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O Papa e a Infalibilidade Papal

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O Papa e a Infalibilidade Papal Empty O Papa e a Infalibilidade Papal

Mensagem por João Seg Out 13, 2008 11:21 pm

Olá!

Gostaria de saber em relação:

ao Papa...

- Quando, com quem surgiu?
- Onde nos baseamos para ter um Papa (Bíblia, Tradição, Magistério)?
- Essa denominação é referente a que (Papa = papaizinho ???)?

e a Infabilidade Papal...

- Quando, com quem surgiu?
- A que é que ela se refere, ou seja, até que ponto o Papa é realmente infalível?
- Em que se baseia esse dogma (Bíblia, Tradição, Magistério)?
- Seriam as inquisições provas contrárias a infabilidade papal?

abraços

(Infabilidade ou Infalibilidade)???
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O Papa e a Infalibilidade Papal Empty Olá João, epero ajudar...

Mensagem por Pierre Ter Out 14, 2008 3:06 am

O próprio Jesus Instituiu Pedro o primeiro Papa da Igreja. Abaixo vem as citações bíblicas e do catecismo da Igreja católica no parágrafo 881 onde nós católicos nos baseamos.

Somente Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu em pedra de sua Igreja.Entregou-lhe as chaves da mesma.("18 E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19 Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus."Evangelho de São Matheus Cap 16), instituiu-o pastor de todo o seu rebanho.( "15. Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.
16. Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.
17. Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas."Evangelho de São João Cap 21)

Assim fica respondido as perguntas: Quando, com quem surgiu?
Onde nos baseamos para ter um Papa (Bíblia, Tradição, Magistério)?



Sobre a infalibilidade Papal...

Quando, com quem surgiu?
A que é que ela se refere, ou seja, até que ponto o Papa é realmente infalível?
Em que se baseia esse dogma (Bíblia, Tradição, Magistério)?

Surgiu com o propio Jesus, ele fez uma promessa aos discipulos (20. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo."Evangelho de São Matheus Cap 20).Jesus está na sua Igreja, não de vez em quando, mas "todos os dias", para assistí-la, protege-la e não deixá-la errar no que é essencial para salvação dos homens: isto é na doutirna de fé e de moral.(Por isso o Papa e infalivel quando fala em nome da Igreja sobre Fé e Moral)

A Pedro, que Ele quis como a cabeça visível da Igreja, garantiu:("18. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus."Evangelho de São Matheus Cap 16).


Como poderia, então, a Igreja errar, ao indicarnos o caminho da salvação?Seria necessário que primeiro queJesus tivesse abandonado. Mas isto, nunca! Ele cumpre fielmente a sua prmessa. Deus não pode errar.

Se jesus garantiu a Pedro (Mt 16,18 ) e aos Apóstlos ("18. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus."Evangelho de São Matheus Cap 18 ), que tudo o que eles ligassem ou desligassem na terra, Ele confirmaria no céu, é porque estando na igreja, pelo Espírito Santo, Ele não permitiria jamais que a Igreja ligasse ou deligasse na terra, algo errado, que comprometesse a salvação dos homens.


Seriam as inquisições provas contrárias a infabilidade papal?

Olha esse assunto é muito complicado, (outra oportunidade posso explicar melhor) mas aqui como a pergunta é outra..

Não porque não diz respeito a fé e moral mas tem varios poréns nessa questão que devem ser levados em conta, não sei se aqui no forum ja tem esse assunto mas cria um topico sobre isso se tiver mas duvidas q com certeza serão esclarecidas com muita atenção e respeito sempre a santa mãe Igreja!!

É Infalibilidade!!!

Espero ter ajudado Deus abençoe.Uma Dica...Leia o livro Falsas Doutrinas do Pro.Felipe Aquino de onde tirei a segunda parte da resposta.

Parabens ao pessoal que crio o forum ai, Deus abençoe a todos!!!



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Mensagem por alessandro Ter Out 14, 2008 4:18 pm

ola joão
o primado de Pedro realmente encontra embasamento na Escritura. além disso existem confirmações históricas de uma certa autoridade do bispo de Roma (há por exemplo uma carta do Papa clemente na qual ele chama para si a autoridade)

A infalibilidade, de acordo com a fé católica, esteve sempre presente. Afinal os dogmas nao são invençoes, mas afirmações solenes de verdades já presentes. Quanto a proclamação do dogma da infalibilidade, ela foi feita no século XIX pelo Papo Pio IX

eu ou outro tira-dúvidas passamos depois para aprofundamentos
abração
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Mensagem por alessandro Qua Out 15, 2008 7:05 pm

Ops... faltou explicar melhor.

A proclamação do infalibilidade papal não foi feita ex cathedra (quando o papa se pronuncia "sozinho" sobre um ponto de fé específico).

Foi feita no concílio Vaticano I que ocorreu no século XIX e foi convocado pelo Papa Pio IX. Vale ressaltar que este concílio não versou apenas sobre a infalibilidade papal...
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Mensagem por João Qui Out 16, 2008 8:27 pm

Olá!

Valeu pelas respostas, comentários, etc...

"Significado da palavra PAPA???" (paizinho???)

abraços
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Mensagem por Helô Ter Out 28, 2008 12:53 pm

Olá!
Tenho uma dúvida dentro do assunto relacionado ao Papa!

Por que quando um papa é escolhido, ele muda de nome? (ex: Joseph Ratzinger -> Bento XVI)

Já ouvi falar que tem a ver com o fato de Jesus ter "mudado" o nome de Pedro, que outrora era Simão...
Bom, mas não sei se resume-se só a isso...

Aguardando respostas! Very Happy
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Mensagem por Antônio Seixas Qua Out 29, 2008 1:26 am

Acho que podemos tomar por referência a lição do professor Felipe Aquino (me parece a mais razoável):

O que significa a palavra Papa?

A palavra "papa" significa pae, até o ano 500 todos os bispos ocidentais foram chamados assim: aos poucos, restringiram esse tratamento aos bispos de Roma, que valorizados, entenderam que a Capital do império desfeito deveria ser Sede da Igreja.

Data Publicação: 07/07/2008

Para conferir: http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=PERGUNTA_RESPOSTA&id=prs0188

Santa Filósofa Edith Stein, rogai por nós.
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Mensagem por Rafaela Botelho Qui Out 30, 2008 11:43 pm

Antônio, mas a pergunta é outra.

O que estão perguntando é o seguinte: Por que o Papa "recebe outro nome"?
Por ex.: Por que o atual Papa não se chama "Papa Joseph Ratzinger",e ao invés disso, assume uma "linhagem" e passa a ser chamado "Papa Bento XVI"?
Por que Karol Wojtyla era João Paulo II? O que leva o Papa a assumir um outro nome e por que o faz? O que analisa para escolher por tal nome? Tem a ver com a espiritualidade que ele vai seguir, ou com o quê?


(A resposta que sei é essa que o João deu também, só não sei se está correto.)

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Mensagem por alessandro Sex Out 31, 2008 7:25 pm

Ola a todos...

Durante muito tempo não houve mudança nos nomes dos Papas. Acontece que um dos homens que foi escolhido para ser o sumo pontífice tinha o nome de um Deus pagão, se não me engano Mercúrio. Tal nome poderia gerar problemas. Um outro tinha o nome de Pedro e não quis se chamar Pedro II por julgar que não estava a altura do nome. Estes dois foram os primeiros a mudar o nome (não lembro bem a data dos pontificados mas posso conferir), o que depois tornou-se uma tradição.

Vale lembrar que tal tradição encontra um respaldo na Escritura, na passagem citada pelo Binho acima e em algumas outras, como a da mudança no nome de Jacó. Na Escritura mudar o nome de uma pessoa significa outorgar-lhe uma missão.

abraços e espero ter ajudado
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Mensagem por Breno Qui Nov 06, 2008 9:54 pm

A Escravidão de negros na epoca do Brasil colonial era aceita pela igreja, ja a escravidão de indios não era aceita visto que estes "ainda tinham salvação", parâmetro que se baseava na cor da pele. Isso constitui um grave erro da igreja (o que também pode ser colocado em história da igreja).

Até que ponto essa aceitação e verdade?
e se verdade for, isso acaba por colocar a infalibilidade papal em xeque?
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Mensagem por Pe. Leonardo Tassinari Sex Nov 07, 2008 9:33 am

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Goataria de acrescentar duas observações:

1) Papa = Pastor Pastoris = Pastor dos pastores

2) Sobre sua infabilidade, não me recordo a fonte, mas quando São João (Apóstolo e Evangelista) ainda era vivo, existe relatos de que ele recorria sempre a São Lino e posteriormente a Sto Anacleto que nem Apóstolos foram, mas estiveram no governo de Roma como primeiro e segundo sucessores de São Pedro.
Acredito não haver motivo maior de credibilidade.

(Peço desculpas por não me lembrar do texto literal de São João nos escritos da Patrologia)

ps.: veja a lista dos Papas em http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_papas

Deus os abençoe
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Mensagem por Thales Sáb maio 09, 2009 1:34 am

Pergunta aguardando resposta oficial (principalmente a mensagem do Breno).
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Mensagem por Pe. Anderson Qua maio 27, 2009 11:09 am

Caro Breno,

Pelo que eu sei da História, a Igreja nao aceitava a escrevidao nem de índios nem dos negros. A escravidao dos negros era defendida pela sociedade civil, era baseada em argumentos filosóficos, dos grandes filósofos modernos.

Por exemplo: Kant defendia a liberdade e a dignidade das pessoas. "A pessoa deve sempre ser considerada um fim em si mesmo" afirmava aquele filósofo. Mas, ao mesmo tempo, ele dizia que a noçao de pessoa se realiza plenamente para os europeus. De forma secundária para os asiáticos e em terceiro lugar para os africanos. Quer dizer, há uma gradaçao da noçao de pessoa na filosofia moderna. Isso na política possibilitou a prática da escravidao, na América Latina e nos E.U.A. (país essencialmente protestante naquela época).

Podemos ver em qualquer cidade histórica brasileira (Sao Joao Del Rey, Parati por exemplo) que essas cidades possuiam igrejas para os brancos e igrejas para os negros, para os escravos. Isso nao nos diz que a Igreja considerava que os negros nao tinham salvaçao, mas sim que eles também sao filhos da Igreja.

Partindo desses princípios, nao vejo como esse lado negro da história da Idade Moderna (na Idade Média crista nao havia escravidao) pode negar a infalibilidade papal. Voce poderia me dizer algum documento pontifício que aprovava a escravidao negra na Idade Moderna? Nao conheço nenhum. Posso pesquisar (talvez o Levi o conheca) documentos pontifícios que condenam a escravidao.

Vamos lembrar que o final da escravidao no Brasil foi obra da princesa Isabel, uma fervorosa católica, que muitos pensam que pode inclusive ser aberto o processo de beatificaçao dela. Ela era coerente com a doutrina católica, ao contrário dos políticos liberais da época (que justificavam a escravidao na filosofia moderna e no "evolucionismo social").

Espero ter colaborado com a discussao. Um abraço a todos.
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Mensagem por alessandro Qua maio 27, 2009 5:07 pm

há uma bula do Papa Paulo III que condena a escravidão.

me foge o nome, mas tal bula foi citada por uma mãe que processou um colégio por propaganda ideológica.
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Mensagem por Diác. Marcelo Vitorino Qui maio 28, 2009 5:26 pm

Re: O Papa e a Infalibilidade Papal

Só para consta a Bula e o seu conteúdo.
Abraço a todos.

Bula Veritas Ipsa

Papa Paulo III

Paulo III, a todos os fieis Cristãos, que as presentes letras virem, saúde, e benção Apostólica.


A mesma Verdade, que nem pode enganar, nem ser enganada, quando mandava
os Pregadores de sua Fé a exercitar este ofício, sabemos que disse:
Ide, e ensinai a todas as gentes. A todas disse, indiferentemente,
porque todas são capazes de receber a doutrina de nossa Fé. Vendo isto,
e invejando-o o comum inimigo da geração humana, que sempre se opõe às
boas obras, para que pereçam, inventou um modo nunca dantes ouvido,
pera estorvar que a palavra de Deus não se pregasse às gentes, nem elas
se salvassem. Pera isto, moveu alguns ministros seus, que desejosos de
satisfazer a suas cobiças, presumem afirmar a cada passo, que os Indios
das partes Ocidentais, e os do Meio dia, e as mais gentes, que nestes
nossos tempos tem chegado a nossa noticia, hão de ser tratados, e
reduzidos a nosso serviço como animais brutos, a título de que são
inábeis para a Fé Católica: e socapa de que são incapazes de recebê-la,
os põem em dura servidão, e os afligem, e oprimem tanto, que ainda a
servidão em que tem suas bestas, apenas é tão grande como aquela com
que afligem a esta gente.


Nós outros, pois, que ainda que indignos, temos as vezes de Deus na
terra, e procuramos com todas as forças achar suas ovelhas, que andam
perdidas fora de seu rebanho, pera reduzi-las a ele, pois este é nosso
oficio; conhecendo que aqueles mesmos Indios, como verdadeiros homens,
não somente são capazes da Fé de Cristo, senão que acodem a ela,
correndo com grandissima prontidão, segundo nos consta: e querendo
prover nestas cousas de remédio conveniente, com autoridade Apostólica,
pelo teor das presentes letras, determinamos, e declaramos, que os
ditos Indios, e todas as mais gentes que daqui em diante vierem à
noticia dos Cristãos, ainda que estejam fóra da Fé de Cristo, não estão
privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do dominio de seus
bens, e que não devem ser reduzidos a servidão. Declarando que os ditos
índios, e as demais gentes hão de ser atraídas, e convidadas à dita Fé
de Cristo, com a pregação da palavra divina, e com o exemplo de boa
vida.


E tudo o que em contrário desta determinação se fizer, seja em si de
nenhum valor, nem firmeza; não obstante quaisquer coisas em contrário,
nem as sobreditas, nem outras, em qualquer maneira.


Dada em Roma, ano de 1537, aos nove de Junho, no ano terceiro de nosso Pontificado.
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Mensagem por Pe. Anderson Qui maio 28, 2009 7:33 pm

Caro Diácono Marcelo,

Seja bem-vindo no nosso fórum. Muito obrigado pela sua colaboraçao, muito esclarecedor. Que Deus o abençoe.
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Mensagem por alessandro Qui maio 28, 2009 11:25 pm

obrigado Diac Marcelo por ter postado a bula.

abraços
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Mensagem por ANJO DO Senhor Qui Jun 11, 2009 1:43 pm

Esta é uma das doutrinas mais controvertidas criada pela igreja católica romana. Foi proclamada como dogma de fé em 1870 no Concílio Vaticano I pelo então papa João Maria Mastai Ferretti, Pio IX (1846-1878), através da Bula "Pastor Aeternus".

Segundo a teologia católica essa prerrogativa é exercida quando o Papa, como sucessor de Pedro, se pronuncia "ex- cathedra"[1], em matéria de fé e moral. Em outras palavras: o Papa não erra, pois é infalível quando fala ao povo católico. Sem ela a igreja perde sua reivindicação de autoridade apostólica e de guardiã da verdade.

Mas seria essa uma doutrina genuinamente cristã? Quais são seus fundamentos e verdadeiras intenções? Eles resistem ao escrutínio das Escrituras e da história eclesiástica? Esse será o foco de nossa análise neste artigo sobre a "infalibilidade papal".


Antecedentes históricos

Não são poucos os protestantes que pensam ser este dogma uma criação ex nihilo[2] de Pio IX. Muito embora algumas mentes ultramontanas da época já convergiam para isso, podemos encontrar proponentes anteriores ao Vaticano I . Diz o teólogo católico Hans Kung [3] que Peter Olivi [falecido em 1298], padre franciscano, foi o primeiro a propor que os pronunciamentos dos papas fossem considerados infalíveis. Isso porque o papa Nicolau III havia favorecido os franciscano ao declarar que "a renuncia aos bens materiais era um caminho a salvação". Outros porém, afirmam que foram os jesuítas em 1661.

Seja como for, a questão é: O que teria levado Pio IX a propor um dogma tão ousado assim? Parece que as razões do Papa eram mais políticas que religiosas. Vejamos alguns motivos que o levaram a propor uma doutrina sem precedentes na história da igreja:

Um dos motivos para o estabelecimento definitivo do dogma foi para combater o "galicanismo"[4]. Essa teoria já havia assombrado o pontificado de Inocêncio XI. O contexto da época era propício às aspirações de Pio IX. Ele estava assistindo em seu pontificado a queda do poder temporal que tanto ardentemente defendia. Os domínios papais começaram a perder para a Itália a Romanha (1859), a região da Úmbria, Marcas (1860) e finalmente Roma (1870). A situação não era nada fácil. O Papa agora estava restrito ao Estado do Vaticano e a igreja romana não era mais a senhora de mão-de-ferro da Europa. Sem falar é claro dos fortes conflitos doutrinários que dividiam os teólogos de escolas opostas e as novas idéias seculares que emergiam - as quais o Papa condenou como "erros modernos".

Já que a igreja, considerada infalível, estava experimentando sua derrocada, a solução então era consolidar o resto do poder que ainda existia nas mãos de um agente único - o Papa - o qual mais que depressa convocou um Concílio.


Nos bastidores do Concílio

Vaticano I é estereotipado como um concílio de "cartas marcadas". Antes mesmo dos debates começarem tudo já havia sido arranjado para a doutrina da "infalibilidade" ser aceita. Durante o tempo transcorrido (1869-1870) as reuniões foram marcadas por violentas controvérsias até que os conciliares se dividiram em dois grupos: os antiinfalibilistas (que não apoiavam o dogma) e os infalibilistas (que apoiavam o dogma), liderado pela famigerada ordem dos Jesuítas. Mas mesmo entre estes últimos havia sérias divergências quanto aos limites e natureza desta infalibilidade.

Enquanto isso a mídia controlada pelo Papa e os jesuítas, tentava passar uma imagem de unidade, apontando que em breve a aclamação do dogma se faria por unanimidade.

A pressão dos infalibilistas pesou na votação e o tema foi adiantado. Muitas alterações foram feitas durante o Concílio de modo a favorecer esse grupo ultramontanista. [5] A esta altura a corrente favorável e intransigente propôs que o grupo contrário ao dogma fossem excluídos como hereges. Dentre essas alterações devemos destacar aqui o fato de que havia sido limitada a liberdade de expressão a ponto de cassar a palavra daqueles que se alongassem no debate como fizeram com Strossmayer.

Finalmente depois de muitas contradições, ameaças, intrigas e pressões do partido infalibilista, , foi definido o famigerado dogma da seguinte maneira:

"...definimos como dogma divinamente revelado que o Romano Pontífice, quando fala ex cathedra, isto é, quando, no desempenho do ministério de pastor e doutor de todos os cristãos, define com sua suprema autoridade apostólica alguma doutrina referente à fé e à moral para toda a Igreja, em virtude da assistência divina prometida a ele na pessoa de São Pedro, goza daquela infalibilidade com a qual Cristo quis munir a sua Igreja quando define alguma doutrina sobre a fé e a moral; e que, portanto, tais declarações do Romano Pontífice são por si mesmas, e não apenas em virtude do consenso da Igreja, irreformáveis. Se, porém, alguém ousar contrariar esta nossa definição, o que Deus não permita, - seja excomungado" [Concílio Vaticano I, "Primeira Constituição dogmática sobre a Igreja de Cristo" - sessão IV, cap. IV (18-7-1870)]

E foi assim que a 18 de julho de 1870 o Papa se tornou infalível!


Os critérios da infalibilidade


Muitos pensam que qualquer pronunciamento do Papa é automaticamente infalível. Não é bem assim. Os teólogos católicos tiveram o cuidado de cercar cuidadosamente com alguns critérios o uso desta prerrogativa. Elas são tiradas do próprio documento transcrito acima:
Primeiramente, o papa só é infalível quando se pronuncia "ex-cathedra", isto é, usando os poderes da cadeira de Pedro como Pastor e doutor da igreja, isto define o cargo de ação do dogma.

Por sua vez o objeto desta infalibilidade está restrito tão somente a temas concernente à fé e moral.

Outrossim, que o sumo pontífice intencione pronunciar sentença definitiva sobre o assunto focalizado, decidindo o que é certo e condenando com um anátema quem se posicione contra.
E por último que ele queira ensinar a igreja inteira.

Segundo os estudiosos católicos, em qualquer documento papal (bulas, constituição apostólica, encíclica) estas condições precisam ser preenchidas para ser infalíveis. Por exemplo, temos um pronunciamento ex-cathedra quando João Paulo II na encíclica Veritatis Splendor se pronunciou dizendo que estava usando os poderes de Pedro para aplicar aquelas proposições. Por outro lado, quando ele asseverou na encíclica Fides et Ratio que estava fazendo "considerações filosóficas" não é para todos os efeitos objeto de infalibilidade. Enfim, quando o Papa se pronuncia como filósofo, ou doutor em outras áreas humanas e não como Papa, suas decisões não estão no campo da infalibilidade, asseguram os defensores do dogma. Curiosamente o Concílio Ecumênico Vaticano II não é considerado infalível, pois tão somente reafirmou sentenças de concílios anteriores e não impôs nenhum anátema.

Dizem os teólogos católicos que este poder foi exercido poucas vezes, apenas doze, durante todo o pontificado dos papas.

Todavia, é gritante a fragilidade deste critério. Este dispositivo foi criado logicamente, para proteger o dogma de suas implicações lógicas, de um impacto direto que ele poderia causar, se fosse aplicado, na prática, na vida de muitos papas ao longo destes séculos.


Os alegados fundamentos dessa doutrina

Analisando as proposições da sessão IV do "Pastor Aeternus", fica patente que este dogma é extraído de outras duas doutrinas a saber: o primado de Pedro e a sucessão apostólica. Primeiro era necessário transforma Pedro em chefe da igreja cristã universal e depois coroa-lo com a infalibilidade. Assim a última engrenagem faltante era colocar os papas na linha de sucessão do apóstolo fazendo-os infalíveis.

Além das questões neotestamentarias, os católicos apelam para a história da igreja, reivindicando a supremacia da igreja de Roma sobre as demais e o apelo que muitas igrejas faziam aos papas em questões de fé e doutrinas.

As passagens amiúde citadas são: "o poder de ligar e desligar" (Mateus 16.19), "o poder de apascentar o rebanho" (João 21.15-17) e "o poder de ensinar" (Lucas 22.31,32). Em todas elas os teólogos católicos dizem estar implícita a infalibilidade.


Objeções à infalibilidade

Dado ao pouco espaço que temos neste artigo, impossível refutar de modo completo tal doutrina. Por isso teceremos alguns comentários e refutações em suas principais bases. O dogma peca sob diversos pontos: Primeiro, quanto às provas bíblicas, não resiste a uma hermenêutica mais cuidadosa. Segundo, carece de apoio histórico consistente e por último, de todos os pontos de vistas lógico, é desnecessário.

1º - Carece de apoio unânime: De início ressalta-se que a palavra "infalibilidade" está
ausente tanto na literatura cristã primitiva como na Bíblia. Apesar de Pio IX dizer que ela "foi sempre admitida pela igreja católica", os anais da história mostram fatos totalmente opostos a isto e provam que na verdade, ela nunca existiu na pessoa de um líder eclesiástico. Quando o embrião desta funesta doutrina começou a ser desenvolvido na idade média, não faltaram adversários que a combatessem ferozmente.[6] Muitos papas como Inocêncio III, Clemente IV, Gregório XI, Adriano VI, Paulo IV - rejeitaram a doutrina da infalibilidade papal!

As igrejas da França e da Gália sempre se opuseram a ela, reafirmando a independência para com a igreja romana. A elas seguiram-se depois as igrejas inglesas e irlandesas. No Concílio Vaticano I, líderes católicos gabaritados da envergadura do teólogo e historiador alemão Ignaz von Döllinger (principal adversário e líder da oposição a essa doutrina), Schwarzemberg, Maret, Rauscher, Simor, Dupanloup, Hefele, Ketteler, Acton, Strossmayer formavam a frente de oposição quanto ao novo dogma. Principalmente Döllinger e Maret ambos, respeitados estudiosos eclesiásticos sabiam mais do que todos que pela história da igreja o dogma era indefensável. Os livros de Döllinger e o discurso eloqüente de Strossmayer no Concílio atestam este fato. Depois disto, muitos não só abandonaram o Concílio antes da votação, como também a própria igreja romana formando a igreja dos "Velhos Católicos".

2º - Carece de apoio histórico: A alegação de que algumas igrejas apelavam para Roma em algumas decisões não é prova de que o bispo romano fosse infalível. Outras sés episcopais receberam a mesma honra. Podemos citar a igreja de Alexandria resolvendo questões de disciplinas nas igrejas espanholas, além de sua jurisdição. Era comum as igrejas primitivas recorrerem umas às outras para estabelecer decisões em questões polêmicas. Contudo, muitas vezes as igrejas não admitiram a intromissão de Roma em assuntos de suas jurisdições como no caso das igrejas Africanas. Nota-se ainda que as apelações eram feitas à igreja e não ao papa como infalível.

Nos primeiros dez séculos de Cristianismo nenhum dos pais da igreja ou algum Concílio ecumênico jamais se posicionou a favor da idéia da infalibilidade residir na pessoa do bispo romano. É vão o malabarismo exegético praticado pelos romanistas nesse sentido. Apesar de quererem reescrever a história em causa própria, os fatos são gritantes contra esse dogma.

Nenhum dos primeiros concílios ecumênicos foram convocados pelos papas e nenhuma sentença importante por parte deles foi emitida como infalível por estes concílios. As principais decisões dogmáticas do cristianismo foram tomadas pelos Concílios e não pelos papas. Na verdade, muitos papas estavam sujeitos aos Concílios.

Não obstante, apela-se para a frase de Agostinho "roma locuta , causa finita est !", isto é, Roma falou, está encerrada a questão. Todavia, quando Agostinho disse isso a respeito da opinião do Papa contra Pelágio (seu adversário), esta questão já havia sido decidida por dois Concílios. Agostinho era da opinião de que só o julgamento de Roma não era definitivo se não tivesse o assentimento de um concilium plenarium. Isto ele deixou claro na questão do batismo dos hereges, no qual foi contra a decisão de Estevão e a favor dos Concílios africanos.

Não menos controvertida é a frase de Ireneu apelando para a sé romana fazendo menção de sua "importantíssima primazia". Mas Ireneu não apelara para o papa de Roma , mas para a igreja UNIVERSAL como um todo, ele apenas escolheu a romana por ser a mais conhecida, pois ficava na capital do império. Nada diz Ireneu sobre uma suposta infalibilidade papal. Isto estava com certeza, fora de cogitação.

3º - Carece de apóio bíblico: Os argumentos freqüentemente empregados pelos católicos para substanciar biblicamente a infalibilidade são espúrios. Se não vejamos:
Mateus 16.19 - Além de reivindicarem uma suposta jurisdição de Pedro sobre as demais igrejas, alegam que ele promete a infalibilidade pelo simbolismo das chaves. Contudo, a interpretação de que Pedro é a "Pedra", além de não provar nenhuma supremacia de Pedro, não mostra também que seus supostos sucessores tivessem a primazia sobre os demais. Além do mais, de todos os pais da igreja poucos foram os que interpretaram que Pedro fosse de fato a Pedra. Outrossim, o simbolismo das chaves foi dado não somente a Pedro, mas a todos os apóstolos (18.18). Se os apologistas católicos querem ver alguma infalibilidade neste trecho terão que estende-la também aos outros. Ademais, o poder das chaves era exercido apenas na evangelização e não na jurisdição. O que de fato Pedro e os demais exerceram de modo eficaz. Nada de infalibilidade.

João 21.15-17 e Lucas 22.31,32 - A prerrogativa dada a Pedro de "apascentar seus irmãos", não era privilégio somente de Pedro. Outros como Paulo disseram a mesma coisa (At. 14:22 - 15:32,41). Este e o próprio Pedro admitiam que isto não era exclusividade suas (Atos 20.28 - I Pedro 5.1,2). Com certeza Pedro lembrando-se das palavras do mestre em Lucas 22.24-26 (cf. Mat. 20.25-27), soube aconselhar o rebanho tempos depois afim de que ninguém exercesse a primazia sobre as igrejas I Pedro 5.1-3. A simples tarefa de apascentar e confirma não traz inerentemente nenhum mérito de infalibilidade, pois Jesus já havia rogado por eles todos (João 17.11,12).


Conclusão

O cuidado em proteger essa doutrina com subtilezas de termos cuidadosamente arranjados, encontra sua razão na história desastrosa do papado durante todos estes séculos. Poderíamos falar extensamente de papas condenados como hereges tais como Honório, Libério, Hildebrando. Ora, se ensinaram heresias está claro que não eram infalíveis. Houve papas que anularam os decretos de outros, tido como dogmáticos. E o que dizer de vários papas tidos ao mesmo tempo como legítimos?[7] Sem falar na vida imoral que muitos deles levavam. Seria correto papas imorais não errarem em questões morais? Seriam estes também infalíveis? Claro que não!
Isto posto, a infalibilidade foi um estratagema que não deu certo, antes aumentou mais um erro no bojo dogmático do catolicismo. Ela não só perverte a doutrina cristã como contraria os fatos da história. Definitivamente o Papa não é infalível, isso cabe somente a Deus e a sua Palavra - a Bíblia.

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Mensagem por Ju Maria Sex Jun 12, 2009 12:52 am

Caro "Anjo do Senhor",

Já existe um tópico sobre este tema.

https://quemtembocavaiaroma.forumeiros.com/catecismo-f9/o-papa-e-a-infalibilidade-papal-t182.htm

Dê uma olhadinha lá...

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Mensagem por Pe. Anderson Dom Jun 14, 2009 12:13 pm

Caro anjo do Senhor,

Muito interessante o seu texto. Não vou aqui explicar a doutrina da Infalibilidade papal, pois já foi explicada em outro tópico. Gostaria de somente citar algumas incoerências do texto que você colou aqui no nosso fórum. Não sei se você o leu com atenção, se assim fosse, creio que você poderia ter percebido essas incoerências.

Mas, supondo que você não tenha lido bem o texto que você nos apresenta aqui como “dogma de fé”, tentarei expor as insuficiências do seu texto, e assim talvez você possa esclarecer as dúvidas que ele suscitam.

1) A Igreja estava experimentando a sua derrocada por causa da perda dos territórios pontifícios e por isso era necessário assegurar a infalibilidade do Papa, para manter a Igreja Católica; esse é o seu argumento e antes o texto nos esclarece que a afirmação dogmática da infalibilidade se refere somente a questões de fé e de moral (afirmação correta).

Daí surgem as seguintes questões: a) não seria melhor para o Concílio ter afirmado a infalibilidade do Papa em questões políticas, para tentar assim convencer os países a devolver os territórios pontifícios? Se o Papa fosse considerado absolutamente infalível, não poderia trazer mais respeito ao Papa por parte dos governos? b) Por que se afirmar só a infalibilidade do Papa em questões de fé e de moral? c)Que efeito isso traria à Igreja para manter o seu poder temporal?

E será que a perda dos territórios pontifícios significa a “derrocada da Igreja”? Hoje nós vemos, de fato, que a Igreja Católica nunca foi tão livre para anunciar a sua mensagem a todos os povos. Nunca na História a Igreja Católica esteve presente em tantas partes do mundo. São mais de 1 bilhão de católicos em todos os continentes. A perda dos “estados pontifícios” foi o início da derrota da Igreja ou o início de sua vida mais forte, mais simples, mais livre?

2) Depois o texto afirma que o Concílio foi um Concílio de “cartas marcadas”, no qual tudo estava já decidido e logo depois o seu texto nos diz que houve muita discussão, muita controvérsia no Concílio? Não entendo isso!

3) “A mídia controlada pelo Papa e pelos jesuítas”: a que o seu texto se refere? à imprensa, a televisão, à internet no século XIX? Que mídia era essa? Naquela época só havia jornais e revistas, que com certeza não eram dirigidos nem pelos católicos, nem pelos jesuítas. A Igreja não estava falida economicamente? Como poderia controlar toda a informação, especialmente nos países europeus, que respiravam ódio pela Igreja Católica nessa época?

4) “Muitos pensam que qualquer pronunciamento do Papa é automaticamente infalível”: com todo o respeito, só os protestantes que não conhecem a fé católica, pensam que os católicos afirmam isso.

5) Depois seu texto afirma os critérios para a aplicação do dogma. Está exposto corretamente, de acordo com a fé católica. E então o seu texto afirma:

“Todavia, é gritante a fragilidade deste critério. Este dispositivo foi criado logicamente, para proteger o dogma de suas implicações lógicas, de um impacto direto que ele poderia causar, se fosse aplicado, na prática, na vida de muitos papas ao longo destes séculos.”

Que significa essa afirmação do seu texto? Primeiro você diz qual é a forma correta de interpretar o dogma e qual é a forma incorreta. Depois você condena os papas que não viveram moralmente bem e pensa que isso vai destruir o dogma! Isso só seria possível se o dogma fosse erroneamente interpretado.

6) A Igreja da França negou a doutrina da infalibilidade somente na época do Galicanismo, que queria fazer Igreja Estatais, governadas pelo Estado Moderno. Os teólogos que defenderam essas teses eram, evidentemente, funcionários do Estado e não fiéis da Igreja Católica, Universal.

7) As Igrejas antigas recorriam ao Papa e à Igreja de Roma nas questões de fé e de moral, nem sempre nas questões disciplinarias. Isso o seu texto bem reconhece. Isso mostra realmente que a Igreja viveu sempre na consciência de que o Papa é o Sucessor de Pedro, aquele que recebeu o poder das chaves, de ligar e de desligar as coisas daqui com o Céu. Não havia um texto explícito que afirmava a infalibilidade, mas havia uma prática eclesial que a afirmava.

Podemos ver isso no fato de que todos os hereges (e todos os Cismáticos) terem apresentado suas teses em algum momento ao Papa, na esperança de que essas teses fossem pregadas no mundo inteiro. Como o Papa as rejeitasse, infelizmente esses personagens se desligaram da Igreja de Cristo. Isso nós vemos também com “os reformadores”: todos eles recorreram alguma vez à autoridade do Papa, na esperança de que suas afirmações fossem verdades de fé válidas para todos (“Dogmas”);

8) A conclusão do seu texto me chamou muito a atenção:

“O cuidado em proteger essa doutrina com subtilezas de termos cuidadosamente arranjados, encontra sua razão na história desastrosa do papado durante todos estes séculos. Poderíamos falar extensamente de papas condenados como hereges tais como Honório, Libério, Hildebrando. Ora, se ensinaram heresias está claro que não eram infalíveis. Houve papas que anularam os decretos de outros, tido como dogmáticos. E o que dizer de vários papas tidos ao mesmo tempo como legítimos?[7] Sem falar na vida imoral que muitos deles levavam. Seria correto papas imorais não errarem em questões morais? Seriam estes também infalíveis? Claro que não!
Isto posto, a infalibilidade foi um estratagema que não deu certo, antes aumentou mais um erro no bojo dogmático do catolicismo. Ela não só perverte a doutrina cristã como contraria os fatos da história. Definitivamente o Papa não é infalível, isso cabe somente a Deus e a sua Palavra - a Bíblia.”

“Poderíamos falar extensamente de papas condenados como hereges tais como Honório, Libério, Hildebrando.”
Por favor, cite as fontes históricas do que o seu texto se refere aqui.

“Houve papas que anularam os decretos de outros, tido como dogmáticos.”
Por favor, cite-me um só exemplo disso. Eu absolutamente desconheço, mas estou quase convencido de que os protestantes são os que mais conhecem o catolicismo.

“Sem falar na vida imoral que muitos deles levavam. Seria correto papas imorais não errarem em questões morais? Seriam estes também infalíveis?”

O seu texto acima afirmou muito bem que a infalibilidade só vale para quando o Papa ensina “ex cathedra”, não quando eles não vivem de acordo com o que eles ensinaram. Você conhece alguma afirmação “ex cathedra” dos papas que nos ensinam algo imoral? Basta citar alguma, para nos convencer.

“Definitivamente o Papa não é infalível, isso cabe somente a Deus e a sua Palavra - a Bíblia.”

Nós estamos de acordo que Deus e a Bíblia são absolutamente infalíveis. Mas nós católicos afirmamos que Deus pode dar o dom da infalibilidade, em algumas questões, a quem ele quiser.

Eu te darei um exemplo: todos nós, católicos e protestantes, afirmamos que a Bíblia é infalível, que ela não contém erros de fé e de moral. Mas a Bíblia foi escrita por autores humanos, inspirados por Deus. Na Bíblia temos 3 cartas de São Pedro, absolutamente infalíveis. Se Deus pôde fazer esses homens infalíveis quando escreveram questões de fé e de moral, por que Ele não pode fazer outros homens infalíveis no decorrer da história. Por que Deus não pode fazer o sucessor de Pedro infalível, da mesma forma que Deus fez infalível quando escreveu suas Cartas? Ao dizermos que Pedro foi infalível, não dizemos que Pedro não cometeu um pecado, mas sim que quando ele se pronunciou em certas questões, a graça do Espírito Santo o fez infalível. Por que o Espírito Santo não pode fazer o mesmo?

Em resumo: “é muito mais fácil acreditar que a Igreja Católica vive 2000 anos ensinando o correto, do que acreditar que ela vive 2000 anos no acerto” (Chesterton). De fato, todos nós vemos diariamente que quando uma instituição começa a errar o seu fim é certo, e é muito rápido. Por que a Igreja Católica permaneceria tanto tempo ensinando coisas erradas? Deus permitiria isso? Por que o Papado é a instituição mais antiga do mundo Ocidental? Pela santidade dos Papas, ou pela fidelidade de Deus?

Um grande abraço e que Deus o abençoe.
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Mensagem por M.Levi Dom Jun 14, 2009 2:09 pm

Às vezes me pego a pensar em certas questões, uma delas tem feito muito bem a mim, quando se comete um crime e se tem certeza de sua própria culpa o que se faz é desmerecer as fontes para assim atenuar sua culpa diante do delito, por exemplo: Essa testemunha é um bêbado, desempregado, ou então uma prostituta, etc. Percebo que certas correntes para justificarem suas teorias chegam a ponto de desmerecem pessoas como Pedro, Maria, etc. Acho que logo logo vão desmerecer a Bíblia e Jesus..... pq quando não se pode defender o melhor é desmerecer as fontes, a Igreja Católica não só defende como foi a responsável pela preservação das fontes tais como : a Bíblia, os Apóstolos, Jesus, a Tradição etc. Onde vamos parar ? Simples, todo extremismo que é o mesmo que cegueira leva a um mesmo lugar chamado, lugar nenhum!
Essas palavras não são para findar debates, esses devem ser feitos, só que não adianta tentar promover monólogos, se quer realmente manter uma discussão ou debate é preciso formular idéias e não comprar ( Copiar e Colar) e sustentar um diálogo, esses dias assisti a um debate maravilhoso “Deus, um delírio" O debate entre Richard Dawkins ( Ateu Evolucionista e Jonh Lennox ( Matemático Cristão) sobre a obra "Deus, um delírio" de Richard Dawkins, sabe o que é maravilhoso o respeito entre eles.
Quem quiser vir que venha, só não carregue pedras nas mãos, pois nenhuma arma pode calar a verdade.
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Mensagem por Pe. Anderson Dom Jun 14, 2009 9:09 pm

Caro "Anjo do Senhor",

Não quero ser chato, nem insistente, nem mesmo pretendo menosprezar a sua participaçãao no nosso fórum, mas não posso deixar de te alertar para mais uma incoerência no texto que voce postou.

No início do seu texto é afirmado:

"Vaticano I é estereotipado como um concílio de "cartas marcadas". Antes mesmo dos debates começarem tudo já havia sido arranjado para a doutrina da "infalibilidade" ser aceita. Durante o tempo transcorrido (1869-1870) as reuniões foram marcadas por violentas controvérsias até que os conciliares se dividiram em dois grupos: os antiinfalibilistas (que não apoiavam o dogma) e os infalibilistas (que apoiavam o dogma), liderado pela famigerada ordem dos Jesuítas. Mas mesmo entre estes últimos havia sérias divergências quanto aos limites e natureza desta infalibilidade."

E então voce começa a negar a autoridade do Concílio Vaticano I, nega sua autoridade, seu valor etc. Muito bem, mas voce deveria ter percebido o que é dito no final do texto:

"Nenhum dos primeiros concílios ecumênicos foram convocados pelos papas e nenhuma sentença importante por parte deles foi emitida como infalível por estes concílios. As principais decisões dogmáticas do cristianismo foram tomadas pelos Concílios e não pelos papas. Na verdade, muitos papas estavam sujeitos aos Concílios."

O Concílio Ecumênico Vaticano I não tem valor nenhum e ao mesmo tempo, as principais decisoes dogmáticas da Igreja foram dadas pelos Concílios! Você vê a incoerência? Esse é o risco de assumirmos textos como nossos, sem mesmo ter assimilado o seu conteúdo. Espero que esses argumentos o levem a ter um olhar mais crítico com o que você lê e aceita como verdade.

No mais, estamos aqui à disposição. Espero que você não leve a mal os nossos argumentos, nós só respondemos ao que nos é perguntado e procuramos fazer sempre com respeito e caridade.

Um grande abraço!
Pe. Anderson
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Mensagem por M.Levi Sáb Ago 29, 2009 10:58 pm

Bem, reabri temporariamente só pra citar o Cardeal Newman

a infalibilidade da Igreja é como uma medida adotada pela misericórdia do Criador para preservar a [verdadeira] religião no mundo e para refrear aquela liberdade
de pensamento que, evidentemente, em si mesma, é um dos nossos maiores dons naturais, mas que urge salvar dos seus próprios excessos suicidas.
[1]

CARDEAL NEWMAN, Apologia pro vita sua. Editorial Verbo. 1974, pág. 276
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