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Meu Terço

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Mensagem por Halmenara Qua maio 23, 2012 11:03 am

Meu terço

Sempre relutei em rezar o terço. Não compreendia o porquê de tanta repetição de orações, já que Jesus nos ensinou para não sermos como aqueles “que pensam que por muito falarem serão ouvidos”. Nem entendia como que Nossa Senhora pedia para si própria orações que as enalteciam, como se ela precisasse disso. Também não compreendia (nem aceitava) que Ela fosse Mãe de Deus. Então como rezar com palavras vazias de sentido para mim? Como rezar sem crer? Deveria ser hipócrita e fingir que acreditava?
Certa vez na minha juventude tentaram me fazer mariano mas como não entendia o porque disso não aceitei pois não poderia ser falso com Nossa Senhora e tinha comigo que se um dia tivesse que ser mariano, o seria de coração, compreensão e não por imposição de ninguém.
Mas aprendi que até para ter fé precisamos pedir a Deus, pois precisamos dessa fé para bem orarmos, principalmente nos momentos de turbulências e fraquezas em nossas vidas.
Como cansei de esperar por respostas concretas de sacerdotes sempre ausentes e sem tempo, pedi a Deus orientação e segui minha consciência.

De tempos em tempos fazemos nossas orações e esse período varia para cada um. Então tomei para mim que se eu reduzisse o período dessas orações de dias, semanas ou meses, para frações de segundos, eu não estaria repetindo orações simplesmente, mas intensificando as bendicências do nosso coração e nos comprometendo com o bem no planeta inteiro, já que milhões de pessoas fazem a mesma coisa no mesmo horário e pelos fusos horários, não paramos de bendizer. O que é melhor: bendizer ou maldizer?

A mãe do Halmenara é mãe de carpinteiro (agora agricultor), a mãe da Dora é mãe de professora e Maria é mãe de Deus verdadeiro. Existe outra?

Por favor, me auxiliem e me corrijam no que estiver errando. Minha consciência pode estar precisando de manutenção. Rezo convicto, mas muitas coisas não consigo compreender. Descreverei, abaixo, para poder comentá-lo nas minhas dúvidas e também para que nossos irmãos protestantes o conheçam melhor, pois acredito que muitos nem saibam do que se trata e vejam que Maria é nossa Auxiliadora, não nossa Deusa.

SINAL DA CRUZ

Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém (assim seja)

OFERECIMENTO DO TERÇO

Divino Jesus, nós Vos oferecemos este (não esse!) Terço que vamos rezar (do latim recitare), mediante os mistérios da nossa Redenção...

O que são mistérios da nossa Redenção?

... Concedei-nos, por intercessão da Virgem Maria, Mãe de Deus e Nossa Mãe, as virtudes que nos são necessárias para bem rezá-lo e a graça de ganharmos as indulgências dessa santa devoção.
Nós o oferecemos, particularmente, em desagravo dos pecados cometidos contra o Santíssimo Coração de Jesus e o Imaculado coração de Maria, pela paz no mundo, pela conversão dos pecadores, pelas almas do Purgatório, pelas intenções do Santo Padre, pelo crescimento e santificação do Clero, pelo nosso vigário, pela santificação das famílias, pelas Missões, pelos doentes, pelos agonizantes, por aqueles que pediram nossas orações, por todas nossas intenções particulares e pelo Brasil.

ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO

Vinde, ó Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.

V. Enviai, Senhor o Vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da Terra (o texto de onde estou copiando este texto, escreve Terra com letra minúscula – Mosteiro de São Bento) .

] Oremos (Oremos?e o que se está fazendo até agora?)
"Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da Sua consolação. Por Cristo, Senhos nosso. Amém"


CREDO

Eu omito algumas palavras desse Credo, pois não concordo com algumas expressões e não compreendo outras.

Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu... sob Pôncio Pilatos,...

Omito “sob Pôncio Pilatos”, porque ele não poderia ter consciência de que Jesus era o Filho de Deus, mas podemos deixar impunes seus verdadeiros detratores com medo de sermos taxados de anti-semitas? Contraditoriamente, no caso de Esther, o verdadeiro detrator dos judeus foi punido com a morte, e o rei que ordenou a execução dos judeus não.

...foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos;...

Os mortos têm mansão? Porque essa expressão?

... ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai..

Sentado? Não bastaria dizer-se “à direita de Deus Pai” já que a direita do rei é um lugar de honra? Dizendo-se assim não dá-se a impressão de que Deus seja estático?


...Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém

Ressurreição da carne? De Lázaro, de Jesus?

"E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e desprezo eterno... Tu, porém, vai até ao fim; porque repousarás, e estarás na tua sorte, no fim dos dias" (Dan. 12:2,13).

"Vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição do juízo" (S.João 5:28-29)

"de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos" (Atos 24:15)

"Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda" (1 Cor. 15:20-23)

"Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou doutra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo. Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra a dos peixes, e outra a das aves. E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e a outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela. Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual. Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente: o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e , qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial" (1 Cor. 15:35-49).

COMO LER ISSO E DIZER ACREDITAR NA RESSURREIÇÃO DA CARNE?

Ou não precisamos de palavras que tenham sentido para dirigirmo-nos a Deus?

Porque nos ensinaram assim?

O meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente aqueles que mais precisarem


Agradecimento do Terço


Infinitas graças vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossas mãos liberais. Dignai-vos agora e para sempre tomar-nos debaixo de vosso poderoso amparo e para mais “nos” obrigar,vos saudamos com uma Salve Rainha….

No impresso que temos, colhido no Mosteiro de São Bento, está escrito “vos obrigar” , ou seja para obrigar Nossa Senhora? Qual o verdadeiro sentido das palavras? Eu pensei que isso fosse necessário no nosso relacionamento com as coisas do Céu!

“Vos saudamos com uma Salve Rainha” Eu rezo o terço em sintonia com as pessoas com quem estou me relacionando. Eu não preciso avisar a Nossa Senhora que irei saudá-la. Nos terços da Rede Vida existem padres conscientes que “emendam” esse trecho naturalmente como se estivessem frente a frente com Ela (e é isso que eu faço e penso que se deva fazer) partindo direto para a saudação feita na Salve Rainha.

Finalmente aqui, peço aos irmãos protestantes que atentem à prece com que se terminam os terços:

ROGAI POR NÓS, SANTA MÃE DE DEUS, PARA QUE SEJAMOS DIGNOS DAS PROMESSAS DE CRISTO.

E lembrando que todas as séries de dez ave-marias, são precedidas de um pai-nosso.


Um abraço a todos.













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Mensagem por Lucas B. Sáb maio 26, 2012 10:52 pm

Posso ter entendido equivocadamente alguns pontos deste tópico, mas de qualquer maneira tomarei a liberdade de contribuir com minha concepção do mesmo.

Certamente que nos é importante compreender aquilo que professamos em nossas orações, mas como acredito já ter dito em outras ocasiões, devemos também ter em mente que tanto a própria Revelação de Deus, como nossa caminhada na Fé, se dão de forma progressiva, isto é: nem tudo compreenderemos de maneira antecipada, como por exemplo, os Apóstolos de Cristo, durante o tempo de Evangelização do mesmo, fizeram(e disseram) muitas coisas sem compreender o que então faziam, como os próprios relatam, mas esse era o "tempo de Deus", no momento certo tudo aquilo viria a fazer sentido, a partir daquela primeira confiança(Fé) que depositaram em Jesus Cristo.

Muitos assim como eu, foram habituados à reza do terço desde a infância. Ora, sem nenhuma vergonha admito que não fazia a menor idéia do que significariam todas aquelas palavras, mas hoje entendo que graças à essa "experiência" adquirida nesta prática, ela se tornou "familiar" para mim, e então procurei progressivamente conhecê-la melhor.
O mesmo pode se dar de maneira "inversa", alguém que já não veja sentido ou satisfação com a mesma, procurar por isso entendê-la a fundo (infelizmente um boa parte apenas se mostra acomodada e indiferente desistindo dessa busca).
Mas aprendi que até para ter fé precisamos pedir a Deus, pois precisamos dessa fé para bem orarmos, principalmente nos momentos de turbulências e fraquezas em nossas vidas.
Isso é uma grande verdade, a Fé é como uma semente, não se pode esperar seus frutos enquanto ela ainda germina. Não é da eloquência ou erudição da oração que surgem a Fé, antes porque se tem Fé (mesmo que incipiente), nos dispomos à rezar e a elaborar orações que isso reforçam e auxiliam.

O que são mistérios da nossa Redenção?
Antecipando, este não é um termo vago de sentido, posto apenas para contribuir com a "forma" da oração, se formos buscar, em toda a Doutrina da Igreja, uma das palavras que mais encontraremos é "mistério". Misterio da Redenção, Mistério dos Sacramentos, Mistério Sacerdotal, Mistério da Trindade, etc...
Em certo momento até me questionei, como poderíamos segui-la, se "tudo é mistério"?
Mas a resposta era bem mais simples do que eu imaginava, eu poderia tentar entender todos os "por quês", tornando a Fé um tanto autômata (consequencia unicamente da minha capacidade de compreensão), e com isso não chegar a lugar algum, com sério risco a minha "sanidade" (Como o atesta o episódio da areia da praia de Santo Agostinho), ou simplesmente reconhecer o que(hoje) me parece obvio:

...Moisés disse a Deus: "Quando eu for aos filhos de Israel e disser: O Deus de vossos pais me enviou até vós", e me perguntarem: "Qual é o seu nome?", que direi?" Disse Deus a Moisés: "Eu sou AQUELE QUE É". Disse mais: "Assim dirás aos filhos de Israel: "EU SOU me enviou até vós"... Este é o meu nome para sempre, e esta ser a minha lembrança de geração em geração (Ex 3,13-15).
§206 Ao revelar seu nome misterioso de Iahweh, "Eu sou AQUELE QUE É" ou "Eu Sou Aquele que SOU" ou também "Eu sou Quem sou", Deus declara quem Ele é e com que nome se deve chamá-lo. Este nome divino é misterioso como Deus é mistério. Ele é ao mesmo tempo um nome revelado e como que a recusa de um nome, e é por isso mesmo que exprime da melhor forma a realidade de Deus como ele é, infinitamente acima de tudo o que podemos compreender ou dizer: ele é o "Deus escondido" (Is 45,15), seu nome é inefável, e ele é o Deus que se faz próximo dos homens.(CIC)


Simplificando: É essa a grande dificuldade dos racionalistas e cientificistas, não estamos falando de uma formula matemática ou física, não de um organismo, ou de um astro interplanetário. Estamos falando de DEUS, ele está de forma "completa" (na verdade não se pode falar em completo de algo que nem mesmo tem origem ou fim) simplesmente fora dos parâmetros de nossa compreensão que é reduzida. Uma criança não pode compreender a "teoria da matéria escura", pois está fora de suas capacidades. Da mesma forma, o mais sábio ou o mais Santo dos homens, ainda assim não terá capacidade de compreender Deus em total plenitude, simplesmente porque é e sempre será "Criatura", menor que o Seu Criador.

Tentando facilitar ainda mais essa resposta, vejamos: Os mistérios do terço, recebem esse nome exatamente por serem isso - mistério - de forma plena. São ações ou proposições as quais só podemos ter uma compreensão parcial, por exemplo:
O mistério da Encarnação - Nós podemos entender o porque de Jesus assumir a natureza humana, para nos Salvar. Nós podemos entender as consequencias desse ato, o Evangelho e a Sua Igreja, etc. Mas nós nunca vamos conseguir entender COMO o Deus infinito reduziu-se à forma finita(limitada) humana, sem com isso perder Sua natureza plenamente Divina. Não adianta meditar sobre isso, está fora do alcance de qualquer um.
Da mesma forma o Mistério Eucarístico, nos é pedido para acreditar e não para compreender COMO Deus pode estar plenamente em um "pedaço de pão ou gota de vinho", simplesmente porque não é possível. No máximo podemos entender o porquê disso.

Particularmente este é um dos pontos que me dá confiança nesse Deus: saber que ele é "superior" a mim. Se Deus fosse "algo" totalmente dentro da minha compreensão e capacidade, ele seria "igual a mim" talvez com mais poder. Mas não é o "poder" - tão apreciado pelos homens - que nos torna diferentes de Deus, e sim essa Natureza Superior, infinita. Um bom artigo sobre o tema: http://www.salvemaliturgia.com/2009/12/o-racionalismo-na-liturgia-mysterium.html
Oremos (Oremos?e o que se está fazendo até agora?)
Não sejamos demasiado lacônicos descartando tudo o que apenas encontra-se fora de nossa compreensão sem antes buscar-lhes o sentido. Devemos ter em mente que a maioria das formas ensinadas de orações pressupõem seu uso comunitário, então nem sempre irá se tratar de redundâncias inócuas, mas, assim como o "Oremus" das Missas, estabelece ou retoma diferenciações de formas entre uma ou outra ação devocional, por exemplo: no presente caso poderia estar aberto um momento de leitura da Palavra, louvor, recitação de Salmos, testemunhos ou preces, etc... a depender do costume, ao que posteriormente pode haver esta "convocação e evocação" para a dita oração, também pode simplesmente "marcar" o fim e o início de uma oração diferente.
Em todo caso, também é perfeitamente compreensível que existem ocasiões onde não há qualquer consideração quanto ao desuso, apenas para citar um exemplo: numa oração individual pode não ser tão compreensível citar "oremos" ( ? ) Apesar de que claro também não a descaracteriza o fato de recitar.
Enfim, tudo tem um sentido até que se prove que não têm (isso sim pareceu redundância não? desculpem) e se está ao nosso alcance e nos parece relevante (e é, mas não indispensável) devemos buscar esse sentido, ou melhor, pode até configurar uma omissão por parte de alguns se não o fizerem.

Posteriormente se Deus o permitir quero ainda falar sobre os questionamentos do Credo.
Ao autor e aos demais, desculpem-me se tiver apreciado o tópico de forma equivocada, coloco-me então aberto a qualquer correção (desde que, correta é claro, rsrsrs). A Paz de Cristo...


Vinde Senhor Jesus!

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Mensagem por Halmenara Dom maio 27, 2012 12:19 am

Nenhum equívoco Lucas, é isso que considero que todos devam saber: a origem de como as coisas foram feitas. Não somos pessoas toscas, desprovidas de raciocínio. Explicado (e muito bem) o nosso conhecimento e a nossa fé ganham consistência, porque nãos nos colocamos na posição de engolir sem mastigar, de aceitar um dogma por imposição e sim por encará-lo como um mistério que, como você disse, somos crianças para tentar entendê-lo.

E há uma diferença entre rezar sem saber os significados do que se está rezando, por ignorância ou inocência, do rezar sem saber o significado do que se está proferindo, por indiferença ou preguiça de procurar saber do que se trata, não é?

É que para mim é primordial falar com Deus, sabendo-se o que se está falando. Sem isso seríamos, aí sim, autômatos a vomitar formulações e creio que assim cairíamos na citação: "...os que pensam que por muito falarem serão ouvidos". Sem isso eu estaria sendo um alienado e como um alienado pode obter crédito do seu ensinamento?

Obrigado pelos seus esclarecimentos, de coração.

Posteriormente se Deus o permitir quero ainda falar sobre os questionamentos do Credo.
Ao autor e aos demais, desculpem-me se tiver apreciado o tópico de forma equivocada, coloco-me então aberto a qualquer correção (desde que, correta é claro, rsrsrs).

Que Deus sempre o permita!





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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Dom Jun 03, 2012 5:07 pm

Caro Halmenara,

Que a paz de Jesus esteja no seu coração !!!

Ao meu ver, para se compreender melhor a expressão "padeceu sob Pôncio Pilatos" contida no Credo, é necessário que se observe alguns dados tanto bíblicos quanto históricos, que aqui se torna um tanto inviável.

Entretanto, de forma resumida, posso me referir a pessoa de Pilatos, afirmando que ele era governador da Judéia, subordinado ao reinado de Tibério César. Segundo Gaio (302) e vários historiadores, era um sujeito caracterizado pela venialidade, violência e por uma conduta extremamente abusiva no exercício do poder. No seu governo, era muito comum a execução de prisioneiros sem qualquer julgamento prévio, executando-os pelo simples prazer de matar e por uma ferocidade ilimitada. Tal comportamento é também perceptível nas Sagradas Escrituras quando descrevem que Pilatos misturara sangue de galileus mortos a sangue de animais sacrificados (Lc 13,1).

A atitude de Pilatos ante a condenação de Jesus foi lavar as mãos se dizendo inocente do seu sangue, e esta titude é muitas vezes tida como louvável por muitos cristãos pelo simples fato de não examinarem as escrituras com profundidade, chegando a afirmarem que Pilatos foi muito bom não condenando Jesus, afirmando sua inocência e sugerindo até mesmo a sua troca por Barrabás como era de costume no tempo da Páscoa.

Mas qual é o significado do gesto de se lavar as mãos?

Em um primeiro sentido, tem a conotação de resguardar-se ou livrar-se da sujeira e de contaminações indesejáveis como vermes, bactérias e micróbrios que são prejudiciais. De outra forma, diz respeito à fuga da responsabilidade, da abstenção de se tomar uma posição ou uma decisão importante que lhe é cabível. Refere-se ao fingimento de nada ter a ver com o que se passa em um determinado lugar, ou com uma pessoa. Trata-se de manifestar indiferença para com o outro, desconsideração, desrespeito e menosprezo.

Pela função que exercia, Pilatos poderia ter libertado Jesus e ter colocado um fim naquele episódio. Entretanto, pressionado por aqueles que o acusavam de estar contra César, mesmo tendo declarado a inocência de Jesus, prefere não desagradar aos judeus, até mesmo para não arruinar ainda mais a sua sofrível relação com aquele povo. Para ele, era muito mais cômodo fugir da verdade do que enfrentá-la e tomar uma posição coerente. Assim, o seu gesto de lavar as mãos, se traduziu em uma forma irônica de mandar matar Jesus. Foi uma forma de agir que caracterizou uma condenação ilegal, de maneira que esta ilegalidade está na condenação de um homem pelo povo e fora do referendo, do consentimento ou da anuência do governo que deveria gir na forma da lei. É aqui que se configura toda a culpa de Pilatos que, representando César, era a autoridade competente para homologar ou para anular a condenação. Lavar as mãos foi uma forma de, perante a opinião pública, sair como inocente, muito embora tivesse toda a consciência de que Jesus seria irremediavelmente condenado pelo povo, como de fato aconteceu. É por essa razão que o credo afirma que Jesus padeceu sob Pôncio Pilatos, ou seja, sob o seu governo, sob o seu olhar, sob o seu consentimento escondido no ato de lavar as mãos.

Não sei se consegui ser claro o suficiente, mas é desta forma que vejo esta afirmação.

Um grande abraço !!!
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Mensagem por Halmenara Dom Jun 03, 2012 7:11 pm

Foi bem claro, mas o que eu questiono nesse caso, é que para nos lembrarmos de Jesus, que nos ensinou o perdão aos nossos inimigos, lembramos o pecado (se assim o é) de quem nem o quis condenar, tentou defendê-lo e que muito menos tinha consciência de quem realmente ele era. Os judeus nessa, verdadeiros culpados e conscientes de quem ele era, ficaram de fora para que o povo católico não fosse chamado de anti-semita? Não seria uma forma de desviar a atenção dos verdadeiros culpados? E se é que seja necessário lembrar os culpados.
Eu vejo um pouco além disso. Lavando as mãos, e deixando o povo decidir (“a voz do povo é a voz de Deus” , será?) apesar do seu argumento de defesa, ele cumpriu o seu papel deixando a Jesus a pena capital sem a qual ele não a teria cumprido por nós e mostrou quem realmente decidiu isso. Mas é mais fácil jogar toda a culpa numa figura inócua do que provocar protesto de judeus que se sentiriam perseguidos.



Mateus 27:12 E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
Mateus 27:13 Então, lhe perguntou Pilatos: Não ouves quantas acusações te fazem?
Mateus 27:14 Jesus não respondeu nem uma palavra, vindo com isto a admirar-se grandemente o governador.

Mateus 27:19 E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito.

Mateus 27:20 Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus.

Mateus 27:23 Que mal fez ele? Perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: Seja crucificado!

Mateus 27:24 Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste [justo]; fique o caso convosco!

Particularmente, eu prefiro ficar fora desse conflito, seguir minha consciência e rezar como expus.

A título de conhecimento, descobri esse outro Credo, o da Calcedônia.


Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade;
verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo,
consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado;
gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis;
a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência;
não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo,
conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.
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