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Confinamento e Consagração

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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Ter Nov 15, 2011 7:11 am

MENSAGEM INICIAL: De que maneira o confinamento de religiosos em monastérios, conventos e templos contribui para a sua consagração? O isolamento de parentes, amigos e sociedade fortaleceria a sua espiritualidade? O texto de Provérbios 18,1 contraria a prática?
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É muito bom esse seu colóquio, principalmente no tempo pós-moderno em que estamos vivendo, tempo este marcado pelo isolamento humano, pelo egoísmo, pelo confinamento do homem diante das máquinas, diante dos computadores, confinamento este que tem retirado do ser humano os principais caracteres de sua p´ropria humanidade, o senso dos valores éticos, morais, sociais, religiosos e familiares, dentre tantos outros.
 
Diante do exposto, posso afirmar com convicção ineqüívoca que há muito mais pessoas confinadas fora dos mosteiros e dos cláustros do que dentro.
 
Mas o que diferencia um de outro confinamento? É aí que reside o que da questão.
 
Em relação aos religiosos, há que se compreender em primeiro lugar que tal situação não é para todos, pois se trata de uma resposta a uma vocação, a um chamado do Senhor.
 
A cada um de nós, o Senhor faz um chamado específico. A uns Ele chamou  para a vida matrimonial... A outros para a vida em comunidades abertas... A outros para o Sacerdócio ministerial... A outros para uma vida celibatária não consagrada... E daí por diante, de maneira que nem todos se enquadram em todas as modalidades de vida, valendo ponderar que não se trata de uma questão de opção no sentido de descolha, mas de uma resposta a um chamado divino, e essa resposta a um chamado divino é tão real que percebemos muito facilmente que muitos dos que adentraram em uma destas modalidades de vida por escolha ou opção, vivem em constantes crises e neuroses, chegando a desistência e até mesmo ao desapontamento.
 
Neste sentido, quantas dissoluções de casamentos nós vemos no nosso tempo! Quantos religiosos consagrados abandonam suas consagrações! Quantos sacerdotes deixam o ministério! São números muito altos que comprovam a existência bem maior de inserção a estasformas de vida muito mais pelo processo de opção ou de escolha do que pelo processo de responder a vocação enquanto chamado do Senhor.
 
Uma das realidades que mais encontrei no tempo em que fui seminarista da ordem dos frades capuchinhos foi ouvir afirmações como estas que expressam motivações diversas para o ingresso na vida religiosa:  "porque minha mãe disse que queria que eu fosse frade"... "porque fui coroinha e o padre me disse que é muito bom ser padre"... "porque eu não sabia mesmo o que queria da vida"...  "porque meus namoros nunca deram certo e eu não consegui ter nenhuma profissão"...e tantas outras afirmações que é de perder de conta.
 
O curioso é agente perceber que todos os que tinham esses tipos de motivação abandonaram antes de se completar o ciclo de formação, ou ainda, pouco tempo depois de sua consagração.
 
Paralelamente a isso, os que chegaram alí conscientes de que estavam respondendo ao chamado (vocação), perseveram e são muito felizes.
 
Da mesma forma que as pessoas são diferentes, também as vocações são diferentes.Assim, nesta modalidade de vida religiosa existe um graça maior, existe um carisma que não somente a fundamenta, pois alimenta e dá um sentido muito profundo que, não compreendido muitas vezes por nós que estamos do lado de fora, dá sentido e edifica a vida de quem está submetido pela própria vontade a este modo de vida enquanto chamado divino.
 
Em relação a citação de Pv 18,1, entendo-a como direcionada aos que se auto-esquivam, se auto-discriminam, se auto-rejeitam.
 
Em outras passagens bíblicas, Jesus, dando-nos o exemplo  com uma vida caracterizada pela falta das genealogias ascendente e descendente, nos convida a abandonar pai, mãe, mulher, filhos e haveres por causa do Reino, prometendo inclusive o cêntuplo e a eternidade como recompensa (Mt 19,29), e é neste contexto que vejo a questão desses consagrados.
 
Um grande abraço !!!


Última edição por Flávio Roberto Brainer de em Seg Jan 27, 2014 7:35 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Flávio Roberto Brainer de Ter Nov 15, 2011 11:35 am

Caro Ricardo, você citou que:

"A vida monástica é uma escolha, não sei se os monges são obrigados por juramento a permanecer em sua condição"

Existem congregações nas quais as suas regras são bastante rígidas neste sentido, havendo profissões ou juramentos que são perpétuos.

Mas existem também congregações bem mais flexíveis, como por exemplo, as Filhas de São Vicente de Paula (Irmãs de Caridade), onde os votos são temporários, podendo ser renovados ou não a cada ano.

Tive uma tia freira (irmã de minha mãe) que faleceu recentemente com quase noventa anos. Ela uma vez me disse que São Vicente foi muito sábio quando escreveu as regras de sua congregação, exatamente por considerar esta questão.

Entretanto, a maioria das congregações que eu conheço considera que os votos são perpétuos.
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