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Textos comentando a Liturgia da Missa!

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Mensagem por Pe. Anderson Seg Jul 27, 2009 11:11 am

Caros amigos,

Vamos iniciar um novo tópico: será de comentários à Liturgia diária (ou dominical) da Missa. Tentaremos publicar aqui textos dos Padres da Igreja e de outros teólogos comentando as leituras bíblicas. Assim poderemos aproveitar melhor do tesouro da Tradiçao. Um abraço!
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Textos comentando a Liturgia da Missa! Empty Eucaristia, dom grande e gratuito.

Mensagem por Pe. Anderson Seg Jul 27, 2009 11:17 am

Caros amigos,

Como primeiro texto, vamos publicar um comentário de Santo Efrém ao evangelho da multiplicaçao dos paes (Jo 6).

Efrém nasceu no ano 306, bem no início do século IV, na cidade de Nisibi, atual Turquia. No ano 338, Nisibi foi invadida pelos persas. Efrém, então diácono, se deslocou para a cidade de Edessa, também atual Turquia. Os poucos registros sobre sua vida nos contam que era muito austero. Ele dirigiu e lecionou uma escola que pregava e defendia os princípios cristãos, escrevendo várias obras sobre o tema. Como não sabia grego, sua obra ficou isenta da influência dos teólogos seus contemporâneos, inclinados à controvérsia da Trindade. Efrém foi um ardente defensor da genuína doutrina cristã antiga. Por sua linguagem poética recebeu o apelido carinhoso de "a Harpa do Espírito Santo". Somente à Nossa Senhora dedicou mais de vinte poemas transformados em hinos. Suas poesias eram tão populares e empolgantes, que da Síria espalharam-se e chegaram até o Oriente mediterrâneo, graças a uma cuidadosa e fiel tradução em grego. Efrém morreu no dia 09 de junho de 373, em Edessa, sem ter sido ordenado sacerdote. Desde então venerado neste dia por sua santidade, tanto pelos católicos do Oriente como do Ocidente. O Papa Bento XV o declarou Doutor da Igreja em 1920.


No deserto, o Senhor multiplicou o pão (Mt 14:13-21 Mt 15,32-38 Jo 6,1-13), em Caná mudou água em vinho (Jo 2:1-11). Então, habituou as bocas da multidão ao seu pão e ao seu vinho, para o tempo no qual os daria o seu corpo e seu sangue. Ele os fez provar um vinho e um pão passageiros para suscitar neles o desejo do seu corpo e sangue, que dão a vida. Ele deu-lhes com generosidade estas pequenas coisas, para que soubessem que o seu dom supremo seria dado gratuitamente. Deu-lhes gratuitamente, embora pudessem comprá-los com o que possuiam, para que soubessem que não seria pedido a eles o pagamento de um dom inestimável; de fato, se pudessem pagar o preço do pão e do vinho, não poderiam pagar certamente o preço do seu corpo e do seu sangue.

Não só deu seus dons gratuitamente, mas ainda o fez carinhosamente. Na verdade, ele deu-nos estas coisas gratuitamente para nos atrair, a fim de que buscássemos e recebêssemos gratuitamente aquele dom tão grande que é a Eucaristia. Aquelas porções do pão e do vinho que nos deu, foram doces na boca, mas o dom de seu corpo e seu sangue é útil para o espírito. Ele os atraiu com aquelas coisas agradáveis ao paladar para atrair-nos ao que dá vida à alma. Ocultou a doçura no vinho que ele fez, para indicar aos convidados que tesouro magnífico está escondido no seu sangue vivificante.

Como um primeiro sinal, ele fez um vinho que dá alegria aos convidados para mostrar que o seu sangue daria alegria a todas as nações. O vinho é uma parte em todas as alegrias imagináveis e também toda libertação está diretamente relacionada com o mistério do seu sangue. Deu aos hóspedes um excelente vinho que mudou suas mentes para que soubessem que a doutrina que viria revelar transformaria seus corações. O que no início era água foi transformado em vinho nas ânforas; foi o símbolo do primeiro mandamento levado à perfeição; a água tinha virado a lei perfeita. Os convidados bebiam o que era água, mas sem o sabor da água. Do mesmo modo, quando escutamos os antigos mandamentos, os desfrutamos com o seu sabor novo. O preceito: olho por olho (cf. Ex 21,24; Lv 24,20 Dt 19:21) foi substituído e levado à perfeição: "Se alguém te atinge um a face direita, oferece-lhe também a esquerda" (Mt 5,39 ).

A obra do Senhor obtém tudo; em uma cesta, ele multiplicou um pouco de pão. Aquilo que os homens fazem em dez meses de trabalho, seus dez dedos fizeram em um instante. Suas mãos eram como uma terra sob o pão; e a sua palavra como o trovão encima dele; o sussurro dos seus lábios se espalha sobre eles como o orvalho e sua boca foi como o sol; em um curto espaço de tempo ele cumpriu o que normalmente necessita um longo período de tempo. Daquela pequena quantidade de pão surgiu uma grande variedade de pães; como na época da primeira bênção: "Sede fecundos e multiplicai-vos" (Gn 1, 28). Os pedaços de pão, antes estéreis e insignificantes, com a bênção de Jesus - como seio fecundo de mulher – deram frutos dos quais sobraram muitos fragmentos.

O Senhor mostrou a força penetrante da sua palavra a quem o escutava e mostrou a rapidez com a qual ele distribuía os seus dons a aqueles que ele beneficiava. Não multiplicou o pão até ao ponto que podia, mas, até o suficiente para os convidados. O milagre não foi sobre a medida do seu poder, mas segundo a fome dos famintos. Se, de fato, o milagre fosse medido por seu poder, seria impossível de avaliar o resultado. Mesmo com a fome de milhares de pessoas, o milagre superou-os em doze cestos (Mt 14, 20). Em todos os artesãos, o poder é inferior à demanda dos clientes; eles não podem fazer tudo como o cliente pede. As realizações de Deus, no entanto, excedem os desejos. E: "Recolham os pedaços que sobraram, para que nada se perca" (Jo 6, 12) e não se pense que o Senhor agiu apenas em fantasia. Mas, quando os restos forem conservados um dia ou dois, acreditarão que o Senhor fez de verdade e que não se trata de uma ilusão inconsistente.

Efrem, Diatessaron, 12, 1

Espero que gostem. Um abraço a todos!
Pe. Anderson
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