode oferecer;
4- Na iminência de uma morte inevitável apesar dos meio usados, é lícito em conciência tomar a decisão de renunciar a tratamentos que trariam um prolongamento precário e penoso da vida, sem, todavia, interromper as curas normais devidas ao doente em casos semelhantes." (pg 315)

Além destes pontos quero chamar a atenção que muita da propaganda em torno da eutanásia feita, por exemplo, nos EUA, atende aos interesses do grandes planos de saúde. Manter um doente por muito tempo é bem mais caro que assassiná-lo.

Recomendo muito a leitura do Lexicon. Embora não tenha peso de magitério é um livro recomendado por ele. Além de ser escrito por grandes especialistas em várias áreas fiéis ao ensinamento da Igreja. O artigo sobre eutanásia foi escrito por Ignacio Carrasco de Paula que é doutor em filosofia pela universidae Lateranense laureado em medicina pela Universidade de Barcelona.

abração a todos

Olá Alessandro!
Gostaria de saber como consigo ter acesso ao Lexicon citado por vc...
Internet? Biblioteca?
Aguardando reposta..
Fiquem com Deus

Ola Helô...

Não sei se tem na internet, mas vale a pena dar uma olhada no site do vaticano. vou dar uma conferida na biblioteca da ucp...
Mas recomendo muito que você tenha um. Acho que é uma ferramenta muito útil para quem faz medicina. Na livraria do seminário deve tá custando um quarenta reais. Além disso, posso te emprestar o meu para vc dar uma olhada ...

abração

Bom, como a Larissa não se manifestou aq vai o link da Lura et bona...

http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19800505_euthanasia_po.html

Só um ponto que gostaria de ressaltar nessa discussão, que creio que não ficou claro.
Em caso de morte cerebral (sem entrar na discussão de se é verdadeira morte ou não) "desligar" os aparelhos é em principio não só aceitável (como foi dito), mas sim uma obrigação moral. Existem exceções no caso de que se deva conservar outra vida, ou seja, no caso de uma mulher grávida, é lícito manter os meios extraordinarios em vista de um maior desenvolvimento do feto.
Um abraço
Hélio Luciano

ola helio...
acho que a questão é um pouco mais complexa...
os artigos citados pelo anderson sairam no lobservatore romano.
a questão tem sido bastante discutida ultimamente.

abração e fica com Deus

A discussão está no tema de se a morte cerebral é verdadeira morte ou não (tema da minha tese). Quanto a questão de desligar os aparelhos e permitir que a pessoa morra naturalmente após ter uma morte cerebral comprovada, é um tema quase unânime a obrigação moral de desligar os aparelhos.
Existe um texto atual sobre o tema - não é Magisterio, mas indica mais ou menos o caminho futuro . Se trata do último Congresso da Academia Pontifica para a Vida sobre a morte cerebral. Já buscarei o vínculo online.

Um abraço

Hélio Luciano

alessandro escreveu:ola helio...
acho que a questão é um pouco mais complexa...
os artigos citados pelo anderson sairam no lobservatore romano.
a questão tem sido bastante discutida ultimamente.

abração e fica com Deus

obrigado pelo esclarecimento.... confirmando a resposta