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misericórdia e justiça

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João
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Mensagem por larissa Seg Out 06, 2008 2:34 pm

Pode-se dizer que a misericórdia muitas vezes não é justa? Se sim, Deus não seria contraditório?! Shocked
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Mensagem por João Seg Out 06, 2008 10:11 pm

Pode-se dizer que a misericórdia muitas vezes não é justa?

Olá!

Pelo lado cristão, creio que não...

Justiça - dar a cada um o que lhe cabe por direito (nem que seja uma penitência ou culpa);
Misericórdia - compaixão pela dor alheia.


- Deus é justo e misericordioso, ou seja, ele por sabe de tudo, também conhece o que se passa no coração de cada um, logo ele tem conhecimento se uma pessoa realmente está arrependida de um pecado, por exemplo. Porém, ele não é só misericordioso, ele também é justo, logo a penitência cabe a essa pessoa.


-------
Uma história para ilustrar: (sem Joãozinho na história, rsrsrs)

Zé era um cara todo errado, só fazia coisas erradas, entre tais coisas ele, em um assalto, matou uma jovem.
Porém, ele se arrependeu e foi se confessar a um padre...

Se Zé realmente estiver arrependido, Deus o perdoará e estará em paz. Porém, cabe ao Zé prestar contas ao Estado em que ele vive (nunca esqueçamos que temos de seguir as regras do Estado em que vivemos). E, é claro, também tem que prestar contas à família da jovem (um pedido de desculpa, mesmo que seja difícil para a família e embaraçoso para o Zé).

-------

Bem, esse é o meu ponto de vista...

abraços
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Mensagem por Pe. Anderson Sáb Out 25, 2008 11:15 am

Cara Larissa,

Sua pergunta é muito boa, é uma pergunta que todos os teólogos tem que se fazer quando estudam os atributos de Deus. Também é uma pergunta chave na Doutrina Social da Igreja. Tentarei te dar algumas luzes sobre essa questao.

Creio que nao podemos dizer que a misericórdia é injusta, pois para ser misericordioso se deve antes cumprir com toda a justiça. A misericórdia supera a justiça, mas nao a nega, nao a anula. Como entender isso?

A justiça humana supoe 3 pontos: que alguém tenha algo (propriedade privada); que esse bem devido a alguem lhe seja retirado; e que que o bem seja restituido. Com esses 3 pontos se satisfaz a justiça, que é sempre uma correçao de uma injustiça anterior, de uma fraude com um bem devido a outro.

A misericordia humana ocorre com os mesmo 3 elementos acima, com uma diferença: que o bem restituido é superior ao que foi retirado. O misericordioso entao é chamado de generoso, pois restitui mais do que havia retirado indevidamente do outro.

Um outro aspecto da misericórdia é quando aquele que foi defraudado perdoa ao que o ofendeu. Fazer isso nao é negar a justiça, seu valor, mas dá ao que deve um dom indevido, por pura bondade. Isso assim satisfaz a justiça, porque nao faz sentido a pessoa que perdoa uma dívida cobrar o devido certo tempo depois. Nesse caso, nao se nega a justiça, mas ela é superada por um bem superior.

E para Deus? Nesse caso temos que notar no início que Deus é absolutamente simples, "Ele é o que É". Em Deus nao há distincao real entre o seu ser e os seus atributos. Nesse caso podemos dizer "tudo o que Deus tem, é" (Santo Agostinho). Deus é justo e misericordioso, isso nos diz a Sagrada Escritura. Essas distinçoes, na verdade exitem na nossa forma de entender a Deus, nao no ser mesmo de Deus, que é simples e perfeitíssimo. Portanto os conceitos de justiça e de misericórdia aplicados a Deus sao sempre aplicados segundo a analogia.

Sao Paulo chama ao processo de doaçao de Deus ao homem de justificaçao. Isso é uma verdadeira consagraçao do homem a Deus, um ato de verdadeira sanificaçao do homem pelo Batismo. A Justiça de Deus aqui é pois uma graça, um ato de misericórdia. Devemos notar que nao é possível o homem ser justo com Deus (nem com seus pais), porque para haver justiça é necessário uma certa igualdade entre o devedor e o que foi defraudado. Essa igualdade nao é possível entre o homem e Deus, por sermos criaturas e Ele o Criador. Deus foi defraudado pelo homem com o seu pecado, verdadeira ofensa do homem a Deus. Essa ofensa foi paga pela entrega de Cristo aos homens, pelo seu mistério Pascual; por ele o homem entra numa situaçao de justiça com Deus, pois pela morte de Cristo nós recebemos a graça e nos tornamos filhos de Deus no Filho. A justiça de Deus para com o homem é pois sua misericórdia. Mas essa misericórdia nao nega a justiça, mas a "satisfaz superabundantemente", com expressao de Santo Tomás.

Espero que tenha sido claro. Se nao leia o texto de Mt 20, 1-16. Nesse texto o Senhor conta a parábola do senhor que saiu em diversas horas do dia chamando trabalhadores para sua vinha. Tinha combinado com todos 1 moeda de prata. Todos no final do dia foram receber e os que trabalharam desde o início do dia pensavam que iam receber mais. O senhor paga a todos 1 moeda de prata e esses ultimos começam a reclamar.

Nesse texto parece que o senhor foi injusto, mas na verdade, ele tinha combinado com todos uma moeda de prata e pagou a todos uma moeda de prata. Com quem ele foi injusto? Nao foi injusto o senhor, mas extremamente justo e misericordioso, pois quis dar seus dons a todos. O "hoje" da parábola é o hoje da nossa vida, da história humana, que sempre está presente o Senhor chamando-nos. A moeda de prata é estar com o mesmo Senhor. Dessa forma sabemos que os que trabalharam mais receberam mais, pois tiveram a sorte de estar mais tempo com o senhor. Dessa forma, a justiça de Deus é sua misericórdia. Isso nao é contraditório, mas temos entender o que o senhor da parábola disse no final. "amigo, nao sou injusto contigo. Nao posso fazer com o que eu tenho o que eu quero?" Deus é rico em bens e misericórdia e nós nao podemos julgar a Deus, nem exigir nada dele.

Espero que tenha respondido sua pergunta. Se nao, posso aprofundar mais. Um abraço e desculpe-nos a demora por responder. Um abraço.
Pe. Anderson
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Mensagem por Douglas Qui Dez 04, 2008 4:16 pm

Boa tarde!!!

Querida Larissa há algum tempo atras também tinha pensando nesse assunto, caridade e justiça, até que encontrei um livro maravihoso do Padre Charboneau, em um capitulo desse livro ele disserta justamente sobre esse tema, tentarei descrever um pouco sobre o pensamento do Padre Charboneau.
Sobre Justiça podemos dizer que é fazer valer o nosso direito ou de outrem, certo? Porém simplesmente pelo fato de sermos cristãos, essa justiça deve estar ligada intrissicamente a linha de pensamento de Jesus, que não se pode fazer justiça sem caridade, ou seja como muitas ideologias tem espalhado por ai, esse assunto foi muito debatido no periodo ditatorial, pela opressão sofrida e em muitos momentos da história, onde a vida humana foi pouco levada em conta.A ala esquerda radical por muito tempo, fez esse questionamento e a igreja, onde está sua justiça?Porém o modo Cristão de ver a "revolução" é diferente, muitos cristãos por muito tempo tiveram medo da palavra "revolução", de modo direto revolução quer dizer mudar algo de forma radical e rápida certo?Só para dar um exemplo, acreditamos que a saúde no nosso país é deficiente e falha, qual é a solução para isso? Uma mudança rápida e radical, uma revolução.Portanto uma revolução dada por meios pacíficos não disposta a tudo para consegui-la.
Sobre caridade podemos dizer que é o alicerce da vida Cristã.Como São Paulo dizia, sem caridade nada seria. Portanto muitos Cristãos ao longo da história desvirtuaram a caridade fazendo dela apenas um descansa consciência. Durante a idade média por exemplo, muitas obras caritativas foram criadas afimd e aliviar os sofrimentos causados naquela época, lepra, mendigos, doentes, e todos outros tipos de necessidades eram amparadas pela igreja, e realmente no dado período a igreja fez seu dever, e o fruto disso foram as ordens religiosas e suas vocações. Mais a caridade e justiça estão intimamente ligadas, não a caridade sem justiça, nem justiça sem caridade. As esmolas tão bem vistas na idade média, não são tão bem hoje, por que entedemos que é homem não quer só comidaa visão de caridade foi se dilatando no tempo.Podemos ver o desgaste de inúmeras congregações que não souberam ver o anúncio dos tempos,a queda no número de vocações e até o fim de muitas. A caridade não quer so ser o remédio,deseja ser também a prevenção, e isso é ser justiça. ( exemplo: hoje os franscicanos não precisam cuidar de leprosos, mais lutam contra a doença, alertando e ajudando no tratamento contra hanseniase)
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Mensagem por alessandro Qui Dez 04, 2008 6:48 pm

a meu ver a misericórdia vai além da justiça, não contra ela.
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Mensagem por Pe. Anderson Qua Jul 15, 2009 10:42 am

Caros amigos,

Como voces sabem, nosso Papa lançou sua nova Encíclia, "Caritas in Veritatis". Aí ele esclarece bem o tema da relaçao da justiça e a caridade. Como voces podem ver, o Papa está de acordo conosco (hehehe):

« Caritas in veritate » é um princípio à volta do qual gira a doutrina social da Igreja, princípio que ganha forma operativa em critérios orientadores da acção moral. Destes, desejo lembrar dois em particular, requeridos especialmente pelo compromisso em prol do desenvolvimento numa sociedade em vias de globalização: a justiça e o bem comum.

Em primeiro lugar, a justiça. Ubi societas, ibi ius: cada sociedade elabora um sistema próprio de justiça. A caridade supera a justiça, porque amar é dar, oferecer ao outro do que é « meu »; mas nunca existe sem a justiça, que induz a dar ao outro o que é « dele », o que lhe pertence em razão do seu ser e do seu agir. Não posso « dar » ao outro do que é meu, sem antes lhe ter dado aquilo que lhe compete por justiça. Quem ama os outros com caridade é, antes de mais nada, justo para com eles. A justiça não só não é alheia à caridade, não só não é um caminho alternativo ou paralelo à caridade, mas é « inseparável da caridade », é-lhe intrínseca. A justiça é o primeiro caminho da caridade ou, como chegou a dizer Paulo VI, « a medida mínima » dela, parte integrante daquele amor « por acções e em verdade » (1 Jo 3, 18) a que nos exorta o apóstolo João. Por um lado, a caridade exige a justiça: o reconhecimento e o respeito dos legítimos direitos dos indivíduos e dos povos. Aquela empenha-se na construção da « cidade do homem » segundo o direito e a justiça.

Por outro, a caridade supera a justiça e completa-a com a lógica do dom e do perdão. A « cidade do homem » não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo."

Creio que isso encerra a discussao. Um grande abraço e que Deus os abençoe.
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Mensagem por são vieira Dom Jul 19, 2009 2:07 pm

A
misericórdia e a justiça perfeita de Deus



A
justiça de Deus, como todas as outras facetas de sua personalidade incomparável,
é perfeita, impecável. Moisés louvou a Deus, dizendo: “A Rocha, perfeita é a
sua actuação, pois todos os seus caminhos são justiça. Deus de fidelidade e sem
injustiça; justo e reto é ele.” (Deuteronómio 32:3, 4) Quando expressa sua
justiça, sempre o faz com perfeição — nunca é tolerante demais, nem severo
demais.



A
justiça e a misericórdia de Deus estão intimamente ligadas. O Salmo 116:5 diz:
“Jeová é clemente e justo; e nosso Deus é quem mostra ter misericórdia.” De
fato, Jeová é justo e misericordioso. Essas duas qualidades não são conflituantes.
A misericórdia divina não abranda ou suaviza sua justiça, como se esta fosse
severa demais. Em vez disso, Deus muitas vezes demonstra as duas qualidades ao
mesmo tempo, às vezes até no mesmo ato. Veja um exemplo.



Todos os humanos herdaram o pecado e,
portanto, merecem a penalidade correspondente: a morte. (Romanos 5:12) Mas Jeová
não se agrada na morte de pecadores. Ele é “um Deus de atos de perdão, clemente
e misericordioso”. (Neemias 9:17) Mas como é santo, ele não pode tolerar a
injustiça. Como seria possível, então, mostrar misericórdia para com humanos
inerentemente pecadores? A resposta encontra-se em uma das verdades mais
preciosas da Palavra de Deus: o resgate que Jeová providenciou para a salvação
da humanidade. Por meio dela, Deus pode expressar terna misericórdia para com
pecadores arrependidos e, ainda assim, defender Suas normas perfeitas
de justiça. — Romanos 3:21-26.

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