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No que consiste a justiça de Deus?

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Mensagem por claudiof Dom Nov 10, 2013 9:43 pm

Estava eu matutando, acho que pode ser uma pergunta idiota, mas não consigo entender e preciso de ajuda.

Deus, sendo perfeitamente justo, deve conceder a cada um o mesmo grau de dificuldade para que as pessoas sejam dignas do amor Dele, ou seja, que possam ir ao paraíso?

Pois, se uma criança morre antes de saber discernir entre o bem e o mal, ela está isenta de pecado e portanto vai para o céu, certo?

A minha dúvida é, se existem pessoas que vão para o céu tão facilmente, também existem aquelas que tem mais dificuldades para ir, e algumas que pode ser quase impossível que vão?
E por que Deus nos trataria de forma diferente com relação ao objetivo final de nossas vidas, como posso entender que este método seja compatível com a justiça perfeita?

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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Seg Nov 11, 2013 7:14 am

Caro Cláudio,

Que bom quando a gente fica a matutar diante das coisas que são do alto, pois começamos, nas nossas limitações, compreender aquele que é ilimitado !!!

É interessante este seu questionamento, estando, portanto, muito distante de qualquer idiotice. Isso me faz reviver as ditas de vários filósofos e, dentre elas, aquela famosa "eu só sei que nada sei".

Adentrando no campo da discussão, penso que, para apreendermos alguma coisa neste sentido, temos que compreendermos que, na nossa condição humana, temos outras condições e, dentro delas, a da individualidade que não nos torna únicos, mas distintos.

Quando pensamos na justiça de Deus, não podemos dissociar a sua justiça da sua misericórdia, nem podemos pensar na misericórdia divina se nos desapropriarmos do sentimento de miséria que permeia o humano.

Refletindo sobre questões como esta, acredito que a misericórdia de Deus se aplica a cada indivíduo em particular, tendo como ponto de partida o estado de cada um, o momento em que vive e o conhecimento que apreende, dentre outros fatores.

Gosto muito de refletir a respeito de dois ladrões que tiveram seus encontros pessoais com a pessoa do Jesus. Trata-se de Zaqueu e do Bom Ladrão. Ao primeiro, Jesus afirmou que "hoje a salvação entrou na tua casa", enquanto que ao segundo, Ele afirmou que "hoje mesmo estarás comigo no paraíso". Em outras palavras, Jesus teve misericórdia dos dois, mas teve, antes, uma atitude distinta para cada um.

Verificando estes casos com maior precisão, sabemos que os dois tinham o mesmo pecado como práxis de suas vidas. Entretanto, enquanto o primeiro tinha toda uma vida pela frente, tendo a possibilidade de ressarcir a quem de direito, o segundo estava diante da morte, não tendo a mesma condição do primeiro. Assim, a misericórdia de Jesus se aplicou a cada um de acordo com as suas peculiaridades e, principalmente mediante a manifestação da fé que ambos possuíam.

Acredito que a resposta ao seu questionamento é bem mais ampla. Isso é somente um começo de uma discussão que me parece muito interessante.

Um grande abraço !!!
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Mensagem por claudiof Qua Nov 13, 2013 8:14 am

Olá Flávio, obrigado pela resposta, acho que não me fiz entender bem.

Concordo contigo que Deus será mais misericordioso com aquele que se mostrar mais digno de sua misericórdia, mas a minha dúvida não é entre dois adultos, é entre uma criança e um adulto.

Por causa do pecado original, nós temos que lutar contra a nossa natureza corrompida sob pena de cair em desgraça eterna, ou seja, precisamos passar por algum sofrimento, sermos bons, rezar bastante e fazer penitência. Mas uma criança que morre em tenra idade, antes de fazer distinção entre o bem e o mal, está livre destas obrigações e vai ao Paraíso.

Entre os dois casos me parece que existem dois pesos e duas medidas, não concorda comigo?

Eu sei que a justiça de Deus é perfeita, mas a condução da vida aqui na terra depende do entendimento dessa situação.

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Mensagem por Lucas B. Qui Nov 14, 2013 11:58 am

Cláudio, tanto essa como a anterior não são perguntas idiotas, é assim que é "feita" a filosofia, algumas coisas só parecem obvias depois de entendidas, nunca antes. Idiotice é caminhar com uma dúvida fingindo entender por vergonha de perguntar ou refletir a respeito mesmo interiormente.

Pelo que entendi a questão poderia ser apresentada da seguinte forma:
Se uma pessoa vive uma vida inteira de ascese, suportando sofrimentos e se empenhando em fazer o "bem" para "ir para o céu"
E outra simplesmente nasce morre e "vai para o céu", ou "pior" como o bom ladrão, leva uma vida de erros e por "uma unica atitude boa" vai para o céu, a primeira não estaria levando uma forma de vida em vão? Ou não seria melhor morrer para não "cair em pecado" e ir direto para o céu? Enfim, não haveria uma "injustiça" com a primeira?

Se for isso, devemos ter em mente que a nossa concepção filosófica moderna (que inconscientemente absorvemos na sociedade e na educação) está eivada de conceitos com significados diferentes daquilo que propõe o Cristianismo. Um deles é a relação entre justiça e igualdade, que após os "iluministas" geralmente figuram até mesmo como sinônimos quando na verdade a "igualdade" pode ser um atentado mortal à própria justiça se assim analisado.

O "asceta", o bebê morto, ou o arrependido tardio, só estabeleceriam um grau de injustiça entre si, se estivessem também em grau de igualdade, o que se bem analisado não é o caso.

Estou um pouco sem tempo agora para continuar, mas por enquanto procure meditar nestas passagens que tratam justamente disso:
Mt 20,1-15
Mt 25, 14-30
E compartilhe se desejar o que entendeu.

Vinde Senhor Jesus!

Lucas B.

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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Qui Nov 14, 2013 2:53 pm

Caros amigos,

Vejo esta postagem de Lucas como muito esclarecedora, principalmente quando nos debruçamos na meditação dos dois textos evangélicos que nos foram sugeridos. Eles nos transportam a algumas reflexões que, no conjunto das Sagradas Escrituras, dissociam a justiça de Deus da justiça dos homens.

A noção bíblica de justiça é bastante complexa: expressão da qualidade e do caráter poliédrico que foi adquirindo no devir da história da salvação. É necessário analisa-la cuidadosamente, no sentido de não perder a sua riqueza dinâmica. A justiça bíblica se desenvolve dialeticamente segundo uma polaridade que é ao mesmo tempo teológica e ético-social, e neste contexto, é, simultaneamente, base e estrutura da aliança com que Yhwh une Israel consigo, e o Pai em Cristo por meio do Espírito chama à salvação todos os homens.

A justiça à qual é chamado o homem é resposta exigente à justiça preveniente de Deus. Esta justiça de Deus apresenta rosto inédito, surpreendente e desconcertante aos olhos dos homens, acostumados ao "cuique suum" da justiça humana. Esta justiça, com efeito, não é a justiça comutativa do credor, nem a retribuitiva do amo, nem a distributiva do soberano, mas a justiça justificante (a sedaqah) do "Deus compassivo e clemente, paciente, misericordioso e fiel" (Ex 34,6). É justiça que, mais do que ser justa, procura "fazer justos".

Me parece que, quando nos colocamos a pensar na justiça divina, temos como referencial a justiça humana, principalmente se consideramos os conceitos da relação igualdade/justiça a que Lucas se referiu no seu comentário, conceitos estes que temos uma tendência quase que natural de apreendermos, exatamente por sermos humanos.

Por outro lado, por raras vezes, nos percebermos como indivíduos, como seres distintos nas nossas naturezas biológica, psíquica e espiritual, cujas variantes nos tornam diferenciados. Esta falta de percepção nos leva muitas vezes a, de maneira inconsciente, delimitar a justiça divina como é delimitada a justiça humana, e é a partir de então que se estabelecem dúvidas, conceitos e paradigmas não muito bem definidos que colocam "em xeque" o nosso entendimento.

_______________________

Tenho que ir ao trabalho. Continuo mais tarde !!!

Um grande abraço !!!

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Mensagem por claudiof Sex Nov 15, 2013 9:36 am

Pelo que entendi existem dois casos, um para aqueles que distinguem bem e mal (adultos) e outro para os que não (crianças).

Flávio, você me respondeu com relação a justiça de Deus para os adultos:
"a misericórdia de Jesus se aplicou a cada um de acordo com as suas peculiaridades e, principalmente mediante a manifestação da fé que ambos possuíam"
com relação aos adultos, Deus seria inflexível por dar a cada um conforme seus méritos.

Depois você respondeu com relação a crianças e adultos:
"É justiça que, mais do que ser justa, procura 'fazer justos'"

Ou seja, no primeiro caso Deus é inflexível, no segundo é flexível.

Se é este o seu entendimento, me parece muito sensato, visto que a criança, que ainda não discerne sobre certo e errado, e o adulto que é capaz, estão em condições diferentes e merecem tratamento diferente.

No caso do arrependido tardio que cita Lucas B, eu imagino duas saídas:
1. o arrependimento pode ser tão difícil para este quanto uma vida inteira de privações do asceta, porque o arrependimento é desejar não ter feito aquilo.
2. caso não seja, o mérito seria corrigido no purgatório, onde o arrependido tardio poderia passar mais tempo do que o asceta.

Lucas, você defende que a justiça de Deus pode ser flexível, mas então o que significa a passagem em I Coríntios 3, 8: "O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho." ?

Se admitirmos que a justiça de Deus é inflexível para os adultos, a passagem do vinhedo poderia ser resolvida se interpretarmos o pagamento como a salvação, porém sem menção ao purgatório, pois a sentença é uma só, é um denário igualmente para todos, ou vai para o céu ou não vai, e no purgatório existe graduação da pena. Pela lógica não poderíamos incluir o purgatório nessa interpretação, por ser função do purgatório dar a purificação conforme a gravidade dos pecados.

Se admitirmos que a justiça de Deus pode ser flexível entre os adultos, ou seja, Ele pode ser mais benevolente com um do que com outro, mesmo assim não poderemos questionar isto devido nossa inteligência limitada pra entender uma justiça perfeita, mas o caso é que esta situação seria estranha e poderia influenciar negativamente as pessoas. Se Deus julga de modo inflexível tem a vantagem de que não alimentaremos falsas esperanças (pensando que Deus pode ser flexível comigo, me sinto mais tentado ao pecado).

Estas são divagações minhas, me sinto obrigado a fazê-las porque não encontrei essa reposta nos textos católicos que pesquisei, mas me corrijam se eu estiver errado, e se os senhores souberem de um documento de autoridades da Igreja explicando esta questão eu gostaria muito de saber.

Obrigado por enquanto, t+

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Mensagem por VitorA Sáb Nov 16, 2013 6:23 am

A Salvação é somente para aquele que crê,independente de suas boas ou más obras que tenha cometido!!

Temos o exemplo de dois homens que foram ao templo fazer suas orações,o Fariseu e o publicano,o primeiro cheio de boas obras,o segundo reconhecendo seus pecados!!

Jesus disse:que o publicano tinha sido justificado e o Fariseu apesar das boas obras,não!!

E a diferença entre ambos está,em orar com fé pedindo misericórdia,ou confiar na sua Justiça!!

Quanto ás crianças que Jesus mencionou,das quais era o Reino dos céus,está falando dos nascidos de novo pela Fé no evangelho e não em crianças de idade!

Porque Jesus fala aos homens e diz-lhes.se não vos tornares como crianças,isto está a referir-se ao Novo nascimento no espirito,como também o disse a Nicodemos!!

Na verdade existem duas justiças,a dos homens e a de Deus!

A dos homens, que consiste nas suas obras em obediência á Lei de Deus,para Justificação,como é o caso da Lei dada por Moisés e que ninguém foi considerado Justo,porque o homem é por Natureza e desde o Nascimento,escravo do pecado!!

A Justiça de Deus,que é dada somente pela Fé em Jesus, independente das obras ou da idade,esta é que é a justiça que nos dá o Novo Nascimento e a entrada no reino dos céus!!
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Mensagem por Lucas B. Sáb Nov 16, 2013 5:20 pm

Vamos com calma Claudio, eu não defendo que a justiça de Deus pode ser flexivel, aliás eu não havia defendido nada, apenas me propus a tentar elucidar o que você estava perguntando primeiramente, e pareço ter acertado quanto ao questionamento.
Mas segundo o que conhecemos sobre a "natureza" de Deus, e como também mostrou o Flávio, nós como homens não temos a capacidade de "compreender o julgamento de Deus", pois somente ele é capaz do que seria por definição, a justiça perfeita. Não podemos "avaliar a qualidade dos julgamentos de Deus", pois ele possui o conhecimento total das causas em questão, o que não dispomos. No entanto, como homens podemos e devemos procurar através do conhecimento dos julgamentos de Deus, conhecer o máximo que está ao nosso alcance sobre o que é justo, o que é a justiça.
Em resumo, em nenhum desses casos que citamos o questionamento seria se houve ou não justiça da parte de Deus com um ou outro, isto está fora de questionamento, foram feitos por Deus, consequentemente foram justos, o nosso papel é: entender porque e onde houve justiça em cada caso (é a justiça que produz justos)

Vejamos essas definições clássicas de justiça (da wikipédia desculpe, mas pode procurar as obras completas nas referências do site):
Aristóteles - definia justiça como sendo uma igualdade proporcional: tratamento igual entre os iguais, e desigual entre os desiguais, na proporção de sua desigualdade. Aristóteles também reconhece que o conceito de justiça é impreciso, sendo muitas vezes definido a contrariu sensu, de acordo com o que entendemos ser injusto – ou seja, reconhecemos com maior facilidade determinada situação como sendo injusta do que uma situação justa

Platão - reconhece a justiça como sinônimo de harmonia social, relacionando também esse conceito à ideia de que o justo é aquele que se comporta de acordo com a lei. Em sua obra “República”, Platão defende que o conceito de justiça abrange tanto a dimensão individual quanto coletiva: a justiça é uma relação adequada e harmoniosa entre as partes beligerantes de uma mesma pessoa ou de uma comunidade

São Tomas de Aquino - dentro da teoria do Direito Natural, conceituou justiça como sendo a disposição constante da vontade em dar a cada um o que é seu - suum cuique tribuere - e classifica-a como comutativa, distributiva e legal, conforme se faça entre iguais, do soberano para os súbditos e destes para com aquele, respectivamente. Tomás de Aquino entende que não há um código incondicionado ou absoluto de uma justiça invariável, tendo em vista que a razão humana é variável – ainda que a vontade de buscar a justiça seja um perpétuo objetivo para o homem. Tomás de Aquino, ainda, aproxima muito seu conceito da religião, ao argumentar que, se somente a vontade de Deus é perpétua e se justiça é uma perpétua vontade, então a justiça somente pode estar em Deus.


Basicamente o direito legal que conhecemos (que é um recorte da nossa compreensão de justiça), trabalha num "adensamento" desses 3 conceitos: A igualdade (entre os iguais), a harmonia, a retribuição, sem ser ele mesmo resumido em um só destes. É por isso que a justiça é representada em muitas culturas com o simbolo da balança em equilíbrio.

Flexibilidade na Justiça, é um termo que julgo inadequado, em São Tomás poderá ver o termo variabilidade que no entanto tem um sentido diferente. Flexível a grosso modo é o que se verga sobre si mesmo, e isso é incompatível com o conceito de justiça, se ela for flexível ela automaticamente torna-se injusta, pois terá que desconsiderar a igualdade entre as partes, saindo da "harmonia" e retribuindo desigualmente. Há um outro conceito que pode ser talvez o que você queira dizer e não soube expressar melhor: A Misericórdia.

Desculpe estar debatendo por partes, e mais uma vez vou ter que continuar posteriormente, no entanto vou comentar a sua citação:
"O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho."

Essa passagem é uma demostração da aplicação desses conceitos, "plantar não é mais que regar" e vice-versa, para que um serviço fique sem a retribuição devida que posteriormente é explicado: cada um receberá a sua recompensa (e não a mesma recompensa), segundo o seu trabalho, "de acordo com" isto é: o que planta receberá a recompensa devida a plantar e não regar. O que rega receberá a recompensa devida a regar e não plantar. A Justiça abrange respeitar as igualdades e também as diferenças.

Outra questão interessante que levantou: será que sempre que Jesus falava em recompensa ou retribuição está necessáriamente falando em salvação?
Discutiremos depois eu espero.

Vinde Senhor Jesus!

Lucas B.

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Mensagem por VitorA Sáb Nov 16, 2013 5:53 pm

Os incrédulos é que sabem definir a justiça de Deus? Muito bem Very Happy

A justiça de Deus baseia-se na fé e não nas obras.

A recompensa do trabalho é uma coisa a da vida é outra que recebemos já agora, porque já temos a vida ao crer.
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Mensagem por claudiof Seg Nov 18, 2013 9:15 am

Lucas, desculpe pela confusão.

Pelo que entendi, algumas almas poderão ser salvas se esforçando menos do que outras, isto é certo porque está definido que crianças vão para o céu. Parece injusto, mas não pode ser porque Deus possui a justiça perfeita, então não temos razão pra ficar questionando isto.

Quanto a aplicação da justiça divina entre os homens adultos, você escreveu a misericórdia, Deus pode ser mais misericordioso com alguém que merece menos do que outro?

Vitor, não consegui entender onde a fé interfere na questão, no caso de uma morte prematura não exige fé, e no caso de adultos, vamos supor que morrem duas pessoas que tem a mesma fé, as mesmas obras e o mesmo mérito, a questão é, essas duas pessoas serão retribuídas ou castigadas com o mesmo rigor? Ou Deus poderia tratar uma diferente da outra?

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Mensagem por Lucas B. Qua Nov 20, 2013 12:13 pm

Olá Cláudio

Quando digo que um julgamento proferido por Deus é automáticamente justo (e desculpe anteriormente ter usado o termo "compreender", acredito que fica melhor definifo em "apreender" a justiça de Deus) não significa que não devemos mais questionar nada, se de alguma forma algo ainda "parece injusto", ainda podemos questionar:
Se algo parece injusto, mas por definição não pode ser injusto, podemos procurar entender porque foi justo, entende?

claudiof escreveu:"Pelo que entendi, algumas almas poderão ser salvas se esforçando menos do que outras, isto é certo porque está definido que crianças vão para o céu."
"Mais e menos" são medidas comparativas só se aplicam em relação à alguma outra coisa ou pessoa, certamente o "esforço" é diferenciado para cada pessoa, não só entre um adulto e uma criança, mas entre adultos também, relembrando a definição Tomista: "...não há um código incondicionado ou absoluto de uma justiça invariável, tendo em vista que a razão humana é variável..."
Uma criança não teve que se esforçar "menos" que um adulto para se salvar. Uma criança é capaz de compreender plenamente a diferença entre o certo e o errado, ainda mais dentro de uma perspectiva além de natural, mas de uma moral espiritual? Uma criança tem o arcabouço da experiência acumulada que o permita diferenciar variadas situações onde deveria ter agido de uma forma e não de outra, de acordo com o bem e o mal? Uma criança teve as oportunidades de praticar o bem, ou de receber o bem, ou mesmo de conhecer o bem durante uma breve vida?
Voltando à definição Aristotélica, compreendemos que a justiça é mais fácil de se identificar frente à uma situação de injustiça. Depois de todos esses questionamentos, seria correto ou justo esperar de uma criança o mesmo "esforço" que de um adulto para determinado fim? Eu acredito que não, e por isso concluo que uma criança dentro de suas possibilidades não se esforça "menos" que um adulto diante das suas.
Quanto aos adultos, o mesmo principio se aplica. Uma vez me contaram uma estória sobre acessibilidade mas vou adaptar para ilustrar isso:

Chegaram para diversos animais e disseram que aqueles que conseguissem chegar ao topo de uma alta árvore ganhariam um prêmio. Acontece que os animais eram: um macaco, uma tartaruga, um elefante, um cachorro, um passaro, um peixe, uma cobra.

Percebe a situação? O critério é um só, mas diante das especificidades de cada animal, alguns estariam em vantagem e outros totalmente impossibilitados de conseguir o prêmio. O critério então se torna algo injusto.
Da mesma forma para com a justiça Divina, não existe um critério unico e objetivo para todos, existe uma linha geral que nos indica o que é bom e agradável a Deus e o que não é.
Nós podemos ver dois homens realizando o mesmo ato de ajudar uma pessoa a atravessar a rua, e isso a nosso olhos ter o mesmo "mérito", no entanto podemos desconhecer diferente de Deus, que um deles aprendeu a vida toda a fazer o bem a ajudar ou outros, e sempre o praticou, e outro que foi criado aprendendo a pensar só em si e a desprezar a necessidade de qualquer outro, e que só tenha sido tratado da mesma forma por outros.
Realizar aquele ato é um bem em qualquer dos casos, mas é algo que "exigiu" muito mais esforço do segundo que do primeiro. E como nos lembra Cristo: "Quem vos der um copo de água para beber porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa."
Isto é: até o menor dos atos está na "balança da justiça divina".
Posteriormente continuo...

Vinde Senhor Jesus!

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Mensagem por claudiof Qua Nov 20, 2013 5:03 pm

Em outras palavras, São Tomás diz que a razão humana é variável, logo a justiça divina também deve variar. Ou seja, para cada um conforme o seu mérito, é isto?

Você perguntou "Depois de todos esses questionamentos, seria correto ou justo esperar de uma criança o mesmo "esforço" que de um adulto para determinado fim?"

Nem é possível isso, visto que a criança ainda não aprendeu o que é certo e errado, estima-se que a criança pode começar a se confessar só a partir dos 7 anos exatamente por isso.
Se eu entendi o que você quis dizer, é que o esforço que todos precisamos fazer para se salvar é o mesmo, considerando as dificuldades de cada um devido as diferentes circunstâncias da vida de cada um. Porém isto só vale quando começamos a formar a consciência do que é certo e errado, por isso se diz que um louco não tem culpa.

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Mensagem por Lucas B. Dom Nov 24, 2013 10:35 am

claudiof escreveu:Em outras palavras, São Tomás diz que a razão humana é variável, logo a justiça divina também deve variar. Ou seja, para cada um conforme o seu mérito, é isto?
Exatamente
claudiof escreveu:Nem é possível isso, visto que a criança ainda não aprendeu o que é certo e errado, estima-se que a criança pode começar a se confessar só a partir dos 7 anos exatamente por isso.
Se eu entendi o que você quis dizer, é que o esforço que todos precisamos fazer para se salvar é o mesmo, considerando as dificuldades de cada um devido as diferentes circunstâncias da vida de cada um. Porém isto só vale quando começamos a formar a consciência do que é certo e errado, por isso se diz que um louco não tem culpa.
Vejo que conseguiu captar o sentido que tentei explicar. Quanto ao esforço ele pode sofrer variação, nossos pecados nos colocam numa situação de afastamento e dependendo das consequencias disso, podem demandar um "esforço maior" do que o que seria esperado, isto é, se tentando levar uma vida de acordo com o Evangelho em algum momento eu cedo às tentações deliberadamente, isso me faz desperdiçar o tempo e os frutos do esforço anterior, necessitando então retomar uma caminhada, é um retrocesso como o diz o ditado: ninguém avança dando um passo pra frente e dois para trás.

Quanto ao termo "esforço para se salvar", relembrando o questionamento que anteriormente fiz: se todo "esforço" é para a Salvação. Salvação não é um termo quantitativo ou gradativo, não existe "mais salvo e menos salvo", existe salvação ou condenação, no entanto como já vimos os "esforços" empreendidos pelas pessoas na vivência do Evangelho são diferenciados, a ponto de que se colocarmos alguns em comparação para efeitos de salvação, parecerá sempre estar ocorrendo alguma forma de injustiça. A Salvação não é fruto dos nossos esforços, ela é oferecida pela liberalidade do Amor de Deus, no entanto ela é como uma "boia salva vidas" num mar revolto, por nossos próprios esforços não poderíamos sobreviver por muito tempo nesse mar, precisamos de algo que está fora de nossas capacidades de providenciar, precisamos de alguém que queira nos salvar, essa "boia" lançada unicamente pela vontade de um outro é a diferença entre viver e morrer, nossa única possibilidade de salvação está em alcançá-la, mas mesmo isso demanda esforço próprio de nadar até ela e agarrar-se firmemente à mesma, para então ser resgatado; mas antes mesmo disso requer o reconhecimento de que não há outra possibilidade naquela situação, somente a boia, e a vontade de chegar até ela, aqueles que não quiserem isso, mesmo com a boia (a salvação) a seu alcance, fatalmente afundarão.

No entanto por inumeras vezes, Jesus nos dá a entender que não é somente isso, e que não pode haver injustiça para com os diferenciados "esforços", nosso mérito não é total a ponto de prescindirmos do Salvador, mas também não é inexistente a ponto de restar dúvidas sobre a capacidade de Deus em ser justo e reconhecer diferenças, e é isso que podemos ver em passagens como as já citadas e mais essa:

Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar.
Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar.
Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele reine sobre nós.
Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado.
Veio o primeiro: Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas.
Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades.
Veio o segundo: Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas.
Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades.
Veio também o outro: Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada num lenço;
pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste.
Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei...
Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros.
E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas.
Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!...
Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem.
(Lc 19,12-26)

Existe essa diferenciação, mesmo na recompensa, e isso é justiça, são "as grandes coisas", é o "governo das cidades", se como já vimos não existe gradação ou quantificação na Salvação, logicamente essa gradação se refere a outra coisa, à uma recompensa que está além da própria Salvação, e que não é para este mundo assim como nos diz São Paulo sobre a esperança em Cristo, mas que no entanto aqui encerra nossa capacidade humana, nem eu nem ninguém pode lhe dizer no que consiste isso pois "É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam." (I Cor 2,9)

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Mensagem por claudiof Dom Nov 24, 2013 10:01 pm

Realmente, o amor infinito é algo que não podemos imaginar, quando São Tomás, no fim de sua vida, disse que todos os seus escritos não passavam de palha diante do que Deus lhe havia revelado, tudo o que São Tomás sabia, mesmo que por um milagre nós pudéssemos conhecer o tanto quanto o santo, ainda seria palha perto do que Deus tem a oferecer.

Obrigado pessoal.

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