Intercessão dos Santos

Caros amigos,


Estou tentanto me encontrar depois de muito tempo afastado, ontem fui a missa e na primeira leitura já me surgiu dúvidas... Entendi que o unico meio de interceder Deus aos Homens é através de Cristo. Então, como a doutrina católica explica a intercessão dos Santos?

Obrigado

Caro Jamiltonc,

Seja muito bem vindo ao nosso fórum !!!

No nosso fórum há alguns tópicos que tratam dessa questão e que colocarei seus endereços na minha próxima postagem, uma vez que tenho que localiza-las. Por enquanto, transcrevo uma das citações do Apocalipse de São João que faz referência a esta questão:

"Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um turíbulo de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono..." (Ap 3,8).

Mais tarde, colocarei alguns comentários extraídos de outros tópicos que poderão ser referenciais para tal compreensão.

Um grande abraço !!!

Entendi que o unico meio de interceder Deus aos Homens é através de Cristo. Então, como a doutrina católica explica a intercessão dos Santos?

Olá amigos, a paz de Cristo.

Primeiro é bom saber que a Igreja nunca ensinou e nem é dogma que nossas orações só pudessem ser feitas a Deus por intermédio dos santos. Está assim consignado no Consílio de Trento:

"É bom e útil invocá-los humildemente, para pedirmos benefícios a Deus por meio de seu Filho Jesus Cristo Nosso Senhor, que é o nosso único redentor e Salvador, bem como recorrer a suas orações, auxílio e proteção" (Concílio de Trento, sessão XXV).

Bom, dito isto, vamos continuar a questão...

É verdade que só existe um único mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, como está escrito de forma clara na primeira carta a Timóteo; e é ensinamento da Igreja:

Pois há um só Deus
e um só mediador
entre Deus e os homens:
o homem Cristo Jesus,

A questão está, então, em saber em que sentido Jesus é o único mediador, o único intermediário entre Deus e os homens. E para isso é indispensável examinar o contexto da frase de S. Paulo, pois os nossos irmãos separados são mestres em separar as palavras do seu verdadeiro contexto, daí nasce o sofismo.

Vejamos. S. Paulo começa sua carta recomendando a Timóteo que se façam orações por todos os homens:

Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador (ITm 2,1-3).

Repare bem: S. Paulo quer que os cristãos INTERCEDAM a Deus, FAZENDO SÚPLICAS, ORAÇÕES E PETIÇÕES POR TODOS OS HOMENS e recomenda de modo especial que se reze por aqueles que governam.

Aconselhando que se reze POR TODOS OS HOMENS e apresentando isto como agradável a Deus, Paulo dá o motivo:

Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. (I Tm 2,3-4).

Continuando a ilustrar a sua tese de que devemos rezar por todos os homens, Paulo acrescenta uma nova razão: "Pois há um só Deus
e um só mediador
entre Deus e os homens:
o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo
como resgate por todos (1 Tm2,5-6).

Atenção. Somos todos irmãos, uma vez que há um só Deus, Deus é o Pai de TODOS; somos todos irmãos, porque fomos todos remidos pelo sangue de Cristo. Jesus não morreu só pelos cristãos ou só pelos eleitos, como tem ensinado alguns aqui, mas morreu por todos. Agora se muitos não se salvam, é por culpa própria; pois a morte de Cristo alcançou a graça suficiente para dar a salvação a todos, mesmo aqueles que, sem culpa sua, nunca ouviram falar no nome de Jesus. Desse modo o próprio Paulo se encarrega de dizer em que sentido ele chama Jesus ÚNICO MEDIADOR; é no sentido de que Jesus SE DEU A SI MESMO PARA REDENÇÃO DE TODOS (I Tm 2, 6).

A mediação dos santos é de outra natureza, referindo-se a oração deles por nós, pois não dizemos absolutamente que eles DERAM AS SUAS VIDAS PELA NOSSA REDENÇÃO. E a prova de que S. Paulo chamando Cristo único mediador, estava tomando esta palavra no sentido de SALVADOR e não no de INTERCESSOR, é exatamente neste mesmo momento, neste mesmo trecho, ele estava aconselhando Timóteo a rezar por todos os homens, portanto a INTERCEDER por eles; estava aconselhando que os cristãos rezassem por todos os homens, portanto fossem INTERCESSORES perante Deus em favor de todos eles. E se aqui na terra, podemos rezar pelos homens, sem que isto seja uma injúria a Nosso Senhor Jesus Cristo, Único Salvador, Único Mediador, por que mitivo então os santos não podem rezar também por nós lá na glória celeste? Se Jesus Cristo, como quer entender alguns, quer ser o único intercessor, não quer que ninguém reze pelos outros, então S. Paulo estaria errado, pedindo sos fiéis que rezassem (intercedessem) por todos os homens, S. Paulo estaria errado recomendando-se tantas vezes as orações aos fiéis.

Para que meu post não fique demasiado londo, finalizo na esperança de ter podido lhe ajudar nesta questão. Aqui tem ótimos amigos (o Flávio, por exemplo. Flávio, um grande abraço, e desculpe se estou repetindo assunto de outro tópico.) que lhe podem ajudar talvez com muito mais clareza, e apenas quis contribuir no tópico.

Grande abraço.

Caros amigos,

É muito boa essa postagem do Geovanne que, sempre que nos visita, dá enriquecedoras contribuições, de maneira que muito aprendemos a partir dele, o que é muito gratificante. Sou grato pelas suas postagens sempre muito esclarecedoras e pelas suas palavras que retratam a nossa comunhão com a Palavra, com o Corpo e com o Sangue do Senhor.

Vou iniciar essa minha postagem me servindo de um versículo transcrito lá do início das Sagradas Escrituras: "E DEUS DISSE: QUE FIZESTE, CAIM? A VOZ DO SANGUE DO TEU IRMÃO (ABEL) CLAMA A MIM DESDE A TERRA." (Gn 4,10).

Esta passagem das Sagradas Escrituras nos mostra com toda clareza que o sangue dos mártires intercede a Deus por justiça. A partir dessa percepção, de maneira óbvia, compreendemos o que é a intercessão dos santos. Mesmo já tendo morrido, a sua voz permanece falando com Deus, conforme nos ensina a Carta aos Hebreus: "PELA FÉ ABEL OFERECEU A DEUS UM SACRIFÍCIO MAIOR DO QUE CAIM, PELO QUAL ALCANÇOU TESTEMUNHO DE QUE ERA JUSTO, DANDO DEUS TESTEMUNHO DOS SEUS DONS, E POR ELA (FÉ), DEPOIS DE MORTO AINDA FALA." (Hb 11,4). Assim, o texto da Carta aos Hebreus referenda com extrema sabedoria aquilo que já nos mostrava muito tempo antes o livro do Gênesis, conforme me referi anteriormente.

Quando as Sagradas Escrituras se referem a Jesus como único mediador entre Deus e os homens, se refere ao MEDIADOR QUE PODE SALVAR, ou seja, as Sagradas Escrituras não excluem os demais mediadores, como explicou o Geovanne: "o próprio Paulo se encarrega de dizer em que sentido ele chama Jesus ÚNICO MEDIADOR; é no sentido de que Jesus SE DEU A SI MESMO PARA REDENÇÃO DE TODOS (I Tm 2, 6)." Afirma apenas que, para além de Jesus, os demais mediadores não podem salvar, uma vez que somente Jesus possui este atributo. Quando Jesus nos ensina a orar uns pelos outros, está nos conferindo a graça de sermos intercessores, de sermos mediadores, sendo este um dos atributos dos santos no cotidiano e em toda a história da Igreja. Assim, é necessário que se interprete as Sagradas Escrituras mergulhado no seu contexto, no seu sentido pleno.

Se ao rasgar-se o véu do templo todos nós passamos a ter acesso direto a Deus, seria desnecessário que Jesus nos ensinasse a orar uns pelos outros, uma vez que todos têm acesso direto ao Pai. E neste sentido, não é por acaso que a mesma Carta aos Hebreus, ainda se referindo ao clamor da voz de Abel, nos ensina que: "TEMOS CHEGADO A JESUS, O MEDIADOR DA NOVA ALIANÇA, E AO SANGUE DA ASPERSÃO, QUE FALA MELHOR DO QUE O SANGUE DE ABEL." (Hb 12,24).

Observe-se que, esta passagem da Carta aos Hebreus não nos ensina que a voz de Abel deixou de existir. Ela nos ensina que a voz de Jesus é maior do que a voz de Abel. Com efeito, o fato de a voz do sangue de Abel ser menor do que a do sangue de Jesus não a anula, não a torna sem efeito, não a torna muda !!!  E isso está ainda muito mais claro no texto apocalíptico que descreve: " E HAVENDO ABERTO O QUINTO SELO, VÍ DEBAIXO DO ALTAR AS ALMAS DOS QUE FORAM MORTOS POR AMOR DA PALAVRA DE DEUS E POR AMOR DO TESTEMUNHO QUE DERAM. E CLAMAVAM COM GRANDE VOZ, DIZENDO: ATÉ QUANDO, Ó VERDADEIRO E SANTO DOMINADOR, NÃO JULGAIS E VINGAIS O NOSSO SANGUE?" (Ap 6,9-10)

Vejo estes retalhos das Sagradas Escrituras como fundamentos muito sólidos em relação a realidade da intercessão dos santos.

CONTINUO MAIS TARDE !!!

Um grande abraço a todos !!!

Boas,

Gostava de ser ilucidado relativamente à seguinte questão acima colocada:

"E HAVENDO ABERTO O QUINTO SELO, VÍ DEBAIXO DO ALTAR AS ALMAS DOS QUE FORAM MORTOS POR AMOR DA PALAVRA DE DEUS E POR AMOR DO TESTEMUNHO QUE DERAM. E CLAMAVAM COM GRANDE VOZ, DIZENDO: ATÉ QUANDO, Ó VERDADEIRO E SANTO DOMINADOR, NÃO JULGAIS E VINGAIS O NOSSO SANGUE?" (Ap 6,9-10)"

Não julgueis e vingais o nosso sangue?

Não acham que este sentimento como que colide com a mesiricordia Cristã?

Como é que Almas que fruto da sua conduta terrena se encontram num patamar de Santidade superior, podem ter sentimentos tão humanos e tão mesquinhos?

Cumprimentos,

Ralão

O texto de Apocalipse 8,3 não serve de base para justificar a doutrina da "Intercessão dos santos" que os santos que morreram intercede por nós. O que o texto diz que as orações dos santos como também o incenso seriam oferecidos sobre o altar que se achava diante de Deus, e a fumaça do incenso com as orações dos santos sobem à presença de Deus. O que o texto deixa bem claro é que nossas orações chegaram até Deus e não que há gente boa por lá que já estiveram entre nós que estão intercedendo por quem precisa.

Qual o verdadeiro contexto de 1 Tm 2, 1-3? Paulo está escrevendo ao jovem pastor, isto deveria ser ensinado na igreja, os crentes daquela igreja deveriam interceder por todos os homens, este é o verdadeiro contexto. Não cabe aqui nenhum ensino de que a igreja deveria interceder por quem já morreu e quem já morreu deveria interceder pela igreja. Os irmãos que estão vivos devem interceder por aqueles que estão vivos.

Em Gênesis 4,10 também não há base para apoiar a intercessão dos santos, o texto diz que o sangue de Abel, e não Abel. Clama a mim desde a terra e não que intercede a mim pelos outros.

uma coisa é o véu do templo que se rasgou de baixo para cima, ali há todo um significado, outra coisa é o ensino de orar uns pelos outros, e nós é quem devemos orar e não os que já partiram.

O que não existe é base bíblica para negar a intercessão dos santos que já estão no céu !!!