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O que é a Verdade

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O que é a Verdade Empty O que é a Verdade

Mensagem por Davison Qua Out 29, 2008 10:20 pm

Diz-se que a busca do homem, e portanto de todo filósofo, deve ser procurar a verdade para contemplá-la.

Esse termo tão importante imprime certas vezes conotações duvidosas, então o que é a verdade? Como podemos, filosoficamente, alcançá-la, e se todos os homens podem alcançá-la??? Sei que podem, mas se dá do mesmo modo com todos???

Sei que ficou "nada a ver" mas é isso !!!
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Mensagem por Rafaela Botelho Qua Out 29, 2008 10:33 pm

* Conceito:

Verdade - Na acepção mais geral designa uma igualdade ou conformidade entre a inteligência (conhecimento intelectual) e o ser (adaequatio intellectus et rei), e, em sentido mais elevado, uma completa interpenetração de inteligência e ser. (Conceito Filosófico)


Verdade - Conformidade com o real. Coisa verdadeira. Princípio certo. (Dicionário Aurélio)

OBS: Eu sei que não é isso que vc quer saber específicamente, mas é só pra já facilitar o desenvolvimento.

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O que é a Verdade Empty Muitos conceitos

Mensagem por Antônio Seixas Qui Out 30, 2008 12:12 am

Do ponto de vista filosófico podemos encontrar pelo menos quatro definições de verdade:

1) Verdade-Revelada. Subdivide-se em:

a) empiristas: decorre das experiências sensoriais.
b) teólogos: toma por princípio verdadeiro Deus.

2) Verdade-Utilidade. Seriam todos os conhecimentos úteis para o desenvolvimento da humanidade

3) Verdade-Correspondência. Correspondência entre o enunciado formulado e a realidade da coisa referida.

"A verdade é a adequação do pensamento a coisa real" (S. Tomás de Aquino)

"Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso aquele que as diz como não são" (Platão).

4) Verdade-Êxito. Nada mais é que a prática entre o pensamento e a realidade. A crítica que mais recebe é quanto ao conceito sujetivo de êxito.

Esse é um tema dentro da epistemologia muito gostoso de se discutir.

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O que é a Verdade Empty interessante

Mensagem por Binhokraus Qui Out 30, 2008 11:51 pm

Boa noite gente... to meio sumido, mas é por causa dos trabalhos de final de curso... to meio enrolado...

Mas achei interessante esse lance de verdade, e as definições colocadas. Para trazer mais pano para essa manga, gostaria de lembrar do Filme A Paixão de Cristo, do Mel Gibson, na parte em que Jesus se encontra com Pilatos, e eles discutem realmente sobre isso, e essa questão deixa Pilatos muito inquieto, ao que ele fica se perguntando o que seria a verdade?!?!?!
No filme ele chega a uma conclusão parecida com a Santo Tomás, "A verdade é a adequação do pensamento a coisa real" (S. Tomás de Aquino), pq ele diz para a esposa, a minha verdade é essa: se mando soltar esse homem, o povo se rebela e tem mais um conflito e quem perde a cabeça sou eu, mas se o mando para a morte posso estar condenando um justo... mais ou menos isso, não me lembro bem.

Mas o fato é que, apesar de termos muitos conceitos, o que podemos, se é que podemos, gerneralizar quanto verdade?! é possível pegar um pouco de cada definição e criar um conceito.... começando do empirismo até chegar a verdade-êxito, seria possível, nós aqui no fórum, construirmos um conceito do que é de fato a verdade?!?!?!

Pergunto isso por razões, particulares. A ciência diz buscar a verdade, assim como a Religião, bom, pelo menos a igreja católica busca a verdade, porém, mesmo em busca do mesmo ideal, ou objetivo, a verdade, criou-se um abismo entre fé e ciência! seria possível através de um conceito generalista de verdade, buscar uma aproximação, uma diminuição desse abismo que se criou? Pq se ambas buscam a verdade, em principio, ambas deveriam caminhar, ou pelo menos tentar caminhar, por um caminho no mínimo parecido!
Entenderam alguma coisa?!?! hehehe
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Mensagem por Antônio Seixas Sáb Nov 01, 2008 2:49 am

Sinceramente, achei confusa sua conclusão.

Quanto ao filme mencionado, como obra de ficção, fundada na interpretação bíblica de sua diretor, não há compromisso nenhum com a verdade.

Deve-se lembrar ainda que Mel Gibson nem cristão é, pois segue uma religião pseudo-cristã.

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O que é a Verdade Empty de fato

Mensagem por Binhokraus Dom Nov 02, 2008 1:11 am

Realmente ficou confuso...
Quanto ao filme, citei só por causa desse dialogo entre Pilatos e Jesus. Não quis dizer que o filme é verdadeiro.

o que quero dizer é se é possível, a partir das várias definições dadas para a verdade, criar uma única definição, que seria completa em sentido de modo que essa definição de verdade fosse uma definição capaz de gerar um movimento de aproximação entre a fé e a ciência, claro, cada um dentro daquilo que lhe é próprio, mas como ambos estão em busca da verdade, será que seria possível construir um conceito, uma definição capaz de satisfazer aos dois?! ou a fé e a ciência seriam inconsiliáveis? o que vocês tem a dizer sobre isso. Acho que agora ficou melhor... heheheh pelo menos eu acho rsrsrs
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Mensagem por Antônio Seixas Dom Nov 02, 2008 7:08 pm

Sugiro a leitura da encíclica Fé e Razão, do Papa João Paulo II, para melhor compreensão sobre o assunto.

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O que é a Verdade Empty Ok

Mensagem por Binhokraus Seg Nov 03, 2008 2:17 pm

Po cara, desculpa, mas acho que não estou me fazendo entender... heheheheheheh foi mal
Eu já conheço o documento, não tenho dúvidas sobre a fé e a razão, a intensão é criar, estabelecer aqui um debate justamente sobre fé e razão. Claro, sei que isso aqui é um fórum cristão, a visão do documento é a visão e a posição oficial da Igreja e portanto a nossa, mas o que se verifica na realidade, na prática não é o que está no documento, como em muitas outras áreas.
Vc disse que do ponto de vista filosófico tem pelo menos 4 definições!!!
Mas a pergunta o que é de fato a verdade ainda persiste! Então dentro dos conceitos filosóficos, à luz da enciclica fé e razão, dentro do que os cientistas acreditam ser verdade, dentro daquilo que nós acreditamos ser verdade, o que poderiamos definir como verdade?!?!?!?!?!?!
Sei que a questão é profunda, mas a intenção é justamente conversarmos, debatermos, pensarmos a respeito do que é a verdade.?!
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O que é a Verdade Empty Verdade e conhecimento

Mensagem por Pe. Anderson Seg Nov 03, 2008 6:46 pm

Caros amigos,

A questao da verdade é realmente apaixonante! É uma busca fundamental de todo homem e de toda a ciencia. Como entender a verdade? Creio que primeiramente devemos entender outra questao, já apontada aqui anteriormente: a questao da analogia.

A base do conceito de analogia é uma afirmaçao de Aristóteles: "o ser se diz de muitos modos". O ser é uma realidade rica em significados, expressa de diversas formas. Isso significa que o ser nao é uma realidade unívoco (como pensava Parmênides), nem uma realidade equívoca (isto é, nao há homonimia acidental) mas é uma realidade análoga. O ser se diz de diversos modos, principalmente em 4 modos:
1) o ser como categorias (substancia e acidentes);
2) o ser como ato e potencia;
3) o ser acidental (coincidental);
4) o ser como verdadeiro e falso (nao-ser);

Dessa forma, toda realidade, que é essencialmente ser, se diz de muitos modos. O ser enquanto conhecido é dito verdadeiro; o ser enquanto aparentemente conhecido se diz falso. Essa é a noçao primordial de verdade, válida para as ciencias em geral, para a Metafísica e para a Teologia. É a verdade enquanto convertível com o ente, ou seja, é a verdade adequada ao intelecto.

Nesse primeiro sentido, podemos dizer: “a verdade de qualquer coisa é a propriedade do ser que lhe foi assinalada” (Avicena), ou “Verdadeiro é o que é" (Santo Agostinho). Esse é o sentido básico da verdade, é o analogado principal dessa noçao análoga.

Depois temos a noçao formal da verdade, isto é, o seu conteúdo racional racional é o seguinte: "a verdade é a adequação da coisa e do intelecto" (Santo Tomás). Pois se houvesse o ser, mas nao houvesse intelecto algum (o que é impossível), nao haveria verdade;

Depois dizemos: “o verdadeiro é declarativo e manifestativo do ser” (Santo Hilário). E Santo Agostinho: “a verdade é aquilo pelo qual julgamos as coisas inferiores” (Agostinho). Esse significado diz respeito ao discurso, à manifestaçao da verdade, ao seu conteúdo social.

A verdade está primeiramente no intelecto e depois nas coisas (enquanto a forma do seu ser, capaz de se adaptar ao intelecto). A verdade está no Intelecto, primeiramente no Intelecto Divino, que é causa de todos os seres e da verdade criada em todos os seres. O estudo dessa verdade corresponde primariamente à Teologia, e nós cristaos dizemos que essa verdade se identifica com o ser divino, e por isso é pessoal: é a pessoa do próprio Deus Filho (o Logos de Deus); Essa Verade Primeira é única, pois é simples, identificada com o ser divino; Essa verdade é tambem eterna;

A verdade está depois no conhecimento humano: no conhecimento sensivel e intelectual. é pois múltiple, e adequada às várias ciencias humanas. Essa verdade é multiple porque está em cada intelecto humano que a conhece (pois a potencia multiplica o ato), mas sempre conhece uma verdade comum a cada coisa. A verdade estará tambem em cada coisa particular, enquanto a essencia de cada coisa, aquilo que configura a estrutura de cada ser particular. A essa verdade, as ciencias buscam conhecer, cada qual o seu objeto específico.

Portanto, a verdade se diz de muitos modos, mas todos esses modos estao relacionados com um "analogado principal". Essa noçao principal é aquilo que dizemos que "verdade e ser sao convertíveis", tem a mesma extensao lógica (semantica). Essa verdade, em sentido derivado, está nas coisas e no intelecto humano. A origem de toda a verdade é a Inteligencia Divina, que conhece todas as coisas, desde toda a eternidade e produz todo o ser de todas as coisas. Tudo é pois fruto do pensamento divino, e isso é a causa da racinalidade de todas as coisas. "Todo agente produz algo semelhante a sí", diz um aforismo medieval clássico. Pela verdade das coisas criadas podemos, por analogia, chegar ao conhecimento de Deus, causa e fundamento da verdade e do ser de todas as coisas.

Espero ter esclarecido algo. Se nao, posso aprofundar a questao. Um abraço a todos e que sigamos no caminho da busca da Verdade Suprema.
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Mensagem por Antônio Seixas Qua Nov 05, 2008 1:31 am

Anderson, sua tese apresentada refere-se a terceira definição de verdade por mim exposta acima.

Agora, esse é um debate filosófico e eu faria um reparo nesse trecho

"Pois se houvesse o ser, mas nao houvesse intelecto algum (o que é impossível), nao haveria verdade;" (grifo nosso)

Se o ser existe, é real, independente da existência de intelecto que o capte.

Vou reproduzir um trecho do "Léxico de Metafísica" de Aniceto Molinaro, Editora Paulus (conhece?):

"Ser e verdade são a mesma coisa, e a metafísica enquanto ciência do ser como tal, é ciência da verdade como tal. [...] Todo ser é verdade em perfeita conversibilidade, toda verdade é ser. A verdade como ser estabelece a estrutura ontológica da verdade. Dele se desdobra a verdade do ente como ser determinado: o ente é verdadeiro na medida de seu ser" (2000: 132).

O que S. Tomás está dizendo é que o intelecto é o ser em sua manifestação: a fenomenalidade. O ser é o conteúdo do pensamento, mas dele não prescinde para existir pois apenas é.

Agora, do ponto de vista da filosofia antiga, a noção de verdade corresponde a três conceitos primeiros: "aletheia" (o que as coisas são), "veritas" (o que as coisas foram) e "emunah" (o que as coisas serão).

De "aletheia" surge a visão aristotélica-tomista. De "veritas" surge a visão analítica (signo linguístico) . De "emunah" surge a filosofia contratualista (a verdade seriam as convenções universais aceitas pelo senso comum com insofismáveis).

Pessoalmente, prefiro a noção de verdade trazida pelo fenomenologia de Husserl e pela filosofia analítica de Kant.

Podemos aprofundar analisando ainda a noção de "verdade" para Descartes, Nietzsche e Sartre.

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Mensagem por Pe. Anderson Sex Nov 07, 2008 11:09 pm

Caro Antonio,

Muito obrigado por suas observaçoes. Agora quero aprofundar um pouco mais a questao, pois creio que nao fui suficientemente claro.

Sobre a frase que voce julgou estranha, eu tenho que dizer que foi tirada das Questoes Disputadas sobre a Verdade de Santo Tomas (questao 1, art. 2, responsio). Literalmente Santo Tomas disse: "Sed si uterque intellectus, rebus remanentibus per impossibile, intelligeretur auferri, nullo modo ratio veritatis remaneret". Se nenhum dos dois intelectos (divino e humano), existisse, permanecendo as coisas (o que é impossível), de nenhum modo permanece a razao de verdade.

Essa afirmaçao nao contradiz àquela que voce me citou de A. Molinaro (que por certo, eu conheço esse excelente livro). Pois o que ele diz ali é que a verdade e ser sao convertíveis, ambas noçoes tem a mesma extensao. Isso porque a noçao de verdade acrescenta à noçao de ser o aspecto de adequaçao da coisa ao intelecto, da qual se segue o conhecimento humano. Mas ontologicamente, tudo o que tem ser (ente) é por si mesmo verdadeiro, pois possui uma forma substancial que o configura e torna possível o conhecimento humano.

O que Santo Tomás disse na afirmaçao acima, se encontra no contexto da discussao sobre se a noçao de verdade se encontra primeiro no intelectou ou nas coisas. Aí Santo Tomás vai novamente explicar a noçao de analogia, mostrando que sempre há um analogado principal, no qual se realiza plenamente a noçao da realidade definida. Nesse contexto ele disse:
"Res autem non dicitur vera nisi secundum quod est intellectui adaequata; unde per posterius invenitur verum in rebus, per prius autem in intellectu". No intelecto é pois onde se dá formalmente a noçao de verdade, ainda que o ser seja anterior à verdade na mente humana.

Dessa forma, para considerar a noçao de verdade, temos que ter em conta que a verdade está em relaçao a dois intelectos: o divino e o humano. O intelecto divino, em relaçao a toda verdade é "mensurans non mensuratus" (mede e nao é medido); as coisas naturaias sao "mensurans et mensurata" (medidas pelo intelecto divina e medem o intelecto humano e seu respectivo conhecimento); o nosso intelecto é "mensuratus et non mensurans res quidem naturales" (medido e nao mede as coisas naturais), e mede somente as as coisas artificiais.
Em outras palavras: Deus nao conhece as coisas que existem, mas primeiramente Ele as pensa e depois elas passam a existir. Essas coisas sao os entes (o que tem ser). O homem conhece as coisas criadas por Deus (e aí se realiza plenamente a noçao de verdade adequada à inteligencia humana) e é capaz de criar coisas artificiais. Nesse segundo caso, a verdade é anterior ao "ser", em um sentido menos próprio, das coisas produzidas. As coisas naturais sao conhecidas e causadas por Deus, e elas sao a medida do conhecimento humano delas.

As coisas sao pois verdadeiras enquanto cumprem aquilo para que foram ordenadas pelo intelecto divino; nesse sentido, disse Avicena: "veritas cuiusque rei est proprietas sui esse quod stabilitum est ei"; é verdadeira segundo o intelecto humano enquanto é capaz de produzir uma verdadeira estimaçao de si ao intelecto humano. A verdade das coisas é primariamente ("per prius") comparada ao intelecto Divino (analogado principal) e porteriormente ("per posterius") ao intelecto humano. Se, pois nao houvesse intelecto humano, permaneceria a noçao de verdade, nao por uma autonomia do ser, mas por sua adequaçao ao Intelecto Divino, que é a causa de todo o ser, e causa de todo conhecimento humano. Se nao houvesse nenhum intelecto, pois, de nenhuma forma haveria noçao de verdade, pelo simples fato de que nao existiria nenhum ser, portanto, nada poderia ser adequado a nada.

"O intelecto é o ser em sua manifestaçao", voce diz. Propriamente, o intelecto siginifica "intus leggere", a capacidade humana de ler dentro das coisas, de conhecer as essencias das coisas. O intelecto alcança o ser, o possui espiritualmente, abstraindo sua forma. A manifestaçao do ser, diz respeito, me parece, à comunicabilidade do ser, alcançado pela razao humana. Mas isso é uma funçao secundária do intelecto, e ele o faz pela linguagem (pelos conceitos, juizos e silogismos). Essas 3 atividades do intelecto sao posteriores à sua funçao própria, de conhecer as essencias (as verdades das coisas).

"O ser é o conteúdo do pensamento, mas dele não prescinde para existir pois apenas é". Essa sua afirmaçao me pareçe extremamente idealista. O ser pleno é conteúdo do pensamento em sua totalidade somente no Ser Divino, que com apenas uma ato conhece todo o seu ser e todas as coisas. "O ser nao prescinde do pensamento para existir", creio que nao deve estar isso exato, pois todo o ser é fruto do pensamento divino. O ser nao é jamais autônomo, pois tudo o que tem ser (ente) recebe o seu ser, sua forma, sua essencia do Ser Divino, que comunica o seu ser, por participaçao a todas as criaturas.

Depois descutiremos a questao dos conceitos: aletheia, veritas e emunah. Por hora, a resposta já está muito grande. Seguiremos em debate. Um grande abraço e muito obrigado por sua participaçao.
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O que é a Verdade Empty Re: O que é a Verdade

Mensagem por Patricia Seg Dez 01, 2008 4:39 pm

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Gostei Anderson das respostas, bem explicadas e bem esclarecedoras...
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O que é a Verdade Empty A Ontologia Tomista do Conhecimento - teoria da verdade - e suas possíveis relações com a persctiva do Idealismo Transcendetal de Kant

Mensagem por anttonyus Dom Jan 18, 2009 7:53 pm

Boa noite!

Sou iniciante neste fórum sobre a Teoria da Verdade. Algo me despertou o interesse pelo fato do aprofundamento da noção de verdade a partir da clássica e enriquecedora perspectiva do Aquinate. Em relação ao afirmado, a abordagem sistemática e essencial do Pe. Anderson são de grande valia para o entendimento da Teoria da Verdade em Tomás de Aquina.
No entanto, em meio a toda especulação sobre a noção de verdade, penso que um questão poderia surgir neste nosso contexto de debate: "Qual o acréscimo e abertura que poderia surgir desta noção tomista sobre o verdadeiro dentro da perspectiva moderna e comtemporânea em termos gnosiológicos". Ou seja, de fato o "verdadeiro" em Tomás de aquino é amplamente aprofundado em vias tanto metafísica quanto estritamente gnosiológica, mas algo é imposto na urgência do espírito filosófico essencial: a possibilidade do diálogo e da síntese teórica entre posturas diversar - não em um sentido meramente ecleticista ou supercial-acidental - que exige em nossa atualidade um possibilidade efetiva.
O Proposto poderia ser relativo à possível relação entre a perspectiva tomista do conhecimento e o idealismo kantiano. De fato, antes de qualquer tentativa e discurso sobre esta esteira, o problema da possibilidade sintética entre metafísica e idealismo se faz algo enfático e expressivo. Entretanto, em sentido delimitativo e dentro do contexto da teoria da verdade, poderiamos elaborar algumas linhas de pequisa, debate e aprofundamento. A saber:

1 - A filosofia Kantiana possui uma "Teoria da Verdade" - ou termo-conceito semelhante - que poderia entrar em relação sintética com a perspectiva do Doutor Angélico?

2 - Quais os elemento teóricos essenciais que impossibilitariam um relação de síntese entre as duas posturas: Realismo Tomista e Idealismo Kantiano (Transcendental)?

3 - Enfim, a hipótese do "Tomismo Transcendental" - isto é, o tomisto que utiliza princípios kantianos em sua contrução - é possível e daí poder afirmar uma teoria da verdade tomista dialogada com os legítimos acréscimos do kantismo na teoria do conhecimento?

Para essa proposta de discussão que considero extremamente importante, pois em sentido amplo, as duas grandes bases da história da filosofia - pelo mesno no campo da teoria do conhecimento - são, de fato, a filosofia tomista e o kantismo, indico a leitura de um neo-escolástico que propõe esta possibilidade em sua obra: Joseph Marechal autor da monumental pesquisa intitulada "O Ponto de Partida da metafísica". Esta obra é um olhar para toda a história da metafísica e da gnosiologia com a finalidade de um resolução teórica sobre o conhecimento humano com seu ápice na possível relação entre tomismo e kantismo. A obra se encontra na Biblioteca da UCP - em espanhol - e em cinco volumes:

MARECHAL, Joseph. El Punto de Partida de la Metafísica: lecciones sobre el dessarrollo histórico y teorico del problema del conhecimento. Editora Gredos, Madrid, 1959.

Para os interessados aconselho a leitura do Volume V desta obra que trata especificamente da relação entre tomisto e kantismo.
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O que é a Verdade Empty Re: O que é a Verdade

Mensagem por Convidad Dom maio 03, 2009 8:50 pm

Paz do Senhor a todos


Segundo a Escritura Sagrada, JEsus Cristo é o Único Caminho e a Única Verdade, por onde o homem encontra Paz com o Criador.

Joa 14:6
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.


Prestem a atenção que Ele usou o artigo definido "o" e "a", quando referenciados, respectivamente, a "caminho" e "verdade". Se Ele, Jesus Cristo, fosse apenas "um caminho" ou "uma verdade", subtenderíamos que existiriam outras verdades que o homem pudesse seguir. Mas Ele é "O Caminho" e "A Verdade"... Não existem outros! No finalzinho do versículo acima, Ele é ainda mais direto: Ninguém vai a Deus, o Pai, há não ser por ELE!! Assim, a verdade não está em Maomé, nem em qualquer Buda, nem em Allan Kardek, nem em Joseph Smith, nem em qualquer filósofo ou cientista... A Verdade está UNICAMENTE em JEsus Cristo, o Filho do Deus vivo! Só por Este Caminho o homem pode novamente reatar sua comunhão perdida em Adão! Só através do Sacrifício do Calvário, o homem é justificado de seus pecados e pode voltar a ter suas vestes brancas.

Só nEle, em Jesus.

David

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Mensagem por alessandro Dom maio 03, 2009 11:03 pm

concordo que Jesus é A Verdade.
a questão aqui no entanto não é téológica mas filosófica e gira em torno de qual a melhor definição de verdade.

até para entender a frase de Jesus temos que ter um conceito prévio de verdade.

abraços
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O que é a Verdade Empty Re: O que é a Verdade

Mensagem por são vieira Ter Jul 21, 2009 9:14 am

jesus é a verdade...

Para defender a verdade das palavras e promessas proféticas de seu Pai, Jesus tinha de viver de modo a tornar esta verdade realidade, cumprindo-a pelo que dizia e fazia, pelo modo de viver e de morrer. Assim ele tinha de ser a verdade, na realidade, a personificação da verdade, como ele mesmo disse que era. — Jo 14:6.

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Mensagem por Pe. Anderson Ter Set 29, 2009 12:26 pm

Caro Antônio,

São muito interessantes essas suas questões e sobre elas queria dizer algumas palavras:

1) Como você deve entender, essas suas questões são muito profundas e difíceis. Para respondê-las adequadamente seria necessário, pelo menos, uma tese de mestrado. Você deve compreender pois que essas suas questões estão acima do que o nosso fórum pretende oferecer;

2) No entanto, suas questões são muito boas e merecem alguma resposta. Há muito tempo eu tenho pensado uma possível resposta para suas questões, mas não a postei ainda porque esperava ter algum tempo para ler o livro do Cardeal Marechal. Infelizmente isso não foi possível para mim durante esse ano. Em breve começarei o meu mestrado em Filosofia e estudaremos bastante as questões que você nos apresenta aqui. Sendo assim, espero poder te dar uma resposta mais completa nos próximos meses;

3) Por fim, vou te dizer o que eu penso sobre o tema. Vou te expor minha opinião que se baseia no que eu estudei sobre a obra do cardeal Marechal, e não sobre uma leitura atenta de sua obra completa. Assim que sou consciente que minha opinião é bastante discutível e, provavelmente, bastante superficial sobre o tema proposto. No entanto, te darei minha opinião e você julgue por si mesmo.

4) A minha resposta então seria a seguinte: o Cardeal Marechal pretendia superar o problema dos trascendentais kantianos a partir da própria filosofia de Kant. Os trascendetais kantianos determinam o limite do conhecimento humano, o limite da ciência. Segundo Kant o transcendental está determinado pelo “espaço” e “tempo”, ou seja, somente temos um conhecimento científico do que está dentro do espaço e do tempo. Sendo assim, não temos um conhecimento científico de Deus, da alma ou do mundo, que passam a ser meras idéias da razão, desprovidas de conteúdo científico. Sendo assim, a Metafísica e a Teologia não são ciências e Deus não pode ser conhecido realmente, ele é objeto da nossa esperança, da nossa fé, independente da nossa razão.

5) O Cardeal Marechal vai em suas obras analisar as 12 categorias a priori do sujeito transcendental e vai a partir delas chegar ao ser; ele pretendia mostrar como as categorias transcendentais nos levam ao ser, como o transcendental deve nos levar necessariamente à Metafísica. Ao analisar as categorias ele vai afirmar que todas elas afirmam o ser, que em todas elas o ser está implicitamente afirmado e no interior da teoria do conhecimento kantiana há uma abertura ao ser real, uma abertura ao extra-transcendental, uma abertura à metafísica.

6) Isso é o que eu me recordo dos meus estudos sobre esse filósofo bastante genial. Ele quis superar o kantismo a partir da própria filosofia do próprio Kant. Creio que sua vontade de dialogar, seus estudos sérios da filosofia desse filósofo tão profundo e difícil de entender é realmente admirável.

7) Mas sobre essa teoria de Marechal creio que poderíamos dizer o seguinte: ela contém o mesmo equívoco que o argumento sobre a existência de Deus de Santo Anselmo: passa indevidamente do campo ideal para o campo real, em outras palavras, do campo “transcendental” para o campo “metafísico”. Santo Tomás fez essa crítica ao argumento de Santo Anselmo e creio que ele faria a mesma à filosofia de Marechal.

8) O argumento de Santo Anselmo dizia: que Deus é “aquele ser maior que o qual nada se pode pensar”. Se o insensato diz que não há Deus, nega que em sua mente há “o ser maior que o qual nada se pode pensar”; mas existir na mente e na realidade é maior que existir só na mente. Em conseqüência se o “ser maior que o qual nada se pode pensar” não existisse na realidade, não seria o “ser maior que o qual nada se pode pensar”, porque se poderia pensar num maior, que seria aquele que existe na realidade. Logo o “ser maior que o qual nada se pode pensar” existe necessariamente na mente e na realidade. Logo, Deus existe.

9) Santo Tomás bem viu que não se pode passar do campo da inteligência ao campo do ser, não se pode provar a existência de um ser real a partir de um ente de razão. Creio que nisso tocamos a filosofia de Marechal: ele quer passar de entes de razão (as categorias a priori do sujeito transcendental) ao ser real. Ele o fazia com boas intenções, queria dar “bases científicas” (no sentido kantiano da ciência) à Metafísica e à Teologia. Mas creio que se somos procurarmos pensar como Santo Tomás teremos que descartar essa teoria de Marechal.

10) Por tudo isso, creio que o caminho é o de “alargar o nosso conceito da razão”, não partirmos do que Kant considerou como tarefas exclusivas da razão, o conhecer cientificamente o que está no “espaço” e “tempo”. Isso é o que o nosso Papa, grande conhecedor da filosofia de Kant e da filosofia contemporânea propôs na Universidade de Ratisbona, na Alemanha em 2005. Ele o fez naquele mesmo discurso em que parecia criticar o Islam. Naquele discurso ele estava, de fato, discutindo com a filosofia alemã, baseada em Kant, numa das principais universidades da Alemanha. Os que estavam lá o compreenderam bem, os meios de comunicação ficaram na superficialidade do problema que ele tocava lá. Dê uma olhada nesse discurso que poderá te ajudar bastante.

Essa é minha opinião sobre o tema. Estou aberto ao diálogo. Espero que você continue investigando o tema. Um grande abraço e muito obrigado pela sua participação no nosso fórum.
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O que é a Verdade Empty Qui veritas est

Mensagem por Bruno Tamancoldi Qua Mar 24, 2010 7:49 pm

Qui veritas est!

é a pergunta de Pilato a Jesus. o que é a verdade.

A verdade é tudo aquilo que é aprofundado na realidade que vem atraves dos sentidos.
"agora vejo em partes o que um dia verei face a face tal como ele é"
São Paulo

Isso é expetacular........

Por que ele vê em partes, por que o real sensivel, ainda não foiu completamente prescrutado, existem coisas na realidade(No Cristo) que ele ainda não contemplou perfeitamente.... irá...

A verdeda é a expressão total da realidade, sem cera, sem ruga ou manha

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