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LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA??????????

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são vieira
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LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Empty LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA??????????

Mensagem por Thiago S. R. Contarato Dom Set 06, 2009 6:19 pm

Eu criei esse tópico por que esse tema ainda não foi tratado...

O caso é que eu vejo que a Igreja indica aos fiéis, em muitos documentos, a prática da leitura orante da Sagrada Escritura, que é chamada de Lectio Divina. O caso é que eu não sei exatamente como que se realiza esta prática de maneira que seja de acordo com a Doutrina Católica.

VAMOS ENTÃO AO PROBLEMA.

O caso é que a leitura se torna extremamente subjetiva e nós sabemos que a própria Bíblia na 2ª carta de São Pedro 1, 20 nos diz que:

Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal.

Parece que essa prática da Lectio Divina estimula uma interpretação pessoal e uma leitura subjetiva da Bíblia.
ISSO, PELO MENOS DA MANEIRA COMO GERALMENTE É DIVULGADO O MÉTODO DA LECTIO DIVINA. A PESSOA UM TRECHO QUALQUER (COMO UM SORTILÉGIO), MEDITA COM SEUS ENTENDIMENTOS OU COM O QUE DEUS "ILUMINAR" TRAZENDO PARA A SUA VIDA, ORA AGRADECENDO A DEUS O QUE DESCOBRIU DE NOVO E, POR FIM, COMTEMPLA ESSA IDÉIA.

Isso me lembra a "Sola Scriptura" de Lutero...



Eu pesquisei na internet e encontrei que foi prática usada amplamente pelos cristãos desde o início. No entando, ela só teria sido formalizada por Guigo II na sua "Scala Claustralium" por volta de 1180+ou-.
Ali estaria os 4 degraus da leitura orante da Bíblia: Lectio, Meditatio, Oratio e Comtemplatio.

Esse texto tem nesse site da ordem dos cartuxos http://www.chartreux.org/textes/pt/A_Scala.htm

PARA QUE NÃO HAJA INTERPRETAÇÃO PESSOAL, PENSO QUE SERIA NECESSÁRIO O AUXÍLIO DO MAGISTÉRIO DA IGREJA. E O TEXTO DA SCALA CLAUSTRALIUM JÁ NOS INDICA ISSO, QUANDO DIZ:


Mas, como haveremos de cogitar estas coisas, ou como poderemos evitar que, meditando coisas erradas e vãs, se transgridam os limites constituídos pelos santos Pais, a não ser que sejamos antes instruídos a tal respeito pela leitura ou pelo ensino?

O ensino, de certo modo, se relaciona com a leitura, o que nos leva habitualmente a dizer que lemos para nós mesmos ou para os outros, mas também o que ouvimos dos mestres.

NESSE SENTIDO, ME PARECE QUE É NA FASE DA MEDITATIO QUE SE BUSCARIA A INTERPRETAÇÃO DA IGREJA, DO SEU MAGISTÉRIO. ISSO PORQUE SÃO POUCOS OS QUE CONHECEM OS PROBLEMAS QUE EXISTEM NA LINGUAGEM, NO CONTEXTO E NO PRETEXTO DE UM TEXTO. SÓ A IGREJA, QUE ESTEVE MAIS PRÓXIMO DOS APÓSTOLOS COM OS PRIMEIROS PADRES DA IGREJA, PODERIA INTERPRETAR A BÍBLIA.

ENTÃO... VAMOS ÀS PERGUNTAS:

1ª- É REALMENTE NA FASE DA MEDITATIO QUE SE BUSCA A INTERPRETAÇÃO DA IGREJA???

2ª- JÁ OUVI FALAR QUE PODE SER NA LECTIO TAMBÉM, COMO ESTÁ NESTE SITE: http://www.cantodapaz.com.br/blog/metodos-de-leitura-da-biblia/m-lectio-divina/ SERIA CORRETO????

3ª- ENFIM, COMO A IGREJA EXPLICA OFICIALMENTE O MÉTODO DA LECTIO DIVINA???

4ª- EXISTE UM DOCUMENTO OFICIAL NO QUAL A IGREJA DESCREVEU MINUCIOSAMENTE A LECTIO DIVINA??? QUAL???

Faço estas perguntas porque sei que a Igreja indica a prática da Lectio Divina, porém do jeito que geralmente é ensinado parece que se trata de uma leitura sem o auxílio de um comentarista bíblico qualificado, quem melhor para isso que o Magistério?? Lectio Divina sem o auxílio dos comentários do magistério cairia em interpretação pessoal sem levar em conta o contexto, pretexto, etc...

5ª- ALÉM DISSO, SEI QUE EXISTEM AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA DE JERUSALÉM E DO PEREGRINO QUE POSSUEM MUITAS NOTAS QUE AUXILIAM NO ENTENDIMENTO, MAS EXISTIRIAM LIVROS PRÓPRIOS COM COMENTÁRIOS DO MAGISTÉRIO DA IGREJA CATÓLICA PARA SE INTERPRETAR CADA TRECHO DA BÍBLIA??? QUAIS??? ISSO ALÉM DOS COMENTÁRIOS DOS SANTOS, É CLARO! A PERGUNTA SE DIRECIONARIA PARA LIVROS MAIS ATUAIS.

OBRIGADO PELA ATENÇÃO.

Santo Tomás de aquino, rogai por nós!
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Mensagem por são vieira Seg Set 07, 2009 3:10 pm

muito bom ponto. o apóstolo pedro disse algo bastante importante... mas para termos a certeza do que realmente o texto quer dizer temos de conhecer o contexto e especialmente o ensino geral da biblia para não entrarmos em contradição

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Mensagem por alessandro Ter Set 08, 2009 11:12 am

a lectio divina, embora possa lembrar o princípio da sola scriptura, não é o mesmo.

um católico qdo faz sua leitura orante, assume que há uma autoridade acima da sua consciência individual para a interpretação da Escritura.

podemos dizer que na Bíblia há um sentido objetivo e mensagens subjetivas.
na lectio há uma tentativa de articular as duas. sendo que a segunda nunca pode contradizer a primeira.

qto às perguntas.
1 - as fases da lectio divina não são receptáculos fechados. tanto na lectio qto na meditatio pode se buscar o sentido objetivo.

além disso existem vários métodos se leitura orante, que podem nos ajudar neste ponto.

3 - acredito que meu preâmbulo a estas questões já toca nesta pergunta. no entanto não há uma reposta ofical no sentido de dogmática a questão. há o incentivo de tal tipo de relação com a Escritura e a posição de que acima da interpretação pessoal (subjetiva) há o magistério (objetiva)

4 - eu desconheço.

5 - livros que trazem comentários são muito úteis. (para mim, essenciais). particularmente recomendo a série "falar com Deus" de Francisco Carvajal. essa série ajuda muito na meditação, muito mesmo.

abraços
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Mensagem por Thiago S. R. Contarato Qua Set 16, 2009 2:18 pm

Oi Alessandro!

Tudo bem!
Obrigado pela resposta!

Desculpe ficou meio confuso essa parte para mim:
podemos dizer que na Bíblia há um sentido objetivo e mensagens subjetivas.
na lectio há uma tentativa de articular as duas. sendo que a segunda nunca pode contradizer a primeira.

De qualquer me parece que reduz-se o caráter subjetivo ao objetivo. Desse modo, é melhor apenas ler de maneira objetiva.

Poderia esclarecer melhor essa parte, Alessandro. Ou qualquer um que entender sobre isso.

Obrigado!

Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!
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Mensagem por alessandro Qua Set 16, 2009 3:59 pm

vou dar um exemplo que vai ajudar:
digamos que alguém leia a passagem do filho pródigo.

há um significado objetivo na passagem. Jesus fala sobre a questão dos pagãos e dos judeus... - Podemos dizer que esse é o significado objetivo.

no entanto, a passagem pode iluminar a vida de alguém que está afastado de Deus no nomento e incentivá-la a comunhão. - este seria um significado subjetivo que não contraditório com o signficado objetivo.

foi só um exemplo, caso não tenha ficado tenho melhorar depois.

abraços
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Mensagem por Thiago S. R. Contarato Dom Set 20, 2009 9:54 pm

Entendi o que o senhor quer dizer. A leitura subjetiva seria uma leitura buscando o que podemos levar para a nossa vida. Seria isso??

Está um pouco estranho pra mim... Ainda me parece perigosa essa leitura subjetiva.

Afinal de contas para a leitura subjetiva não ser contraditória com a leitura objetiva seria necessário conhecer primeiro a objetiva e depois buscar o que podemos levar para a nossa vida (leitura subjetiva).

Desse modo, toda a compreensão subjetiva deve estar fundada na compreensão objetiva. Tudo o que levamos para a nossa vida e entendemos da Bíblia deve estar fundado no contexto e pretexto do texto, que só o Magistério pode interpretar.

O que me encomoda é que a Igreja realmente recomenda a prática da Lectio Divina. No entanto, eu já vi casos em que o leitor da Bíblia pega um trecho e depois diz o que entendeu sendo "iluminado" pelo Espírito Santo(Coisa que é próprio do Magistério da Igreja, ou seja, os Bispos. Mesmo assim se faz com estudo). Os casos de sortilégio são os casos mais comuns nas reuniões de grupos. Pega-se um texto da Bíblia por sorte e depois diz que foi o Espírito Santo que o guiou para esse texto, e o pior é que se lê de modo irresponsável e subjetivo dizendo que é a Palavra de Deus.

Pelo que entendo, deveria ser assim: O Magistério da Igreja indica comentadores, que podem ser santos ou estudiosos, e estes devem ser lidos em uma das fases da Lectio Divina. Por exemplo: Lê-se Matheus 1,1; depois pode-se pegar a "Catena Áurea" de São Tomás de Aquino sobre o mesmo versículo para a compreensão objetiva do texto. Isso na fase da "Lectio" ou "Meditatio". Na Meditatio poderia então entrar essa comprensão "subjetiva" do texto, ou seja, o que levamos para a nossa vida, baseada na compreensão objetiva, é claro. Depois vem a Oratio, onde podemos pedir uma melhor compreensão do texto à Deus ou, com certeza, devemos agradecer pelo que aprendemos. Na Contemplatio se contempla tudo o que aprendeu.

Parece-me que assim seria mais correto... O que vcs diriam sobre isso???
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Mensagem por Thiago S. R. Contarato Dom Set 20, 2009 10:01 pm

Mas isso é apenas o que eu entendo acerca da Lectio Divina...

Gostaria de saber algo mais oficial da Igreja... Algum documento ou algo assim... para eu me sentir mais tranquilo em relação a esse tema.
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Mensagem por roberson_cmvd Qua Set 23, 2009 11:04 pm

Olá Thiago,

o Alessandro já fez alguns esclarecimentos e acredito que esteja pesquisando alguma coisa pra tentar lhe ajudar ainda mais. Eu também não conheço um documento oficial da igreja que trate especificamente deste assunto. Porém, gostaria de comentar algo:

Eu faço parte de uma comunidade que tem como carisma, como identidade, exatamente a Sagrada Escritura. Resumindo, colocando de forma objetiva (como vc mesmo diz), nossa missão é, mesmo com nossas misérias (e não são poucas), levar Cristo ao mundo. Como Maria, sermos "Mãe do Verbo Divino". Ela, que concebeu a Palavra, e ofereceu essa mesma Palavra aos homens. Assim sendo, nesse momento eu não falo com base em documentos, cartas ou exortações apostólicas, como costumamos fazer: falo com experiência de vida.

Eu entendi suas questões e suas dúvidas, mas o que registro aqui é que foi somente com "conclusões subjetivas" que Cristo fez grandes coisas na minha vida e na de minha família. Quando praticamos a Lectio Divina - e procuramos fazê-la diariamente - tentamos justamente entender o que Cristo quer pra mim, de forma muito pessoal, com aquele texto, naquele dia. No nosso caso, meditamos o texto que a própria Igreja nos oferece, diariamente através da Liturgia.

É claro que existem pessoas que fazem o que vc mencionou: abrem a Bíblia numa página qualquer para ver o que Deus tem pra falar. Aí, se não gostaram muito, pulam mais umas páginas e lêem novamente. Até encontrarem algo que lhes seja útil ou agradável. Mas isso não significa que esta seja a orientação da Igreja. Ao contrário, o que a Igreja recomenda é que, mediante verdadeiro momento de oração e de intimidade com o Senhor, cada uma medite profundamente a Palavra de Deus, permitindo que Ele dê orientações vivas a cada um.

Claro que existem pessoas que se aproveitam disso e dizem que determinadas decisões erradas foram tomadas a partir da Sagrada Escritura. Mas nem vou entrar nesse mérito pois sabemos que quando a pessoa quer, ela se aproveita de qualquer coisa...

Porém, sabemos que a Bíblia não é um livro qualquer, mas nosso relacionamento com a Palavra é um relacionamento com Alguém. Com Alguém que vive. A palavra é viva. A Igreja entende e acredita que a Palavra é Cristo. Então, quando leio a Palavra, entendo que é o próprio Cristo que quer me falar algo relativo à minha vida e às coisas que me cercam. O que interesa à Cristo é que minha vida seja transformada através daquilo que Ele está me falando. E isso nunca será oposto às "interpretações da Igreja", ou à própria moral, pois Cristo não se contradiz.

Percebo que sua preocupação é em relação às diferenças que podem haver em relação à "Interpretação da Igreja" e à "Interpretação Pessoal". Porém, me arrisco a dizer, que não encontro outro sentido na Sagrada Escritura que não seja o da interpretação pessoal. Para mim (por isso digo de forma pessoal), muito pouco vale saber os sentidos "objetivos" dos textos, se os mesmos não são aplicados de forma "subjetiva", "pessoal", à minha própria vida.

Um grande abraço. E que Deus lhe abençõe.
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Mensagem por Thiago S. R. Contarato Ter Set 29, 2009 12:18 am

DESCULPE GENTE, MAS EU NÃO TINHA VISTO QUE EXISTE UM "CONJUNTO DE TÓPICOS" SÓ PARA FALAR DA BÍBLIA E ACABEI COLOCANDO ESSE TÓPICO NA PARTE DO CATECISMO. SE FOR POSSÍVEL PARA ALGUÉM MOVER O TÓPICO PARA A ÁREA DA BÍBLIA SERIA INTERESSANTE. OBRIGADO.

Oi Roberson, tudo bem?

Vc falou de comunidade, mas seria uma comunidade específica ou seria toda a comunidade cristã. Bom, se for a maneira como eu entendi, essa comunidade não teria nada de específico, já que toda comunidade cristã possui como carisma ou identidade a Sagrada Escritura, senão seria realmente difícil que fosse cristã, num sentido amplo, incluindo o protestante.

O que nos diferencia do protestante é a interpretação "da Igreja", possuidora do Espírito Santo que veio em Pentencostes para os apóstolos e que será passado aos bispos, seus legítimos sucessores. Neste sentido, podemos citar aqui 2ª carta de São Pedro 1, 21:
Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus.


Apartir desse versículo, assim como "Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram", só esses mesmos homens inpirados pelo Espírito Santo poderão interpretar. Ora, inspirados pelo Espírito Santo foram os apóstolos, que transmitiram esse mesmo Espírito aos seus sucessores, os Bispos. Logo, só os bispos poderiam interpretar corretamente a Sagrada Escritura. Em outras palavras, apenas o Magistério da Igreja pode interpretar a Sagrada Escritura corretamente.

Mas vc ainda poderia fazer uma réplica: Isso não bate porque muitos santos fizeram interpretações da Bíblia e estes santos NÃO foram bispos. No entanto, a interpretação deles é levada em consideração.

A essa réplica eu responderia da seguinte maneira: Eles fizeram muitas interpretações, assim como vc e eu fazemos. Isso eu concordaria. O caso é que eles ainda estavam vivos e, enquanto estavam vivos, eles ainda não eram considerados santos, sendo no máximo teólogos ou padres. Desse modo, enquanto estavam vivos, só poderiam ser levados em consideração para as pessoas de sua época na medida em que se apoiavam nos seus antecessores (ou contemporâneos) já consagrados pelo Magistério da Igreja. Ou seja, a sua interpretação ganhava valor com o argumento de autoridade.

Assim também ocorre conosco. Para termos uma interpretação correta da Bíblia, é necessário nos apoiarmos na interpretação daqueles que são levados em consideração pelo Magistério da Igreja, ou na própria interpretação do Magistério. A isso é que eu chamo aqui de "caráter objetivo" da Sagrada Escritura.

Em outras palavras, eu quer dizer o o seguinte:
Quando vc diz:
levar Cristo ao mundo
Concordo plenamente com vc e assino embaixo. O caso é: Como vc sabe vc sabe que isso é "Cristo" e aquilo não é "Cristo". Como vc sabe que vc está levando "Cristo" corretamente ao mundo. A partir da interpretação do Magistério. Como vc mesmo faz:
No nosso caso, meditamos o texto que a própria Igreja nos oferece, diariamente através da Liturgia.


É claro que, quanto mais vc souber acerca da interpretação do Magistério em relação ao determinado texto da Liturgia melhor para entendê-lo.

Quanto ao caráter subjetivo e as "conclusões subjetivas" (como vc mesmo diz) devem então partir como princípio não de uma interpretação sua. Caso contrário, vc cairia no princípio de Sola Scriptura. Com certeza, isso não pode ser a Lectio Divina!!!!!

Teve um trecho do que vc disse que eu me assustei:

...sabemos que a Bíblia não é um livro qualquer, mas nosso relacionamento com a Palavra é um relacionamento com Alguém. Com Alguém que vive. A palavra é viva. A Igreja entende e acredita que a Palavra é Cristo. Então, quando leio a Palavra, entendo que é o próprio Cristo que quer me falar algo relativo à minha vida e às coisas que me cercam.

Vc fez uma relação muito perigosa entre o logos, o verbo (ou palavra, em algumas traduções) Divino e a Escritura Sagrada.

Vc parece ter feito o seguinte silogismo:
Cristo é a "Palavra" de Deus.
Ora, a Sagrada Escritura é a Palavra de Deus.
Logo, Cristo é a Sagrada Escritura.

Caí pra trás!!! HAHAHAHA... Quase morri quando li isso!!!!!!!!!!!!!!

Se for realmente esse raciocínio, o problema vai estar na ambiguidade do termo "palavra" no português e em outras linguas também. Por isso que eu prefiro a tradução do termo "logos" como "verbo", por que fica menos ambiguo, já que na epistemologia tomista a palavra "verbo" tem um significado técnico que ajuda a compreender bem melhor o prólogo do Evangelho de São João, por exemplo. É bem verdade que o termo "verbo" também pode ser ambíguo, se for entendido de acordo com a epistemologia tomista o texto fica mais claro.

A interpretação pessoal de cada um pode sim contradizer a Igreja. Isso tanto pode acontecer que temos o grande exemplo de Martinho Lutero e a sua Reforma Protestante. Provavelmente ele pensava estar com Cristo e com o Espírito Santo com a sua interpretação pessoal assim como muitos, até mesmo católicos. É claro que eu não estou te comparando com Lutero, por que sei que vc não vai fazer essa burrada toda que ele fez. O que quero dizer é que vc pode sim estar tendo uma interpretação errada e até contraditória com a Igreja, embora isso possa ser um pouco forte para se dizer. Tenha a certeza que digo todo o respeito e querendo te ajudar.


O que estou defendendo aqui é o seguinte:

Então, só se pode aceitar o caráter subjetivo depois do objetivo. Temporalmente, primeiro eu preciso ter certeza do que o texto diz (objetivo), depois eu posso buscar, apartir dessa certeza, o que o texto quer dizer a mim pessoalmente e atualmente, em relação a minha vida (subjetivo). Nunca se deve partir de um entendimento próprio, mas se deve partir da certeza de interpretação que a Igreja nos dá. Vc disse uma frase muito importante que coroou e fechou muito bem o seu texto:
...muito pouco vale saber os sentidos "objetivos" dos textos, se os mesmos não são aplicados de forma "subjetiva", "pessoal", à minha própria vida.
Concordo plenamente!! Mas eu complementaria dizendo: "No entanto, para aplicarmos a forma subjetiva é necessária a objetiva, porque a primeira deriva da segunda. O sentido subjetivo do texto não tem valor se estiver contrário ao sentido objetivo, por isso este último deve ser buscado primeiro."



Bom... Já existem tópicos para falar sobre a interpretação da Bíblia. Voltemos então à Lectio Divina.

Vamos ao problema:
Vc disse que não conhece nenhum documento, assim como o Alessandro. Então, como é que vcs sabem realizar a prática da Lectio Divina???????? De onde vcs tiraram esse conhecimento???? Tradição oral????

Entenda que eu não estou perguntando por maldade ou qualquer coisa nesse sentido. O caso é que eu quero ter certeza do que é a Lectio Divina e de como é que se realiza estando em total unidade com a Igreja Católica Apostólica Romana e o seu Magistério. Pois eu sei que a Igreja indica a prática da Lectio Divina, mas não sei como se faz. Eu quero saber como se faz de acordo com "o Magistério" para que eu possa realizar a prática corretamente. É só isso que eu quero.

Cansei de digitar... Outa hora eu continuo...

Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!
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Mensagem por alessandro Ter Set 29, 2009 12:04 pm

bom vamos lá...
entendo ambos os pontos de vista e não acho que sejam contraditórios. acho que os dois estão falando de coisas diferentes.

o thiago, fala da intepretação doutrinal da Escritura. e aí tem toda razão, não sou eu que vou decidir o que é ou não doutrina.

o roberson fala da aplicação prática da doutrina na vida e aí tb tem razão é impossível um texto do magistério cobrir todas.

acho que vale lembrar um adágio antigo: a Escritura cresce com aqueles que a lêem. isso não significa que há um acréscimo doutrina, mas que Palavra de Deus possui um poder que transcende tempo e espaço e pode ser aplicado a situações novas.

Quanto a lectio divina vale lembrar que foi um método que surgiu nos mosteiros e preconizava uma leitura global da Escritura. havia um pressuposto que a Escritura explicava-se a si mesma, o que guardada todas as ressalvas é um método bastante válido.

vale dizer um coisa, nem tudo na Igreja parte do magistério, embora nada tudo dependa de sua aprovação. vamos a ume exemplo: a oração do terço é uma prática popular que a Igreja como um todo abraçou.
além disso o magistério não caça os teólogos, um teólogo é livre para fazer sua pesquisa desde que a subordine ao magistério, ou seja, disse algo, o magistério condenou, volta a atrás. quero dizer que o magistério não detém o monopólio do Espírito que, como diz a Escritura, sobre onde quer. O magistério tem o dom e o dever de zelar pela fidelidade à fé dos apóstolos.

quero dizer com isso que o Espírito Santo falar na alma do fiel através da Lectio divina não é algo impossível, como é algo que o próprio Magistério atesta. Quando alguém é declarado doutor da Igreja é, entre outras coisas, por sua originalidade.

qto ao pergunta do Thiago, de onde a aprendi a lectio divina, de livros fiéis a ortodoxia e da prática comum da Igreja.

antes de encerrar quero comentar uma coisa: lectio divina pressupõe catequese. Alguém que não conheça a doutrina da Igreja pode cometer erros graves ao interpretar a Escrituras. como sabemos que não estamos violando o sentido objetivo na aplicação subjetiva?
Simples, conhecendo a dotrina católica.
é isso que vai diferenciar a aplicação subjetiva da Escritura por parte dos católicos da livre interpretação protestante.

ufa..acho que é por aí...
abraços a todos
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Mensagem por roberson_cmvd Dom Out 04, 2009 10:33 pm

Oi Thiago, desculpe pela demora na resposta, mas é que conseguir tempo tem sido um problema, rsrs.

Olha só, compreendo suas colocações. Mas acho que o Alessandro fechou bem.

Entretanto, se vc ainda não o fez, recomendo a leitura da Constituição Dogmática "Dei Verbum". Acho que poderá lhe ser útil. (http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html)

A Igreja ensina justamente que é necessário sim uma sólida formação para não haver interpretações equivocadas sobre os textos bíblicos. Em momento algum neguei isso. Justamente por saber, como vc mesmo mencionou, que vários erros já aconteceram ao longo da história da igreja devido às más interpretações. Vc mencionou Lutero: se alguém interpreta algo que não vai de encontro ao que a Igreja ensina através do Magistério ou da Tradição, certamente é uma interpretação equivocada. A Dei Verbum trata isso com muita propriedade.

Mas é o que o Alessandro disse: o Magistério nunca cobrirá tudo, de modo absoluto. Porém, isso não significa que está correto tudo o que eu interpretar, se ela não "cubrir" tais interpretações.


"Vc fez uma relação muito perigosa entre o logos, o verbo (ou palavra, em algumas traduções) Divino e a Escritura Sagrada.
Vc parece ter feito o seguinte silogismo:
Cristo é a "Palavra" de Deus.
Ora, a Sagrada Escritura é a Palavra de Deus.
Logo, Cristo é a Sagrada Escritura.
Caí pra trás!!! HAHAHAHA... Quase morri quando li isso!!!!!!!!!!!!!!"
Em relação a este comentário, eu lhe digo que este não é o "meu" pensamento, mas o da Igreja Católica mesmo. Veja o CIC nº 104:

"Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua força, pois nela não acolhe simplesmente uma palavra humana, mas o que ela é realmente: a Palavra de Deus. 'Com efeito, nos Livros Sagrados o Pai que está nos céus vem carinhosamente ao encontro de seus filhos e com eles fala'".
"E com eles fala". É uma Palavra viva. É Alguém que no diz, que nos fala de modo muito pessoal, indicando-nos o caminho que devemos seguir. Mas como já foi explanado várias vezes, esse caminho nunca será algo que vá contra os ensinamentos da Igreja.

Com a meditação da Palavra, conhecemos diretamente o próprio coração de Cristo, como nos ensina São Tomás de Aquino na Expositio in Psalmos: "O coração de Cristo designa a Sagrada Escritura, que dá a conhecer o coração de Cristo.".

O que quis lhe dizer, é que a Igreja defende o que você defende: a necessidade de uma boa formação para uma melhor interpretação da Sagrada Escritura. Mas por outro lado, ela também defende que não podemos ficar somente na parte objetiva dos textos, em seus sentidos literais, mas que precisamos também entender o sentido espiritual que ela possui.

"Sacra Scriptura principalius est in corde Ecclesiae quam in materialibus instrumentis scripta" - A Sagrada Escritura está escrita mais no coração da Igreja do que nos instrumentos materiais.

É o Espírito Santo que dá a interpretação espiritual da Escritura (CIC 113), logo, é bem possível que este mesmo Espírito me fale algo através da Sagrada Escritura, relativo a minha própria vida, que talvez nunca tenha revelado a nenhuma outra pessoa, da maneira que revelou a mim.

Veja que não estou falando de grandes descobertas na Igreja, mas sim, de revelações do Espírito, através da Sagrada Escritura, que nunca vão "contra" essa mesma Igreja, e que vem me ser útil nas coisas simples da vida. No meu dia-a-dia.

Em relação à comunidade da qual faço parte, trata-se das "Novas Comunidades". Mas acredito que o espaço aqui não seja pra entrarmos nesse tema. Mas se quiser postar um tópico sobre isso ficarei feliz em participar.

Um forte abraço.
Que Deus e Nossa Senhora o abençõe.
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Mensagem por Thiago S. R. Contarato Seg Out 05, 2009 1:44 am

Roberson, me perdoe o modo como eu me expressei!
Eu não tinha percebido como eu tinha escrito de modo ofensivo!
Saiba que de nenhum modo eu quis te ofender!
O que eu falei de comunidade e acerca do "silogismo" foi só querendo ser um engraçado!

Perdoe-me sinceramente.
Eu merecia um grande fora e vc foi bastante paciente comigo.
Muito Obrigado.

Quanto à formação: Eu não falo aqui de uma formação universal acerca da Igreja, ou seja, de tudo que a Igreja ensina para depois buscar ler a Bíblia e interpretá-la. Pow! Se alguém fizer isso, nunca vai buscar ler a Bíblia, porque vai levar a vida inteira estudando os ensinamentos da Igreja, que penso que são incontáveis.

O que eu quero defender aqui, e percebo que vc entendeu, é que ao ler um determinado texto da Bíblia seria necessário, para uma interpretação correta, um acompanhamento de alguma interpretação já consagrada pelo Magistério. Por exemplo: Como o texto de São Tomás que vc citou. São Tomás já é consagrado como grande autoridade pela Igreja, assim como Santo Agostinho e outros que fizeram comentário, às vezes de cada versículo da Bíblia(Uma coisa impresionante!). Além disso, podem ser os próprios exegetas atuais, que a Igreja confia, obviamente.

A única coisa que estou dizendo é indicada pela "Dei Verbum":

Interpretação da Sagrada Escritura
12. Como, porém, Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.
Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre outras coisas, os «géneros literários». Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de géneros históricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de facto exprimiu servindo se os géneros literários então usados. Com efeito, para entender rectamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se frequentemente nas relações entre os homens de então.
Mas, como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do recto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus.

Esse documento disse tudo o que eu quis dizer. Podia ter copiado e colado. Seria menos cansativo. hehehe...

É óbvio que o texto Sagrado nos fala algo pessoalmente. Mas como saber o que ele está nos dizendo??? Simplesmente ler o texto?? Defendo que não! Seria necessária uma ajuda da Igreja ou de algum exegeta confiável. A isso que chamo de caráter objetivo.

Uma vez que se sabe o que o autor do texto quer nos dizer, segundo a interpretação aceita pela Igreja, podemos partir então para o que "levamos para a nossa vida pessoalmente", poderíamos chamar aí de caráter subjetivo.

No fim das contas, quero dizer o seguinte:
Não se pode simplesmente ler um texto da Sagrada Escritura com as suas próprias forças, capacidades e inteligência sem um auxílio da Tradição e do Magistério da Igreja. Todos esses santos, quando leram a Bíblia, leram com o auxílio da Igreja. Até mesmo São Tomás. Com certeza, São Tomás buscava uma interpretação correta com unidade do texto Sagrado, segundo o ensinamento da Igreja. Obviamente que a Sagrada Escritura dá a conhecer o coração de Cristo, mas apenas com o entendimento objetivo do texto, que, uma vez entendido, pode ser levado de modo pessoal para a nossa vida subjetivamente.

Entendo o que vc está falando quando diz:
É o Espírito Santo que dá a interpretação espiritual da Escritura (CIC 113), logo, é bem possível que este mesmo Espírito me fale algo através da Sagrada Escritura, relativo a minha própria vida, que talvez nunca tenha revelado a nenhuma outra pessoa, da maneira que revelou a mim.

Veja que não estou falando de grandes descobertas na Igreja, mas sim, de revelações do Espírito, através da Sagrada Escritura, que nunca vão "contra" essa mesma Igreja, e que vem me ser útil nas coisas simples da vida. No meu dia-a-dia.

Mas entenda que tudo isso que vc diz só pode ocorrer depois de se ter uma interpretação objetiva do texto. E "em cima" dessa interpretação objetiva do texto é que se deveria levar em consideração tudo o que o Espírito Santo te revela para a sua vida pessoalmente. Vc só vai saber que "nunca vão contra" se vc souber o caráter objetivo do texto.

É isso que eu defendo que deveria ser feito em um dos degraus da Lectio Divina.

No entanto, existe um texto que eu encontrei no site do vaticano do SÍNODO DOS BISPOS: XII ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA, que tem como tema "A PALAVRA DE DEUS NA VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA", que diz assim sobre a Lectio Divina:
A novidade da Lectio Divina no povo de Deus exige uma oportuna pedagogia de iniciação, que leve a compreender bem do que se trata, e contribua para esclarecer o sentido dos diversos graus e uma sua aplicação tão fiel quanto sabiamente criativa. Existem, de facto, diferentes modalidades de Lectio Divina, como a chamada dos Sete Passos (Seven Steps), praticada em muitas Igrejas particulares em África. Chama-se assim, porque o encontro com a Bíblia é como um caminho feito de sete momentos: presença de Deus, leitura, meditação, paragem, comunicação, colóquio e oração comum. O próprio nome de Lectio Divina em certas partes muda, por exemplo, para Escola da Palavra ou então leitura orante.

Enquanto eu estava buscando um modo correto de fazer a Lectio Divina não sabia que na verdade existiriam então diversas "modalidades" de Lectio Divina. Agora a coisa complicou para mim. Agora é que eu não sei mais o que é a Lectio Divina mesmo.

Mesmo assim, perece-me que o que eu defendo ainda está de pé. Digo isso por causa do texto logo acima desse aí. E de modo bem interessante para vc Roberson. Diz assim:
O Santo Padre Bento XVI recomenda que se a faça «recorrendo também aos novos métodos, cuidadosamente ponderados de acordo com os tempos» [56]. Em particular, o Santo Padre recorda aos jovens que «é sempre importante ler a Bíblia de forma muito pessoal, num colóquio pessoal com Deus, mas, ao mesmo tempo, é importante lê-la na companhia de pessoas com que se caminha».

Cansei por hoje. UFA!!
Outra hora eu escrevo mais. hehehehe

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Mensagem por Thiago S. R. Contarato Ter Out 06, 2009 1:34 pm

Continuando...

Em relação ao silogismo que eu fiz, Roberson, só pra esclarecer melhor o que eu disse.

Eu cai para trás por que foi como se vc tivesse identificado Cristo=Sagrada Escritura, o que seria errado. Pode-se dizer isso em relação à Eucaristia, Cristo=Eucaristia, Cristo é a Eucaristia. Em relação à Sagrada Escritura talvez seria melhor dizer: "Ensinamento, vontade ou coração de Cristo" = Sagrada Escritura, ou seja, a "vontade de Cristo" está nas (ou é as) Sagradas Escrituras. Porém, "Cristo" não é a Sagrada Escritura.

Eu caí para trás com essa citação:
"...sabemos que a Bíblia não é um livro qualquer, mas nosso relacionamento com a Palavra é um relacionamento com Alguém. Com Alguém que vive. A palavra é viva. A Igreja entende e acredita que a Palavra é Cristo. Então, quando leio a Palavra, entendo que é o próprio Cristo que quer me falar...

Os silogismos então seriam assim, com respectiva correção segundo a Igreja:
O relacionamento é com a Palavra, > Certo
O relacionamento é com "Alguém", > Errado, "ensinamento de Alguém"
Logo, A Palavra é alguém, > Errado, "A Palavra é ensinamento de Alguém"
Ora, Esse "Alguém" vive, > Certo, mas esse "vive" é real.
Logo, a Palavra vive. > Certo, mas esse "vive" é metafórico, quer dizer, sempre tem valor.
Mas esse "alguém" é Cristo. > Certo, Cristo vive realmente.
Logo, Cristo é a Palavra, que vive. > Errado, o "ensinamento de Cristo" é a Palavra, que vive, ou seja, que tem valor.

Entenda-se "vive realmente" como "ter a capacidade de mover a si mesmo". (Suma Teológica I, Q.18, a.1, sol.) Daí fica claro porque São Tomás disse "Coração de Cristo" é não "Cristo" na citação que vc disse. è bem sutil, mas essas "sutilezas" são extremamente importantes.

O problema é como saber o que está nas Sagradas Escrituras??? Qual é o ensinamento de Cristo, de Deus??

Para tanto, e para que não haja dúvidas em relação a São Tomas de Aquino, citemos um texto do aquinate(ST I, Q.1, a.10, sol):
"
SOLUÇÃO.
— O autor da Sagrada Escritura é Deus, em cujo poder está dar significação não só às palavras, o que também o homem pode fazer, mas ainda às próprias coisas. Por isso, além do que se dá com todas as ciências, nas quais as palavras têm significação, esta ciência tem de próprio que as coisas mesmas significadas pelas palavras, por sua vez, também significam. Ora, a primeira significação, pela qual as palavras exprimem as coisas, é a do primeiro sentido, que é o histórico ou literal. E a significação pela qual as coisas expressas pelas palavras têm ainda outras significações, chama-se sentido espiritual, que se funda no literal e o supõe.
Mas, este sentido espiritual tem três subdivisões. Pois, como diz o Apóstolo (Heb. 7, 19), a lei antiga é figura da nova e esta, por sua vez, como diz Dionísio, o é da glória futura; e, demais, na lei nova, as coisas feitas pelo chefe são sinais das que nós devemos fazer. Ora, quando as coisas da lei antiga significam as da nova, o sentido é alegórico; quando as realizadas em Cristo, ou nos que o que significam, são sinais das que devemos fazer, o sentido émoral; e quando significam as coisas da glória eterna, o sentido é anagógico."

E também (ST I, Q.1, a.10, ad.1):

— A multiplicidade de tais sentidos não gera o equívoco nem nenhuma outra espécie de multiplicidade; pois, como já se disse, esses sentidos se multiplicam, não por ter uma palavra muitas significações, mas porque as próprias coisas significadas pelas palavras podem ser sinais de outras coisas. Donde o não haver nenhuma confusão na Sagrada Escritura, por se fundarem todos os sentidos em um, o literal, com o qual somente se pode argumentar, e não com o sentido alegórico, como diz Agostinho. Mas, nem por isso, nada se perde da Escritura Sagrada; pois, não nada de necessário à fé, contido no sentido espiritual, que ela não explique manifestamente, alhures, no sentido literal."

Com esses textos de Santo Tomás de Aquino depreende-se que existem dois sentidos principais que são o sentido literal ou histórico(Objetivo) e o sentido espiritual. Com as frases que eu marquei de vermelho depreende-se que o sentido espiritual deve estar fundado no sentido literal.

Além disso, o sentido espiritual se subdivide em alegórico, moral e anagógico. Provavelmente, esse lado pessoal e subjetivo que nós falamos seria uma variação do que São Tomás chama de sentido moral. Desse modo, observamos que São Tomás estaria de acordo com o que eu defendo dizendo que o sentido moral está fundado no sentido literal, ou seja, o caráter subjetivo do texto está fundado no caráter objetivo. Ora para se fundar uma coisa é necessário conhecer o fundamento. Logo, para se fundar o sentido moral no literal é necessário conhecer primeiro o sentido literal de um texto, depois o moral.

Com isso tudo, independentemente da "modalidade" de Lectio Divina que se realiza, é necessário conhecer primeiro o sentido literal e objetivo do texto para depois buscar saber o que Cristo quer nos ensinar com esse sentido literal de modo pessoal na minha vida.

Se se inverter a ordem das coisas a Lectio Divina vai se tornar o princípio de Sola Scriptura defendido por Lutero. E iremos cair no fundamentalismo, se preocupando apenas com o texto, e não com o pretexto e contexto, ignorando o que Magistério da Igreja nos indica.

Quanto a isso, acho que já está mais que claro.
O problema é o texto do SÍNODO DOS BISPOS que eu citei acima na última mensagem. Depois eu escrevo mais.

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Mensagem por Pe. Leo Ter Out 06, 2009 4:49 pm

Olá a todos. Peço perdao pelo desaparecimento do fórum. ESTE TEMA É REALMENTE APAIXONANTE. Nao é à toa que a SE é a alma da Teologia....

Somente começarei a dar algumas luzes, pois sao muitas as questoes que aqui precisam de precisao.

Antes de mais nada, confirmo as respostas do Alessandro e do Roberson.

Também valeria dizer que a funçao do magistério da Igreja é guardar o depósito da fé e manifestar-se quando existem desviaçoes ou para dar precisoes no que se refere à Fé e Moral, nao guiar cada passo de nossa caminhada. Sendo assim, a prática da lectio Divina, em seu primeiro momento, nao é objeto de intervençao magisterial. A Lectio Divina nao é verdade de Fé.

A Interpretaçao dos textos sagrados nao se faz dentro da Lectio Divina. a Lectio supoe esta interpretaçao. Nem todas as passagens necessitam de uma interpretaçao, por serem claras por sí mesmas.

Nota-se também uma falsa compreensao do que significa a Palavra LOGOS, no mundo grego, que é uma adaptaçao do DABAR hebraico.. Traduzir Logos, o Logos estóico como mera palavra, seria falta de conhecimento semântico e filosófico. Quanto mais teológico.

Seria necessário também precisar questoes de introduçao geral à Sagrada Escritura, para compreender o q significa a afirmaçao: QUANDO ME RELACIONO COM A PALAVRA DE DEUS, ME RELACIONO COM UMA PESSOA. Isso sim é verdade de Fé e questao básica para se entender a SE.

Algo tao radical como a Encarnaçao, é dar-se conta do fato de que o Verbo se faz Palavra.

Amo e conheço muito a ST. Tomás, mas.......St. Tomás nao é magistério nem única explicaçao para as realidades teologicas. Prefiro ficar em primeiro lugar com os Padres, que sao a Tradiçao e de onde St. Tomás bebeu.

Como coloquei, sao só questoes enunciadas que deverao ser precisadas. Tentaremos fazer isso sem demorar muito tempo. Abraços a todos.


Última edição por Pe. Leo em Qua Out 07, 2009 5:57 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por roberson_cmvd Ter Out 06, 2009 10:00 pm

Olá Thiago,

o que vou dizer é só um parênteses em relação ao que o Pe. Leo irá explorar:

Sabe, na Filosofia a parte que mais me atraia era a de São Tomás. A proposta de estudá-lo sempre me deixava entusiasmado. Confesso que o preferia em relação aos outros filósofos, apesar de, é claro, buscar entender tb os outros. Mas nem mesmo ele (assim como os outros santos) são os detentores da verdade. Vale lembrar a descordância de São Tomás em relação à Imaculada Conceição de Maria (que vc sabe, ainda não tinha sido definida como dogma).

Mas não é nisso que quero me deter.

Acredito que vc tenha tocada na parte essencial da conversa e tb de sua dúvida:
(1)O relacionamento é com a Palavra, > Certo
(2)O relacionamento é com "Alguém", > Errado, "ensinamento de Alguém"
(3)Logo, A Palavra é alguém, > Errado, "A Palavra é ensinamento de Alguém"
(4)Ora, Esse "Alguém" vive, > Certo, mas esse "vive" é real.
(5)Logo, a Palavra vive. > Certo, mas esse "vive" é metafórico, quer dizer, sempre tem valor.
(6)Mas esse "alguém" é Cristo. > Certo, Cristo vive realmente.
(7)Logo, Cristo é a Palavra, que vive. > Errado, o "ensinamento de Cristo" é a Palavra, que vive, ou seja, que tem valor

Na análise destas premissas, vejo o seguinte:

O nosso relacionamento, que é com a Palavra, não é com uma palavra que é somente uma palavra, mas com A Palavra que é sim o próprio Cristo, de forma que eu não me relaciono simplesmente com a palavra de Alguém ou com o ensinamento de Alguém, mas com "O" Alguém que é A Palavra e que é O Ensinamento. Em Cristo é impossível distinguir Logos x Verbo x Palavra x Cristo.

Mas como estamos tratando de um assunto que remonta os séculos, vou aguardar as palavras do nosso querido Pe. Leo.

Um abraço e até mais.

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Mensagem por Thiago S. R. Contarato Qua Out 07, 2009 1:56 am

ANTES DE MAIS NADA, OBRIGADÃO AO PESSOAL QUE MUDOU O TÓPICO DO CATECISMO PARA ESSA PARTE DA BÍBLIA.

ÔÔ Pe. Leo! Belezinha! O tópico tava precisando de caras novas!

Como o senhor disse que ia precisar mais os temas estou esperando a sua próxima mensagem. Por enquanto só entendi e concordo com o parágrafo:
Nota-se também uma falsa compreensao do que significa a Palavra LOGOS, no mundo grego, que é uma adaptaçao do DABAR hebraico.. Traduzir Logos, o Logos estóico como mera palavra, seria falta de conhecimento semântico e filosófico. Quanto mais teológico.

Não consigo entender como Fé e Moral, não é guiar os passos. A Lectio Divina seria uma questão de Fé sim, porque uma má compreensão poderia levar à catástrofes seja na vida cotidiana ou na fé da pessoa, embora não seja uma "Verdade de Fé", ou dogma, como o senhor diz.

Não entendo como se pode ler um texto sem fazer uma interpretação. Quando se lê, busca-se as idéias que um texto nos transmite, objetivo e depois pessoal de modo pessoal, isso é interpretar. Espero a especificação então de como uma pessoa pode ler um texto sem interpretá-lo. Parece talvez pressupor que a interpretação deve estar antes da Lectio Divina, deste modo esta a supoe, a interpretação correta não estaria dentro. Seria isso??


Quanto a Santo Tomás de Aquino, parem de ser franciscanos e nominalistas! RSRSRS Brincadeirinha...

Eu nunca afirmei que Tomás de Aquino é o Magistério, mas posso afirmar que o Magistério indica São Tomás de Aquino de modo muito especial.

Já que vcs amam o Magistério, citemos o Magistério:
“Deveis seguir a doutrina do bem-aventurado Tomás, como verdadeira e católica, e aplicar todas as vossas forças a desenvolvê-la” (Papa Urbano V em uma Carta à Universidade de Toulousse, 1368).

“Se se encontram doutores cuja doutrina não está de acordo com a de Santo Tomás de Aquino, e qualquer que seja seu mérito, não há dúvida possível, deve ser preferido este aos primeiros” (Leão XIII, Carta à Companhia de Jesus, 30 de dezembro de 1892).

“Sempre desde a ditosa morte do Santo Doutor, a Igreja não manteve um só concílio sem que ele estivesse presente com toda a riqueza de sua doutrina” (São Pio X, Motu Proprio Doctoris Angelici).

"A Igreja declara que a doutrina de Tomás de Aquino é a sua." (Bento XV, Encíclica Fausto Appetente Die, 29 de junho de 1921).

“Quanto a nós, ao fazermos eco deste coro de recomendações tributadas àquele sublime gênio, aprovamos não só que seja chamado Angélico, mas também que se dê a ele o nome de Doutor Comum ou Universal, dado que a Igreja fez sua a doutrina dele, como se confirma por muitíssimos documentos” (Pio XI, Encíclica Studiorum Ducem, 29 de junho de 1923).

“A todos quantos agora sentem sede da verdade, dizemos-lhes: ide a Tomás de Aquino” (Pio XI, Encíclica Studiorum Ducem).

“Pela primeira vez sucedeu que um Concílio ecumênico recomendasse um teólogo; isso se deu com Santo Tomás [no Vaticano II]” (Paulo VI, Lumen Ecclesiae, 20 / XI / 74, 24) .

"Desde os inícios do meu Pontificado não deixei passar ocasião propícia sem recordar a excelsa figura de São Tomás, como, por exemplo, na minha visita à Pontifícia Universidade «Angelicum» e ao Institut Catholique de Paris, na alocução à UNESCO e, de modo explícito ou implícito, nos meus encontros com os Superiores, professores e alunos das Pontifícias Universidades Gregoriana e Lateranense." (Discurso do Papa, João paulo II, aos participantes do VII Congresso Tomista Internacional).

"[...]Neste contexto, apraz-me recordar o que escreveu o meu Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, por ocasião do sétimo centenário da morte do Doutor Angélico: « Sem dúvida, S. Tomás possuiu, no máximo grau, a coragem da verdade, a liberdade de espírito quando enfrentava os novos problemas, a honestidade intelectual de quem não admite a contaminação do cristianismo pela filosofia profana, mas tão pouco defende a rejeição apriorística desta. Por isso, passou à história do pensamento cristão como um pioneiro no novo caminho da filosofia e da cultura universal. O ponto central e como que a essência da solução que ele deu ao problema novamente posto da contraposição entre razão e fé, com a genialidade do seu intuito profético,[...](João paulo II, Fides et Ratio)

Pe. Leo, o senhor que prefere mais os Padres, esse parágrafo 24 da Aeterni Patris, de Leão XIII:
“Entre todos os Doutores escolásticos, brilha, com brilho sem igual, o seu príncipe e mestre de todos, Tomás de Aquino, que, como observa Caietano, ‘por haver profundamente venerado os Santos Doutores que o tinham precedido, herdou de alguma sorte a inteligência de todos. Tomás reuniu as doutrinas deles como os membros dispersos de um corpo, reuniu-as, classificou-as numa ordem admirável, e enriqueceu-as de tal sorte, que ele próprio é, com justa razão, considerado o defensor especial da honra da Igreja.”

Como o senhor mesmo disse, Santo Tomás "bebeu" do ensinamento dos Santos Padres. E digo, que não só bebeu, mais "herdou a inteligência de todos". Se o senhor prefere seguir os Padres, nada mais justo do que seguir primeiro aquele que reuni os pensamentos dos padres.

Sei que, com certeza, o senhor, Pe. Leo, e Roberson conhecem esses documentos e essas citações acerca de São Tomás, mas é sempre bom relembrar para aqueles que entram no forum e não conhecem.

Desculpe ser duro com a palavra agora. Mas o tema aqui não é Tomás de Aquino, apenas citei alguns textos de Tomás anteriormente para mostrar o pensamento de Tomás acerca do tema do tópico, e não se tudo em Tomás de Aquino é válido ou não. Se vcs tem um modo de refutar a tese de São Tomás apresentem a tese que eu observarei com atenção. Mas se vcs querem ofender Tomás de Aquino e todos os Papas acima citados criem outro tópico para isso. Esse tópico não é para falar mal de Tomás de Aquino!!!!!!!!!!!! Não me importa se é um tira dúvida ou não!




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LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Empty Re: LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA??????????

Mensagem por Alan Qua Out 07, 2009 9:24 am

Acho que nem de longe a intenção deles foi essa..... e criar um tópico para ofender alguém não convém com a temática de um fórum cristão onde devemos espalhar o amor fraterno. Outra coisa somos todos iguais aqui, o cargo de "Tira-dúvida" são designados à pessoas com conhecimento suficiente sobre os temas para ajudar-nos então tenho certeza de que eles não colocam o cargo como um posto superior aos usuários para falarem o que querem sem preocupações.

Aos tira-dúvida e administradoes, se falei algo de errado me corrijam.

Paz e Bem a todos e fiquem com Deus
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LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Empty Respondendo às perguntas.

Mensagem por Pe. Leo Qua Out 07, 2009 10:47 am

Voltando ao que é essencial na questao colocada, responderemos primeiramente às questoes apresentadas no princípio.

1) É REALMENTE NA FASE DA MEDITATIO QUE SE BUSCA A INTERPRETAÇÃO DA IGREJA???
2) JÁ OUVI FALAR QUE PODE SER NA LECTIO TAMBÉM.

Nao. o objetivo da Lectio Divina nao é buscar a interpretaçao, mas sim aplicá-la à vida. A Lectio supoe a interpretaçao. A Interpretaçao da Igreja se encontra nos livros e no escutar as testemunhas autorizadas para poder pregar a Palavra de Deus num contexto Litúrgico.

Vale a pena ressaltar também que da Igreja nao significa fixar uma única interpretaçao para tal passagem. Coloco como exemplo, uma passagem q está criando confusoes em um outro tópico, que é Gen. 3, 15. SEgundo a Igreja, a Mulher pode ser Israel, Maria ou a Igreja....as 3 com conexoes entre sí. E assim com outras passagens.


Última edição por Pe. Leo em Qua Out 07, 2009 11:07 am, editado 1 vez(es)
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LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Empty Perguntas 3 e 4.

Mensagem por Pe. Leo Qua Out 07, 2009 10:57 am

3ª- ENFIM, COMO A IGREJA EXPLICA OFICIALMENTE O MÉTODO DA LECTIO DIVINA???

4ª- EXISTE UM DOCUMENTO OFICIAL NO QUAL A IGREJA DESCREVEU MINUCIOSAMENTE A LECTIO DIVINA??? QUAL???


Nao existe explicaçao oficial, pois é uma método de oraçao. E tb nao existe um documento oficial. E nao é necessário, ao menos de momento.
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LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Empty Pergunta 5.

Mensagem por Pe. Leo Qua Out 07, 2009 11:06 am

5ª- ALÉM DISSO, SEI QUE EXISTEM AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA DE JERUSALÉM E DO PEREGRINO QUE POSSUEM MUITAS NOTAS QUE AUXILIAM NO ENTENDIMENTO, MAS EXISTIRIAM LIVROS PRÓPRIOS COM COMENTÁRIOS DO MAGISTÉRIO DA IGREJA CATÓLICA PARA SE INTERPRETAR CADA TRECHO DA BÍBLIA??? QUAIS??? ISSO ALÉM DOS COMENTÁRIOS DOS SANTOS, É CLARO! A PERGUNTA SE DIRECIONARIA PARA LIVROS MAIS ATUAIS.

Os comentários de ambas sao muito proveitosos, tendo a do Peregrino o problema de ter sido comentada por um autor só.

1) Recomendo, em primeiro lugar, os comentários dos Padres da Igreja e suas homilías.

2) A BIBLIA CLERUS, que se encontra no site da Congregaçao para o Clero , que é a Bíblia comentada pelos Padres e com textos do magistério.

3)Sem sombra de dúvidas, todas as homilías de Bento XVI. Excelente comentador. Assim como todas as homilías dos Pontífices, ainda que estejam exercendo magistério ordinário.

4)A Bíblia de Navarra, que traz muito bem a conjugaçao de textos patrísticos e magisteriais.

5)As homilias de Raniero Cantalamessa.

Entre outros. Mas antes de ler qualquer texto, vale sempre a pena consultar alguém q saiba teologia e possa te dizer algo sobre eles.

Depois cometaremos o silogismo ( quase herético ) colocado e outras questoes.
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LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Empty Re: LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA??????????

Mensagem por Thiago S. R. Contarato Qua Out 07, 2009 5:55 pm

AGORA, COM A CABEÇA FRIA, CONCORDO PLENEMANTE, ALAN. ANTES DE MAIS NADA, PE. LEO E ROBERSON, ME DESCUPEM PELA ÚLTIMA MENSAGEM QUE EU MANDEI. STRESS, NERVOSISMO E PREOCUPAÇÃO É UMA PÉSSIMA COMBINAÇÃO. SABEM COMO É!

Sabemos que existem algumas falhas e alguns "buracos" no pensamento de Tomás de Aquino. Cabe aos tomistas tampar esses buracos. Com certeza se Tomás estivesse em nossa época ele iria consertar o seu erro, fiel que era à Doutrina Católica. Sabemos também que o Dogma da Imaculada Conceição foi proclamado depois, ou seja, o pensamento de Tomás não era contrário à Doutrina Católica de sua época, nos meios intelectuais. Na nossa época precisamos corrigir esse pensamento da melhor maneira possível, chamando Duns Scotus talvez. Por que precisamos corrigir? Porque o Magistério da Igreja assume a doutrina do aquinate como sendo sua, ou como sendo fundamento de seu pensamento. Por que o Magistério fez isso? Por causa do respeito que Tomás tinha para com os santos Padres, com a Tradição, com a Sagrada Escritura e com o Magistério, de modo a formar uma grande síntese de todos esses pensamentos, que é o tomismo. Assim criticar-se o tomismo é, indiretamente, criticar-se também os Santos Padres, a Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério.

Por isso eu me invoquei. Porque, indiretamente vcs estariam criticando os fundamentos doutrinais, filosóficos e teológicos da Igreja Católica. Mas eu tenho certeza que foi um mal-entendido da minha parte. Vcs nunca falariam isso. PERDOEM-ME SINCERAMENTE.

Mas acabou esse assunto porque ele rende demais. EHEHEHHEHEHE LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Icon_biggrin LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Icon_rolleyes LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Icon_biggrin



VOLTEMOS AO TEMA DO TÓPICO ENTÃO... VOU TENTAR UM RESUMO TOTAL DO QUE FOI FALADO.

Com esse tópico, eu visei uma preocupação que eu tenho em relação à Lectio Divina e a interpretação por causa da quantidade de problemas que podem haver se alguém unir fundamentalismo e Lectio Divina. Essa foi a minha principal preocupação ao criar esse tópico, Pe. Leo. Isso porque a Lectio Divina, muitas das vezes, se torna "fundamentalismo puro". Para tentar resolver esse problema eu apresentei algumas possíveis respostas que eu encontrei, tais como:

1 - Este site que defende que "na" Lectio Divina, mas precisamente na fase da Lectio, ou leitura, se busque o contexto e comentários para que entendamos corretamente o Texto Sagrado:
http://www.cantodapaz.com.br/blog/metodos-de-leitura-da-biblia/m-lectio-divina/

Vou destacar aqui só o trecho que fala da fase ou degrau da Lectio:

A lectio é ainda o ponto de partida e não o ponto de chegada. Por isso, exige que ponhamos o pé em terreno firme: porque só sobre o terreno firme duma Lectio bem feita poderá o crente-leitor entrar na etapa seguinte, no diálogo da Meditatio. A exegese, como método científico de leitura bíblica, coloca-se ao serviço da “lectio”, para que esta seja mais eficaz, e o texto lido seja respeitado na sua autonomia. Este modo de proceder levará o leitor a recolher o melhor do texto escrito na Bíblia. Deste modo, a lectio tem três diferentes níveis:
* Nível literário: fixar o texto e responder a questões muito simples, como estas: Quem? Onde? Como? Porquê? Que ligação entre texto e contexto?
* Nível histórico: Procurar o contexto histórico em que o texto foi escrito e analisá-lo sob quatro aspectos: económico, social, político, ideológico. Descobrir os problemas aos quais o texto pretende dar resposta e que, de algum modo, aparecem no fundo ou à superfície do texto.
* Nível teológico: descobrir a mensagem para o homem, nesta situação histórica concreta: como é que o texto a manifesta, modo como as pessoas desse tempo representavam a Deus, como é que Ele Se lhes revelava, como é que o povo vivia esta mensagem.
A finalidade da Lectio não é o estudo científico do texto, mas este é um meio para perceber o texto a haver uma boa leitura. Deste modo, a Lectio prepara o leitor / ouvinte da Palavra para uma melhor “auditio” da mesma. (...)

2 - Este site que defende que "na" Lectio Divina, mas precisamente na fase da Meditatio, ou meditação, se busque o contexto e comentários para que entendamos corretamente o Texto Sagrado:
http://www.veritatis.com.br/print/3935

Trago aqui uma citação desse texto:
Isso pode ser visto com clareza no mais antigo método conhecido da "lectio divina", do monge cartuxo Guigo II aqui, utilizo-o como referência, mas dou minha interpretação pessoal, ou, antes, relato o modo pessoal como o realizo, em suas quatro etapas: a lectio (leitura), onde verbalizamos a Palavra de Deus, fonte de nossa vida de oração, buscando uma primeira compreensão com a imaginação; a meditatio (meditação), onde, como Nossa Senhora, penetramos com o coração e a mente no sentido da Escritura (cf. Lc 2,19.51), aplicando-nos totalmente ao texto (ao que diz "em si", com a ajuda de passagens do Magistério, comentários dos santos, dos mestres espirituais), e aplicando-o totalmente a nós (traduzindo-o para nossa vida: "em si-em mim"); a oratio (oração), onde dirigimos nossas súplicas ao Senhor, movidos pelos afetos que a Sua Palavra fez brotar em nosso coração "não é tão importante que haja uma ressonância sensível desses afetos, nem devemos buscar intencionalmente sentimentos agradáveis, apenas dialogar com o Senhor a partir das disposições que sua Palavra de Verdade gera em nós, elevando-Lhe devotamente, conforme o caso, nossa bênção, nossa petição, nossa intercessão, nossa ação de graças, nosso louvor" (cf. Catecismo, nn. 2626-2643); e a contemplatio (contemplação), onde entregamos todo o nosso ser nas mãos do Senhor (cf. Sl 31,6) - "Tibi se cor meum totum subjicit, quia te contemplans totum déficit" (Adoro Te Devote) ", adorando-O, isto é, amando-O "de todo o coração, de toda a alma, com toda a força e de todo o entendimento" (cf. Lc 10,27), repousando em Deus. O Esposo pode ainda, em sua liberalidade, proporcionar que "saboreemos as alegrias da eterna doçura" (Guigo II), num místico desposório entre nossa alma e o Amado, naquela experiência própria da contemplação (a contemplação no seu sentido "estritíssimo") de que falam os grandes místicos "obviamente, não devemos presumi-la, nem nos entristecermos se não chegarmos nunca a ter essa experiência, que é dom de Deus e não é caminho ordinário de nossa santificação".

3 - E agora isso que o senhor apresentou, o qual me lembra um pouco o número 1, mas sem afirmar que a interpretação seja "na" Lectio Divina, mas antes dela. A "interpretação" seria um pressuposto para a fase "Lectio"(leitura), ou seja, primeiro se busca a interpretação de um determinado texto, depois se busca realizar a Lectio Divina desse determinado texto. Antes, coloquei "de um determinado texto" para que ninguém tenha a tentação de ler todas as interpretações possíveis da Bíblia, o que ia demorar a vida toda LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Icon_eek LECTIO DIVINA e SOLA SCRIPTURA?????????? Icon_biggrin , para depois fazer a Lectio Divina. Eu descrevi bem a maneira como o senhor apresentou?? Se não, peço correção.

VAMOS ENTÃO À PROBLEMÁTICA CENTRAL:
Essas são as três maneiras possíveis que eu encontrei para fazer a Lectio Divina. Sabemos que a Igreja nos indica claramente em diversos documentos oficiais a prática da Lecio Divina. Mas se não existe nada de oficial da Igreja Católica, documentado, acerca da descrição dessa prática como posso saber o que a Igreja Católica Apostólica Romana realmente está nos indicando????

No entanto, existe um texto, como já citei antes, que eu encontrei no site do vaticano do SÍNODO DOS BISPOS: "XII ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA", que tem como tema "A PALAVRA DE DEUS NA VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA", que diz assim sobre a Lectio Divina:

A novidade da Lectio Divina no povo de Deus exige uma oportuna pedagogia de iniciação, que leve a compreender bem do que se trata, e contribua para esclarecer o sentido dos diversos graus e uma sua aplicação tão fiel quanto sabiamente criativa. Existem, de facto, diferentes modalidades de Lectio Divina, como a chamada dos Sete Passos (Seven Steps), praticada em muitas Igrejas particulares em África. Chama-se assim, porque o encontro com a Bíblia é como um caminho feito de sete momentos: presença de Deus, leitura, meditação, paragem, comunicação, colóquio e oração comum. O próprio nome de Lectio Divina em certas partes muda, por exemplo, para Escola da Palavra ou então leitura orante.


Neste texto do Magistério da Igreja, este nos afirma a existência de diversos modalidades. Coisa que realmente é observável, levando em consideração os três modos acima. Logo, se também não existe nenhum documento oficial, uma discussão sobre um modo correto de se realizar a Lectio Divina não seria importante. Talvez todos os modos possam ser levados em consideração.

Chegamos a um ponto importante:
Contudo, existiria uma dica para se realizar a Lectio Divina da forma correta, independentemente das modalidades. Sabemos que a Igreja é contra o fundamentalismo. O "texto pelo texto", só decifrando intelectualmente os signos linguísticos do texto da Bíblia sem observar o sentido histórico ou literal, não é "Lectio Divina", é "Sola Scriptura". Com isso, precisaria então buscar o sentido histórico do texto para depois, partindo desse sentido histórico, levar algo para a nossa vida atualmente.

Assim, o essencial, independentemente das modalidades, é observar-se o preceito acima de vermelho.

AOS PARTICIPANTES DESSE TÓPICO,
CONCORDAM COM A CONCLUSÃO-RESUMO???
SE ESTIVER ERRADO EM ALGUM PONTO, ME CORRIJAM.


Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!
Thiago S. R. Contarato
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