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Os mortos estão dormindo?

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Mensagem por Pe. Anderson Dom Jun 06, 2010 5:03 pm

Caros amigos,

Esse é um tema que nós esclarecemos bem aqui no nosso site. Mas devido à insistencia no tema por parte de alguns e porque eu encontrei esse ótimo artigo, publico aqui, para se alguem quiser discutir esse tema. Espero que possa ajudar.


"E o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus que o deu" (Ecl 12,7).

Introdução

Nos tempos da Idade Média, um pequeno grupo ensinava uma doutrina que ficou conhecida como Psicopaniquia, isto é, sono da alma após a morte. Nos tempos da Reforma Protestante, os Anabatistas retomaram esta doutrina. Com o fim dos Anabatistas, a Psicopaniquia, retornou aos círculos cristãos com o surgimento dos Adventistas do Sétimo Dia. Esta doutrina nega que o homem seja formado por alma espiritual e corpo material, reduzindo o homem a um corpo que é animado ou mantido somente por funções orgânicas. Veremos se tal postulado encontra amparo nas Sagradas Escrituras e na Tradição dos Apóstolos.

A realidade dualística do homem

No livro do Gênesis encontramos a história da criação do mundo e dos seres viventes. Diz o Gênesis que "O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente" (Gn 2,7) (grifos meus).

Neste versículo encontramos a primeira prova da natureza dualística do homem: a carne formada ?do barro da terra? e seu espírito que é "um sopro de vida". Somente depois de dadas as duas coisas, diz o Gênesis que "o homem se tornou um ser vivente".

Com efeito, sopro em hebraico é "nashamah". É a mesma palavra usada no Deuteronômio onde lemos: "Quanto às cidades daqueles povos cuja possessão te dá o Senhor, teu Deus, não deixarás nelas alma viva [nashamah]" (Dt 20,16). Ver também 1 Reis 15,29.

Muitos são os exemplos na Escritura onde "nashmah" denota claramente o espírito que Deus deu ao homem, infiltrado no corpo humano através das suas narinas (cf. Gn 2,7) no momento da criação.

A inteligência da alma

Não é por acaso que a Psicologia estuda as faculdades intelectuais humanas. A palavra que no português conhecemos por "alma" não existe no hebraico. "Alma" vem do grego "psychein" que significa "soprar". Deste verbo grego vem a palavra "psique" que significa "sopro", que é raiz da palavra "psicologia".

A etimologia da palavra "psicologia" nos remete à inteligência presente no espírito humano ("sopro"), pela qual recebemos nossas faculdades intelectuais.

Com efeito, a própria Revelação de Deus mostra que é pelo seu espírito que o homem possui inteligência, conforme vimos em Prov 20,27. A mesma verdade encontramos em Jó: "mas é o Espírito de Deus no homem, e um sopro [nashmah] do Todo-poderoso que torna inteligente" (Job 32,8).

Embora as faculdades do corpo como tato, olfato, audição e visão sejam responsáveis pela nossa interação com o mundo, é pelo espírito que temos inteligência; é dele que vem a nossa razão.

Por isso, sobre o espírito humano escreveu Salomão: "O espírito [nashamah] do homem é uma lâmpada do Senhor: ela penetra os mais íntimos recantos das entranhas" (Prov 20,27).

Concordando com Salomão, São Paulo ao escrever aos Romanos faz a relação entre espírito e razão: "Assim, pois, de um lado, pelo meu espírito, sou submisso à lei de Deus; de outro lado, por minha carne, sou escravo da lei do pecado" (Rm 7,26) (grifos meus).

As referências acima provam que o espírito humano é dotado de faculdades intelectuais.

A consciência dos mortos

Os psicopaniquianos negam a existência da alma. Para eles, homem é como um animal, sem alma, diferindo deste por possuir um cérebro mais evoluído (responsável pelas faculdades intelectuais) e também porque irá ressuscitar no dia do Juízo Final. Como vimos, tal tese é fortemente discordante dos ensinamentos bíblicos sobre o espírito humano.

Há aqueles que acreditam na existência da dualidade humana (espírito e corpo material), mas que ensinam que após a morte, a alma humana está sem consciência, pelo fato de lhe faltar o corpo que lhe comunicam os sentidos.

Primeiramente, como já dissemos, os sentidos comunicam o mundo material com o espírito humano. As faculdades intelectuais da alma independem do corpo. É por esta razão, que a Igreja Católica se opõe à morte dos anacéfalos (crianças que nascem sem cérebro), pois o homem não pode ser reduzido ao corpo, embora sem ele não esteja completo.

Os defensores do sono da alma apresentam os seguintes textos para defender sua tese:

"Enquanto [Jesus] ainda falava, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga, anunciando: Tua filha morreu. Para que ainda incomodas o Mestre? Ouvindo Jesus a notícia que era transmitida, dirigiu-se ao chefe da sinagoga: Não temas; crê somente. E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações. Ele entrou e disse-lhes: Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo" (Mc 5,35-39) (grifos meus).

Ver também Mt 9,23-25 e Jo 11,11-14.

Ora, todos hão de concordar que a Sagrada Escritura é coesa em seu ensinamento doutrinal, embora sua letra muitas vezes se apresente contraditória aos olhos humanos. Porém essa contradição é aparente, normalmente quando o texto é lido fora de seu contexto.

È o próprio Cristo que numa parábola ensina que as almas dos falecidos não estão dormindo:

"Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico... Até os cães iam lamber-lhe as chagas. Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. E estando ele [o rico] nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. Gritou, então: - Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas. Abraão, porém, replicou: - Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá. O rico disse: - Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos. Abraão respondeu: - Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos! O rico replicou: - Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão. Abraão respondeu-lhe: - Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos " (Lc 16,20-31) (grifos meus).

Conforme o ensinamento do Senhor, aqueles que morrem na amizade de Deus são levados "pelos anjos ao seio de Abraão", isto é, para o lugar dos justos. Enquanto os que morreram na inimizade de Deus estão "nos tormentos do inferno".

O diálogo que há entre Abraão, Lázaro e o rico, mostra a consciência das almas após a morte, caso contrário não estariam dialogando.

Devemos nos lembrar que Jesus após a morte foi pregar o Evangelho às pessoas que morreram no tempo de Noé:

"Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados - o Justo pelos injustos - para nos conduzir a Deus. Padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, quando Deus aguardava com paciência, enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito se salvaram através da água" (1Pe 3,18-20).

Ora, se a alma não existe ou está dormindo não faria o menor sentido Jesus ir pregar para elas, já que segundo nossos contendores, o homem após a morte só pode esperar a ressurreição. Temos provas da consciência dos mortos também em Ap 6,9-11 e Ap 20,4.

Infortúnio dos ímpios ou sono da alma?

Os adeptos do sono da alma ou da inconsciência dos mortos fundamentam sua tese principalmente nos versículos do Eclesiástico: "Com efeito, os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem mais nada; para eles não há mais recompensa, porque sua lembrança está esquecida" (Ecl 9,5), ou ainda "Tudo que tua mão encontra para fazer, faze-o com todas as tuas faculdades, pois que na região dos mortos, para onde vais, não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria" (Ecl 9,10). Para eles estes versículos são prova da inconsciência dos mortos.

Primeiramente, o livro do Eclesiastes trata da reflexão sobre a instabilidade da vida humana e a dúvida sobre o destino tanto dos justos quanto dos ímpios. Com efeito, o assunto tratado neste livro só encontra seu termo no livro da Sabedoria de Salomão, e sem este, o Eclesiastes está incompleto. Assim como a Revelação do Pentateuco encontra seu termo nos livros do tempo dos Juízes (Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel), o Livro da Sabedoria vem completar o que o Eclesiastes introduziu, mas que deixou em aberto.

O Livro da Sabedoria não se encontra nas Bíblias protestantes, isto limita a exposição da Verdade, já que escrevemos não só para católicos e ortodoxos (que aceitam como sagrado este livro), mas para todos os cristãos. Porém, isso não impede nosso trabalho. Pois, assim como os vegetarianos privam seu corpo de certas proteínas por causa de sua abstenção voluntária de carne, mas ainda sim podem ser nutridos por causa das vitaminas presentes nos vegetais; da mesma forma, ainda é possível expormos a Verdade através dos livros consensualmente aceitos. Melhor seria se todos aceitassem todas as fontes de alimento dispostas pelo Senhor, seja espiritual quanto material.

Em segundo lugar, a região dos mortos tratada no livro do Eclesiastes não é o lugar para onde se destinam todos os mortos, mas somente os ímpios. Tal é o testemunho do salmista: ?Minha alma está muito perturbada; vós, porém, Senhor, até quando?... Voltai, Senhor, livrai minha alma; salvai-me, pela vossa bondade. Porque no seio da morte não há quem de vós se lembre; quem vos glorificará na habitação dos mortos?" (Sl 6,3-6) (grifos meus).

Aqui o salmista pode a salvação de Deus (?livrai minha alma, salvai-me?), pois não deseja ter o mesmo destino dos ímpios, que estão longe de Deus e por estarem longe, não podem se lembrar do Senhor e nem glorificá-lo, pois já estão perdidos.

Este mesmo ensino é confirmado em outro salmo: "Acaso vossa bondade é exaltada no sepulcro, ou vossa fidelidade na região dos mortos? Serão nas trevas manifestadas as vossas maravilhas, e vossa bondade na terra do esquecimento?" (Sl 87,12-13) (grifos meus). Como se vê, a ?região dos mortos? na Escritura trata do destino dos ímpios (cf. Sl 9,18; Sl 30,18; Sl 54,16; Sl 87,4; Pr 5,1-5).

Mas, outro é o destino dos justos, conforme nos ensina Salomão: "O sábio escala o caminho da vida, para evitar a descida à morada dos mortos" (Pr 15,24) ou ainda: "Não poupes ao menino a correção: se tu o castigares com a vara, ele não morrerá, castigando-o com a vara, salvarás sua vida da morada dos mortos" (Pr 23,13-14).

Ora, se o justo após a morte não vai para a "região dos mortos" ou "morada dos mortos" para onde vai? Trataremos disto mais à frente, antes é preciso expormos o que significa o "sono" dos mortos do qual se referiu Jesus (cf. Mc 5,35-39; Mt 9,23-25; Jo 11,11-14).

Bem-aventurança dos justos

Quando a Escritura diz que alguém que morreu está dormindo, ou descansando, está se referindo à bem-aventurança alcançada por ter morrido na amizade de Deus, e não porque a alma esteja dormindo.

Na linguagem semítica utilizada pela Bíblia, o prêmio daqueles que permanecem fiéis a Deus é comparado a um descanso.

Os israelitas passaram 40 anos no deserto, após o Senhor tê-los libertado do cativeiro no Egito. Devido à grande murmuração do povo, nem todos chegaram à Terra Prometida. É o que recorda o Salmista:

"Não vos torneis endurecidos como em Meribá, como no dia de Massá no deserto, onde vossos pais me provocaram e me tentaram, apesar de terem visto as minhas obras. Durante quarenta anos desgostou-me aquela geração, e eu disse: É um povo de coração desviado, que não conhece os meus desígnios. Por isso, jurei na minha cólera: Não hão de entrar no lugar do meu repouso" (Sl 94,8-11) (grifos meus).

Também ensinou Isaías: "Aquele que à direita de Moisés atuou com o seu braço glorioso, e dividiu as águas diante dos seus para assegurar-se um renome eterno; e os conduziu através dos abismos, sem tropeçarem, como o cavalo em descampado. Como ao animal que desce ao vale, o espírito do Senhor os levava ao repouso. Foi assim que conduzistes vosso povo, para afirmar vosso glorioso renome" (Is 63,12-14).

O início desta teologia se encontra em Deuteronômio: "Quando tiverdes passado o Jordão e vos tiverdes estabelecido na terra que o Senhor, vosso Deus, vos dá em herança, e ele vos tiver dado repouso, livrando-vos dos inimigos que vos cercam, de sorte que vivais em segurança" (Dt 12,10) (grifos meus).

Povo chegou ao Jordão pelo comando de Josué, sucessor de Moisés. Moisés foi proibido de entrar na Terra Prometida por ter quebrado as primeiras tábuas dos Dez Mandamentos (cf. Ex 32,19; Dt 32,50-52; Dt 34,1-4).

Josué, testemunha em seu livro o cumprimento da promessa do Senhor: "E o Senhor deu-lhes repouso em todo o derredor de sua terra, como tinha jurado a seus pais; nenhum dos seus inimigos pôde resistir-lhes, pois o Senhor entregou-os todos nas suas mãos" (Js 21,44) (grifos meus).

A peregrinação que os Israelitas fizeram no deserto durante 40 anos e a posse da Terra Prometida dada aos fiéis, é figura da nossa peregrinação terrestre, na qual os que vencerem tomarão posse da Pátria do Povo de Deus, isto é, o Céu.

Este é o ensinamento que encontramos na Carta aos Hebreus:

"Se, pois, ele repete: Não entrarão no lugar do meu descanso [cf. Sl 94,11], é sinal de que outros são chamados a entrar nele. E como aqueles a quem primeiro foi anunciada a promessa não entraram por não ter tido a fé, Deus, após muitos anos, por meio de Davi, estabelece um novo dia, um hoje, ao pronunciar as palavras mencionadas: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações. Se Josué lhes houvesse dado repouso, não teria depois disso falado dum outro dia. Por isso, resta um repouso sabático para o povo de Deus. E quem entrar nesse repouso descansará das suas obras, assim como descansou Deus das suas. Assim, apressemo-nos a entrar neste descanso para não cairmos por nossa vez na mesma incredulidade. Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4,5-12) (grifos meus).

O autor chama o prêmio dos justos de "repouso sabático" pois o compara com o descanso de Deus após a criação, que se deu num sábado.

A Carta aos Hebreus, além de confirmar que o sono, repouso ou descanso dos justos é a posse da bem-aventurança, também dá testemunho da realidade dualística do homem: alma e corpo.

O ensinamento desta epístola é confirmado pelo salmista: "Apenas me deito, logo adormeço em paz, porque a segurança de meu repouso vem de vós só, Senhor" (Sl 4,9).

Também ensinou o Profeta Isaías: "Porque aqui está o que disse o Senhor Deus, o Santo de Israel: É na conversão e na calma que está a vossa salvação; é no repouso e na confiança que reside a vossa força" (Is 30,15).

Por isso que Jesus ao ressuscitar a filha do centurião (Mc 5,35-39), a filha do chefe da sinagoga (Mt 9,23-25) e Lázaro (cf. Jo 11,11-14), diz que estão dormindo. Pois, morreram na amizade de Deus. Se fossem ímpios Jesus não os ressuscitaria, pois já estariam perdidos. Mas, antes mortos e agora ressuscitados, serviriam como testemunhas da Majestade de Jesus, tanto por terem visto o Céu quanto por serem ressurretos.

O destino do espírito após a morte do corpo

Veja o que ensina o Salmo: "Este é o destino dos que estultamente em si confiam, tal é o fim dos que só vivem em delícias. Como um rebanho serão postos no lugar dos mortos; a morte é seu pastor e os justos dominarão sobre eles. Depressa desaparecerão suas figuras, a região dos mortos será sua morada. Deus, porém, livrará minha alma da habitação dos mortos, tomando-me consigo" (Sl 48,14-16) (grifos meus).

Como vimos o Salmo ensina que o justo é tomado por Deus, isto é, seu destino é o Céu.

Interessante é também notar que aqueles que citam os versículos 5 e 10 do capítulo 9 do Eclesiástico, parecem que não terminaram de ler esse livro. Com efeito, no último capítulo encontramos a confirmação do ensinamento do salmo 48: "E o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus que o deu" (Ecl 12,7) (grifos meus).

Vimos no Gênesis que Deus formou Adão do pó da terra e depois lhe deu o espírito. Segundo o Eclesiastes, o corpo dos mortos (pó) volta à terra e o espírito vai para Deus.

Jesus na parábola do Lázaro e do rico (cf. Lc 16,20-31) ensina que o justo é levado à presença de Deus pelos anjos, enquanto o ímpio é jogado no inferno. Estamos falando do espírito humano, pois os dois ressuscitarão no Dia do Senhor (volta de Cristo); o primeiro para a Glória Eterna, o segundo para o Castigo Eterno.

"Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus: Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus. Levantaram então um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se atiraram furiosos contra ele. Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito" (At 7,55-59) (grifos meus).

Com efeito, Santo Estêvão sabia que seu espírito não estaria dormindo após sua morte, mas que seria levado a Deus.

São Paulo também ensinou que os espíritos dos justos estão na presença de Deus: "Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo para ir habitar junto do Senhor. É também por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos por agradar-lhe" (2 Cor 5,8-9).

Como poderiam os justos esforçarem-se para agradar a Deus após a morte se estivessem dormindo? Ou ainda, como poderiam ausentar-se do corpo e "ir habitar junto do Senhor" se o espírito dos justos não voltassem para Deus que os deu (cf. Ecl 12,7)?

Testemunhos Primitivos

Agora traremos à tona a Memória Cristã, transcrevendo alguns testemunhos primitivos sobre a Fé recebida dos Apóstolos sobre a consciência dos mortos.

?Portanto, supliquemos também nós pelos que se encontram em alguma falha, a fim de que lhe sejam concedias moderação e humildade, e para que cedam, não a nós, e sim à vontade de Deus. Então, quando nos lembrarmos deles com espírito de misericórdia diante de Deus e dos santos, nossa oração produzirá frutos e será perfeita [...]? (Primeira Carta de Clemente aos Coríntios, 56. São Clemente, Papa. 90 d.C) (grifos meus).

São Clemente foi discípulo pessoal de São Paulo (cf. Fl 4,3) e o terceiro sucessor de São Pedro, no Episcopado da Igreja de Roma. Ora, se para os primeiros cristãos os justos estivessem ?dormindo?, ele não pediria aos fiéis para apresentarem suas orações diante de Deus e dos santos.

?Meus espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus [...]? (Carta ao Tralianos, 13. Santo Inácio, Bispo de Antioquia. 107 d.C) (grifos meus).

Santo Inácio foi discípulo pessoal de Pedro e Paulo. Era também chamado pelos antigos cristãos de Teósforo, que significa "Carregado por Deus", por ser a criança que Cristo pega no colo em Mc 9,36. Com efeito, se os Apóstolos Pedro e Paulo tivessem ensinado a Inácio que os mortos ?dormem?, ele não acreditaria que os justos estão diante de Deus intercedendo pelos que ainda não completaram o caminho da vida (cf. Ap 6,9-11; Ap 20,4). Mas, ele não só crê, mas ensina que quando chegar ao Céu estará ainda a serviço de Deus pelos que estão aqui na terra.

"Portanto, eu vos exorto a todos, para que obedeçais à palavra da justiça e sejais constantes em toda a perseverança, que vistes com os próprios olhos, não só nos bem-aventurados Inácio, Zózimo e Rufo, mas ainda em outros que são do vosso meio, no próprio Paulo e nos demais apóstolos. Estejam persuadidos de que nenhum desses correu em vão, mas na fé e na justiça, e que eles estão no lugar que lhes é devido junto ao Senhor, com o qual sofrefram. Eles não amaram este mundo, mas aquele que morreu por nós e que Deus ressuscitou para nós" (Segunda Carta aos Filipenses, 9. São Policarpo, Bispo de Esmirna. 160 d.C) (grifos meus).

São Policarpo, foi discípulo pessoal de São João Apóstolos e segundo a Tradição, instituído pelo próprio São João, Bispo de Esmirna (na Turquia). Assim como São Clemente e Santo Inácio, São Policarpo, outro discípulo pessoal dos apóstolos não ensinou o "sono da alma". Mas que após a morte os justos se encontram "no lugar que lhes é devido junto ao Senhor".

"O Senhor ensinou clarissimamente que as lamas não só perduram sem passar de corpo em corpo, mas conservam imutadas as características dos corpos em que foram colocadas e se lembram das ações que fizeram aqui na terra e daquelas que deixaram de fazer. É o que está escrito na história do rico e de Lázaro que repousava no seio de Abraão. Nela se diz que o rico, depois da morte, conhecia tanto Lázaro como Abraão e que cada um estava no lugar a ele destinado. O rico pedia a Lázaro, ao qual tinha recusado até as migalhas que caíam de sua mesa, que o socorresse; com a sua resposta, Abraão mostrava conhecer não somente Lázaro, mas também o rico e ordenava que aqueles que não quisessem ir para aquele lugar de tormentos escutassem Moisés e os profetas antes de esperar o anúncio de alguém ressuscitado dos mortos. Tudo isso supõe clarissimamente que as almas permanecem, sem passar de corpo em corpo, que possuem as características do ser humano, de sorte que podem ser reconhecidas e que se recordam das coisas daqui de baixo; que também Abraão possuía o dom da profecia e que cada alma recebe o lugar merecido mesmo antes do dia do juízo" (Contra as Heresias, II,34,1. Santo Ireneu, Bispo de Lião. 202 d.C.) (grifos meus).

Santo Ireneu foi discípulo de São Policarpo. Com sua ortodoxia, ele combate de uma só vez os erros da reencarnação, da inconsciência da alma e da negação do juízo particular pelo qual todos passam logo após a morte.

Há muitos outros testemunhos dos discípulos pessoais dos apóstolos, mas transcrevi aqui as palavras daqueles que os antigos consideravam os mais importantes e fiéis à Tradição dos Apóstolos.

Conclusão

A pregação dos Apóstolos é o fundamento da nossa fé, conforme ensinou São Paulo: "Conseqüentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus" (Ef 2,19-20) (grifos meus).

As Sagradas Letras são pedras que foram bem dispostas conforme a Arquitetura que Cristo confiou a seus Apóstolos, resultando no edifício da Fé. Mas o inimigo promove outro tipo de construção, convencendo muitas pessoas sinceras, pois utiliza as mesmas pedras, porém, com planta diversa daquela deixada pelos Apóstolos.

Ora, os Apóstolos constituíram bispos no mundo inteiro, deixaram seus discípulos para darem continuidade à sua obra. Com efeito, São Paulo ensinou: "Segundo a graça que Deus me deu, como sábio arquiteto lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele" (1 Cor 3,10).
Vimos que os discípulos dos Apóstolos deram continuidade à obra de seus mentores, fundamentando-se na Fé da consciência da alma e não no "sono" desta. Este é o testemunho da Sagrada Escritura e da Memória Cristã.

Fonte:
http://www.veritatis.com.br/apologetica/protestantismo/621-os-mortos-estao-dormindo

Grande abraço a todos.
Pe. Anderson
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Mensagem por Manuel Portugal Pires Seg Jun 07, 2010 8:30 am

Ora essa: Então os animais não têm alma?!
Então Cristo (o JUSTO dos JUSTOS) não esteve na «morada dos mortos»?!...

Todos estes raciocínios, não passam de especulações sobre o além desconhecido.

Eu nunca estive no além, mas já desmaiei duas vezes.
Numa delas disseram-me que estive cerca de 5 minutos desmaiado.
Eu sou testemunha de que esse tempo não existiu na minha consciência.

Isto sim, eu sei muito bem, o resto não passa de especulações de pessoas MUITO sábias.

Quanto à segunda vez em que estive desmaiado, como estava sozinho, só me apercebi que tinha desmaiado, porque tinha um prato na mão antes de desmaiar e andava à procura dele. Quando o vi no chão partido é que conclui que tinha desmaiado, não sei por quanto tempo, pois esse tempo não existiu, para mim.

Quanto ao além, eu fico com as minhas impressões e penso que só tirarei as dúvidas quando chegar para mim esse momento.

Eu não me preocupo com o além, desconhecido, o que me preocupa é estar bem com a minha consciência perante YHWH DEUS.
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Mensagem por Manuel Portugal Pires Seg Jun 07, 2010 11:28 am

7585
בִּשְׁאֹ֕ול

bish·'o·vl
Sheol .................... ( Eclesiastes 9)

É a palavra que se encontra acima que em Eclesiastes é traduzido por «Morada dos Mortos» que em Português se diz «Sheol» e que corresponde ao «Hades» no grego e inferno em latim.

Latim: Vulgata
10. quodcumque potest manus tua facere instanter operare quia nec opus nec ratio nec scientia nec sapientia erunt apud inferos quo tu properas

Septuaginta: http://www.bibliacatolica.com.br/11/25/9.php

panta osa an eurh h ceir sou tou poihsai wV h dunamiV sou poihson oti ouk estin poihma kai logismoV kai gnwsiV kai sofia en adh opou su poreuh ekei

Como pode ver, acima a palavra que vem em Hebraico é traduzida para o grego como HADES e para o latim como Inferos (inferno).

Temos que contar com os interesses dos que interpretam as interligações bíblicas para determinar o sentido segundo as suas conveniências,

Cristo ao falar da parábola do rico e de Lázaro, não nos estava a dizer como seria o «além», mas aproveitou uma história de uma forma semelhante à nossa quando nós contamos anedotas acerca de pessoas famosas para ridicularizarmos a sua soberba.

Sim o pobre Lázaro tinha um valor muito superior ao do rico na sua conta bancária espiritual perante YHWH.
Enquanto que o rico só possuía «dívidas» (banca rota) perante YHWH.
Falado de banca rota, lembro-me dos sofrimento dos ricos americanos que se suicidaram por causa da crise que arruinou toda a sua riqueza em acções.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o

A história não é para ser tomada à letra mas sim o seu espírito analógico. Deixemos-nos de crendices.

Quando Cristo disse que tínhamos cá Moisés e os Profetas, não se referia a classes clericais, mas à Lei de YHWH e aos profetas que denunciavam o incumprimento dessa Lei, aos famosos, representados no rico.

Quanto ao resto «não queira ir o sapateiro além da chinela».

Mas a consciência e a dor dos mortos interessa a alguém?
A YHWH não. o castigo do pecado é a morte, e Cristo não veio tornar as coisas piores, mas a salvar o que é para salvar.

E o clero, que ganha dinheiro com «padre-nossos» pelos mortos, assim como pretensões de aliviar o sofrimento dos mortos numa de uma das orações da «missa»?! ...
Ah isso sim, aí há interesse e grande.
Lembro-me que quando era pequeno o padre da minha terra cobrava por cada missa o correspondente a um dia de trabalho de sol a sol, e quando morria alguém ia com o povo depois da missa dominical durante 4 domingos a casa do falecido a rezar por ele e familiares falecidos vários «padre nossos» e cobrava-se bem.
Sim, isto interessa ao clero.

Quanto ao resto são suposições.
Nem as «missas» nem «os padre nossos» contam nada em relação aos nossos entes falecidos.
Para mim acho que é o aproveitamento de coisas sagradas para sacar algo dos supersticiosos.

O que interessa é ter sim um comportamento irrepreensível perante YHWH DEUS, pois todo o que não liga à Lei do Criador até a sua ORAÇÃO é uma abominação aos olhos d'ELE.


Aquele que tapa os ouvidos, para não ouvir a lei, até a sua oração será abominável.
(Provérbios 28,9)

Obs. Eu não quero ferir ninguém nem quero que as minhas palavras se dirijam a ninguém em especial.
Se alguém achar as minhas palavras fortes demais peço desculpa, não quero magoar ninguém, mas apenas acordar as pessoas para aquilo que tem valor, desvalorizando os raciocínios daqueles que têm muitos conhecimentos e pensam que têm muito poder e autoridade.
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Os mortos estão dormindo? Empty Re: Os mortos estão dormindo?

Mensagem por Pe. Anderson Seg Jun 07, 2010 2:50 pm

Caro Manuel,

Respeito muito sua opiniao e, ao mesmo tempo, lamento muito porque o senhor demonstra tao pouco respeito pela fé de mais de 1.200 milhoes de pessoas e demonstra tao pouco respeito conosco católicos.

Os textos que apresentamos aqui sao todos bíblicos, está tudo perfeitamente explicado. Com a vida, morte e ressurreiçao de Cristo, mudou toda a compreensao judaica da morte. Agora, a morte nao é uma passagem para o além, para um sheol triste e um estado incosciente, mas é sim uma passagem para a vida com Cristo. Deixo aqui mais um texto que o demonstra de maneira clara:

[quote]Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte.
Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se o viver no corpo é útil para o meu trabalho, não sei então o que devo preferir. Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo - o que seria imensamente melhor;
mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós... Persuadido disto, sei que ficarei e continuarei com todos vós, para proveito vosso e consolação da vossa fé. (Filipenses 1, 20-24).
[quote]


E o clero, que ganha dinheiro com «padre-nossos» pelos mortos, assim como pretensões de aliviar o sofrimento dos mortos numa de uma das orações da «missa»?! ...
Ah isso sim, aí há interesse e grande.
Lembro-me que quando era pequeno o padre da minha terra cobrava por cada missa o correspondente a um dia de trabalho de sol a sol, e quando morria alguém ia com o povo depois da missa dominical durante 4 domingos a casa do falecido a rezar por ele e familiares falecidos vários «padre nossos» e cobrava-se bem.
Sim, isto interessa ao clero.

O senhor continua nos atacando gratuitamente. Lamento muito pelo senhor. Creio que a doutrina de Cristo diz bem o contrário:

Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão. (Mateus 7, 1-5)
Os santos, ao ler esse texto, nos ensinaram a sermos muito exigente conosco mesmo e muito misericordiosos com os outros. Creio que é essa a melhor via.

Gostaria de lembrar ao senhor qual é o lema do nosso fórum:

"In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas". (Santo Agostinho)

(Nas coisas necessárias unidade, nas duvidosas liberdade, em todas caridade)

Um grande abraço e fique com Deus.
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Mensagem por Manuel Portugal Pires Ter Jun 08, 2010 8:14 am

Gostei da passagem mencionada em Mateus 7,1-5

Na verdade, eu não faço julgamentos, apenas apresento factos.

Quem me dera que tudo fosse como Cristo quer que seja ... ... ...

pois este mundo onde tenho vivido desde pequenino seria totalmente diferente.

Nem todos somos iguais, mas eu apenas falo do que constatei e é verdade.

Quanto ao mundo do além é certo que Cristo nos deu novas expectativas e é isso a BOA NOVA.

Quem me dera que as pessoas, incluindo o clero aproveitassem isso para que todos fossem felizes, mas na verdade nem sempre é assim, nem me parece que é assim que acontece. Quem se encontra bem não consegue ver as misérias dos outros.

Na verdade a minha esperança, sim esperança é igual à do nosso amado Paulo, mas isso não prova que eu conheça o além nem tão pouco ele.

Na verdade Paulo nada sabia apesar de ter tido revelações que eu nunca tive a felicidade de ter.
Eu gosto da forma modesta de ele se expressar quando diz em 2ª Corintios cap 12:

3E sei que esse homem - ignoro se no corpo ou se fora do corpo, Deus o sabe! - 4foi arrebatado até ao paraíso e ouviu palavras inefáveis que não é permitido a um homem repetir.
(2ª Corintios 12)

Quanto ao «Lema» do forum, acho isso muito bonito.
Podiam acrescentar mais uma coisinha muito pequenina «humildade».
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Mensagem por Pe. Anderson Ter Jun 08, 2010 1:49 pm

Caro Manuel,

Creio que o senhor ainda nao entendeu o tema do nosso tópico. A questao aque é: os mortos estao dormindo, ou estao vivendo com Cristo?

Um único texto da Escritura sustenta a tesa do "sono" dos mortos. Esse é o texto do livro de Eclesiastes. Nós já demonstramos aqui que esse texto deve ser lido de acordo com o seu contexto. Assim sendo, o próprio livro de Eclesiastes afirma:

E o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus que o deu" (Ecl 12,7).

Depois, o Novo Testamento é unanime em ensinar que os mortos nao estao num estado de sono perpétuo, mas eles voltam para Cristo. Essa é a fé dos cristaos de todos os tempos, que o senhor Lutero quis deformar. Essa é a fé que fez com que os mártires (a começar por Pedro, Paulo, Estevao, os Apóstolos e todos os milhares de mártires cristaos ao longo dos séculos) entregassem suas vidas por Cristo. Os ensinamentos de Cristo sao também unânimes nesse ponto. "Ainda hoje estarás comigo no Paraíso"; Depois "Deus é um Deus dos vivos, nao dos mortos"; A parábola de Lázaro nos mostra a forma de pensar de Cristo sobre os mortos. Esses vao para o "seio de Abraao", e lá mantém sua consciencia, sua identidade e podem até mesmo pensar nos que ainda estao nessa vida.

Cristo depois desceu aos Infernos para pregar aos espíritos que lá o esperavam. Esse é um ensinamento explicitamente bíblico:

"Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados - o Justo pelos injustos - para nos conduzir a Deus. Padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, quando Deus aguardava com paciência, enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito se salvaram através da água" (1Pe 3,18-20).

Os santos viviam com essa certeza e por isso deram suas vidas:

Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte.
Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se o viver no corpo é útil para o meu trabalho, não sei então o que devo preferir. Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo - o que seria imensamente melhor;
mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós... Persuadido disto, sei que ficarei e continuarei com todos vós, para proveito vosso e consolação da vossa fé. (Filipenses 1, 20-24).

Esses textos e os outros apresentados acima sao suficientes para responder à questao proposta aqui: estao os mortos dormindo? Nao, as almas dos falecidos retornam para Cristo, vao para o Céu. "O ser do homem em Deus, isso é o Céu".

Isso nao significa que estamos imaginando o que seja o Céu, que sabemos perfeitamente o que é o Céu, que tivemos a experiência dessa vida fora do nosso corpo. Pensar isso é nao compreender a questao aqui tratada. Estamos expondo aqui a doutrina bíblica: Cristo, com sua vida, morte e ressurreiçao nos deixou um novo ensinamento sobre a morte: a morte agora nao é uma ida para o sheol triste, para a simples morado dos mortos, onde se está incosciente: a morte é a nossa passagem para a vida com Cristo!

"Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo - o que seria imensamente melhor;
mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós."

Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo para ir habitar junto do Senhor. É também por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos por agradar-lhe" (2 Cor 5,8-9).


"Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus: Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus. Levantaram então um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se atiraram furiosos contra ele. Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito" (At 7,55-59)

Para se afirmar que os mortos estao em estado incosciente, só há uma forma: dizendo que todos esses textos citados (e muitos outros que nao citamos aqui) sao falsos. Isso para nós é um absurdo.

Desculpe-me a sinceridade, mas, com todo o respeito, até agora o senhor nos ofendeu, nos criticou, mostrou muito pouco respeito conosceo e com a nossa fé e nao nos deu nenhum argumento razoável que possa negar a nossa fé, que é uma fé 100% bíblica.


Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.
Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.
Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!
A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante.
Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará.
A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita.
Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança.
Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido.
Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade. (1Coríntios 13)

Um grande abraço e que o Senhor o abençoe.


Última edição por Pe. Anderson em Ter Jun 08, 2010 2:07 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Pe. Anderson Ter Jun 08, 2010 1:56 pm

Caros amigos,

Ponho aqui um texto que nos ajuda a compreender melhor a questao:
Caros amigos,

P. Santo Padre, o jovem do Evangelho perguntou a Jesus: bom mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna? Eu não sei nem sequer o que é a vida eterna. Não consigo imaginá-la, mas sei uma coisa: não quero desperdiçar a minha vida, desejo vivê-la profundamente e não sozinha. Receio que isto não aconteça, tenho medo de pensar só em mim mesma, de errar tudo e de me encontrar sem uma meta para alcançar, vivendo o dia-a-dia. É possível fazer da minha vida algo de belo e grandioso?

Queridos jovens!
Antes de responder à pergunta gostaria de expressar o meu sentido agradecimento por toda a vossa presença, por este maravilhoso testemunho da fé, do querer viver em comunhão com Jesus, pelo vosso entusiasmo em seguir Jesus e viver bem. Obrigado!

E agora a pergunta. A senhora disse que não sabe o que é a vida eterna e nem imaginá-la. Nenhum de nós é capaz de imaginar a vida eterna, porque está fora da nossa experiência. Contudo, podemos começar a compreender o que é a vida eterna, e penso que, com a sua pergunta, nos tenha dado uma descrição do essencial da vida eterna, isto é, da verdadeira vida: não desperdiçar a vida, vivê-la em profundidade, não viver para si mesmos, não viver o dia-a-dia, mas viver realmente a vida na sua riqueza e na sua totalidade. E como fazer? Esta é a grande questão, que também o rico do Evangelho apresentou ao Senhor (cf. Mc 10, 17). À primeira vista, a resposta do Senhor parece muito seca. Afinal diz: guarda os mandamentos (cf. Mc 10, 19). Mas por detrás, se reflectirmos bem, se ouvirmos bem o Senhor, na totalidade do Evangelho, encontramos a grande sabedoria da Palavra de Deus, de Jesus. Os mandamentos, segundo a outra Palavra de Jesus, são resumidos neste único: amar a Deus com todo o coração, com toda a razão, com toda a existência e amar o próximo como a si mesmo. Amar a Deus, supõe conhecer Deus, reconhecer Deus. É este o primeiro passo que devemos dar: procurar conhecer Deus. E assim sabemos que a nossa vida não existe por acaso, não é ocasional. A minha vida é querida por Deus desde a eternidade. Eu sou amado, sou necessário. Deus tem um projecto comigo na totalidade da história; tem um projecto precisamente para mim. A minha vida é importante e também necessária. O amor eterno criou-me em profundidade e espera por mim. Por conseguinte, este é o primeiro ponto: conhecer, procurar conhecer Deus e assim compreender que a vida é um dom, que é bom viver. Depois o essencial é o amor. Amar este Deus que me criou, que criou este mundo, que governa entre todas as dificuldades do homem e da história, e que me acompanha. E amar o próximo.

Os dez mandamentos que Jesus menciona na sua resposta, são apenas uma explicitação do mandamento do amor. São, por assim dizer, regras de amor, indicam o caminho do amor com estes pontos essenciais: a família, como fundamento da sociedade; a vida, que se deve respeitar como dom de Deus; a ordem da sexualidade, da relação entre homem e mulher; a ordem social e, finalmente, a verdade. Estes elementos essenciais explicam o caminho do amor, explicitam como amar realmente e como encontrar o caminho recto. Por conseguinte, há uma vontade fundamental de Deus para todos nós, que é idêntica para todos nós. Mas a sua aplicação é diferente em cada vida, porque Deus tem um projecto claro para cada homem. São Francisco de Sales certa vez disse: a perfeição, isto é, ser bom, viver a fé e o amor, é substancialmente uma, mas em formas muito diversas. Muito diversa é a santidade de um beneditino e de um homem político, de um cientista e de um camponês, e assim por diante. E assim para cada homem Deus tem o seu projecto e eu devo encontrar, nas minhas circunstâncias, o meu modo de viver esta única e comum vontade de Deus cujas grandes regras são indicadas nestas explicações do amor. Portanto, procurar também realizar aquilo que é a essência do amor, isto é, não ter a vida para mim, mas dar a vida; não "ter" a vida, mas fazer da vida um dom, não procurar a mim mesmo, mas dar aos outros. É isto o essencial, e implica renúncias, ou seja, sair de mim mesmo e não procurar a mim mesmo. E precisamente não procurando a mim mesmo, mas doando-me pelas coisas grandes e verdadeiras, encontro a vida. Assim cada um encontrará, na sua vida, as diversas possibilidades: comprometer-se no voluntariado, numa comunidade de oração, num movimento, na acção da sua paróquia, na própria profissão. Encontrar a minha vocação e vivê-la em cada lugar é importante e fundamental, quer eu seja um grande cientista ou um camponês. Tudo é importante aos olhos de Deus: é belo se é vivido profundamente com aquele amor que redime realmente o mundo.

Para terminar, gostaria de contar uma pequena história de Santa Josepina Bakhita, esta pequena santa africana que na Itália encontrou Deus e Cristo, e que me dá sempre uma grande emoção. Era religiosa num convento; um dia, o Bispo do lugar visitou aquele mosteiro, viu esta pequena religiosa negra, da qual parecia que nada sabia e disse: "Irmã, o que faz aqui?". E Bakhita respondeu: "A mesma coisa que o senhor faz, excelência". O bispo visivelmente irritado responde: "Como, irmã, faz o mesmo que eu?", "Sim – responde a religiosa – ambos queremos fazer a vontade de Deus, não é verdade?". Por fim, este é o ponto essencial: conhecer, com a ajuda da Igreja, da Palavra de Deus e dos amigos, a vontade de Deus, quer nas suas grandes linhas, comuns para todos, quer na concretitude da minha vida pessoal. Assim a vida torna-se talvez não demasiado fácil, mas bela e feliz. Peçamos ao Senhor para que nos ajude sempre a encontrar a sua vontade e a segui-la com alegria.

Em vídeo:
http://www.h2onews.org/portugues/1-Eventos/224443341-papa-a-vida-de-cada-um-e-desejada-por-deus.html

Grande abraço a todos.
Pe. Anderson
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